sexta-feira, 25 de janeiro de 2008


A FILA DO BANCO DO BRASIL, AGÊNCIA IPIRÁ, É BOCA DE ... (parte 1)

O Banco do Brasil em Ipirá fica na Praça da Bandeira, embora conste um outro domicílio na folha de cheque, mas como eu dizia, é nesta praça que fica o Banco do Brasil. Em frente ao Banco do Brasil encontrei Ló, que estava entrando num ligeirinho. Gritei para ele:
- Ô Ló ! ô Ló ! quero falar com você.
- Agora eu não posso, são 12 h e estou com pressa. Vou à Feira de Santana buscar uma encomenda e ainda quero encontrar esse Banco do Brasil, agência Ipirá, aberto, para resolver um empréstimo urgente – disse Ló e o ligeirinho seguiu viagem.

Entrei no prédio do Banco do Brasil, agência Ipirá, e logo de cara defrontei-me com a fila, que estava na terceira volta; deste ponto até o caixa leva-se uma hora de cansaço, em pé, que significa um verdadeiro teste de paciência. Nada mais resta do que ficar saboreando os saracoteios que vão acontecendo na fila para ir esquecendo que esta fia do Banco do Brasil é uma das piores coisas que existe em Ipirá. É um verdadeiro desperdício de tempo e uma prova da sagrada incompetência de muita gente.

Em minha frente estava um cidadão baixo e gordo, que demonstrava sinais de impaciência e arriscou um palpite: "a fila do inferno anda mais ligeiro do que a fila deste Banco do Brasil; lá pelo menos o diabo tem pressa em atender os clientes e vai mandando entrar". Parado eu já estava há 15 minutos e não saía do lugar; a fila não andava e naquele instante, aquela observação pareceu-me a mais pura verdade, mesmo sem saber prá que banda fica esse tal de inferno, mas concordei com aquele dizer "essa fila do Banco do Brasil é pior do que a fila do inferno", pelo menos pareceu-me adequada àquela situação, que considero uma viagem de cágado; onde o espaço engole o tempo, cada passo leva 10 minutos e o tempo ganha a sua suprema lentidão: lentidão do lado de cá da fila e do lado de lá do caixa. Ah ! sim, o caixa. Um só caixa no horário de pique é a prova da insensatez e do descaso.

A fila do Banco do Brasil não é uma fila peba não. Tem a cabeça lá perto do caixa e o rabo perto da porta giratória, parece uma cobra deslizando pelo chão; às vezes reta, outras desengonçada e bagunçada, a depender do seu estado de espírito e da sua impaciência, que reluta em não ficar parada, mesmo sem sair do lugar.

O apito da porta giratória disparou. Os olhares da fila foram naquela direção. Uma senhora, toda nos trinques, carregando o mais puro ouro nos braços e no pescoço, traspassou aquele obstáculo e aproximava-se da fila, que ficou embasbacada diante de tanta altivez. Um sujeito sarará e bastante sagaz deu a dica:
- Aquela é dona Letícia, a mulher do homem de Brasília.

A fila na dúvida, concordou prontamente, afinal, devia tratar-se de uma altíssima autoridade, quem sabe até do Fórum e ninguém queria passar por vexame, porque autoridade é autoridade. A madame granfina nem olhou para o rabo da fila; foi em direção à cabeça e com aquela empáfia que Deus lhe deu, dirigiu-se ao caixa e com a suavidade da finíssima educação britânica, falou-lhe:
- Boa tarde ! por obséquio diletante jovem, eu gostaria de sacar este cheque de Brasília, ele está assinado por Lulinha.

O funcionário do caixa sentiu um tremor no corpo; seu coração acelerou; faltou-lhe respiração; era emoção demais; afinal, não é todo dia que se tem a sorte de atender uma madame tão vistosa, educada, cidadã, e foi logo dizendo:
- Prontamente V. Exa., seu pedido é uma ordem – e foi colocando aquela bolada nas mãos da elegantíssima mulher, que não poupou elogios.

- Muito agradecida pela gentileza. Estou deslumbrada com a rapidez e a eficiência com que vocês atendem os clientes aqui. Eu confesso que tenho andado por este mundo afora e nunca vi atendimento igual, nem no primeiro mundo, e você deve saber que eu sou viajada. Olhe ! meu querido, vou recomendar esta agência do Banco do Brasil de Ipirá ao Lulinha e ao Guidon de Manteiga lá de Brasília. Com certeza vocês ganharão o prêmio Fórmula 1 de velocidade no atendimento bancário. Vocês terão o meu depoimento, simplesmente, levei apenas um segundo para ser atendida. Muito agradecida, meu jovem – e foi saindo com toda elegância, que não cabe neste mundo.

Lá se foi a fragrância do perfume francês acompanhando a virtuosa mulher, que passou pela porta giratória e foi embora. Fazia meia hora que eu não saía do lugar e no rabo da fila começou uma algazarra, mas esse relato, você vai ter que esperar, porque eu ainda tenho muito tempo pela frente, nesta fila, e enquanto isso eu vou escrevendo o que acontece, então aguarde a parte 2, é só mais duas semanas.

5 comentários:

  1. Agildo vc já observou que toda fila forma um S ? de SACANAGEM !Isso mesmo.Não é a mãe deles que tah lah é por isso.E o que mais revolta é o dia do aposentado rceber seus benefícios,é desumano.Mas o povo de Ipirá é conformado com tudo,senão algo jah teria sido feito.Essa Via Crucis do banco do Brasil jah tem a idade de Cristo e sabe Deus quanto ainda vai durar.Uma instituição bancária que ostenta e enverga os interesses do governo deveria ter mais respeito pelo cidadão brasileiro.Mas acho que aki o problema é mais grave.Porque o povo não se conscientizou que fila de banco é que nem rabo de cascavel,tem que fazer zoada pra ela andar. Abraço,amigão !!!!

    ResponderExcluir
  2. Olá, Agildo!
    Sou Ipiraense, moro em SP e sempre que posso leio seus artigos.
    Fico feliz em acompanhar o dia a dia da minha cidade e é uma pena que o que mais sai no site de Ipirá é sobre violência e infelizmente desenvolvimento nenhum...
    Um abraço,Rosana.

    ResponderExcluir
  3. Agildo, infelizmente este é o retrato de descaso e falta de reseito com Ipirá e com os ipiraenses. Outrora já havia escrito em meu blog sobre este problema e no dia que escrevi pude testemunhar dois idosos sentado no chão da área de auto atendimento esperando por mais de 1 hora para serem atendidos. Sinto VERGONHA.

    ResponderExcluir
  4. Olá professor, estes textos tratando do problema das filas do BB Ipirá são interessatíssimos e demonstram questões que parecem corriqueiras, já que a falta de respeito em bancos é generalizada. Justamente na agência BB de Ipirá tive a oportunidade de me topar com um Mister M da vida. Pessoa folgada que se acha no direito de guardar o lugar de forma invisível. Indignei-me!!! Mas, para não provocar confusão, permiti que a infeliz furasse a fila, mas antes discuti, discuti mesmo! O interessante disso tudo, é que quando um Mister M se aproxima da fila com aquela cara de pau toda, as pessoas que engordam o rabo da cobra safada não falam nada, parece que o problema é apenas com o azarado que está exatamente atrás do lugar que o Mister sacanagem quer roubar. Ela era uma senhora distinta, arrumada, será que foi por isso que se achou no direito de furar? Mas não portava nenhum cheque de Lulinha.

    Um forte abraço.

    ResponderExcluir