quarta-feira, 18 de junho de 2014

É DE ROSCA. (01)


Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 01 (mês de junho 2014) (um por mês)

O prefeito Déo tinha decidido assistir o jogo do Brasil 0 x 0 México no gabinete do prefeito para dar sorte e aproveitar o momento para trabalhar; é assim que faz a diferença um jeito nunca visto de administração. Quando abriu a porta do gabinete pressentiu que tinha algo diferente e para a sua grande surpresa a cadeira do prefeito estava ocupada. Pensou: “não é possível!”, mas ouviu uma voz: “o campeão voltou, o campeão voltou!”

- É verdade! O campeão de voto aqui sou eu, o dono da caneta e o dono da caneta é quem manda – falou o prefeito Déo.

- Não estou falando disso não, estou referindo-me ao Brasil, Brasil, Brasil, o campeão voltou, o campeão voltou! – Disse a voz.

- Em primeiro lugar, pode sair imediatamente desse lugar! Essa cadeira é minha – disse o prefeito Déo.

O ex-prefeito Dió tomou um susto, deu um pinote da cadeira e começou a lamentar-se:

- Ui, ui,ui! É verdade! Hoje eu sou chutado que nem cachorro vira-lata, já esqueceram tudo de bom que eu fiz nesta terra: a praça da Bandeira acabou; o palco do mercado melou; o Centro de Abastecimento atolou; a quadra do Fomento encharcou; o Estádio de futebol, ai, ai, ai! O locutor não fala mais em meu nome; não sou mais artista na novelinha do blog; ai, ai, ai! Não sei mais o que faço da minha vida!

O prefeito Déo ficou com pena do ex-prefeito Dió e começou a justificar:

- Eu não entendo você, ex-prefeito Dió! Quando você era V.Exa. só queria trabalhar dia de quarta-feira, hoje que você não é mais V. Exa. quer trabalhar de domingo a domingo e descansar no trabalho, assim não dá! Eu vou lhe mostrar como é que se administra. O campo de futebol que você deixou eu vou colocar refletores e vai ser transformado em Arena de futebol.

- Não faça isso não, prefeito Déo! Assim V. Exa. acaba comigo.

- E tem mais, a final da Copa do Mundo vai ser aqui na nossa Arena com refletores e aqui a banda toca de outro jeito. Se a final da Copa de 50 tivesse sido aqui em Ipirá, não tinha essa conversa mole de Maracanazo não, no lugar de Barbosa tinha jogado o nosso grande goleiro Bilí e o juiz do jogo seria Ioiô Arapiraca e com a nossa torcida era pá e pimba. Com essa vitória da Costa Rica 3 x 1 Uruguai, eu sou Costa desde pequenininho e vamos vencer aqui também.

- Eu não sei para quem vou torcer, estou Souto na buraqueira, prefeito Déo! Não faça essa final da Copa aqui em Ipirá não. V. Exa. deu um carro novo e foi vaiado; agora, vaia caiu de moda e virou insulto; tem mais, eles fizeram uma Arena antes da nossa e lá tem todos os jogos, todos os dias, pense se nessa Arena a torcida for maior do que em nosso campo de futebol.

- Você tem razão, prefeito Dió. Deixa quieto, o negócio é acabar tudo quanto é Arena em Ipirá. Vamos fazer o seguinte: o rádio só pode falar de mim; na novelinha eu sou o artista, você vai ser um figurante; aqui na prefeitura, você pode escolher qualquer canto e pode ficar à vontade, agora na minha cadeira não! Porque o lugar fica quente e quentura de assento só serve para transmitir hemorróida.

- É assim mesmo! Eu só fiz o bem por essa terra e já esqueceram de mim 3; eu juro que nunca esperava isso de V.Exa., prefeito Déo!

- É mesmo, ex-prefeito Dió! Você deixou atravessado em minha garganta foi uma espinha de traíra com 60% de Índice na Folha de Pessoal e eu recebi todo o bombardeio.

- Isso não é nada de mais, prefeito Déo! É igual a uma partida de futebol, V.Exa. está com a bola para fazer um lançamento, o atacante LRF está na banheira, se V. Exa. fizer o lançamento, o juiz marca impedimento, o que é que V. Exa. deve fazer, prende a bola para fazer o lançamento depois.

- Como assim, ex-prefeito Dió?

- É simples: o lançamento desse mês, V. Exa. não faz esse mês, porque V. Exa. tem até o dia dez do próximo mês para fazê-lo e aí vai empurrando o lançamento com a barriga para estourar no colo de quem sabe lá Deus quiser, se for quem eu estou pensando, ele que se arrombe.

- E pode fazer isso? Taí uma coisa que eu não sabia! – disse o prefeito Déo que puxou um novo assunto – Você soube, ex-prefeito Dió, que o Metrô de Salvador foi inaugurado? Ganhou para o matadouro de Ipirá.

Quando terminou de falar essa frase, o mundo desabou e o ex-prefeito Dió começou a gritar: “ui, ui, ui, ai, ai, ai, uau, uau!” e desmaiou. O prefeito Déo deu um salto e pegou no pulso do ex-prefeito Dió que estava em uma batida de meia em meia hora, o homem já estava batendo na porta do céu para São Pedro abrir e o santo demorava.

O prefeito Déo ficou pensando: “esse sujeito não quer mais sair da prefeitura, quer morrer aqui! Isso não pode acontecer. Não sei mais o que fazer para tirar esse elemento daqui; boca a boca nem pensar; já sei, vou dizer uma ação administrativa boa para Ipirá e assim vou reanimá-lo”. Chegou próximo ao ouvido do ex-prefeito Dió e disse:

- No São João vou inaugurar o Matadouro de Ipirá e vou asfaltar toda estrada que dá para a cidade, em quarenta anos, ninguém nunca fez isso nesse município e eu vou fazer em um ano e seis meses.

O prefeito Dió deu um pinote e ficou em pé, estava mais forte do que lutador de combate UFC e foi logo agradecendo:

- Obrigado prefeito Déo, muito obrigado, mesmo! Inaugure logo essa coisa que eu não posso mais dizer que vou inaugurar, da outra vez deu certo, mas agora, eu tenho lá minhas dúvidas se o povo vai comer esse H; mas, eu só tenho a lhe agradecer por asfaltar minha estrada de volta a prefeitura. Muito obrigado mesmo!

O prefeito Déo ficou olhando atravessado e pensando: “Esse sujeito é mais esperto do que o cão chupando rapadura! Veja só no que está pensando! Aí é que eu não faço mesmo, nem matadouro, nem asfalto; nem asfalto, nem matadouro!” O prefeito continuou pensando e dedilhando o bigode. E vida que segue em Ipirá.

Suspense: e agora, esse matadouro sai ou não sai?

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou! imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

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