terça-feira, 3 de junho de 2008

ALERTA, IPIRÁ !


Quero dirigir-me ao povo de Ipirá num instante em que a grande maioria das pessoas deste município não quer saber de outra coisa, a não ser os NOMES dos candidatos à Prefeito para as eleições de 2008.

Para não fugir do clima de euforia e expectativa em que vive o município de Ipirá, não me furto em dar meu parecer de qual seria o melhor NOME para administrar este município e, digo mais, trata-se de um NOME absolutamente desconhecido para a imensa maioria da população; um NOME absolutamente impossível, porque não mora em Ipirá; um NOME absolutamente improvável, porque ele não quer, não pode e não sabe disso. É um NOME que só existe na lembrança daqueles que acompanharam o seu trabalho e sua ética profissional, quando aqui trabalhou. Ele é Camilo da Nestlé. Um NOME que resgato muito mais para reaquecer a memória ipiraense do que para perfilar como pretendente a qualquer cargo eletivo; muito mais por respeito à sua capacidade de trabalho, conhecimento, preparo e visão pragmática da questão produtiva no semi-árido. Não pense que isso é uma brincadeira de minha parte, isso foi intencional.

Fiz esse prólogo, para afirmar que as propostas que atendem às demandas e necessidades da comunidade são mais importantes, consistentes e necessárias do que os ditos NOMES, sejam eles doutores, médicos, advogados ou professores.

Fiz esse prólogo de forma intencional, para poder entrar mais fundo na realidade de Ipirá e espero de coração, que você seja sensível ao que vai ser posto aqui, nem que seja para rechaçar e contradizer de forma mais convincente, lógica e otimista.

IPIRÁ ESTÁ À BEIRA DO PRECIPÍCIO. IPIRÁ ESTÁ NA PORTA DA MAIOR CRISE ECONÔMICA E SOCIAL QUE PODERÁ ATINGIR ESTE MUNICÍPIO, E SEM COMPARAÇÃO NOS ÚLTIMOS 50 ANOS.

Em tempos de aquecimento global, o clima do planeta vira pelo avesso, sofre e causa transtornos, sendo que, áreas imensas tendem à desertificação, principalmente no semi-árido, e é nesta região onde o município de Ipirá está encravado; isso poderá ocorrer no futuro. No presente, o grande problema está no fato de que, este ano a baixa precipitação pluviométrica em nosso município é uma realidade, embora tenha ocorrido chuvas abundantes em quase todo o Nordeste brasileiro. Aqui, só choveu trovoadas em fevereiro 08. Aí é que está todo o nosso dilema e aperto.

A base econômica de Ipirá é a pecuária. É daí que sai a produção rural do município. É aí que está sua riqueza. Se essa produção for afetada, o município, como um todo, será atingido. Ipirá vem de um longo período de estiagem (julho 07 a fevereiro 08), quando os parcos recursos (reservas financeiras e alimentícias) foram utilizados em grande quantidade e consumidos inteiramente, havendo um déficit em palma, mandacaru e palmatória para manter todo rebanho de Ipirá vivo; você poderá até dizer que isso é "problema de cada um e cada qual que se vire". Mas, é importante lembrar, que estamos vivendo um breve momento de forma paliativa, (março a junho 08) e sem ou com as fracas chuvas de inverno, tudo indica que a partir do próximo mês de julho retornaremos ao velho e penoso sacrifício de sempre e dessa vez, para a maioria dos produtores, sem os recursos necessários ( financeiros e feno, palma, mandacaru e palmatória) e o tal "cada qual que se vire" vai atingir todos os setores da economia de Ipirá, porque, dessa vez, o bicho vai pegar.

Como é que o bicho vai pegar ? O município de Ipirá poderá penar muito neste momento em que há falta de alimentos no planeta e seus preços disparam ( kg de tomate era 1 real e hoje 2,50); existe uma previsão da arroba do boi ir para 90 reais (entre julho e março 08) e em Ipirá, nada aquece o preço que fica entre 55 e 60 reais; e esse é o grande problema para o produtor de Ipirá. Uma vaca, em Ipirá, atinge o mesmo status de uma vaca na Índia, se lá é bicho sagrado, aqui vai para o corredor ou para uma fazenda museu, não tem comprador. Os atravessadores de leite que atuam em Ipirá, na falta de uma firma conceituada e séria, faz com que seu preço seja aviltado e banalizado, tornando-se uma mercadoria sem valor, onde permanece-se porque não se tem jeito de sair desse mercado esculhambado.

Juntando-se o grande problema da base, a falta de capacidade em conviver com a seca, ao deficiente fator de comercialização; estamos caminhando para uma tendência da inviabilização da pecuária bovina em Ipirá, pelo menos para o pequeno, que não terá autonomia e viverá sempre distante de ser auto-sustentável, precisando sempre de ajuda, principalmente devido à desorganização, inadequação e amadorismo no ato da comercialização da sua produção. É, simplesmente, vergonhoso o local onde vende-se a produção rural de ovinos e caprinos em Ipirá. Um campo de concentração, cercado de arame farpado, sem sombra, sem condições de apoio para os animais. Uma vergonha que demonstra a precariedade a que está sujeita a produção da pecuária em Ipirá. E bovino ? Não existe seque um local para venda. É triste e lamentável, mas é a realidade inusitada de um município que vive da pecuária.

Penso que: a grande maioria produtores ipiraenses não tem condições de suportar três meses de estiagem, imagine quatro, cinco, seis... aí, não sei se valerá a pena contrair-se uma dívida ou gastar-se os poucos recursos financeiros que se tenha, para salvar uma vaca que o produtor não vai conseguir vender no mercado. Muitas vezes é preferível deixar ela morrer. É cruel, mas tem gente que vai pensar assim, por não ter outra saída, pelo menos, até o momento. Ipirá tem mais de 100 mil cabeças de bovino e se perder por morte, devido à seca, 20 mil vacas, isso corresponderá entre 10 a 20 milhões de reais, um baque em qualquer economia.

Penso que: chegou o momento, embora tarde, de pensar-se na pecuária de Ipirá como um fator importante para sua economia. É necessário que se crie um aporte logístico para a comercialização, essa infra-estrutura torna-se imprescindível para que se dê garantias de viabilidade para esta atividade essencial do povo deste município. Ipirá precisa urgentemente do MATADOURO, que está em construção, mas também de um CAMPO DE VENDAS DE ANIMAIS, que sirva de aporte às necessidades indispensáveis da pecuária local.

Ipirá está preocupada com um NOME. Muito mais importante do que um NOME é um conceito, uma determinação, um objetivo concreto e uma melhor visão de semi-árido, por isso eu fiz o prólogo daquela maneira, e termino dizendo de forma bem clara o que eu penso: as ovelhas em Ipirá são vendidas em um chiqueiro ordinário, cercado de arame farpado, mas Ipirá é uma cidade que gasta dois milhões para reformar ou depredar praças, mesmo sem ser prioridade, enquanto não tem um centavo para fazer um CAMPO DE VENDAS DE ANIMAIS adequado, para dar suporte a uma atividade que gera produção, trabalho e renda.

Espero que não seja assim e que nada disso aconteça, mas eu fiz este ALERTA, porque hoje torna-se necessário e urgente que as autoridades locais e os órgãos estaduais tomem alguma medida preventiva, até mesmo buscando, incentivando pecuaristas de regiões chuvosas a chegarem até Ipirá para comprar vacas de boa qualidade e a preços convidativos. Que os governantes façam alguma coisa, senão teremos que ficar sentados na praça reformada, olhando a "beleza" do jardim e imaginando Ipirá como uma terra bela e cheia de progresso, ao tempo que esperamos que a queima de velas e as preces ajudem a resolver um problema grave de nosso município, que os administradores não conseguem ou não querem enxergar. Que este ALERTA não seja em vão.

4 comentários:

  1. Por isso que um vereador declarou na rádio Ipirá FM,que "as casa popular está numa situação pecuária"."Analisando esta cadeia hereditária, como vamos nos livrar desta situação precária?" Sistemáticamente,quanto ao que voce alertou Agildo,posso dizer-lhe que todos nós em curtíssimo prazo estaremos nesta situação "pecuária".Não quero aqui desdenhar do ilustre vereador que está na câmara porque o povo por vontade própria o elegeu.A minha intenção é fazer com que o nobre "blogueiro",não esqueça que:
    Se não há a capacidade de entendimento da gravidade do problema,por parte dos governantes,como haverá a devida providencia mediante o fato que voce denuncia?
    Se a Caboronga chegou a esse estado de depredação,o que voce espera que saia da mente desse povo que está no poder?
    Uma idéia genial de replantio com a finalidade de preservar o que eles chamam de "mato" ?
    Se o que voce está prevendo acontecer vamos ter que mudar os nomes devido ao nosso novo habitat.
    Roque do Calango,Benedito do ossos,Geraldo dos urubús,Fufu e por aí vai.Até o Pau Ferro vai ficar enferrujado se esse povo não se conscientizar.Eu espero que não enferruje.O nosso Pau não.Ferro neles!

    (Com todo meu respeito aos nomes parodiados),até...

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  2. É isso ai agildo, esse é o campo político que gosto...
    Aquele voltado para o bem comum, onde damos nossa contribuição sem esperar nada em troca.
    Os nomes eu já sei. E quem não sabe? para mim não vai somar em nada ao nosso município, essa ladainha já vem desde os tempos de meus avos. Alias quem quiser entender mas a política de Ipirá, assista a novela VALE APENA VER DE NOVO ( CABOCLA), com certeza vai entender muinta coisa , principalmente a defesa dos interesse.
    Conte comigo, para qualquer movimento, em pro do bem comum...


    disse e digo...

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  3. Parabens Agildo, precisamos de formadores de opinião como vc. Pena que poucos tem acesso e estas opiniões. Nos falta um meio de comunicação de "MASSA" que nos dê liberdade de expressão e a "MASSA" não seja manipulada.

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  4. Sou Engenheiro Agrônomo e sei como é importante preservar o nosso meio ambiente, concordo plenamente como vc Agildo.Sou filho de Ipirá por adoção,se vc for a minha fazenda poderá constatar o nível de preservação de nosso área, preocupamos com as áreas de preservação permanente e de reserva legal, coisa que nem todos os fazendeiros de Ipirá sabem o que se refere. É preciso se criar um conselho municipal de meio ambiente, que regulamente a politica de meio ambiente de Ipirá, pode ser tarde, mas podemos conseguir frear toda essa devastação.
    André Carvalho Figueirêdo
    Engenheiro Agrônomo
    CREABA-29.951 / D

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