Discussão mais séria é a que trata da questão da saúde
e sob todos os aspectos: no prático é uma lástima; no teórico é um pavonismo
impressionante. O Poder Público Municipal constatou que o maior crime, nestes
termos, cometido em Ipirá foi ter municipalizado o Hospital. Este argumento soa
como uma sentença categórica: o município não tem condições para tomar conta de
um hospital. Serrote limado e com os dentes virados.
Aparece o outro lado da moeda: só o Estado tem condições
de tocar esse hospital. Até aí tudo bem entendido, mas acontece que o Estado
deixou uma bomba no colo do município e não quer nem troco. Que o município
exploda! Mas a saúde no município não tem verba própria carimbada e o dinheiro
não vem? Tem e vem. O município recebe a verba e diz que não dá e talvez não dê.
Você pode até indagar: “Mas que jogo de empurra é esse?” É verdade! Coisa de
compadre que não tem responsabilidade com o filho da comadre. Ninguém quer
fechar a conta.
Aí o pensamento do Poder Municipal entra em contradição
irremediável, ao imaginar que o hospital está maravilhoso, mas não tem condições
de manter essa coisa maravilhosa; ao constatar que o Estado não aceita essa
coisa espetacular de volta; aí no devaneio, vem a fantástica idéia de
terceirizar esse excelente prestador de serviços da saúde pública. É assim que
se ajustam os problemas e da confusão mental aparece a idéia da terceirização,
sem debate, sem conversa, sem reflexão e sem discussão. É desse jeito que a
banda toca e cada qual vai cometendo o seu crime particular contra Ipirá.
Passa-se o calote em clínicas que prestaram serviços;
atrasa-se o pagamento dos serviços de saúde; fecham-se Clínicas particulares. Enclausura-se
duas SAMUs condenadas a cumprirem penas numa garagem; desentendem-se quanto a
instalação da U.T.I. no hospital, nem eles mesmos acreditam. Por que iriam
acreditar?
É verdade! Lá em Belo Campo surgiu o movimento: “Eu
quero é ver” para as promessas de santo que não cumpre o milagre prometido.
Agora imagina tudo isso, numa terra (Ipirá) que a melhor moeda para abocanhar
voto é a precariedade no atendimento de saúde, quando a doença é sinal verde
para se cabalar a cidadania do doente e da família. Em época de festejos
juninos, chego até a pensar que foguete sem flecha vira espada sem direção e
sem objetivo, nem só por isso, é que pressinto que esta discussão da saúde tem
uma importância bem maior do que aquela outra.
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