segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

É DE ROSCA (17).


É DE ROSCA. (17)
Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 17 (mês de outubro 2015)(atraso de 2 meses) (um por mês)

Quem manda, hoje, em Ipirá é o PRIMEIRO COMANDO DA MOSQUITARIA. As maiores lideranças da localidade estavam dispostas naquela mesa redonda de forma a não ter nenhuma notoriedade na cabeceira. O primeiro a falar foi Chico que deu a sugestão de telefonar imediatamente para o ex-prefeito Dió e sem demora pegou o celular e discou:

- Alô, ex-prefeito Dió!

- Alô! Quem está falando?

- É Chico.

- É Chico Buarque?

- Não, é Chico Gunha! Venha imediatamente para Ipirá, porque temos uma força que dominou a cidade.

- Vê lá se eu, macaco velho, vou acreditar num disparate desse! Quem manda nesse terreiro aí, sou eu, o ex-prefeito Toinho e o prefeito Bal. O resto tá xopado.

Telefone desligado. O primeiro a usar a palavra foi o Zika, um feroz terrorista e sanguinário malfeitor que disse com veemência:

- Eu não disse que com esse sujeito a gente tem que jogar duro, porque esse sujeito é esperto demais, qualquer coisinha ele corre para se tratar em São Paulo nunca vai para o hospital de Ipirá.

- Não é assim não, Zika! Diz prá ele que a campanha já começou e que ninguém fala no nome dele, prá tu vê se ele não risca no pedaço em dois minutos – falou Da Dengue que discou e ouviu a resposta do ex-prefeito Dió.

- É Da Dengue que está falando, não é? Preste atenção ao que eu vou dizer agora e escreva aí, o jogo só começa quando eu chegar ai em junho, tudo isso é presepada do baixo clero. Vou sentar com o ex-prefeito Toinho e o prefeito Bal e vamos decidir no tempo certo e adequado.

- Não é assim não seu chupa-cabra, venha logo para cá e tome o seu lugar nesta situação de desgaste que você e o ex-prefeito Déo deixaram para a macacada. E tem mais! Você vai se vê é comigo, vou enfiar uma picada no seu pescoço que você vai perder até esse vozeirão QUERO DESEJAR A TODOS OS IPIRAENSES E AOS QUE AQUI ESCOLHERAM PARA MORAR – falou o perigoso e terrível Microcefalia, que jurou ser o primeiro a grudar no ex-prefeito.

- Bonjour monsieur, ex-prefeito Dió! Como tá le vu? Aqui quem fala é o françuá Guillan Barrê, parente bem próximo do jacobino Robespierre, que gostava de usar a guilhotina, assim como eu, e estou doido para ver como vai ficar seu pescoço, porque do umbigo para baixo seu corpo vai ficar todo paralisado.

O ex-prefeito Dió pensou: “Com um francês pelo meio esse Primeiro Comando da Mosquitaria deve ser o cão chupando manga, vou agora mesmo para Ipirá!” Riscou em sua residência, na rua de Delorme, o único lugar que não tem mosquito na cidade. O Primeiro Comando da Mosquitaria sobrevoou em frente à casa e comentou:

- Vamos pegá-lo aqui mesmo e agora – falou Guillan Barrê.

- Não! Vamos deixá-lo seguir para as bandas da ABB e o nosso comando terrorista de dez mil mosquitos acaba com ele – falou Da Dengue.

- Nada disso! Vamos grudar esse sujeito é agora e lá dentro que ele não é melhor do que ninguém – falou Microcefalia, que deu dois toques na porta e partiu para cima, foi o primeiro a tirar uma lasquinha, quando o ex-prefeito Dió apareceu com uma toalha no pescoço.

O ex-prefeito Dió não suportou o repuxo e jogou a toalha, seu cérebro foi ficando inchuido e ele entrou rapidamente em contato com o prefeito Bal que chegou escorregadio:

- Vamos inaugurar o Matadouro de Ipirá agora, eu não quero ser mais candidato a prefeito nessa terra – disse o ex-prefeito Dió.

- Como? Oxente, ex-prefeito Dió! Até ontem, V. Exa. era contra a inauguração e agora não quer mais ser prefeito! O que será que tá acontecendo homem de Deus?

- Eu sempre fui a favor, quem é contra é essa mosquitaria, que eu reconheço, tomou conta de Ipira. Eu ganhei a primeira eleição dizendo que ia inaugurar esse matadouro, ganhei a segunda cercando a Praça da Bandeira, que eu mudei de nome, e se quisesse  ganhar a terceira, ganharia com a inauguração do matadouro, com a universidade do ex-prefeito Déo e com o asfalto da cidade, mas eu não sou mais candidato a nada.

Ao ouvir aquilo, o prefeito Bal ficou preocupado, amarrou o ex-prefeito Dió e mandou-o para fazer um tratamento num hospital de São Paulo, em Ipirá ele corria o risco do ataque de mosquito e mudar de ideia, por isso toda medida de precaução é previdente. Que ninguém, nem macaco, nem mosquito, telefone para o ex-prefeito Dió que ele não dará ligação. Tá dito e escrito.

Suspense: e agora, o bicho pega? esse matadouro vai ou não vai? Êta novelinha complicada e chata. Tem gente que já cansou dessa novelinha. Fica aquela coisa repetitiva. Eu não agüento mais escrever esse troço.

É difícil, muito difícil, escrever uma novelinha em condições tão adversas. Vinte e cinco anos e nada de inauguração desse elefante branco e eu na obrigação de escrever essa novelinha, na obrigação de inventar até causo com mosquito, coisa que não tem em Ipirá e que não vai provocar nenhuma tragédia nessa terra, mas eu fico fazendo ficção com essas coisas, não é fácil. Você pensa que é fácil fazer uma síntese do ex-prefeito Dió? Não é, principalmente agora que ele está preso a um destino incontornável de manter-se absoluto como o maior expert da politicagem oligárquica interiorana.

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

domingo, 20 de dezembro de 2015

EMERGÊNCIA & CALAMIDADE.

Duas palavras que galopam bem próximas uma da outra, pelo menos, no campo do sinistro e da coisa tenebrosa: emergência e calamidade (chega prá lá trem ruim!). O lamaçal de Mariana é o exemplo mais recente dessa incompetência, que vira descaso e descamba em erro, que se transforma em tragédia, porque causa morte, sofrimento, perda e dano. Não precisa dizer mais nada. São setecentos quilômetros de natureza morta. Um rio Doce que vira uma massa lamacenta. Isso tudo é uma coisa medonha.

Em Ipirá, a problemática não é o rio de lama, mas as duas palavras (emergência e calamidade) estão grudadas no município como chifre na cabeça de bode. Este 2015 foi um ano de bom índice pluviométrico, mas a estiagem a partir de agosto já colocou o município no beleleu. A zona rural vive a sua tragédia. Falta água em algumas localidades e falta alimento para os animais em todo lugar. É a fartura da falta.

Não significa ser agourento indagar: “Se não consegue viver no semi-árido como é que vai conseguir viver no deserto?” O rio Doce virou lama; o semi-árido caminha para virar deserto. Essa é a nossa tragédia. Uma tragédia que vem de décadas e mais décadas e não de presságio de acontecimentos infaustos. A vaca vai para o pasto do dono e não encontra o que comer. O dono aluga um pasto e a vaca vai comendo o pasto e o próprio dono. É uma engrisilha medonha. Um ponto de atraso. A seca é uma calamidade. Morre o bicho fica o homem em situação precária.

O município vai ficando sem saída. O rebanho de gado (bovino, ovino) vai diminuindo. Uma feira de animais no Parque de Exposição (uma prioridade) não marca presença, nem mesmo uma simples contabilidade dos animais que chegam e que saem se consegue fazer. Se não tivermos ideia do tamanho da queda como chegaremos às medidas protelatórias ou até mesmo ao equacionamento do problema. Uma simples questão de gerenciamento. Sem produção no campo o município vai sendo sustentado por uma massa de aposentadoria e programas assistenciais.

O país vivendo uma crise, o que piora a vida no varejo e no atacado. Para agravar ainda mais a situação temos um poder público municipal travado, tanto pela queda na arrecadação como pela política do jogo de empurra, quando o ex-prefeito Ademildo não quer concretizar a renúncia para dar total autonomia ao prefeito Aníbal. Isso emperra e atola o município. O município vivendo uma situação de emergência, sendo encaminhado para um estado de calamidade e o poder municipal incorrendo num viés de falta de autoridade. Se não existe a probabilidade da renúncia, que não se castre a autonomia e a legitimidade do prefeito Aníbal tocar o município dentro de sua lógica e da sua visão administrativa. O prefeito precisa de um poder efetivo, até mesmo, para ser o responsável direto pelos seus atos.

Na maioria das vezes, a realidade dos municípios do semi-árido não é nada fácil e chega a ser cruel. O município de Ipirá está na corda bamba entre a emergência e a calamidade. O poder municipal travado. A Prefeitura Municipal em estado pré-falimentar. A politicagem do grupismo empaca a máquina pública. O município é maior do que qualquer grupo, mas o BA-VI do jacu/macaco fornica o município. Fazer o quê?

Vamos partir do pressuposto de que essa iluminação para o Natal em Ipirá foi o que foi possível fazer no momento; custou em torno de R$ 150 mil reais em pleno estado de emergência, mas Ipirá tem que ser uma cidade-luz como Gramado. Pare, pense bem pensado. Pontencialize essa iluminação atual em dez vezes e teremos uma iluminação com dez vezes mais peças luminosas, uma coisa linda de se ver. O custo também será potencializado em dez vezes mais. Um milhão e meio de reais. Vem mais gente, vem mais dinheiro, o comércio vai vender mais, as pessoas vão ficar felizes, o astral vai ficar elevado, blá, blá, blá. Nada brilha mais do que a luz solar e sob esses raios luminosos o município de Ipirá trilha entre a emergência e a calamidade.

Tudo isso acontecendo e o deputado Jurandy Oliveira, em sua notória preocupação com o município de Ipirá, continua passando o podão pelo pescoço dos funcionários do CIRETRAN de Ipirá. Dessa vez, uma das vítimas, foi o único funcionário indicado pelo PT local. Agora, tem que ser bem pensado, o governador do Estado é o PETISTA Rui Costa que permite e consente que o deputado Jurandy Oliveira corte a cabeça dos indicados pelos deputados do PT e do PCdoB para o CIRETRAN em Ipirá.

Ninguém pode negar que o deputado Jurandy Oliveira tem poder e força junto ao governo do Estado, mas também ninguém vê o deputado Jurandy Oliveira levantar uma proposta que ajude Ipirá sair desse estado de emergência junto ao governador Rui Costa.

Não se pode preterir a calamidade, ela avança e não deixa algo ou alguém para trás, atinge o município, o catingueiro e o bicho e, não tenha a menor dúvida que um governador, um deputado, um prefeito pode ser uma grande calamidade.

Não tenham dúvida que o Renova Ipirá está passando por um momento de emergência, mas não estamos em estado de calamidade. Em janeiro/2016 o Renova Ipirá estará lançando uma nota sobre o seu posicionamento à população.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

FECHANDO A JANELA.

Fomos surpreendidos esta semana com a exoneração do indicado pelo deputado federal Daniel Almeida (PCdoB) ao CIRETRAN em Ipirá. Confesso que não esperávamos. O governo ainda é do petista Rui Costa. Tudo indica que está havendo a substituição de todos os cargos de confiança do CIRETRAN/Ipirá a pedido do deputado estadual Jurandy Oliveira.

Confesso que não escutei nenhum comentário negativo contra a atual direção e equipe do CIRETRAN-Ipirá por todo esse tempo, sinal evidente de um bom trabalho para a comunidade e quando o serviço público é executado de forma criteriosa, eficaz e com dignidade, no meu parecer não deveria sofrer descontinuidade, pena que o deputado não pensa assim.

O deputado Jurandy Oliveira é muito poderoso, forte e possuidor de votos, nunca mudou de lado ou posição, está sempre do lado do poder (da situação), seja Rui Costa ou Paulo Souto; seja PT ou DEM, (são eles que mudam quando deixam o poder e não o deputado).

Estas indicações de cargos pelo interior são objetos de cobiça e de disputa pelas forças políticas, isso é tido até como uma coisa natural e que tem que ser assim mesmo. Que seja ou não! Não iremos entrar no mérito, também, salientamos que vamos exercer nosso protesto e que, neste momento, o deputado Daniel Almeida está concentrado na questão da defesa da presidenta Dilma na problemática do impeachment, mas ele também tem o direito de dar seu parecer sobre essa questão e ainda não o fez, mas fará. Aguardem.

O deputado Jurandy Oliveira está cuidando dos seus. O deputado Jurandy Oliveira está chegando a 10 mandatos de deputado estadual, são quase 40 anos na Assembléia do Estado. O deputado Jurandy Oliveira é muito poderoso, forte e merecedor de uma votação expressiva no município de Ipirá, pena que o deputado não tem ido além da indicação de cargos para o nosso município. O deputado não luta e não consegue asfalto para a cidade; uma faculdade para Ipirá; uma UTI para o hospital; uma SAMU; uma escola técnica para a juventude; uma fábrica para gerar emprego; coisas desse quilate. Ipirá agradeceria.

Às vezes eu fico pensando: “Será que o que o deputado Jurandy Oliveira conseguiu para Ipirá nestes quase quarenta anos preenche meia folha de papel de ofício?” Mas, logo em seguida, eu defendo o deputado: “Deputado não tem poder de execução, deputado é legislador”.

Nesta contextualização, eu chego a uma conclusão simples: “Um deputado só não faz verão”. Não por menos, eu penso que o grande equívoco do ex-prefeito Ademildo na questão da universidade para Ipirá foi jogar todas as fichas no deputado Afonso, ao invés de buscar formatar uma espécie de lobby com uns dez deputados federais no empenho dessa luta. A universidade não veio e se tivesse vindo, não tenho dúvidas, o deputado Jurandy Oliveira ia querer indicar do reitor aos faxineiros e, assim, fecharia todas as janelas.

domingo, 6 de dezembro de 2015

ACUNHA!

A Praça da Bandeira está infestada de mosquitos, o tal do Aedes aegypti. Digo, afirmo e provo. Estava eu, assistindo à sessão do Conselho de Ética pela televisão, é claro, numa boa, de bermuda e sem camisa; o calor era intenso, lá e cá. Na Comissão reclamavam do calor e o advogado reclamava da admissibilidade contra Cunha dizendo: “Eduardo não mentiu. Ele disse que não tem conta no exterior, ele disse que todas as suas contas estão registradas na declaração do Imposto de Renda. Qual a mentira que tem nisso?” Eu estava ligado na televisão.

“Não tem lei que obrigue qualquer brasileiro a declarar conta no exterior, se não é exigido por lei não é obrigatório. Onde é que está a mentira?” indagava o advogado. Eu observava a televisão e vi que um mosquito desceu em vôo livre e sentou no calombo do meu joelho. Eu desviei o olhar para ele e ele olhou para mim. Notei que aquele mosquito era transmissor do vírus chicungunia. Ele balançou a cabeça negativamente e lascou a picada. Dei-lhe um tabefe e senti dores e mais dores nas juntas e no braço esquerdo.

“Não, não, ele não tem conta do exterior, é tudo em nome da mulher dele, da filha dele, é trust (ou qualquer outro troço com esse nome), não é dele, ele só, somente só, é beneficiário, mas não é dele. Onde é que está a mentira? Indagava o advogado pela televisão. Outro mosquito desceu da televisão e aterrissou na batata da minha perna, era forte e musculoso, olhou para minha cara, sorriu maliciosamente, levantei a mão para dar um tabefe, ouvi: “sob tortura não vale”.

Na televisão, o advogado de Cunha argüia que a delação premiada sob tortura não podia ser levada em consideração. Pensei: ”Estão obtendo delação sob tortura?” O mosquito olhou para mim com aquela carinha descarada e eu percebi que ele dizia que “sob tortura não vale!” Eu coloquei o dedo em riste na sua cara e falei: “Que mentira mais deslavada!” e o mosquito inclinou a cabeça como querendo dizer: “Cadê a ética?” Senti que tinha que ser ligeiro e antecipei o tapaço, dei e matei o bicho, não nego, mas antes disso senti a alfinetada. Meu cérebro comprimia-se e diminuía, era a microcefalia.

Meio tonto, observei que estava sendo dominado por uma amnésia, que me levou a mudar de canal na televisão e parei num campo de futebol que ficava na rota do lamaçal de Mariana. Era um jogo misturado. O bandeirinha É Cunha, que escorregou e ficou todo sujo, mais sujo do que pau-de-galinheiro e, lá pelas tantas, não é que esse bandeirinha marcou um impeachment. Não entendestes? Marcou um impedimento. Não deu para entender? Marcou uma banheira. Tá dito.

Cinco mosquitos saltaram da televisão e deu para sacar que o que sentou na minha barriga transmitia dengue; o da coxa propagava chicungunya; o do dedão do pé era condutor do zica; o da perna era transmissor de microcefalia e o do braço era tirado a bacana e  transmitia Guillain-Barré. Observei claramente que Ipirá estava sendo dominada pela mosquitaria.

A banheira foi marcada por causa do nariz ou do dedão do pé da centro-avante Dilma, que fez um gol de bicicleta. Foi ou não foi banheira? O crivo é do bandeirinha É Cunha. É pessoal. Pode ser reflexo do ódio ou da cafajestagem. Se tivesse sido, comprovadamente, banheira de corpo inteiro com intenção de gatunear e o bandeirinha É Cunha não quisesse marcar, não marcaria, engavetava. Se a centro-avante Dilma soltasse “um por fora” para esse bandeirinha É Cunha, conhecido pela torcida pelo vulgo pombo-sujo, ele fecharia o par de olhos.

E aí a torcida tem razão porque sabe que esse bandeirinha É Cunha é um desses trampolineiros de marca maior e um chantagista cara-de-pau com pose de homem probo. Em campo, o goleiro P reclamou; também o zagueiro M não deixou por menos; o beque D esbravejou e o meio-campista B não deixou de graça. Vê lá se tem quem suporte essa falta de democracia em campo? É muito poder de decisão na vontade de um só pregoeiro! O jogo vai ser jogado com bicuda na canela, com o acinte das torcidas organizadas, mas golpe do sujo não passará.

Minha situação era vaxaminosa. Dominado e sob a batuta de cinco mosquitos. Sofrendo de dores na junta deixada pelo chicungunia e em processo de microcefalia, ainda resta pensar que para cada cinco mosquitos em 1m quadrado, existe um comando de um exército de 50 mosquitos combatentes que atacam uma casa; para uma ala de 500 mosquitos-bombas fuzileiros que partem para cima de um quarteirão; uma divisão de 5000 mosquitos que atuam como camicases atacando uma rua; não deixando de pensar em 50000 mosquitos que praticam atos terroristas nas praças; sem deixar de verificar que tem 500000 mosquitos de prontidão para atacar com mísseis um bairro; nunca esquecendo que 5000000 mosquitos estão invadindo Ipirá, uma cidade que tem que ter reservatório de água nas casas por necessidade premente, por questão de vida ou morte.

E eu! Com meu pensamento embotado, querendo saber: ONDE É QUE NESTA CIDADE DE IPIRÁ VENDE UMA DESGRAÇA DE UM VENENO PARA EXTERMINAR MOSQUITOS. E eu, com este pensamento pouco perceptível, fico indagando coisa sem coisa: hoje em dia, o pai não pode tocar a mão no seu de menor e a polícia de São Paulo dá cacetetada, joga bomba de gás lacrimogêneo e prende o de menor das escolas, pode ou não pode? Eu sei que um mosquito acaba com uma pessoa, mas será que um rebanho de mosquito pode acabar com uma cidade? Será que um verme psicopata, cínico e sem ética pode abalar uma nação?

Enquanto eu pensava desordenadamente, os cinco mosquitos começaram a cantar uma musiquinha: “Rará, rurú, o Ipirá é nosso”. E um deles bradou: “Tudo isso que você leu acima é mentira, a Praça da Bandeira não existe, vamos prá cima meu povo, vamos acunhar esse sujeito!” O outro afirmava: “Vamos que vamos, vamos acunhar essa cidade de Ipirá!” E eu pensando: “Quanto tempo dura uma amnésia de um povo?”