Até que enfim, o prefeito Dudy resolveu tomar uma atitude e com a
própria língua (português) fez um balanço de três anos de seu governo. Botou
todas as obras de sua gestão numa gamela, ou numa bacia, ou mesmo, numa máquina
de lavar Brastemp centrífuga. O importante é lavar as obras.
Essas gestões de jacu e macaco carregam muitas coisas nas costas. Ano
2000, o slogan do ex-prefeito Luiz Carlos era ‘Prefeito 500 Obras’.
Consequência do 'Brasil 500 anos'. Quando chegava uma pessoa em sua residência
era atendida pela ‘secretária do lar’, que ia logo dizendo: “o prefeito Luiz
está no sanitário fazendo obra, não venha atrapalhar, deixa o homem trabalhar.”
Assim Ipirá ia vivendo na sua onda progressiva.
Agora, 20/02/24, aparece o prefeito Dudy colocando suas obras numa
gamela, em sua residência, para apresentá-las de forma triunfante à torcida do
BA-Vi, em SESSÃO SOLENE, na Câmara de Vereadores. Eu tenho mais que acreditar.
Tudo começa quando o prefeito sai de sua casa, na base do ‘vou ali e volto já’.
Foi para a Câmara de Vereadores. Lembrou de seu tempo de menino-chorão:
“buá, buá, buá, a prefeitura tá quebrada!” Foi preciso o governador Rui Costa
fazer um mimo para o menino parar de chorar: “calma, prefeito! Diga logo, o que
foi que aconteceu?”
O prefeito Dudy começou a falar: “encontrei a prefeitura quebrada. Esse
sujeito que lá passou, não quero nem dizer o nome, para não pegar a urucubaca e
a coceira do dito-cujo, deixou tudo ‘nas merda’, governador! Servidores sem receber,
Policlínica (de Feira) sem receber, Coelba sem receber, bloqueio no INSS. ‘Sem
Receber’ era o slogan do elemento anterior, até os eleitores da jacuzada ele
ficou sem receber no gabinete!”
“Calma, prefeito! Faça um planejamento, que eu vou te ajudar” disse o
governador. Assim foi feito e, hoje, a prefeitura tem 62 milhões de reais nas
contas bancárias. O prefeito nem tocou nesse assunto, mas um secretário de sua
confiança soltou a língua para frisar e amedrontar os adversários. É assim que
ficamos sabendo das coisas.
O prefeito ficou mais calmo: “herdamos uma herança maldita, que só eu
sei o que passei e como isso mim atrapalhou. Em 2021, encontramos uma pandemia
batendo nas portas da prefeitura. Foram muitas as dificuldades.”
Basta prefeito! Vamos ao trabalho do ‘O Trabalho é Agora, Ipirá’.
Compra da Casa do Estudante em Salvador. Uma embrulhada que não
desenrolava. O prefeito resolveu a questão adquirindo uma nova casa, utilizando
recursos próprios, complementado com uma Emenda Parlamentar de duzentos mil
reais, do deputado Daniel Almeida, para esse fim. Hoje, o estudante ipiraense, das
camadas populares, tem um lugar decente para residir com dignidade em Salvador.
O prefeito Dudy fez um gol de placa nesta questão.
Agora, a bagulhada que bateu na testa do prefeito. Do jeito que o gestor
fala parece que o Mercado de Artes, o Centro Cultural Elofilo Marques e o
Centro de Abastecimento devem ser ligadas ao seu governo como obras próprias.
Como? É preciso entender como? É milagre ou cegueira do povo?
O fazendeiro toma um gado de meia, não quer dizer que ele é o dono do
gado. O prefeito Dudy remendou as obras feitas por outras administrações, que
se estragaram com o passar do tempo e caíram em seu colo. Nesse sentido, nada a
questionar.
Nesta questão, prefeito Dudy fez reformas, com emendas parlamentares, e
o próximo gestor ou gestora terá o desafio de remendar o alagadiço (basta
chover) encontrado e que será deixado no Centro de Abastecimento por esta
gestão, que ficou prisioneira e escrava de uma situação de ter necessidade de
reformar o que encontrou pela metade ou mal feito.
Esse é um jogo do jacu e macaco: “Escravos do Jó / jogavam caxangá /
Tira, bota, deixa o zambelê ficar...” Enquanto
a população pensa que o prefeito de plantão em Ipirá está trabalhando, ele está
escolhendo qual obra irá reformar. É um puxa, encolhe e Ipirá fica no mesmo
lugar.
O ex-prefeito José Leão fez o mercado de carne; o ex-prefeito Diomário
transformou em mercado de artes; o ex-prefeito Marcelo Brandão contemplou os
escombros do incêndio na base do ‘não tenho nada com isso” e o prefeito Dudy
reformou o telhado e internamente. Quem é o pai da criança? Tem que fazer o DNA
para sair do zig zig zá. Tá entendendo povo de Ipirá?
Aí o prefeito Dudy canta de galo: “colocamos a fanfarra e a sede da
filarmônica para funcionar.” Ipirá parece um cágado andando de ré, pois que, em
plena década de 40 e 50 do século passado tinha arranca-rabo na disputa
acirrada das filarmônicas: a Siciliana x a Furiosa.
Aí entra a conversa do prefeito sobre a necessidade de revitalizar esse
espaço emblemático que tem um caráter social acentuado para que crianças e
jovens entrem na iniciação musical.
“Minha cidade toda se enfeitou / Pra ver a banda passar... / Mas para
meu desencanto...” O prefeito Dudy vai terminar o mandato e não vai passar uma
filarmônica beirando a janela e tocando coisas belas.
Aí o prefeito Dudy sacudiu a roseira: “Infelizmente a nossa cidade
cresceu de forma desestruturada, com muitas ruas com poeira e lama. Minha
gestão pavimentou mais de 100 ruas com calçamento nos povoados e distritos, são
cinco ou seis praças, sendo que, estamos asfaltando a Conceição e a Caixa
D’Água; é iluminação pública de led para a economia e segurança da população.”
O vereador da oposição sentiu o baque e pensou “êta prefeito que
trabalha!” E para diminuir a porrada falou: “Prefeito! V. Exa., tem a relação
das ruas que foram calçadas?”
O prefeito mandou o vereador aguardar que ele ia buscar. Já em sua
residência, o prefeito perguntou a sua secretária do lar: “ô dona Maria cadê as
obras que eu deixei lavando aqui na gamela?”
A secretária foi dizendo: “eu joguei a água fora, seu prefeito Dudy!”
O prefeito tomou um susto: “mas, dona Maria, a senhora jogou a água da
gamela fora com a criança dentro?”
A secretária parou e pensou para a resposta sair com rapidez: “prefeito
Dudy! Não tinha nenhuma criança naquela gamela. O que eu vi lá foi muita roupa
emendada por um bando de deputado (ela não acertou falar Emenda Parlamentar),
aí eu peguei tudo e joguei no esgoto.”
O prefeito estava chateado e repreendeu a secretária: “Mas, dona Maria,
como é que a senhora joga minhas obras no esgoto?”
A secretária pressentiu que estava precisando sair de uma enroscada e
foi logo dizendo: “alto lá, prefeito Dudy! Naquela gamela não tinha uma obra da
sua gestão. Diga pelo menos uma obra da sua gestão? Obra mesmo, genuína,
própria, autêntica, com carimbo ‘Gestão Dudy” sem verba federal e estadual, que
eu dou minha mão à palmatória.”
O prefeito Dudy ficou pensando sem nada falar: “essa dona Maria, não tem jeito não! Isso é mais esperta do que cascavel ‘bem criada’ no bote.” O prefeito estava apressado e voltou rápido para a sessão da Câmara de Vereadores, aí ... (continua na próxima postagem)