Antigamente, algumas crianças deviam ficar impressionadas com
a imagem da carne sendo esfarelada naqueles moinhos manuais que quase toda
residência possuía. Veio-me a idéia: “como seria um prefeito introduzido no
moedor de carnes?” Parece que o prefeito Ademildo se acha assim; pois, tomou
por hábito lamentar-se sobre uma oposição que fica botando pilha e querendo
desconstruir sua gestão, ou seja, sua administração. Coitadinho! Que pena dá.
Uma oposição feita num programa de uma rádio que o poder
municipal ajuda tanto! Faz propaganda; tem programa nesta rádio e o ‘programa
de oposição’ ao prefeito continua deixando o povo falar da buraqueira das ruas
da cidade. Que o programa incomoda lá isso é verdade; incomoda e não é pouco.
Tira o sono e moe o juízo daqueles que não chegam a compreender porque o
prefeito persegue os seus e ajuda tanto o que ele considera inimigo. Um inimigo
é um mal necessário e merece tamanha evidência porque...
O programa sempre existiu e vai continuar existindo. O
ex-prefeito Diomário apanhava que nem ‘jegue subindo a ladeira da Caboronga’ e
nem tum. O prefeito Ademildo não, bateu-levou, tem logo a resposta na ponta da
língua. Ele gosta disso, precisa disso e faz disso a sua razão para merecer
continuar sendo prefeito. Senão vejamos.
O prefeito Ademildo chegou ao poder municipal de pára-quedas.
“Esse governo é da macacada” foi sua melhor tirada para botar o PT local de
escanteio e tirar do partido qualquer direito e poder de participação e decisão
na gestão. O prefeito passou a cantar de galo com plumagem de pavão em terreiro
alheio.
Cantarolou em verso e prosa o alinhamento municipal, estadual
e federal; entoou o bordão “nunca, antes, jamais, ninguém fez tanta obra nesta
terra”; entufado considera-se “o maior prefeito que Ipirá já teve”; encheu o
cangote e imita a coruja gabando o toco: “o administrador mais sério e honesto
que essa terra já teve” (Diomário fica retado da vida); tem como narrativa
dominante a tal ‘Ipirá virou pólo’, o que não deixa de ser uma mistificação da
realidade.
Não sei como é que uma administração pode se sustentar no
idealismo. ‘Ipirá virou pólo’! Inaugurou o Ponto Cidadão e não abalou a região.
A sede do INSS não vai produzir rebuliço na região. Asfalto do centro da
cidade! ‘Tai eu pago para ver’.
Falta um ano e dez meses para acabar essa gestão. Será que
essa obra do saneamento vai terminar nesse prazo? O asfalto vai ser inaugurado
antes do saneamento ser testado e aprovado? Isso tudo que vai acontecer está sendo
planejado?
O gestor diz ‘de boca’ que Ipirá vai ter asfalto. Não quer
dizer nada. Ipirá tem matadouro e não tem. O povo de Ipirá está ficando
desconfiado e não é pouco, por isso a população tem que ver, ver com os olhos,
ver bem visto, para poder acreditar. Bem-te-vi canta muito, mas não bota ovo em
ninho de pardal.
A conclusão irrefutável e imponderável dessas premissas
acima: se o prefeito se acha ‘o melhor e maior gestor que Ipirá’ já teve,
naturalmente, se acha com direito à reeleição. Evidente. O problema é que a
cúpula da macacada não acha nada disso e não o aceita como cabeça de chapa.
O que tem que fazer o prefeito para convencer seus parceiros
de macacada? Mostrar e ser mais macaco do que a própria macacada, para tal, confia
no potencial da estratégia da tensão máxima contra a jacuzada, contra a clínica
SH e a rádio FM. Tudo isso, para engabelar a macacada que vai ficar dizendo: ”Isso
é que é um cabra arretado, macho, guerreiro e vingador”. Deve pensar que só
vira candidato se cravar e impor essa imagem.
“Vamos trucidar essa jacuzada” isso foi na década de 1960, na
fase da ditadura militar. A política tensionada que o prefeito quer implementar
é contraditória e tem pouca lucidez nos tempos atuais, pois nos dias de hoje, as
lideranças dos grupos jacus e macacos convivem com certa cordialidade e
degustam uísque e canapés num clube de confrades. Não cabe mais o poder da
delegacia de polícia contra o poder da prefeitura dos anos 60. As pessoas estão
entendendo que besta ou aproveitador é quem solta a guilhotina e aperta a
forca.
A política tensionada, com a corda esticada, não dará ao
prefeito Ademildo a cabeça de chapa do grupo macaco, porque a cúpula não quer e
não aceita, mas será o motivo para o prefeito Ademildo apoiar Diomário como
pretendente ao cargo pelo simples motivo de que se a prefeitura municipal cair
nas mãos do programa... Isso aí nem pensar! ‘Vamos votar em Diomário!’.
Ninguém duvide, hoje, quem está tendo a atuação política mais
acertada em Ipirá é o deputado Jurandy Oliveira, pois percebe as visíveis
rachaduras da macacada; observa o peso da rejeição popular do prefeito e sabe
que ele (deputado) não será candidato, mas também sabe quem ele (deputado) não
quer candidato. E dizem que o carnaval acabou! O povo continua falando dos
buracos nas ruas de Ipirá.