Estilo: ficção
Natureza: novelinha
Capítulo: 27 (mês de dezembro 2009) – incrível, apresentação do novo capítulo da novelinha com, simplesmente, 5 meses de atraso.
O prefeito Dió encontrava-se em seu gabinete da Prefeitura Municipal e mostrava-se prá cima, com ótimo astral, depois de assistir ao show de Armandinho, na noite anterior. Sentado em sua confortável poltrona, mostrava-se relaxado e com as pernas estendidas sobre um banquinho foi dizendo ao seu assessor:
- Depois de ouvir Ravel pelos acordes da guitarra do fantástico Armandinho, eu só quero tranqüilidade. Hoje, só quero paz. Vou dedicar esse dia de hoje para atender e conversar com o povo de Ipirá. Pode mandar entrar o primeiro.
O assessor dirigiu-se à porta e anunciou:
- Quem é o primeiro e qual é o assunto ?
- Sou eu, Manoel do Ouro. Eu quero falar com o prefeito sobre uma invasão que a prefeitura está fazendo num terreno meu.
O prefeito Dió quando ouviu aquela conversa, deu um pinote e foi cair no meio o gabinete, com o celular no ouvido e foi dizendo em voz alta:
- Sim! A reunião !... vai ser agora ?... Já estou atrasado ? Sim!... só falta eu! Não, não, já estou indo, ou melhor já estou saindo agora mesmo – guardando o celular, dirigiu-se à porta e completou – não posso atender mais ninguém hoje, infelizmente, tenho que sair para uma reunião importante.
Saiu acompanhado por seu assessor. Quando chegou na frente do Fórum observou que havia uma quantidade enorme de jovens sentados no meio-fio e dominados por um semblante de tristeza. Era uma fila que ia do Fórum ao Fomento. Impressionado indagou logo ao primeiro:
- Por que vocês estão assim, tão parados, num momento como este, de grande êxtase.
- Sabe qolé coroa ! é qui essa banda qui ta aí num ta cum nada, ta ligado, num chegou ainda e num disse pra qui veio! Ta ligado. Esse carinha aí num toca nenhuma! Ta ligado. Prá você, que é coroa ele pode até mandá vê, ta ligado, mas prá nois qui somo jove, ele num agita o pedaço, ta ligado. Aí a galera qué si ligá na peda, na farinha, no chá, e esse Mané tocando num dexa a galera na fissura, na maió maluquice, ta ligado.
O assessor tentou contornar a situação e buscou uma explicação:
- Sabe como é prefeito Dió! É que boa parte da juventude de Ipirá ta enfiada no crack e no pó. Eu não sei qual vai ser o futuro dessa cidade com tanta gente com a cara metida na droga e o pior, na droga musical. A cultura de Ipirá é...
- Pára ! Pára, meu assessor! E eu com isso ? O que é que eu tenho com isso?
Quando o prefeito Dió e seu assessor chegaram na quadra do Fomento, depararam com Luiz do Demo (só quer ser PMDB), que lhe indagou:
- Como é prefeito Dió, que o IPTU de uma casa simples aqui em Ipirá está mais caro do que o IPTU de uma casa com um andar, na Kalilândia, em Feira de Santana ?
- É para a prefeitura fazer mais por você. Esse dinheiro é aplicado em obras. Agora mesmo, a prefeitura está fazendo outra grande obra, a reforma da reforma da Praça da Bandeira e veja bem, uma praça de um milhão vai virar uma praça de 2 milhões e vai ser a praça mais bonita do Brasil. É assim que se governa e eu vou ser considerado o maior prefeito do Brasil, o único que paga em dia.
Arrasado o ex-prefeito Luiz do Demo saiu chorando, arrependido do estrago que sua administração fez no município:
- Como é que eu não pensei nisso; uma obra em cima da outra, não é uma obra só, são duas obras, e duas obras no custo que eu botava viravam quatro obras e tinha passaporte livre, com garantia Cabeça Branca. Eu mereço, eu mereço...
O prefeito Dió chegou ao local onde são vendidos os animais em Ipirá, junto ao Centro de Abastecimento. O prefeito Dió foi dizendo:
- Mas, que obra espetacular é essa! Taí, uma coisa bem feita pela administração passada. Como é que minha administração não teve a oportunidade de se eternizar ao fazer uma obra desse porte ? É verdade, a sorte é prá quem tem.
- Mas, prefeito Dió! Essa obra é sua – disse o assessor.
- É minha! E como é que eu não inaugurei ainda ? Isso vai render muito voto. Olha o que vem ali! Que coisa mais linda! Quem é o criador desse rebanho de pônei ?
-Isso aí não é pônei não, prefeito Dió! Isso aí é carneiro e ovelha – disse o assessor.
O prefeito Dió deu uma tremedeira e uma suadeira danada tomou conta de seu corpo, mas foi logo dizendo:
- Eu já disse que não quero esse bicho monstrengo aqui. Chame a polícia; mande prender esses bichos, mande levar para Pintadas e matar por lá. Aqui em Ipirá não se mata carneiro, eu já disse e quem manda aqui sou eu.
Aquele rebanho de carneiro e ovelha deixou o prefeito Dió agoniado e afobado e neste instante o celular tocou:
- Prefeito, aqui é Manoel do Ouro...
- E eu sou... Eu não estou em Ipirá, eu estou é em Salvador e já tou cheio de prefeitura eu quero acabar logo com isso – disse o prefeito Dió, que sentiu um aperto na barriga e correu para o cagador do Centro de Abastecimento de Ipirá.
Agora, é que...
Suspense: e agora ? o que será que vai acontecer ? agora que o prefeito Dió tá apertado, será que esse matadouro de Ipirá vai sair ? êta bicho de rosca.
Leia o capitulo 25 (novembro 2009) logo abaixo.
Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.