sexta-feira, 8 de junho de 2012

HOMENAGEM (parte 16)

  

O zabumbeiro Dodó foi deslocado para um serviço de alta responsabilidade, que exigia grande capacidade de atuação, pois teria que ser ágil, dinâmico e atento nesta nova função. A zona urbana de Ipirá estava sendo invadida por animais, que atacavam de forma devastadora o jardim da praça e por isso tinha que ser uma pessoa determinada a agir de maneira intensiva contra os invasores.

 

O zabumbeiro ficava atento à movimentação. Quando surgiam três, quatro vacas pelo canto da praça, ele partia feito um bólido para cima e atrás dele ia mais de cinqüenta meninos e adolescentes. Era a diversão da cidade.

 

O zabumbeiro ganhou fama de diligente e foi designado como chefe do Curral de Conselho, órgão de grande necessidade e importância na cidade, porque as pessoas da zona rural vinham para a cidade, no dia da feira, quarta-feira, em montarias, que não podiam ficar ao léu nem vagando pelas ruas e a forma de guardá-las convenientemente e adequadamente, era no Curral do Conselho Público.

 

Esse curral ficava perto do Barreiro, na atualidade, está o bairro do Morro da Alegria e o zabumbeiro chegou apressado para assumir o seu posto. Em atividade, deu aquela vontade de urinar. Como era um curral, no meio do mato, sem ninguém à vista e por não ter outro recurso ele fez o serviço ali mesmo e sem esperar, ouviu passos aproximando-se:

- Sai daqui sua jega pra não levar mijo na cara.

Dodó terminou e foi em direção à porteira, sendo acompanhado pela jega, que fitava-o demoradamente. Dodó ia para o fundo do curral e era acompanhado. Imaginou que o animal estava com fome, pegou dois litros de milho, colocou-o numa capanga e foi colocar na cabeça do animal, que fez um movimento com a boca e mostrou os dentes, ao tempo que, balançava a cabeça como se dissesse que não queria. Um jegue aproximou-se e a jega deu um coice, “um chega prá lá”, “um procura o teu lugar”. Dodó achou estranho aquela situação. Andou pelo curral e o animal atrás dele.

O zabumbeiro começou a ter uma certa desconfiança, passou a mão no pescoço da jega e ela ficou toda arrepiada e ouriçada. Dodó resolveu olhar melhor e com mais acuidade para aquele animal, chegando a perceber que a jega quando movimentava a boca estava, simplesmente, sorrindo para ele, até aí, pensava na simpatia dos bichos, que quando gosta, gosta mesmo.

O zabumbeiro estava começando a ver o que não devia ver naquele simplório episódio, quando botou olhos no olhar da jega, percebeu que era uma olhada diferente, intimista e carregada de profundidade, uma forma de poder de atração, como um imã que puxa o ferro para perto de si. Sentiu que o coração do animal batia de forma descompensada. O zabumbeiro fechou seus próprios olhos, passou a mão pelo seu rosto e quando resolveu olhar, viu a jega dando risada, recuou e falou:

- Vai prá lá jega! Sai de bolo se não tu vai se arrependê.

A jega encostava e Dodó recuava:

- Chega prá lá jega! Qual é a tua?

A jega apertava, tentando encurralar o zabumbeiro:

- Oxente, jega! Procura ôtra friguizia.

A jega fazia a volta, o zabumbeiro Dodó tropeçou, caiu, levantou com a jega tentando passar a língua em sua boca e ele dizendo:

- Oxente, dona jega! Vai procurá um jegue, qui eu num sou da tua trempe.

O zabumbeiro conseguiu passar por baixo da cerca e ficou do outro lado, olhando para a jega e observava aquela fisionomia triste, com os olhinhos apertados e marejados, sendo que, algumas lágrimas estavam escorrendo pelos cantos dos olhos.

Dodó da Zabumba ficou com pena, ao tempo, que ficava pensando na condição animal e refletia sobre a capacidade que tem uma jega de ter sentimento e dizia:

- Que bom que seja assim, é sinal de que a jega tem coração bom, tem afeto e também ama. Eu sinto muito, dona jega! Mas eu não posso corresponder a esse amor que a dona jega sente por mim. Eu sei que dona jega ta ligada em mim.

O zabumbeiro saiu do curral e foi para a prefeitura, chegou esbaforido e foi entrando na sala do prefeito sem pedir licença:

- Doutô prefeito! Aconteceu uns acontecimento que vai tê coice até a morte. O doutô prefeito vai compreendê direito essa coisa, imbora eu não possa dizê os nome dos santo, mas tem uma fema que ta si disgramano pras banda de um macho e tem outro macho qui ta bizolhando os acuntecimento e até morte de coice pode tê.

O prefeito J. L. entendeu no atacado e pelo varejo aquele grande problema e atinou para as graves conseqüências, que poderiam acontecer de forma que pensou rapidamente: “onde tem rabo de saia esquentano brasa, o tição acende logo, ai não tem o que vê, chega o pai-de-chiqueiro e a casa cai, o marido mata a mulé, eu perco um voto; o assassino foge, lá se vão dois; o desafeto é preso e não vota, nesta brincadeira eu perco três votos”. Depois de analisado e bem pensado, o prefeito disse:

- Num é de pricisão di sua pessoa lá nu curral da muncipalidade, você vai cuidá da rua com a guarnição que fica na prefeitura.

Um comentário:

  1. AGILDO,ERA FINAL DA DÉCADA DE 60 E IPIRÁ TAVA EM FESTA POIS O REI DO BAIÃO,LUIZ GONZAGA IRIA FAZER UM SHOW EM UM CIRCO E VEIO MEIO MUNDO DE GENTE DE TODOS OS CANTOS DA BAHIA.E LÁ ESTAVA DODÓ E SUA ZABUMBA PRA TOCÁ COM GONZAGÃO E TOCÔ FAZENDO O MAIOR SUCESSO ENTRE AS BELDADES E DONZELAS QUE NÃO PARAVAM DE JOGAR CHARME PRO REI DA ZABUMBA.HAVIA UMA MORENA "DE FECHAR AVENIDA"PELA QUAL DODÓ SE APAIXONOU E FICOU NOIVO LOGO NO 1ºDIA DE NAMORO,CHEGANDO A COMPRAR O MAIS CARO PAR DE ALIANÇAS EM WALTER RELOJOEIRO.NOIVADO FEITO,O CASAL FOI COMEMORAR NO BAR DE D. ELZA REGADO A WISK,CERVEJA,COMIDAS ETC.FOI NO MES DE MAIO DE 69, FICANDO ACERTADO UM NOVO ENCONTRO NO DIA DOS NAMORADOS EM FEIRA DE SANTANA ONDE A "DONZELA" MORAVA COM UMA AMIGA. AÍNDA NO BAR DE D.ELZA,DODÓ TAVA ENTUSIASMADO E NO MEIO DA BEBEDEIRA FALOU QUE IRIA CASAR COM A MULHER MAIS BONITA DA BAHIA E AÍNDA POR CIMA "MOÇA VIRGEM". A NOIVA "GELOU" POIS NÃO TINHA DITO AO ZABUMBEIRO QUE NÃO ERA DONZELA E MESMO SEM CASAR JÁ TINHA PARIDO 7 FILHOS QUE MORAVAM COM A AVÓ NA ROÇA.FOI EMBORA PRÁ FEIRA E FALOU PRÁ AMIGA SUA SITUAÇÃO.FOI AÍ QUE A AMIGA ARRANJOU UM JEITO DA NOIVA SE PASSAR POR MOÇA,DIZENDO QUE ELA TINHA DE ARRASTAR DODÓ PRÁ UM MOTEL EMBEBEDA-LO E COLOCAR NAS PARTES ÍNTIMAS UM PLÁSTICO COLADO COM SUPER-BOND QUE TUDO IA DAR CERTO.12 DE JUNHO,DODÓ CHEGA EM FEIRA COMPLETAMENTE APAIXONADO NA CASA DA NOIVA. ELA FOI CURTA E GROSSA;VAMO COMEWMORÁ O DIA DOSNAMORADOS NO MOTÉ. LÁ A GENTE "TOMA TODAS"E SEJA O QUE DEUS QUIZER.DODÓ LEVOU A NOIVA PRO MELHOR MOTEL DE FEIRA, MAIS SE RECUSOU A BEBER POIS TAVA TOMANDO REMÉDIO. VAMOS PROS FINALMENTE MEU BEM,POIS QUJERO TIRÁ O ATRASO DE 90 DIAS. SEM OUTRA ALTERNATIVA, A NOIVA CONCORDOU E PARTIRAM COM TUDO PRO INHECO-INHECO.AO TERMINAR O "CHAMEGO"DODÓ FICOU PENSATIVO POIS GRUDADO EM SEU "INSTRUMENTO DE TRABALHO", VEIO O TAL PLÁSTICO.A NOIVA ENTÃO PERGUNTOU:NÃO GOSTOU AMOR? AO QUE DODÓ RESPONDEU;GOSTEI MAS TÔ ENCAFIFADO POIS É A 1ªVEZ NA VIDA QUE A PROVA DE SUA MOCIDADE VEM COM CARIMBO DAS CASAS BAHIA.UM MES DEPOIS, DODÓ DESCOBRIU A TRAMA E TERMINOU O NOIVADO. NO FINAL DO CASO, SÓ QUEM GANHOU FOI WALTER RELOJOEIRO E D. ELZA COM A "TORRA" QUE O ZABUMBEIRO DODÓ NO DIA DO NOIVADO.

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