terça-feira, 26 de novembro de 2013

CONVERSA SECRETA.


O que está acontecendo com Ipirá, que não recebe algo relevante do governo do Estado? Que ingresia do cão é essa que fizeram com Ipirá? Que inhaca disgramada é essa? É triste a situação de Ipirá. Acompanhe a conversa secretíssima e codificada entre o prefeito e o governador. Entenda a decodificação dessa conversação.

Com chapéu de couro na cabeça, o prefeito Ademildo falou 13m44s e começou muito bem, vendendo o seu peixe sobre a social democracia mínima e muito bem vendido por sinal, até que chegou o momento mais significante para o município de Ipirá, quando o prefeito disse: “agora é hora de pedir algumas coisas.” Os fogos balançaram o chão da praça. Era o momento mais esperado da conversa.

O primeiro pedido foi um núcleo presencial da UNEB e os aplausos dominaram o ambiente de forma fervorosa. O segundo foi que o governo precisa fazer barragens nos rios e escavações para aumentar nossa capacitação hídrica; essa foi altamente significativa. A terceira foi em relação aos artefatos de couro e seus derivados que vai posicionar nossa cidade no cenário do Brasil como a “Terra do Couro”; pediu ajuda para uma feira do couro que vai ajudar a posicionar e construir a cadeia produtiva do couro com essa referência para o nosso município. Ipirá foi a “Terra do Bode” e vai ser a “Terra do Couro.” Essa idéia grandiloqüente “de alguma coisa de modo nenhum chegar a coisa nenhuma (Brasil)” deve ter saído de alguma brilhante cabeça.

Com chapéu de couro na cabeça, o governador Jaques Vagner falou 34m53s e começou pelas inaugurações em Itaberaba, chegou à massa de vento que corre na Chapada e serve para produzir energia elétrica pelo sistema eólico. Ipirá não venta? Falou que vai inaugurar a Universidade Sul do Estado e a Federal da Chapada Diamantina está para ser constituída para a gente daqui (lá). Disse que duplicou a SAMU 192 (temos uma dupla na garagem); mais UTI (a nossa ainda está na forma); está construindo o Hospital Regional na Chapada (lá) para atender a vocês (o povo daqui); completou dizendo: “que nunca se investiu em água e saneamento quanto esse governo, fizemos adutoras em Irecê, Guanambi e Pedras Altas.” Deixou a população de Ipirá com água na boca.

O governador deu um show como assistente social, com uma preciosa explanação e aconselhamento sobre a convivência humana em conjuntos habitacionais. Bastou falar no Matadouro de Ipirá para o governador se transformar num teórico político de primeira grandeza ao aconselhar o prefeito Ademildo, que começando a gestão anda muito agoniado, querendo resolver tudo de uma só vez. Governar não é corrida de 100 m, que o cara dá um pique e chega cansado, tenha calma você ainda tem 3 anos de governo e governar é uma maratona, uma corrida de longo curso, tem que ir dosando as coisas, se o cara entra afobado, daqui a pouco já não tem ar para caminhar e o povo vai julgar por quatro anos.

Aqui está o X do problema. Para um bom entendedor o governador disse tudo o que tinha que dizer. No meu entender é mais ou menos o seguinte: “não peça muito, porque não vem nada!” Para Ipirá não vem nada mais do que o que veio até agora. Para Ipirá é na base do conta-gotas.

Agora sou eu que vou destrinchar essa conversa. Quanto ao Matadouro de Ipirá não adianta ter pressa, não se trata de uma corrida de 100 m raso, nem ao menos se trata de maratona, é uma volta ao mundo de bicicleta. Mas, esta obra está completando 21 anos? E daí, para que pressa? Fazer esse Matadouro de Ipirá virou uma volta ao mundo de velotrol.

Por que Ipirá não é contemplada com investimentos pesados para proporcionar o progresso do município? O Estado da Bahia tem doze grandes obras que são as prioridades do governo. São investimentos estratégicos, produtivos e com retorno garantido. Não existem recursos sobrando no Estado para investimento grandioso e massivo em toda parte, daí haver uma seleção dos locais que vão receber esses investimentos com base na viabilidade econômica.

Existem áreas de investimentos volumosos e que compensam. Infelizmente Ipirá não faz parte destas áreas. Estamos no semi-árido, no patamar de uma base econômica de subsistência, precária e de baixa produtividade na zona rural, que se encontra empobrecida, descapitalizada e em escassez. Investir por estas bandas é coisa de alto risco.

O governo tem que fazer alguma coisa e faz. Ipirá tem uma estimativa populacional de 62 mil habitantes. É necessário que se evite a migração populacional e mantenha-se essa população estável na localidade, dentro dessa perspectiva são aplicadas políticas públicas mantenedores, com investimento e custo mínimos necessários para evitar o êxodo.

1220 unidades habitacionais, calçamento, rede de esgoto e água nos povoados constituem a infra-estrutura básica atrativa. Para o sustento das pessoas aciona-se a rede social construída que evita as pessoas pedirem esmolas, entra em ação o Garantia Safra, o Bahia Estiagem, o Bolsa Família. Sai muito mais em conta para o Estado.

Ficando o Estado fora. Ipirá fica dependendo exclusivamente do poder público municipal e da iniciativa privada, que vai fazendo até demais pela cidade. O poder municipal está com as mãos atadas neste condicionamento jacu/macaco. A folha de pagamento consome 54%, serviços, obras, mordomias, favores, compras devem consumir outro tanto. É hora de uma elite da macacada ficar rica. Se a sobra para investimento ficar na faixa de 10% é insuficiente para tocar o município, que vai ficar sempre com a cuia na mão atrás do governador.

Eu escrevo tudo isso porque deixaram os microfones abertos. Fico imaginando esta obra do saneamento básico de Diomário que era de 30 milhões, já pulou para 41 milhões e vem na base da maratona de quantos anos? 20 anos tá de bom tamanho. A ponte da rua Emídio Aquino caiu, mas já saquei o lance, é só uma questão de maratona, se consertar agora, o prefeito vai botar a língua para fora de cansaço. O homem precisa descansar, gente!

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