Embora, seja improvável ou tempestuoso resumir a vida, pressuponho a montagem de um álbum de família em que, numa determinada fase, ocorre a construção de um retrato, no qual vai ocorrendo o preenchimento do campo visual e a cena vai ficando repleta de gente: gente graúda, gente miúda; não importa a estatura, o importante é que é composto de gente de verdade e que tem que fazer jus a isso. Essa é a grande essência do retrato. Em uma outra fase, ocorre a desconstrução do retrato. As pessoas vão saindo do retrato, que vai perdendo gente e vai esmaecendo, até que o último sobrevivente deixe a cena; restando só o velho retrato, que vira memória, e uma firme convicção: na vida tudo se transforma.
Eu escrevo tudo isso, porque quero fazer uma homenagem a Paulo Guimarães Rebouças. Pensei num poema, mas tenho receio que falte a palavra milimetricamente correta e não atinja a plenitude. Como escrever algo ? Poderia negligenciar as virtudes e exacerbar nas falhas de um ser humano. Posso até fazer uma frase: Paulo Rebouças teve uma existência harmônica e feliz com Leta, nas circunscrições do seu lar. Escrevi tudo e não disse nada. Meu testemunho poderá ser incompleto e estar distante do que deveria ser dito. Poderia falar da tristeza que nos tomou, mas é mais salutar afirmar que o ente que partiu era querido. Poderia expor a dor da perda, mas o vazio deixado deverá ser completado pelas recordações dos momentos que serão lembrados pela saudade.
Para fazer uma homenagem simples, verdadeira e justa, basta falar de Paula, Keu e PH e, neste ponto, faço o reconhecimento da grandeza de Paulo Rebouças, que nos momentos de tranquilidade ou nos de maior rispidez, não se furtou de um dever básico de pai, que é a educação dos filhos e soube dar o exemplo centrado em valores e teve o cuidado com a formação do caráter e o estabelecimento dos princípios que os acompanharão ao longo da vida. Aqui fica o meu reconhecimento. Descanse em paz. Parece-me uma frase apropriada para revigorar este momento em que a saudade é muito forte e a certeza de que a vida de Paulo foi vivida, porque foram tempos de amizade, e que você seguirá conosco guardado no coração e na memória. A brevidade é nosso tempo. Até lá.
Meu amigo Agildo Barreto,
ResponderExcluirSinto-me satisfeito em poder observar que as pessoas de minha juventude; gente que conviveu a mesma época temporal que eu, hoje escreve e é lida.
Para mim, sem falsa modéstia, você é um dos poucos intelectuais desta cidade.
Parabéns pelo site e se der um tempo, olha o meu: www.irregular.com.br
Abraços das Minas Gerais,
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
Agildo,eu quero sómente juntar-me ao coro de Carlos Henrique.
ResponderExcluirAbraços.