quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

PERIPÉCIAS DE CAMPANHA 4


Achei conveniente compartilhar dos comentários neste espaço da postagem, até mesmo, para interagir com as opiniões.
Na opinião de Simões, nós temos, em Ipirá, uma Nova Era, a Gomes de Sá.
Será que é isso mesmo ? Será que Gomes de Sá tornou-se uma oligarquia ?

Eu acho difícil que isso esteja acontecendo. Gomes de Sá não tem pedigree, tradição, nem sangue nobre, para auferir tal posição e, talvez, nem tenha tais pretensões, porque essa intromissão não é permitida dentro do sistema, que é fechado e impenetrável.

Diomário lidera um grupo político que atua, como força minoritária, dentro da macacada. Não exerce uma liderança consensual e não é carismático, mas é reconhecido por diversos motivos pela macacada, principalmente, devido ao controle da caneta. Embora não seja subserviente, tem o comando na mão, porque tem a chave, e quem tem a chave do cofre é quem manda.

Mesmo mandando, não consegue influenciar e ampliar sua liderança nas hostes da macacada. Nem de longe sua atuação fustiga e enfraquece o sistema jacu-macaco, muito pelo contrário, reforça-o. Dizer que vai quebrar o sistema jacu-macaco diluindo-o por dentro contagiou os ingênuos oportunistas. Diomário não se propõe a isso. Ele reza na cartilha do sistema de forma obediente e servil. Sem o desmanche da politicagem macaco-jacu não se retira o poder das oligarquias. Diomário não contribui para isto; nunca teve essa preocupação e sempre atuou dentro do sistema, aderindo e reforçando-o.

E como Diomário conseguiu ser prefeito por dois mandatos em Ipirá ? O destaque é para sua capacidade pessoal. Com habilidade mostrou-se um exímio equilibrista dentro do sistema macaco-jacu e na conjuntura. Foi arguto no seu sonho político pessoal. Foi bastante sagaz para se impor como candidato da macacada. Procurei e encontrei um dito popular que é a cara de Diomário: "cobra que não anda não engole sapo".

Gilvan coloca o sistema jacu-macaco como um câncer e apresenta justificativas para tal: no fato de Ipirá estar acumulando um déficit de investimento; na exploração do capital e na falta de políticas públicas de verdade para mudar a cara da saúde e da educação.

Eu disse que a droga jacu-macaco deixa a população de Ipirá mesquinha. Para demonstrá-lo vou colocar um exemplo recente. Soube que o Secretário de Saúde resolveu alugar um prédio na avenida César Cabral para o funcionamento da secretaria. Aí a macacada ficou enfurecida e bradou "como é que pode, alugar um prédio de um jacu !" e baixou a madeirada. Ipirá é assim; aqui, a mesquinharia não tem limite. A única preocupação foi que o "prédio era de um jacu"; em nenhum momento, essas pessoas questionaram se esse plano (não é um projeto) vai melhorar a saúde de Ipirá, simplesmente, ficaram presas a uma coisa tão pequena, um simples aluguel. É isso que o sistema jacu-macaco faz com as pessoas.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 17. (mês de fevereiro 2009, - atualizado)

Cena de rua.
O bafafá estava formado na rua de Delorme. A ex-empregada Natalina engalfinhava-se com a ex-empregada Tonha. Era um bolo só. Apostadores alimentavam o clima de agitação. Um apostador, que fez uma pesquisa, presepava barbaridade, é esse tipo de fanfarrice que sustenta a farsa, enquanto saía em retirada, dizia: "não adianta vim atrás de mim, que eu não vou dizê quem ganha; quem quiser que pague prá sabê". E não parava de andar. Ninguém estava atrás dele.

O delegado chegou ao início da rua, junto ao Posto de Saúde da Mulher, parou observando. A multidão fez um corredor polonês. Em um extremo o rolo das ex-empregadas, no outro, o delegado do município. O carro de som colocou uma trilha sonora de filme de cawboy italiano. O delegado andava lentamente, passo a passo, em direção ao rolo. A multidão nem respirava. O rolo das duas estava mais acirrado.

Quando o delegado aproximou-se do rolo, gritou estrondosamente: "VAMO PARAR COM ESSA QUIZUMBARIA JÁ". As duas nem tum. O delegado sacou a pistola e deu dois tiros para o alto. Aí foi que a briga esquentou. O delegado tentou separá-las com toda força; foi mesmo que nada. Observando o esforço do delegado, um popular sentiu-se na obrigação de fazer-lhe um comentário:

- Doutô delegado ! isso aí é briga de jacu e macaco. Isso aí, já vem há mais de trinta anos; não pense o doutô delegado, que o doutô delegado vai dismanchá esse rolo assoprano o fogo, aí é que a brasa esquenta.

O delegado já estava azuretado da vida e gritou:
- NÃO ACABA NÃO, É ? VOU CHAMAR O REFORÇO.

Enquanto o reforço não chega, o panavueiro, na rua, continuava pegando fogo, vamos ver o que está acontecendo dentro de uma residência na mesma rua, onde encontravam-se o prefeito Dió e o ex-prefeito Luiz do Demo, naturalmente, deliciando-se com um bom champagne, que ninguém é de ferro.

Cena na residência.
- Ex-prefeito Luiz do Demo ! às vezes eu fico imaginando como a vida é bela e deliciosa para nós, os comandantes, e para esse povo de Ipirá, que está festejando lá fora – argumentou o prefeito Dió.

- Bem pensado, prefeito Dió. Só não concordo é com meu nome. Eu sou o ex-prefeito Luiz do PMDB.

- Sem essa ex-prefeito Luiz do Demo. Eu te conheço não é de ontem nem de hoje. Quanto tempo eu fui jacu ? Quando você deixar de ser da corriola do defunto que mandou na Bahia, eu deixo de ser jacu.

- Não diga isso prefeito Dió. Você tem Jacu no sangue, no DNA (Dió Nada Acelera). É bem verdade que eu tenho o DNA (Defunto Não Agora) do senador da Bahia, mas com uma tempestade dessa eu não vou ficar sem guarda-chuva; nós não somos meninos, mas vamos deixar essa conversa de lado, senão esse povaréu acaba enxergando o que não deve ver e adeus nosso baile.

- É bem verdade ex-prefeito Luiz do Demo. Eu mesmo estou atazanado da vida.

Realmente, depois que o prefeito Dió empurrou a ex-empregada Natalina prá rua, sua vida perdeu a alegria, o dinamismo e a boa vontade para fazer obras. Em reunião com os marchantes esbravejou: "Tem uns canalhas que só ficam falando de mim". Sem dúvida, um despropósito. Na Jornada Pedagógica Municipal, voltou a lamentar: "Ficam dizendo aí, que eu estou doente da próstata, quando na verdade eu estava passeando na maior maresia".

- E como ninguém soube ? – perguntou o ex-prefeito Luiz do Demo.

- Porque depois que eu empurrei a linguaruda da ex-empregada Natalina prá fora, ninguém sabe de nada – disse o prefeito Dió.

- Tá bem explicado. Prefeito Dió ! você sabe que eu sou médico; deixe eu empurrá o dedo no seu, para eu verificar como está esta próstata ?

- O que ex-prefeito Luiz do Demo ? Você tá querendo me esculhambar. No meu ninguém empurra o dedo não. Minha próstata tá mais sadia do que próstata de macaco. Depois que eu reformei o Hospital de Ipirá, o problema de saúde daqui acabou.

- Cuidado prefeito Dió ! fique de olho aberto no seu Hospital reformado, porque a coisa tá da boca prá fora. Essa semana chegou uma criança nesse Hospital de Ipirá e o lençol foi papel-toalha. Tem médico que ganha mais do que o prefeito da cidade. É melhor ser médico do que ter clínica. Eu aconselho o prefeito Dió fazer REDA para contratar médico.

- É mesmo, ex-prefeito Luiz do Demo ? E eu pensando que estava no céu.Ô, ex-prefeito Luiz do Demo ! será que eu vou ficar esquecido pelo povo de Ipirá ? – indagou o prefeito Dió.

- Taí uma coisa que não vai acontecer. Eu, ex-prefeito Luiz do PMDB, sou lembrado como o prefeito que levou oito anos e não fez o matadouro de Ipirá e, pelo andar da carroça vai acontecer o mesmo com você prefeito Dió; vai levar oito anos e não vai dar conta de acabar esse matadouro.

- Tava tudo bem. Eu estava gostando desse capítulo da novelinha, mas logo agora, você vem lembrar dessa desgraça de matadouro de boi e ovelha. É por isso que eu digo; tem um canalha me perseguindo.

SUSPENSE: e agora ? o que será que vai acontecer ? o matadouro ! você sabe que não sai, é do rolo que eu estou indagando. O que será que o delegado vai fazer ? Natalina e Tonha vão para a cadeia ?

Leia o capítulo 16 – janeiro 2009 - logo abaixo.

OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

PERIPÉCIAS DE CAMPANHA 4


Como surgiu essa droga jacu-macaco ?
Essa droga foi estabelecida em Ipirá, a partir de 1976, com a derrota do grupo de Delorme Martins. Pela tradição popular, os derrotados eram denominados de jacu, mas, em Ipirá essa marca tornou-se o registro definitivo de um grupo e o troco foi o imediato tachamento de macaco para o adversário. Aí a droga chegou e estabeleceu-se nesta terra.

Antes desse período, os embates políticos em Ipirá eram travados através dos partidos (PSD - UDN - PTB), não era grande coisa, mas proporcionava uma visão mais verdadeira e de maior amplitude. Na fase inicial da Ditadura Militar eram o MDB e a Arena, depois jacu-macaco. Na década de 1980 surgiram o PT, PDT,PSB e outros, o PCdoB foi legalizado.

Nada mais justo na política, do que a disputa através de partidos, que envolve idéias, programas e propostas com uma amplitude nacional. O nível torna-se elevado e o grau de politização aumenta, na medida que exista uma correlação das questões municipais com as nacionais. A política quando é impulsionada por partidos esclarece mais o povo, que passa a enxergar com horizontes mais amplos.

Com a implantação da droga macaco-jacu, o primeiro e único derrotado, além de prejudicado, foi o povo ipiraense, que deixou sua verdadeira causa: a causa do povo brasileiro, por liberdade; por justiça; por melhores condições de vida, para submeter-se e subjugar-se aos interesses das oligarquias locais, que dominam e controlam os agrupamentos jacu-macaco e tiram proveitos pessoais desse controle.

A droga jacu-macaco é uma forma de amesquinhar o povo de Ipirá. Eu afirmo isso, porque minha intenção é provocar você. Provocar você para o bom debate. Longe da fase eleitoral os ânimos estão mais frios e numa terra que tem tanto macaco e jacu apaixonado, não é possível que não apareça um, que consiga convencer-me do contrário, dentro da racionalidade, inteligência e de uma boa argumentação. Estou aguardando.