quarta-feira, 29 de junho de 2016

É DE ROSCA. (19)

Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 19 (mês de dezembro 2015)(atraso de 7 meses) (um por mês)

- “Ficou doido!” – “Quem?” – “Foi mesmo!” – “Não é possível!” –“Não acredito!”

A perplexidade tomou conta da cidade. A boataria dobrou a esquina e entrou pela praça, saiu na avenida, desceu cabeça à baixo e entrou por ruas e vielas. Ninguém acreditava, mas a notícia perambulou por toda a parte, de forma ágil, sem precisar do zap zap, só na base do bocão.

- Tá jogando pedra? Jogou uma pedra na cabeça de quem? (ouviu a resposta não) Então não ta doido ainda. Doido para mim tem que jogar pedra ou rasgar dinheiro. Não fazendo uma das duas coisas, no meu haver, ainda, é caso de recuperação.

Vamos aos fatos que comprovam essa situação inusitada na cidade. Em outubro teremos as eleições municipais e, não tem ninguém, nem nada, que tenha mais interesse nessas eleições do que o Matadouro de Ipirá. Agora, ou vai ou racha. O Matadouro de Ipirá foi sincero e mandou o recado: “Dos dois candidatos, quem não tiver uma entrevista comigo será derrotado.”

Essa última palavra foi o suficiente para criar um pandemônio entre os dois candidatos e a preocupação tomou conta do ambiente dos candidatíssimos, que não tinham noção do atropelo que poderia acontecer, desde quando, esse Matadouro de Ipirá é o símbolo número um do fracasso que representam essas administrações do jacu e macaco para o município de Ipirá.

O primeiro a se manifestar foi o candidatíssimo Marcelão, em campanha pessoal há oito anos e que sabe onde é que as cobras moram e, mais do que ninguém, do que o matadouro precisa. Passou na FM e solicitou: “Junior! Prepare todos os discos de Roberto Carlos que eu vou precisar.”

- Você vai fazer serenata pra madame? – indagou Junior.

- Não. Vou ter uma entrevista importante no Matadouro de Ipirá e vou precisar dos discos de Roberto Carlos – explicou Marcelão.

Alguém avisou ao prefeito Bal que Marcelão ia levar uma D-4 de disco de Roberto Carlos. Ele tomou aquele susto, mas recuperou-se à tempo:
- AH, é! Pois, então, eu vou levar uma carreta de disco de Roberto Carlos.

Alguém telefonou para o Matadouro de Ipirá e avisou o que iam fazer o prefeito Bal e o candidatíssimo Marcelão. O Matadouro ficou meio perdido, sem entender direito, mas pensou rápido: “Não estou entendendo nada! Quem faz a propaganda de carne de boi é mister Tony Ramos, parece que Roberto Carlos é vegetariano. Deixa, eles chegarem, que eles vão ver o que bom prá tosse.”

Marcelão parou em frente ao matadouro, desceu com pinta de prefeito, com jeito, traquejo, fala e tremilique, tudo de prefeito. Ligou o som e começou o discurso:
- Eu cheguei em frente ao portão / meu cachorro me sorriu latindo / tudo estava como era antes / quase nada se modificou / acho que só eu mesmo mudei e voltei.

- Eu quero amor decidindo a vida / sentir a força da mão amiga / o meu irmão com um sorriso aberto / se chorar quero estar por perto – mandou ver o Matadouro de Ipirá.

- Meu bem, meu bem / você tem que acreditar em mim / ninguém pode destruir assim / um grande amor / Não dê ouvidos à maldade alheia e creia / sua estupidez não lhe deixa ver que eu te amo – rebateu Marcelão.

- Tudo vai mal /tudo, tudo, tudo / tudo mudou / não me iludo e contudo / a mesma porta sem trinco / mesmo teto, mesmo teto – exprimiu de forma ritmada o Matadouro.

- Falando sério / entre nós dois tem que haver mais sentimento / não quero seu amor por um momento / e ter a vida inteira pra me arrepender – celebrou musicalmente Marcelão.

- Daqui prá pra frente / tudo vai ser diferente / você tem que aprender a ser gente / seu orgulho não vale nada! Nada! – cantarolou o Matadouro.

- Eu sei que esses detalhes vão sumir / na longa estrada / do tempo que transforma todo amor / em quase nada –  mandou brasa Marcelão.

- Você tem a vida inteira pra viver / e saber o que é bom e o que é ruim / é melhor pensar depressa e escolher / antes do fim – proferiu o Matadouro.

- Você foi o melhor dos meus planos / e o maior dos enganos que eu pude fazer / das lembranças que trago da vida / você é a saudade que eu gosto de ter / só assim sinto você bem perto de mim – delirou Marcelão emocionado.

- Você foi a mentira sincera / brincadeira mais séria que me aconteceu – retrucou o Matadouro.

- Detalhes tão pequenos de nos dois / são coisas muito grande pra esquecer / e toda hora vão estar presentes / você vai ver – cantou Marcelão.

- Se você pensa! que vai fazer de mim / o que faz com todo mundo que te ama / acho bom saber que pra ficar comigo / vai ter que mudar – soltou o verbo o Matadouro.

- Este telefone que não para de tocar / está sempre ocupado quando eu penso em lhe falar / quero então saber logo quem lhe telefonou / o que disse, o que queria e o que você falou / só de ciúme, ciúme de você – deu o tom Marcelão.

- Quero que você me aqueça nesse inverno / e que tudo mais vá pro inferno – exprimiu de forma cadenciada o Matadouro.

- De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar / se você não vem e eu estou a lhe esperar / só tenho você no meu pensamento / e a sua ausência é todo o meu tormento – botou pra lá Marcelão.

- Você não vale nada, mas eu gosto de você / eu só queria saber porquê – enfeitou o Matadouro.

O candidatíssimo Marcelão deu um pinote e já foi esbravejando:
- Ôpa, ôpa! Isso aí não é Roberto Carlos, se for assim eu posso mandar a minha preferida “Tudo vai dar certo” e já fui – Marcelão saiu sem, ao menos, dar um até logo, mas o seu pensamento estava envenenado e ele pensava “esse Matadouro ta pirado, vou arrombar com esse sujeito”.

Candidato é assim; um sai, o outro chega. Foi a vez do prefeito-candidato Bal, que parou em frente ao Matadouro e não perdeu tempo, ligou o som e botou prá lá:
- Quanto tempo longe de você / quero ao menos lhe falar / a distancia não vai impedir / meu amor de lhe encontrar.

- Nunca mais você ouviu falar de mim / mas eu continuei a ver você / em toda esta saudade que ficou / tanto tempo já passou e eu não te esqueci – cantou o Matadouro.

- Você foi o maior dos meus casos / você foi dos amores que tive / o mais complicado e o mais simples pra mim / você foi o melhor dos meus erros – mandou brasa o candidato-prefeito Bal.

- Tudo vai mal, tudo / tudo é igual / quando eu canto e sou mudo / mas eu não minto / não minto / estou longe e perto / sinto alegrias, tristezas e brinco – lançou o sucesso o Matadouro.

- Eu voltei agora pra ficar / porque aqui, aqui é meu lugar / eu voltei pras coisas que eu deixei / eu voltei – colocou musicalmente o candidato-prefeito Bal.

- Tudo em volta está deserto / tudo certo / tudo certo como / dois e dois são cinco – soltou o som o Matadouro.

- Está do seu lado pro que der e vier / por você ele encara o perigo / ama você do seu jeito / esse cara sou eu – proferiu em forma de canto o prefeito Bal.

- Cartas já não adiantam mais / quero ouvir a sua voz / vou telefonar dizendo / que eu estou quase morrendo / de saudade de você – deu uma cantada o Matadouro.

- Venha comigo olhar os campos / cante comigo também meu canto / eu só não quero cantar sozinho – celebrou em poesia o prefeito Bal.

- Por mais que eu sofra / obrigado, Senhor, mesmo que eu chore / obrigado, Senhor, por eu saber / que tudo isto me mostra / o caminho que leva a você – cantarolou em melodia o Matadouro.

- Vem, que eu conto os dias, conto as horas pra te ver / Eu não consigo te esquecer / cada minuto é muito tempo sem você – proferiu em ritmo o prefeito Bal.

- Falando sério / é bem melhor você parar com essas coisas / de olhar pra mim com olhos de promessas / depois sorrir como quem nada quer – arremessou musicalmente o Matadouro.

- Você, que vem de dentro da saudade que eu sentia / da noite mal dormida, da minha fantasia / você, momento eterno, você amanhecer / você, razão do meu viver – enviou um torpedo musical o prefeito Bal.

- Quando você /  me ouvir cantar / venha não creia / eu não corro perigo / digo,não digo , não ligo – botou pra lá o Matadouro.

- Não adianta nem tentar me esquecer / durante muito tempo em sua vida / eu vou viver / não, não adianta nem tentar / me esquecer – cantou o prefeito Bal.

- Quero que você me aqueça nesse inverno / e que tudo mais vá pro inferno – anunciou cantando o Matadouro.

- Só queria lhe dizer que eu / tentei deixar de amar não consegui / se alguma vez você pensar em mim / não se esqueça de lembrar que eu nunca te esqueci – proclamou de forma cadenciada o prefeito Bal.

- Você não vale nada, mas eu gosto de você / eu só queria saber porquê – botou pra lá o Matadouro.

O candidato-prefeito Bal deu um salto de uma tarefa e foi esbravejando:
- Pode parar por aí! Isso aí não é Roberto Carlos, se for assim eu vou arrochar a minha preferida: “Chora bebê” e já fui – o candidato-prefeito Bal não deu nem até logo, mas sua cabeça estava envenenada e pensava “Esse Matadouro ta abilolado, vou botá pocano nesse sujeito.”

Suspense: e agora, o bicho pega? esse matadouro vai ou não vai? Êta novelinha complicada e chata, até outubro é nenhuma, vamos ter mais quatro anos pela frente. Será que vai?

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.


Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

AI DE TI, IPIRÁ! (parte 3)

Ipirá tem uma área de 3.060,263 km2. Esse  pedaço de chão não cresce mais, nem que o GPS queira, só pode diminuir. Você tem interesse por Ipirá? Seu interesse é de rocha ou de H? Estou procurando futucar uma discussão sobre a realidade deste município. Não é fácil, porque a maioria das pessoas está com a cabeça vedada para esse assunto; os ipiraenses estão, muito mais, preocupadas com o número do sapato que irão calçar no dia do pleito eleitoral municipal: se 48 ou 49, não tem outra opção, nem a da mais vaga esperança. Em alguns espertalhões ficarão folgados; mas, na imensa maioria do povão produzirá calo no pé e na vida.


Observe bem, a foto da Praça da Bandeira. Representa a nossa tônica de urbanismo. Nesse tempo, a luz vinha de um motor a diesel, candeeiro e fifó eram alternativas; a água vinha da caixa de Dé Fonseca ou do  chafariz, o pote de barro era a alternativa para água da chuva; a comunicação mais rápida era o telegrama dos Correios pelo código  Morse; as residências, em sua maioria, tinham fossas, com uma base e um buraco para as pessoas cagarem de cócoras, o penico e cagar no mato eram alternativas. Contava-se de dedos os veículos automotivos: o Simca de seu Júlio Dantas, o caminhão de seu Quincas, o caminhão de Zé de Jonas; o FNM de seu Tote. Uma viagem de Ipirá a Feira em estrada de chão consumia cinco horas cortando costela de vaca e dando pinote em buraco. A maconha não tinha chegado por estas bandas.


As políticas públicas do Estado trouxeram as mudanças que o município necessitava: a água veio do Paraguaçu; a luz procedeu de Paulo Afonso; chegou o telefone fixo; a estrada asfaltada do Feijão cortou o município.


Pelas políticas públicas municipais apareceu o Ginásio “do Cenec”; a urbanização foi contemplada com o calçamento e o jardim de flores em sua praça; a rede de esgoto teve as suas primeiras linhas no centro da cidade.


A modernidade se encarregou do restante: saímos da boca do buraco da fossa, quando o vaso sanitário apareceu para prestar um serviço sanitário essencial na questão da saúde e higiene; não dava mais para contar com os dedos a quantidade de veículos motorizados que tinha na cidade; a maconha invadiu a cidade.


Você pode achar que essas mudanças aconteceram devido ao pedido de alguma liderança sagrada ou por obra de uma benção divina e que Ipirá é uma sociedade abençoada, de pessoas de bem e são recompensadas com o desenvolvimento. Não é bem por aí. As políticas públicas de um Estado populista atendiam as demandas municipalistas e provocavam mudanças cabíveis no espaço e no tempo. A roda do século XIX não fez o século XX andar.


O século XXI deixou para trás o séc. XX. Ipirá tem energia em toda zona rural, mas é insuficiente para dar suporte a um empreendimento mais robusto que necessite de muita força motriz; tem água em vários povoados, mas não tem água na torneira todo dia e o dia todo; tem estrada asfaltada com uma buraqueira de estrada de chão; está pistiada com a comunicação pelo celular e via Internet, o povo está ficando mais modernizado; tem uma fábrica de calçados, mas não atendeu à solicitação de mais um galpão; não conseguiu concluir sua rede de esgoto por obra da quebradeira do Estado; Ipirá tem 14.688 veículos motorizados (2015), vai faltar estacionamento; não tem faculdade; não tem IFBA; mas tem maconha, cocaína, crack e tem muito carro de som numa altura de trovão para desrespeitar os direitos da maioria da população.


Você pode achar que as mudanças não acontecem devido à falta de um pedido de alguma liderança iluminada ou por este município não ter a bênção divina e a sociedade ser formada por pessoas más, que  têm de padecer do castigo da escassez de obras. Não é bem por aí. As políticas públicas de um Estado que não atende às demandas municipalistas e não provocavam mudanças necessárias no espaço e no tempo são causas mais reais. Querem fazer a roda do século XXI andar com a roda do século XX.


Nosso grande problema está nas políticas públicas do Estado, com resquícios neoliberal, que contaminaram até o ar que se respira. O Estado está em situação de quebradeira. Não tem recurso sobrando, com dinheiro curto só investe onde tem retorno, de preferência capital e pólo produtor.

São doze obras prioritárias no Estado, (nenhuma em Ipirá) como o Metrô de Salvador e a ponte Salvador / Itaparica que nem começou por falta de grana. Ipirá é produtor de quê? É pólo de quê? Esse negócio de pólo coureiro é invencionice, temos é uma manufatura secular e necessitando de apoio concreto, não de conversa mole.  Assim sendo, para o nosso desespero, vamos ser realistas, Ipirá não consta na agenda do governo do Estado.


Ipirá não existe para o Estado? Existe, como área de contenção populacional. Não deixar acontecer o êxodo para os grandes centros e evitar problemas para eles lá. Para cá, a coisa é canalizada para as condições mínimas, com o objetivo de fixar as apessoas aqui, com moradias populares, creches e matrículas escolares, uma saúde precária e insuficiente, mas, de forma, a não deixar as pessoas escapulirem. Na zona rural, a energia, a residência rural, cisternas, quatro ovelhas e um carneiro para manter o homem preso à terra. A sobrevivência sendo mantida por aposentadoria e programas assistenciais. Assim, fica mais barato. O investimento no desenvolvimento requer muito mais recursos e é libertador das mentes e corações.


Aí o bicho pega. Ipirá ficou num mato sem cachorro? Não, Ipirá está entregue ao poder municipal, ao povo de Ipirá e de quem queira investir nestas bandas. E as autoridades desta província? Estão achando que vão resolver o problema de Ipirá pegando uma fita do locutor e entregando-a ao governador: “Ouça o que ele fala de V. Exa!” e o governador zangado e revoltado vai fazer tudo por Ipirá. Quanta bobagem! O Territorio Bacia do Jacuipe tem mais valor na agenda governamental do que Ipirá e recebe as coisas que necessita por conta-gotas e pulverizadas. Ipirá não vai receber UTI, Samu, faculdade, asfalto. Ipirá vive de conversa fiada. Isso não tem consistência.



Depois de tudo isso exposto, vamos a uma terceira pergunta bem simples aos candidatíssimos Aníbal Ramos e Marcelo Brandão: No ponto de vista dos senhores candidatíssimos, qual é a grande ou média obra que o poder público municipal poderá fazer, com recursos próprios, em nosso município na sua gestão?   


Se o poder municipal não tiver nenhuma condição para tal, significa que Ipirá está entregue a sua gente e aos que enxerguem esta terra como promissora. Infelizmente, a grande maioria da população está e vai continuar com o sapato apertado fazendo calo, mas aliviada com a ilusão de que estamos entrando no paraíso. Coisas da cabeça.

domingo, 19 de junho de 2016

AI DE TI, IPIRÁ! (parte 2)


Vamos pensar um pouco. Só um pouco mais do que estamos acostumados. Algumas pessoas reclamaram das fotos da postagem “Ai de ti, Ipirá! (parte 1). A grande preocupação, para essas pessoas, foram as fotos e não o conteúdo. Tem pessoas que estão cativas da superficialidade de uma forma tão profunda que, para elas, as coisas resumem-se às imagens e o conteúdo não tem nenhuma importância. Por aí vamos nós.

Nós estamos bem próximos das eleições municipais de 2016 para a escolha do administrador do município de Ipirá. Temos dois candidatíssimos ao pleito (infelizmente), ambos, terão que apresentar suas propostas ou no mínimo o que pretendem fazer por esse município. Terão que debater a situação do município e seus propósitos, cara a cara, olho no olho com a população. Ou não é por ai? Se assim for, o conteúdo vale mais do que a fotos que se apresentam.

Se estivéssemos à véspera de um ”Concurso de Bonecos”, aí sim, a foto teria predominância absoluta diante do conteúdo. Neste caso, seria muito simples, mais fácil e descomplicado; era só, eleger o boneco mais bonito! Boneco não fala, não houve, não vê. Vixe, Nossa Senhora, Santíssima Santinha, da Igreja de Ipirá, pense num boneco administrando Ipirá! Só ia ficar “os loro” da prefeitura, a turma da esperteza ia raspar o tacho.

Nossa Mãe do Céu, imagine um troço desconcertante! Bonecos vestidos como prefeitos, pleiteando sentar na poltrona mais acolchoada da localidade e investido do poder executivo da municipalidade! Um boneco posto como chefe! É muito mais um angu-de-caroço. E a discussão? Não seria apenas de números, de dezenas para a cabeça da pule no jogo do bicho, seria sobre a foto. Como a foto desse boneco saiu feia! Não desentortou nem o nariz de cera! E o nariz de Pinóquio desse boneco tem uma légua de crescimento! O que Ipirá ganha com a discussão sobre bonecos? Na minha compreensão, nada.

Quem pensava que Tia Eron era uma boneca cobiçada, lascou a boca, ela votou como uma deputada arretada, não se deixou acunhar. Agora, pense num boneco malemolengo, do tipo Mané Gostoso! Pensou naquele deputado federal do Pará, o tal do Wladimir Costa, o elemento fez a defesa do Cunha, foi contra o parecer do relator e na hora do voto meteu o ferro no amigo! Taí um troço que a gente pode chamar de boneco-deputado! Um boneco de engonço, pendurado numa trave, que se move quando o eleitor senta o ferro.

Eu penso que é um perigo ser governado por um boneco. Tem mais, boneco por boneco, seria bem melhor um boneco de Olinda. Vai observar os problemas do município lá do alto; não vai apertar a mão de ninguém depois do concurso, também, não apertaria antes; nem pense em receber dinheiro para depositar seu voto nesse boneco, ele é liso até no bolso; não promete nada por ter convicção que promessa é coisa de santo; não tem cara-de-pau, é feito de gesso e pano; não enrola as pessoas, por ter mãos molembolembas; não faz acordo para não cumprir, porque não cumpre o acordo que faz; não mete a mão em cofre de dinheiro, porque não mete a mão em cumbuca; não toma emprestado, porque emprestado cria limo; por fim, toda self que faz só mostra a mesma cara, não tem duas, nem três fotos, é só a mesma cara, tanto faz na RG como na Habilitação. Não haverá porque reclamar.

Convenhamos que a reclamação está fora do prumo. Ipirá tem que ser encarado dentro da sua realidade e complexidade. Ipirá tem dentro de si, um bolsão de pobreza crônica, que está desenhado na quantidade de famílias inscritas nos programas sociais do governo federal. Mais de treze mil famílias no Bolsa Família, colocando-se três pessoas por família teremos uma quantidade avassaladora de 39 mil pessoas numa população de 62 mil pessoas. Esse é o gargalo que atravanca Ipirá. Isso é preocupante.

Com números nesse patamar Ipirá não tem perspectiva, porque dentro da ótica das esferas governantes mais elevadas, nível estadual e federal, não há dinheiro público para investimento e só se investe onde tem retorno. Capital e pólo produtor são as preferências, municípios médios e pequenos do semi-árido como Ipirá, são lugares de contenção e represamento da população para não migrarem para os grandes centros. E para tal, haja assistencialismo.

Eis uma questão e quem se habilita a ser candidato tem que ter um parecer sobre essa situação. Então, lá vai uma segunda perguntinha, bem simples, para os candidatíssimos Marcelo Brandão e Aníbal Ramos: Qual é a opinião dos senhores candidatíssimos para esta problemática do bolsão de pobreza no município de Ipirá e como encará-lo?

É bom lembrar a primeira pergunta: Qual é a proposta dos senhores candidatíssimos para promover o desenvolvimento do município de Ipirá? Essas perguntas são relevantes e têm uma importância muito grande para Ipirá. Foto não responde a essa perguntas nem aqui, nem no inferno, por isso e por outras razões, o conteúdo das matérias que são escritas e o conteúdo dos candidatos que se apresentam são mais elucidativos do que qualquer foto, inclusive com fotoshop.

Não adianta querer esconder o sol com uma peneira, tem muito interesse particular e exclusivista em jogo. Os candidatíssimos vão ter que soltar a língua, não com xingamentos, mas com propostas, para que a população tenha noção do que teremos pela frente. Ipirá, queiram ou não, é o mais importante e não pode sofrer um abuso coletivo.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

MEU 'MUI' AMIGO DIÓ

Esse Dió, tá aprontando alguma coisa! Eu estou achando que essa liderança mor não está querendo suar a camisa na campanha da macacada. Também pudera, Dió anda meio desencantado com o mundo. Se liga, Dió! Que onda é essa, meu ‘mui’ amigo? Observei que Dió ficou mais animado quando ele fez referência à Ipirá, aí ele ficou com outro astral. Pensei : “ Será que esse sujeito ta querendo dá a quarta cacetada na cabeça do jacu? Se dé, mata!”

Ele disse que na campanha vai ficar na coordenação, quer dizer, na moita. Olha a esperteza do sujeito! Para se embrenhar na caatinga, andar por cima de rastro de sapo cururu e pisar em rodilha da cascavel, que vá o candidato Aníbal; no dia do comício do governador Rui na cidade, que vá o Dió. O sujeito quer dar somente o nome e seu notável prestígio. Falou em dar sangue, ele apresenta a desculpa da saúde combalida.

Tudo, agora, ele joga para cima da doença e da idade. Eu penso, embora não tenha nada com isso, que Dió tem que retornar para fincar os fundilhos em Ipirá, também, eu continuo pensando, mesmo sem ter nada com isso, que Dió não pode ficar em Ipirá sem uma lavagem de roupa, ele vai ter que fazer alguma coisa. Vamos ter que arranjar algo para que Dió preencha seu tempo.

Pensei, bem pensado, e observei que vai ter uma grande oportunidade para Dió em Ipirá: ser âncora do programa Conexão Chapada e eu, naturalmente, o seu peru (não sou locutor). O povo sentando a ripa no prefeito: ”esse elemento só sabia falar!” Dió fazendo suas análises contundentes e gabaritadas e eu com meu bordão: “Dió tá certo ou Dió está falando a verdade” Porque não sendo assim, eu não imagino qual seria o futuro do programa. Seria um Conexão Charlatão com uma chapa-branca no peito? Aí, não tem graça! Esse emprego do Dió tem que dá certo. Nós compraremos o horário, não vamos deixar o programa Conexão ficar com uma chapa-branca na lataria.

Dió, também, pode virar palestrante e viver de palestra. Não dá certo? Por que não? Bill Clinton pode, Lula pode e por que Dió não pode? O preço de uma palestra de Dió vai ficar um pouco abaixo da de Clinton e um pouco acima da do Lula. Eu vou ser mais preciso: havendo palestra dos três, eu escolho a do Dió. Numa palestra do Clinton eu não vou entender nada; Lula já caiu no meu conceito, não estou a fim de aprender malandragem e Dió não, esse sujeito tem coisa a dizer que derruba até nave espacial fora da órbita da Terra.

Com tanta lamentação de Dió, fica parecendo que ele quer ir embora dessa vida e para o meu desespero, eu sonhei que eu e Dió tínhamos ‘batido as botas’ e estávamos indo para o inferno, o maior centro de tortura criado pela inteligência humana, com sofrimento contínuo, permanente e eterno. Quando botamos nossas caras na entrada, ouvimos aquela voz: “Há,há,há! Esses dois aí vão direto para as profundas, há, há,há!” Lá ele! Um sonho pancadão desse, entorta qualquer um. Bate três vezes aí na madeira Dió, que eu já bati do lado de cá.

Ô Dió! Vou te dizer uma coisa: “se a gente tiver que ir para um martírio daquele, a gente que nunca se uniu aqui nesta terra, vamos ter que nos unir naquela broaca, porque a fervura é de lascar”. Tu viu quanto pilantra tem lá dentro? E quanta gente conhecida? Aqueles umas e outras! Eu apostava que aquela galera tinha ido para o céu e os bichos tão lá naquela gemedeira! Fique calado, Dió! Não decline nenhum nome, senão a coisa vai esquentar prá cima dos nossos lombos. Lá ele com esse sonho; chega prá lá trem ruim.

Para não ficar parado com a cara prá cima, Dió poderia escrever um livro. Eu seria o seu secretário, digitador, diagramador, porque, tenho certeza, viria um conteúdo de levantar poeira, abalar o universo e esquentar a frigideira. Eu não tenho dúvida que Dió conhece profundamente toda a podridão do jacu e macaco em Ipirá; tudo, tim por timtim. Daria para escrever dez mil páginas, um verdadeiro dossiê Lava Jato da província de Ipirá, mas poderia ser feito em mil páginas um verdadeiro inquérito processual para levantar o lamaçal que representa jacu e macaco na administração de Ipirá. Com isso, Dió conseguiria se redimir dos momentos de omissão, da famigerada complacência, do incondicional e submisso apoio.

Olhando por esse lado a situação de meu ‘mui’ amigo Dió não é nada confortável. Ele está com um pé na mangueira e outro na jaqueira. Não é só fazendo esse livro que a barra ficará limpa não. Esse livro seria uma espécie de longa e perfeita confissão, uma espécie de mea-culpa; pela gravidade tem que ser num confessionário, com o papa Francisco na escuta, eu com um gravador captando tudo e Dió na sua tranqüilidade e frieza absoluta mandando vê, lendo o bê-a-bá; expondo o que há de podre no ninho do jacu e nos galhos da macacada e o mundo desabando.


Não se incomode com isso não, Dió! O que vale é expurgar todos os pecados que se tem nas costas e ficar purificado, leve e solto. Um verdadeiro passe para limpar e aliviar a alma dessa testemunha impar e que pode fazer um estrago com um buraco do tamanho do mundo nessa galhofa de jacu e macaco, bem maior até, do que o estrago feito pelo irmão de Collor na Republica collorida; do que a do Delcídio do Amaral poderia fazer na República petista e Eduardo Cunha poderá fazer na República brasileira. Eu só desejo coisa boa para o meu ‘mui’ amigo Dió.

sábado, 11 de junho de 2016

AI DE TI, IPIRÁ! (parte 1)




                 
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Pelo contador de visitas, mil e quinhentas pessoas, por semana, fazem a leitura das postagens desse blog. Sinto-me honrado e agradecido. Vou fazer uma pergunta bem simples: você tem interesse por Ipirá? Olha bem, interesse por Ipirá! É diferente do interesse pessoal, individual, subjetivo que vai fazer a volta lá no Monte Alto só para tirar uma lasquinha na coisa pública. É diferente do interesse apaixonado pelos grupos (jacu e macaco) que vota num poste, numa estaca, numa porta, porque representa o grupo oligárquico de sua paixão e, assim sendo, distancia-se de qualquer racionalidade. Neste caso, esqueça a minha pergunta, porque não faz o menor sentido.

Se você responder sim, obriga-me a fazer outras perguntas: qual é o critério que você utiliza para a escolha do administrador público de Ipirá? Quais são as qualidades que um administrador público tem que ter? Quais são os defeitos que um administrador público não tem que ter? Esses questionamentos são relevantes. O candidato a administrador tem que ter noção do que é necessário e tem que fazê-lo ou não precisa ter nenhum conhecimento de causa? O candidato tem que ser honesto e capaz ou fanfarrão e desonesto? Evidente que, você tendo interesse por Ipirá não depositará sua confiança no contrário do seu critério, se você definir a capacidade não privilegiará a incapacidade.

Eu faço essas perguntas, porque o pleito de outubro-16 será muito diferente dos anteriores, não teremos três opções, infelizmente, será plebiscitário, será um Segundo Turno disfarçado com duas únicas opções; ou vai tu ou tu; ou Lé ou Cré. Haverá um rigoroso enquadramento do maniqueísmo de duas forças sem outra alternativa; é o bem ou o mal; quem faz a escolha, só escolhe o bem, o outro não-escolhido é o mal; jacu é o bom macaco é o mal; macaco é o bom jacu é o mal, pela escolha do freguês. A riqueza da sociedade é ser plural, diversificada e múltipla; quando ela é colocada na bitola exclusiva do jacu e macaco ela se foca no atraso e na esterilidade. Fica fossilizada.

Dito desta forma, lá vai uma perguntinha para os candidatíssimos Aníbal Ramos e Marcelo Brandão. Qual é a proposta dos senhores para implementar um projeto de desenvolvimento para o município de Ipirá? Os eleitores que votam com base em critérios querem saber a opinião dos senhores.

Ficar no ataque pessoal, nas ofensas, no reme-reme costumeiro de jacu e macaco não levará Ipirá a lugar algum, significa dois avestruzes metendo as cabeças em buracos para não enxergar a realidade, na mais pura demonstração de despreparo e incapacidade pessoal para tomar a frente e gerir a causa pública, preferindo o baixo e mesquinho subterfúgio da ofensa pessoal, deixando no esquecimento as questões cruciais do município, para permearem-se na abstração da coisa rasteira e inútil. Ipirá não ganha nada com isso e tem que ser respeitada.

Não adianta ficar discutindo as administrações passadas de Antônio Colonnezi contra Luis Carlos Martins, todos dois carimbados com o crivo da ficha-suja por irregularidades administrativas; com o ferro da irresponsabilidade; com a marca vergonhosa do calote no funcionalismo da prefeitura; com pouca virtude e muita falcatrua no lombo. Discutir esses dois é perder tempo; é desprezar Ipirá; é enganar a população; é enrolar o povo; é ludibriar as pessoas de boa fé; é ficar olhando no retrovisor da ineficiência e do atraso. Esse tipo de encaminhamento de debate público sobre o município é frequentemente raso, Ipirá precisa ser olhado para o presente e seu futuro.

De nada vale ficar remoendo essa prática administrativa montada pelo esquema jacu/macaco em Ipirá. Os dois estão devendo muito a Ipirá, são os responsáveis pela situação na qual Ipirá se encontra hoje. Não foram capazes de dar um salto de qualidade e botar Ipirá prá frente, num patamar de desenvolvimento efetivo.

O Matadouro de Ipirá é o exemplo clássico, a prova contundente e inquestionável da desordem e incompetência do jacu e macaco na administração desse município, mas não é só isso, são quase cinqüenta obras dessas duas farsas administrativas que não tem serventia alguma, dinheiro do povo jogado fora, por falta de planejamento, por projetos mal elaborados, por superfaturamento, mal feitas, com a irresponsabilidade que tão bem caracteriza a jacuzada e a macacada. Essa discussão de qual foi a melhor administração entre as duas oligarquias é improdutiva, nociva e absolutamente desnecessária dentro de um espírito de coisa séria. Não rende nada para Ipirá.

A pergunta que interessa à população é esta: qual é a proposta dos senhores candidatíssimos Aníbal Ramos e Marcelo Brandão para implementar o desenvolvimento do município de Ipirá? A resposta cabe aos senhores, se fosse via rádio, tempo igual para os dois, séria interessante para a população de Ipirá. Esta é uma pergunta da pauta que interessa ao povo de Ipirá. Queremos ouvi-los, estamos na escuta. 


sábado, 4 de junho de 2016

INSTITUTO DIÓ

Notícia de segunda mão, porque quem fez a comunicação foi o próprio Dió. Nesse momento, eu senti um entusiasmo no nosso amigo. Penso eu, não sei se estou certo, que Dió está vivenciando um momento existencial muito profundo e faz uma reflexão minuciosa de sua passagem pela terra, de forma que os problemas de saúde fazem parte do seu lamento, mas uma força rejuvenescedora explode de forma salutar quando Dió expõe que pretende implantar um INSTITUTO em Ipirá para palestras, debates e formação política e ideológica dos jovens.

Eu fico indagando: será que esse Dió foi buscar essa idéia no fato de Lula ter o Instituto Lula e Fernando Henrique ter o Instituto FHC? Eu acredito que não, penso, que Dió está mergulhando profundamente na sua própria vida e nesta raiz está visualizando aquele rapaz com uma pasta de mão, com duas mudas de camisa, vestindo uma calça Lee surrada e cingida, entrando 5:30 h da manhã no ônibus da empresa Feirense, com destino a Salvador, transportando a alegria de uma tarefa cumprida em tempos obscuros, mas que, o jovem militante do Partidão soube executar com exímia aptidão e aquela célula estava em pleno funcionamento.

Essa idéia de um INSTITUTO não nasce em quem enxerga pela frente apenas as últimas primaveras. O Velho Dió já passou por estradas e manteve as coisas nos trilhos; já enquadrou muita gente no pensamento estreito, servindo ao sistema oligárquico de Ipirá. Quando o vigor começa a desfalecer, ai bate o drama da consciência que nos joga para o tempo da juventude destemida, imbirrenta, rebelde, sonhadora que quer tocar fogo no céu em busca de liberdade, democracia e igualdade social. O INSTITUTO DIÓ só pode ser resultado desse encontro. Caso contrário será uma farsa.

O velho Dió de hoje, choroso e moribundo, buscando ser preenchido, indo buscar esperança de um rejuvenescimento na sensibilidade e imagem sonhadora daquele jovem idealista que buscava mudar o mundo, mas foi desprezado lá atrás. O velho Dió já chegou onde tinha que chegar, alcançou tudo que podia alcançar. Nesta fase da vida, deve ter consciência de que precisamos muito pouco para viver. Em nossa trajetória acumulamos muito entulho que não serve para nada. Não precisamos de centenas de camisas, sapatos, etc. e tal. Aquele jovem Dió ficou no meio do caminho. O INSTITUTO é uma célula e a célula o reencontro.

Aqule jovem idealista Dió foi indo, se distanciando da causa, foi sendo neutralizado, amordaçado gradativamente, desfigurado, encurralado e finalmente morto naquela perspectiva de uma vida intelectual apaixonada e interiorizada no hábito da luta libertária.

Na estimativa maniqueísta da província, o Dió que ficava, ia sendo domesticado por Ipirá, ia sendo enquadrado na moldura opressora de uma politicagem de oligarguias, foi se adaptando e se conformando. Agora, na fase final da vida, a liberdade daquele jovem Dió vem incomodar e ser o pote de esperança que o velho Dió necessita.

Oh, Dió! Não esquenta a cabeça não, gente fina! Tu tens muita culpa no lombo para se redimir porque foram muitas gerações de ipiraenses que não encontraram um caminho e foram travadas por tua ação oportunista nesta terra, mas o arrependimento nunca será infrutífero. O INSTITUTO poderá ser um primeiro passo.


Que o rejuvenescido Dió não venha com esse INSTITUTO para cabalar eleitores para macacos e jacus, porque esses elementos conseguem-se através do reino da necessidade e do jogo de interesses pessoais. A questão é outra, a questão é de liberdade de consciência e o jovem Dió entendia com perfeição dessa causa.