E agora, prefeito? A Feira do Couro acabou; outra, só daqui a um
ano. É certo que foi bonita, para uns; um sucesso, para outros; para alguns,
nem tanto; mas que o prefeito botou o dedo na ferida, isso lá botou. Que jogou
Ipirá no circuito do couro no Brasil, isso fica no querer de cada um que assim
ache de assim querer.
E agora, prefeito? Depois de jogar Ipirá no circuito do couro de
forma extraordinária e emocionante, no pensar dele, o que é que o poder
municipal tem de concreto, eu digo de concreto, para o artesanato do Malhador? E
agora, prefeito?
O dia seguinte! Observe como são as coisas: Ipirá tem dois segmentos
na atividade de artefatos coureiros; de um lado, os maiores produtores de
carteiras de Ipirá e lojistas que atuam num mercado nacional e pouco dependem
da Feira de Couro de Ipirá.
Andam por conta própria e com as próprias pernas, há muito tempo,
num mercado nacional que eles conquistaram sem ajuda da feira local e do poder
municipal ipiraense, que vai querer dizer que é o contrário. A feira daqui
agrega pouco, participar de uma feira em São Paulo faz muito mais sentido para
esse setor.
De outro lado, encontra-se o artesanato de couro do Malhador,
ligado à carteira e a especialidade de montaria. Os artesãos do Malhador estão
circunscritos no limite de um mercado local e regional restrito e sobrevivem de
forma precária. Essa produção de artigos de couro sofre com a retração do
mercado e a recessão na atividade. Esse setor necessita de apoio de toda ordem
do poder público e uma única feira não significa a redenção do couro
tradicional de Ipirá, tem que ter algo mais.
A prefeitura que visualizou esse potencial que assuma a
responsabilidade de tirar a produção de couro do fosso. O poder de impacto deve
ser no campo econômico, social e não jogar só para a torcida. Jogou-se no sonho
e nas nuvens agora é hora de puxar o couro de Ipirá para a realidade da terra. E
agora, prefeito? Quais são as medidas que irão beneficiar e tirar os artesãos
do couro dessa situação?
A feira é um ponto. Agora é hora de acontecer uma atuação sistemática
e planejada da prefeitura para alavancar o artesanato de couro de Ipirá. Se não
houver outras medidas de apoio e sustentação ao artesanato de couro, a
fermentação da feira será inócua. Se não houver uma política, um plano, um
projeto concreto de apoio ao artesanato de couro em Ipirá, essa feira não
passará de um ponto referencial para o jogo de confetes e serpentina sobre
algumas personalidades que precisam aparecer. Um encantamento.
Cinco anos de discussão sobre a Universidade da Chapada. Aprovada
pelo Congresso Nacional, as reuniões tomam corpo nas cidades da Chapada.
Reunião em Seabra; chegou a turma de Ipirá. No mínimo eles devem ter pensado:
“quem é essa gente? O que é que eles querem?” A caravana foi fazer turismo na
Chapada, pena que não tenha fotos para servir de comprovação. Dois
encantamentos.
A prefeitura anunciou para quarta-feira (18-12) a transferência da
feira de animais para o Parque de Exposição. Não tomou nenhuma providência.
Isso não é brincadeira. É uma questão essencial para a economia de Ipirá e deve
ser tratada com todo respeito merecido. Tem que ter um planejamento, prefeito!
Planejamento para se fazer o que Ipirá necessita. Esse episódio é uma
comprovação inconteste da falta de um Plano de Governo da gestão atual. Seria
um terceiro encantamento.
Não há necessidade de show musical, nem de multidão; só precisamos
dos produtores e vendedores locais e daqueles que se deslocam das cidades
vizinhas para comprarem a nossa produção e fazem isso há muito tempo, chova ou
faça sol.
Ipirá precisa de uma feira bem organizada, com um apoio mínimo,
necessário e essencial: currais para os animais, transporte coletivo (Centro de
Abastecimento – Parque, via Centro da cidade) e segurança no seu horário de
funcionamento, que deverá ser o mesmo da atualidade, às quartas-feiras, pela
manhã.
Todo um planejamento deverá ser feito para a aceitação,
consolidação e ampliação desta feira. Esse é um trabalho. Outro grande trabalho será fazer com que Ipirá tenha
uma Unidade de Comercialização de Animais forte, adequada e promissora para
alavancar a economia rural do município. Deixando como está não se vai a lugar
algum.
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