Nascimento – 26
de julho de 1894
Godalming – Surrey -
InglaterraMorte – 22 de novembro de 1963 (69 anos)
Los Angeles
Nacionalidade - Britânico
Ocupação - Escritor e filósofo
Gênero Literário – Ficção científica
Obra-prima – Admirável Mundo Novo
Contraponto (Point Counter Point) (é a obra de nossa referência).
Esta postagem não é uma crítica literária, nem de longe pensar nisso, mas um
relato sobre aspectos que me chamam atenção na boa literatura.
Acompanhe o
extraordinário diálogo entre Lucy e Walter:
- Romântico, romântico! – escarneou ela. – Tens
uma maneira tão absurdamente antiquada de pensar nas coisas. Matar e tripudiar
sobre cadáveres e amar e o mais que segue. É ridículo. Por que não andas logo
de fraque e plastrão?... Procura ser um pouco mais moderno.
- Prefiro ser humano.
- Viver modernamente é viver rapidamente –
continuou ela. – Não podes carregar contigo um vagão cheio de idéias e
romantismo nestes tempos. Quando viajamos de avião, devemos deixar para trás as
bagagens pesadas. A velha alma de antanho sentava muito bem quando se vivia
vagarosamente. Mas é pesada demais para os nossos dias. Não há lugar para ela
no avião...
- Nem mesmo para um coração? – perguntou Walter –
não me preocupa muito a alma –Já uma vez se preocupara com ela. Mas agora que a
sua vida não consistia em ler filósofos, ele estava um pouco menos interessado
nela. – mas o coração – ajuntou -, o coração...
Lucy sacudiu a cabeça.
- Talvez seja uma pena – concedeu ela – mas tudo
tem o seu preço. Se gostamos da velocidade, se queremos ganhar terreno, não
podemos levar bagagem. Trata-se de saber o que queremos, e de estarmos prontos
a pagar o preço devido. Eu sei exatamente o que quero; assim, sacrifico a bagagem.
Se te agrada viajar num caminhão de mudança, viaja. Mas não esperes que eu te
acompanhe, ó meu suavíssimo Walter. Não esperes que eu leve o teu piano de
cauda no meu monoplano de dois lugares. (pág. 210)
Fantástico esse diálogo entre essa personagem
forte e determinada que é Lucy e seu
amante Walter, que está amarrado ao romantismo. Um diálogo elaborado na década
de 20 do século passado, mas que manifesta de forma aguda e precisa, pela sua
semelhança, o espírito de vida da atualidade, quando ressalta de forma
impressionante o viver humano rápido, passageiro, momentâneo, frenético e
descartável, dentro de um paradigma de angústia e ansiedade, mas sem o tormento
do pecado.
Lucy exprime um estilo de vida com convicção,
domínio, de quem faz o que quer e como quer, com liberdade plena e consciente,
dentro das condições e possibilidades
que lhe são oferecidas, sempre com um passo adiante e tendo na sua
individualidade o bem supremo, a finalidade e o fundamento da sua vida moral.
Distanciou-se da tradição. Não tem tempo a perder, nem pode perder tempo, a
vida transformou-se no existencialismo imediatista, no aqui agora, no
explicitar o conteúdo e as características da plena fruição.
A personagem Lucy formalizou a plenitude desse
utilitarismo do prazer individual por meio de sua extensão e compreensão impecável.
Em poucas palavras sistematizou com profundidade um estilo de vida que a nova
geração pratica, na maioria das vezes, sem dá conta e sem fazer a menor reflexão.
O autor conseguiu captar esse sentimento em profundidade, daí a sua grandiosidade.
Seu nome: Aldous Huxley.
Fontes: Os Imortais da Literatura Universal /
Wikipédia.