Parece título de filme: A ÚLTIMA SEMANA DO PREFEITO MARCELO BRANDÃO. O prefeito MB sai de sua casa e vai para seu gabinete na prefeitura. Vagarosamente, começa a recolher seus pertences particulares: porta-retratos; agenda pessoal; pequenos objetos individuais; medalhas; figas, que serviriam para afastar desgraças ou malefícios, por último, a caneta.
O repórter da imprensa local faz a penúltima pergunta:
“prefeito MB o que passa pela sua cabeça nesse momento?” A resposta é imediata:
“Tenho a certeza do dever cumprido e fiz o melhor por minha terra.” Acontece a
última pergunta: “e agora prefeito MB?” A resposta foi em cima da bucha: “agora
é entregar a chave!”
ENTREGA A CHAVE! Parece título de música de paredão. O
prefeito MB não disse, mas no íntimo ele sabe que, por quatro anos, mandou
nesse município. Mandou e desmandou Teve seu sonho realizado. Por quatro anos,
conduziu o destino dessa terra do jeito que quis e bem entendeu. Teve erros e
acertos. Chupou melancia e pisou em visgo de jaca. Por quatro anos, controlou
as contas bancárias mais recheadas do município: dez milhões de reais todo mês.
Agora, ACABOU! Parece título de música de paredão quando a festa acaba.
ACABOU A FESTA! LEVANTOU POEIRA! O que era pra ser quatro
anos de festa, não passou de uma micareta. Uma só micareta. A entrega da chave para
os vereadores. Para o prefeito Dudy, um abacaxi e uma faca cega para
descascá-lo. É a tal da ‘herança maldita’ uma brincadeira amaldiçoada do jacu
para o macaco e vice-versa. E o município se lascando.
O esqueleto do melhor Centro de Abastecimento da região
com um grande problema social nas suas entranhas; um Mercado de Arte
incendiado; uma Casa do Estudante desmoronada; o famoso Matadouro de Ipirá que
não serve para nada; uma biblioteca sem uso; uma cidade que está rodeada por
esgoto a céu aberto; várias obras começadas e não terminadas; ruas entregues à
poeira e lamaçal; uma baixa oferta de trabalho e renda; um baixo IDHM no
município e um alto índice de população invisível. Sem universidade e sem UTI.
A grande maioria da população sem lenço e sem documento.
Esparro e mais esparro. Um deixa para um e um deixa para
o outro. Esse é o rodízio do jacu e macaco. A população insiste em sobreviver
dessa forma e desse jeito. Dudy está faltando uma semana para entrar no seu
gabinete de prefeito.
Nem assumiu, já tem pepinos à vista. A desistência de René
Saint Clair de assumir a Secretária de Saúde é uma perda imensa para o futuro
governo municipal, que ficou desfalcada de uma pessoa íntegra, decente e
competente para tocar um dos maiores problemas deste município: a saúde
pública.
Por motivos pessoais é compreensível e inquestionável.
Por motivos políticos demonstra que teremos muita tempestade nestes quatro
anos. O ex-prefeito Diomário com sua experiência e habilidade na articulação
está se posicionando na cabeceira da mesa e saboreia duas previstas indicações
que participaram da sua gestão.
A macacada é assim: uma colcha de retalhos e todo
grupelho querendo assento na mesa, deixando as cadeiras vazias. A vice Nina não
se sente contemplada em sua posição e pode (não deve) puxar a toalha. Com dois
vereadores na gibeira poderá fazer uma composição venenosa com a futura
oposição da jacuzada.
Retificando em tempo. Na Câmara de Vereadores não existe
jacu e macaco, o que temos e teremos, são vereadores da situação e de oposição.
Se o prefeito do dia 1 de janeiro não entender isso, ele dará com ‘burros n’água’
no início da partida e de nada adiantará ‘ajoelhar para rezar’.
Dizer que a presidência da Câmara de Vereadores é ‘problema
deles’ é não saber e não ter noção da cor da chita da toalha que cobre a mesa e
que cada grupelho da macacada puxa para si.
Dizer que não dará dinheiro a vereador é bonito e muito
correto. Quem o diz está de parabéns. Mas o sistema é jacu e macaco e não
perdoa quem o ignora. O prefeito da ‘semana que vem’ tem muito que ir ao
confessionário conversar, ao pé do ouvido, com o ex-prefeito Diomário. Como diz
meu amigo Mug de Ioiô Arapiraca: “muito cuidado com os menudos!” Um bom
lembrete.