sábado, 7 de outubro de 2017

MANIFESTO EM DEFESA DA JUVENTUDE IPIRAENSE E DA CASA DOS ESTUDANTES DE IPIRÁ

Para abordar esse tema, nada mais pertinente e salutar do que um breve esboço sobre a educação e suas oportunidades no que tange ao município de Ipirá, terra de catingueiro, marcada pela estiagem e castigada pela carência. A escola primária desfraldou-se dos seus assentos e das suas letras no final do século XIX e a escola Góes Calmon, na década de 1920, foi o grande marco dessa situação.

A juventude da década de 1940, no município de Ipirá, estava reduzida às primeiras letras e não por porventura à triste sina de retirantes nordestinos para SP, RJ, MG. Raros e contados de dedos foram os casos que se distanciaram dessa situação e conseguiram ingressar num ginásio. Todos os elementos com um cabedal de conhecimento e com status na sociedade de catingueiros eram extramuros e oriundos de outras localidades, que aqui chegaram e foram assentando a mala de couro e usufruindo de privilégios.

Na década de 1950, a juventude de Ipirá teve como destino o Rio de Janeiro e São Paulo para o trabalho na construção civil e no setor de serviços, nunca a educação foi tida como um canal de fluxo promissor de uma vida diferente. Para a questão do estudo alguns poucos; eram filhos de coronéis, de profissionais liberais ou de raros fazendeiros, que enveredaram pelo trajeto do estudo. Feira e Salvador acolheu-os satisfatoriamente.

Na década de 1960, foi implantado o ginásio em Ipirá. Neste período, Brasília passou a ser vista como uma chance nova para o jovem ipiraense. O estudo começou a ganhar um certo espaço, evidente que o ginásio na cidade ampliou e abriu horizontes, quem o fazia procurava novas chances em Feira de Santana, o Curso Normal era um chamativo para a juventude de Ipirá, tanto feminina como masculina.

Na década de 1970, veio a Escola Polivalente e o gérmen da residência em Salvador já povoava cabeças e alimentava os sonhos de muitos jovens. Em Ipirá não tinha o colegial, que era o condicionante para o vestibular e a universidade. A semente que era a Casa dos Estudantes brotou, abrindo um novo e potencial horizonte.

Até então, só fazia universidade filho de rico e a Casa do Estudante veio para quebrar esse paradigma e quebrou de forma concreta e precisa. O jovem de família carente e filho das camadas populares podia sair de Ipirá para Salvador com a finalidade bem definida do estudo.

O objetivo era o colegial e depois a universidade. A Casa do Estudante era o ponto de apoio e a mola propulsora nesse sentido. A juventude de Ipirá, que não tinha rumo certo passou a ter um porto seguro e a canalizar para a educação o principal meio de construção de sua vida. O jovem ipiraense tinha a garantia de uma certeza e a convicção de que a correnteza se dirigia no rumo da educação superior.

A Casa do Estudante nunca foi mordomia, constituiu-se no amparo e no banco que substanciava sonhos, esperanças e vocações. Era uma viga contra a exclusão e o privilégio no tangente ao curso superior. Tudo tornou-se possível. Perdura por décadas e sobrepõe-se a gerações. Uma lição de dificuldade, cidadania e direitos humanos.

Os motivos de ontem são as necessidades do hoje. A Casa do Estudante continua sendo uma viva referência para o jovem Ipiraense, oriundo das camadas populares e filhos de trabalhadores. O marco da casa do estudante representa a existência fora da ordem, do enquadramento e da mesmice estabelecidos por estruturas exclusivistas dominantes em nossa terra.

Hoje, a Casa do Estudante corre risco.

Senhor prefeito, que circunstancialmente encontra-se no poder público municipal de Ipirá, não corte o sonho do jovem ipiraense; não suprima as possibilidades dos estudantes que querem ir adiante no estudo; não elimine esperanças da juventude carente desta cidade; não interrompa o caminhar do jovem catingueiro; não sonegue os direitos da juventude de nossa terra; não crie um obstáculo à travessia de uma juventude que batalha com dificuldade, sacrifício e determinação. A Casa do Estudante de Ipirá é essa ponte.


Mais do que nunca, é imprescindível que se defenda um proceder com retidão: a Casa do Estudante de Ipirá tem que ser reformada e é uma prioridade, isso não pode e não deve ser relegado a um próximo mandato. Negar e negligenciar essa ação é aplicar um corte profundo na jugular de uma juventude que pede passagem. VIVA A CASA DOS ESTUDANTES DE IPIRÁ, o maior e melhor patrimônio da juventude ipiraense.

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