domingo, 8 de abril de 2012

É DE ROSCA.




Estilo: ficção


Natureza: novelinha


Capítulo: 42 (mês de março 2011) – incrível, apresentação do novo capítulo da novelinha esculhambada com, simplesmente, mais de um ano de atraso e não acaba. Nem satanás acaba essa novelinha.



O prefeito Dió estava despreocupado na prefeitura, azucrinando seu pensamento com a sua grande preocupação neste momento: “Toinho eu já eliminei; o deputado eu não quero jeito nenhum; meu sonho, o irmão Lú, é quase impossível; o PT de Ipirá eu só quero na vice; o que é que eu faço? Há já sei! Vai ser Gilv... (foi interrompido, porque bateram na porta) e um funcionário entrou:


- Prefeito Dió! Tem um senhor querendo falar com Vossa autoridade, parece que é da zona rural e tudo indica que quer água.



O prefeito Dió mandou o funcionário atendê-lo, enquanto ficava aperreado em seus pensamentos. O funcionário foi dizendo:



- Tome aqui, meu senhor, o copo d’água que o prefeito Dió mandou servir-lhe.



- Muito agradecido, senhor! eu nunca vou desconjurar quem tem o bom coração marejado pela boa vontade de servir um copo d’água, mas um copo d’água não mata a sede e a precisão de uma galinha e de um punhado de pinto, mas mesmo assim, eu estou agradecendo a sua boa vontade, mas eu quero, na verdade, é um carro-pipa d’água.



- Seu homem! Eu não sei não, mas eu acho que seu homem deve dá o nome lá na Secretaria da Agricultura.



- Ora, senhor! Isso eu já fiz à quatro meses atrás, faz quatro meses, quatro meses, senhor! Que eu dei meu nome e até hoje, nada de água.



- Seu homem! Não é má vontade do prefeito Dió, não! é que tem gente demais na espera e tem pouco carro-pipa; justo agora, o amigo dele deixou o ministério, aí a gente sabe como é, o prefeito perdeu o padrinho Afonsinho.



- Ora, senhor! Já estou na espreita dessa água tem quatro meses, com Afonsinho ou sem esse Afonsinho. Lá na roça está numa falta desesperada de água e é por isso que eu estou aqui na precisão de água para minha família beber. Eu estou querendo é um carro-pipa de água.



- Pois é senhor! Todo mundo tem que obedecer a fila, pode estar que sua água um dia chega, o prefeito Dió é moroso, mas não falha.



- Oh, senhor! Estou na necessidade de água é para ontem. Deixe eu falar


com o prefeito Dió, para esse homem de Deus socorrer um pobre necessitado que não sabe o que fazer da vida e dos dez votos que tem lá em casa.



O homem do campo entrou no gabinete, quando o prefeito Dió avistou-o, franziu a testa, contorceu a boca, lacrimejou os olhos e mostrou um semblante abatido, triste, de sofredor contumaz e, antes que o homem abrisse a boca ele cantou: “Mim dá um copo d’água, eu tenho sede e essa sede pode mim matar.” O homem do campo ingeriu dois goles d’água e entregou o copo ao prefeito Dió, que bebeu o restante, ao tempo que ganhou argumento e colocou o que pensava:



- Você não está vendo, homem do campo! Você está sofrendo, mas eu estou sofrendo mais do que você. Eu estou aqui matutando como conseguir água. Já estou indo a Brasília e quero conversar diretamente com a presidenta Dilma, para ver se eu consigo mais um carro-pipa e vou trazê-lo cheio de água, pois é de grão em grão que a galinha enche o papo.



- Mas, prefeito Dió! Eu não agüento esperar, já gastei tudo que tinha.



- Você já gastou quanto com água? Eu já estourei meu orçamento, só em janeiro gastei setenta mil reais. Quem é que agüenta isso?



- Mas, prefeito Dió! Eu estou sem água para meu povo beber e meus bichos estão bebendo água do esgoto e, não se aborreça comigo não, mas o prefeito chora por falta de dinheiro, mas está fazendo contrato com uns cantador na quantia de duzentos e vinte e oito mil reais, valor que dava para sustentar o município de carro-pipa por três meses e meio, nas minhas contas.



- Mas, o que é isso! Eu não estou gastando de forma desnecessária, eu estou apenas passando para seu Bruno e seu Marrone, um mil, cento e quarenta carros-pipas de água. Eles são fazendeiros como o senhor, eles são criadores de gado como o senhor, então, eu tenho que fazer alguma coisa pelos fazendeiros e por seus bichos, infelizmente eu não tenho o suficiente para atender a todo mundo, por isso é que tem fila de atendimento e esse seu Bruno e seu Marrone estavam na cabeça da lista de atendimento.



- Mas, prefeito Dió! O que é que eu vou fazer?



- Fique tranqüilo, que eu já estou chegando em Brasília e eu vou marcar uma audiência com São Pedro, lá na Basílica, e fique certo de uma coisa, qualquer chuvisco que acontecer em sua propriedade foi um pedido desse amigo seu.



- E se minhas ovelhas morrer, prefeito Dió?



- Morreu! E não há de fazer falta. Aí eu não vou precisar acabar esse tal de Matadouro de Ipirá, porque não vai ter ovelha para matar, eu tenho que economizar. E vou economizar duas vezes; uma, não vou gastar construindo o que não é para construir e não vou gastar com água, pois não vai ter esse bicho para beber.



No avião, o prefeito Dió ia matutando: “ esse deputado não tem o que fazer, perdeu o mandato e agora quer que eu lhe dê um mandato de prefeito, vê se pode! Mas, eu já sei o que vou fazer, eu vou investir no deputado, que é candidato a prefeito não sei onde, o deputado vira prefeito e esse deputado sem pasta vira deputado por minha causa, mas se ele continuar pirraçando minha vida com essa idéia de pré-candidato a prefeito, eu vou colocá-lo num avião para dar uma volta ao mundo, com apenas dois litros de gasolina, é o que eu posso gastar, porque todo dinheiro que eu tenho é para gastar com água. Eu sou a salvação de Ipirá. Se não fosse a minha administração Ipirá acabava”. Chegando ao aeroporto de Brasília, o prefeito Dió indagou a si próprio: “O que foi que eu vim fazer aqui?”



Suspense: e agora ? o que será que vai acontecer ? Em quem o prefeito Dió vai enfiar a faca? Na macacada ou no povo? Será que não vai ter água e morte de bicho nessa novelinha? Ou vai ser tudo de mentirinha para aumentar a audiência. Agora é que essa novelinha vai ter arranca couro de deputado é que não acaba nunca. Duas coisas de rosca, essa novelinha e o Matadouro de Ipirá.



Leia o capitulo 41 (fevereiro 2011) bem abaixo.



Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

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