terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 17. (mês de fevereiro 2009, - atualizado)

Cena de rua.
O bafafá estava formado na rua de Delorme. A ex-empregada Natalina engalfinhava-se com a ex-empregada Tonha. Era um bolo só. Apostadores alimentavam o clima de agitação. Um apostador, que fez uma pesquisa, presepava barbaridade, é esse tipo de fanfarrice que sustenta a farsa, enquanto saía em retirada, dizia: "não adianta vim atrás de mim, que eu não vou dizê quem ganha; quem quiser que pague prá sabê". E não parava de andar. Ninguém estava atrás dele.

O delegado chegou ao início da rua, junto ao Posto de Saúde da Mulher, parou observando. A multidão fez um corredor polonês. Em um extremo o rolo das ex-empregadas, no outro, o delegado do município. O carro de som colocou uma trilha sonora de filme de cawboy italiano. O delegado andava lentamente, passo a passo, em direção ao rolo. A multidão nem respirava. O rolo das duas estava mais acirrado.

Quando o delegado aproximou-se do rolo, gritou estrondosamente: "VAMO PARAR COM ESSA QUIZUMBARIA JÁ". As duas nem tum. O delegado sacou a pistola e deu dois tiros para o alto. Aí foi que a briga esquentou. O delegado tentou separá-las com toda força; foi mesmo que nada. Observando o esforço do delegado, um popular sentiu-se na obrigação de fazer-lhe um comentário:

- Doutô delegado ! isso aí é briga de jacu e macaco. Isso aí, já vem há mais de trinta anos; não pense o doutô delegado, que o doutô delegado vai dismanchá esse rolo assoprano o fogo, aí é que a brasa esquenta.

O delegado já estava azuretado da vida e gritou:
- NÃO ACABA NÃO, É ? VOU CHAMAR O REFORÇO.

Enquanto o reforço não chega, o panavueiro, na rua, continuava pegando fogo, vamos ver o que está acontecendo dentro de uma residência na mesma rua, onde encontravam-se o prefeito Dió e o ex-prefeito Luiz do Demo, naturalmente, deliciando-se com um bom champagne, que ninguém é de ferro.

Cena na residência.
- Ex-prefeito Luiz do Demo ! às vezes eu fico imaginando como a vida é bela e deliciosa para nós, os comandantes, e para esse povo de Ipirá, que está festejando lá fora – argumentou o prefeito Dió.

- Bem pensado, prefeito Dió. Só não concordo é com meu nome. Eu sou o ex-prefeito Luiz do PMDB.

- Sem essa ex-prefeito Luiz do Demo. Eu te conheço não é de ontem nem de hoje. Quanto tempo eu fui jacu ? Quando você deixar de ser da corriola do defunto que mandou na Bahia, eu deixo de ser jacu.

- Não diga isso prefeito Dió. Você tem Jacu no sangue, no DNA (Dió Nada Acelera). É bem verdade que eu tenho o DNA (Defunto Não Agora) do senador da Bahia, mas com uma tempestade dessa eu não vou ficar sem guarda-chuva; nós não somos meninos, mas vamos deixar essa conversa de lado, senão esse povaréu acaba enxergando o que não deve ver e adeus nosso baile.

- É bem verdade ex-prefeito Luiz do Demo. Eu mesmo estou atazanado da vida.

Realmente, depois que o prefeito Dió empurrou a ex-empregada Natalina prá rua, sua vida perdeu a alegria, o dinamismo e a boa vontade para fazer obras. Em reunião com os marchantes esbravejou: "Tem uns canalhas que só ficam falando de mim". Sem dúvida, um despropósito. Na Jornada Pedagógica Municipal, voltou a lamentar: "Ficam dizendo aí, que eu estou doente da próstata, quando na verdade eu estava passeando na maior maresia".

- E como ninguém soube ? – perguntou o ex-prefeito Luiz do Demo.

- Porque depois que eu empurrei a linguaruda da ex-empregada Natalina prá fora, ninguém sabe de nada – disse o prefeito Dió.

- Tá bem explicado. Prefeito Dió ! você sabe que eu sou médico; deixe eu empurrá o dedo no seu, para eu verificar como está esta próstata ?

- O que ex-prefeito Luiz do Demo ? Você tá querendo me esculhambar. No meu ninguém empurra o dedo não. Minha próstata tá mais sadia do que próstata de macaco. Depois que eu reformei o Hospital de Ipirá, o problema de saúde daqui acabou.

- Cuidado prefeito Dió ! fique de olho aberto no seu Hospital reformado, porque a coisa tá da boca prá fora. Essa semana chegou uma criança nesse Hospital de Ipirá e o lençol foi papel-toalha. Tem médico que ganha mais do que o prefeito da cidade. É melhor ser médico do que ter clínica. Eu aconselho o prefeito Dió fazer REDA para contratar médico.

- É mesmo, ex-prefeito Luiz do Demo ? E eu pensando que estava no céu.Ô, ex-prefeito Luiz do Demo ! será que eu vou ficar esquecido pelo povo de Ipirá ? – indagou o prefeito Dió.

- Taí uma coisa que não vai acontecer. Eu, ex-prefeito Luiz do PMDB, sou lembrado como o prefeito que levou oito anos e não fez o matadouro de Ipirá e, pelo andar da carroça vai acontecer o mesmo com você prefeito Dió; vai levar oito anos e não vai dar conta de acabar esse matadouro.

- Tava tudo bem. Eu estava gostando desse capítulo da novelinha, mas logo agora, você vem lembrar dessa desgraça de matadouro de boi e ovelha. É por isso que eu digo; tem um canalha me perseguindo.

SUSPENSE: e agora ? o que será que vai acontecer ? o matadouro ! você sabe que não sai, é do rolo que eu estou indagando. O que será que o delegado vai fazer ? Natalina e Tonha vão para a cadeia ?

Leia o capítulo 16 – janeiro 2009 - logo abaixo.

OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

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