segunda-feira, 3 de novembro de 2008

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 11. (mês de agosto 2008 com três meses de atraso)

O prefeito Dió tentava escrever os nomes dos convidados para o banquete da vitória, tinha em mente que não poderia esquecer nenhuma autoridade nacional, estadual e lideranças da cúpula da macacada e do PT de Ipirá, mas todo aquele trabalho estava sendo atropelado pela presença de populares na entrada de sua casa e, naturalmente, ele teria que dar uma atenção aos presentes para deixá-los satisfeitos e ao mesmo tempo acabar com a movimentação.

No sofá, o prefeito Dió, para agradecer aos presentes, repetia os acontecimentos do matadouro e da campanha, com a narrativa do milagre do urubu que ia batendo no pára-brisa da caminhonete sendo feita pela milésima vez e, quando a fila dos presentes enfraqueceu, ele chamou a empregada Natalina e perguntou-lhe:
- Tem mais alguém aí fora ?
-Tem só uma pessoa a mais e dois quarteirão de puxa – respondeu a empregada.
- Veja quem é, porque eu já estou cheio de repetir esse caso, se eu tivesse adivinhado que ia ser assim, eu tinha gravado um CD e colocava-o no som.

A empregada, prestativa, foi até o portão, abriu-o, e delicadamente perguntou:
- Num me leve a mal, mas vosmicê de quem se trata ?
- Eu sou um marchante de carneiro pirsiguido em Ipirá e eu trouxe um presente para o nosso prefeito vencedor Dió.
- Entonce, vosmicê me aguarde um instantinho – a empregada fechou o portão e entrou para conversar com o prefeito.
- Seu prefeito Dió ! vosmicê num sabe o que se assucede. Tem um marchante de carneiro impiriquitado aí no portão e quer por que quer entrar para entregá um embrulho, que ele trás escondido, para vosmicê.
- Isso não. Com essa gente eu não quero conversa. Diz qualquer coisa a ele, mas não deixe ele entrar – disse o prefeito Dió.

A empregada Natalina saiu e dirigindo-se ao marchante de carneiro, falou:
- O prefeito Dió está, mas não estando, vosmicê entende. Prá vosmicê entendê mió, eu vou falá mió. É parecido com o matadouro: tá lá, mas não tá; tem, mas não tem. Vosmicê tá me acompreendendo ?
- É por isso dona, que eu sou clandestino. Entregue esse embrulho prá ele, não deixe ninguém vê. Muito agradecido – disse o marchante de carneiro.

A emprega Natalina entrou com o embrulho e foi logo abrindo, ao tempo que dizia ao prefeito Dió:
- É carne de carneiro.
- Isso aí, minha empregada Natalina, é carne clandestina. Como é que eu vou provar que eu não comprei essa coisa ? Ser pego com um troço desse aí, dá cinco anos de cadeia. Ui ! Ui ! Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Natalina.
- O qui tá se assucedeno prefeito Dió ?
- É que esse Luís do Demo pactuado com Geddel do 15 está acusando-me de comprar voto, mandato, pesquisa, as autoridades, eleição, cabo-eleitoral, vereador, funcionário, macaco, jacú, farinha e agora, carne de carneiro. Natalina, jogue essa carne de carneiro fora imediatamente – ordenou o prefeito Dió.
- Vosmicê parece que num se assunta. Isso aqui é comida. Eu tenho aqui na minha cachola, a idéia de fazê uma comida deliciosa com essa carne de carneiro e com o sangue fazê um cardinho para vosmicê ganhá sustança prá guentá o ripucho de mais quatro anos. Prumode de que vosmicê num chama também o povo da justiça pra comê os banquete da vitória aqui, com vosmicê ?
- Você tá doida ! uma coisa dessa pode acabá com minha vida. Logo não tá vendo que eu não vou convidar a justiça para comer um banquete de carne clandestina em minha casa. Você tá ficando desmiolada ? Como é que eu vou provar que não comprei essa carne ? Esconda essa carne bem escondida e não deixe ninguém vê que tem carne clandestina aqui em casa, eu não quero nem saber dessa carne. E aproveitando a oportunidade, minha prestimosa empregada Natalina, já que eu estou com uma fome daquelas, traga-me uma moqueca de urubu - ordenou o prefeito Dió.

A empregada Natalina, com a carne de carneiro nas mãos, parou, arregalou os olhos, balançou a cabeça e ficou pensando " e eu é que estou sem os miolo da cabeça. Com uma carne de carneiro na minha mão, o homem de Deus pede carne de urubu !"...

SUSPENSE: o que será que vai acontecer ? o que será que o prefeito Dió vai servir no banquete da vitória: carne clandestina de carneiro ou carne de urubu ?

Leia o capítulo onze: mês de agosto 2008, com dois meses de atraso.OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

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