quarta-feira, 2 de julho de 2014

É DE ROSCA. (2)


Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 02 (mês de julho 2014) (um por mês)

O prefeito Déo observou que o ex-prefeito Dió estava perambulando pelo pátio da prefeitura e ficou pensando: “esse sujeito não sai da prefeitura, não quer largar o filé”, aproximou-se e tirou uma onda com o ex-prefeito:

- Você não faz mais nada não é ex-prefeito Dió? Procure uma roupa para lavar.

O ex-prefeito Dió tomou aquele susto, sentiu o impacto daquela estocada, tremeu no fundo da alma e começou a chorar:

- Ui,ui,ui! É verdade, quem fui eu nessa terra! Hoje, sou humilhado sem o menor remorso! É verdade! Ui, ui, ui!

O prefeito Déo sentiu aquela reação e logo se arrependeu do que falou, tentou contornar a situação e procurando amenizar o ambiente, fez um quase pedido de desculpa:

- É brincadeira, ex-prefeito Dió! Até você, ta parecendo que não é companheiro das antigas! Vamos falar do que interessa: você que tem mais tempo livre do que eu; como vai essa Copa do Mundo?

- Nessa Copa do Mundo eu estou Souto, não torço para ninguém. O que eu gostei foi que Costa tomou uma sapecada, perdeu e já foi – disse o ex-prefeito Dió.

O prefeito Déo sentiu que o chão desapareceu e parecia que Ipirá tinha sofrido a ação devastadora de um terremoto trazendo o presságio de que tempos tenebrosos adviriam. O prefeito chorava igual ao capitão da seleção brasileira. Eu juro, que nunca vi um sujeito chorar tanto: chora quando toca o hino, no jogo, nos pênaltis, quando o jogo termina. Quando mais se espera dele, ele chora.

- Uai, uai, uai! Com essa derrota de Costa, o que será de minha vida nestes dois anos? Eu tô lascado, ex-prefeito Dió! Uai, uai, uai – choramingava o prefeito Déo.

- Eu pensei nisso, prefeito Déo! V. Exa. está entrando num caldeirão fervendo; sua salvação pode ser cair numa Mata sem cachorro e sua sorte é se essa Mata der fruto e sombra para o segundo tempo do jogo, porque uma coisa é certa: pode considerar perdido todo o Marfim que tinha na Costa.

O prefeito parou por um minuto, raciocinou e falou:

- Oxente, ex-prefeito Dió! Costa que eu estou falando nunca teve Marfim, é bem Rica, lá isso é, tem muita bomba pra detonar no segundo tempo do jogo e sua maior torcida são os prefeitos e vereadores.

- Foi até bom V. Exa., prefeito Déo, falar em riqueza; eu queria que V.Exa. me liberasse para eu assistir o jogo Costa Rica e Holanda em Salvador.

- Em Salvador, Costa não perde! Fique lá uns três meses, Costa precisa muito de você. Vamos mudar de assunto, eu consegui uma universidade pública para nossa terra, a UAB, coisa que esse rebanho de prefeito que veio antes de mim não conseguiu.

- UAU! – exclamou o ex-prefeito Dió.

- UAU não, é UAB! Você que é um homem das letras jurídicas poderia estudar Matemática na nossa UAB e se tornar um grande homem dos números – disse o prefeito Déo.

- UAI! – exclamou o ex-prefeito Dió.

- Não é UAI, seu burro! É UAB! Vê se entende, U A B. Procure decorar; UAB! Vê se decora: U de urubu; A de arapuca e B de Brandão! Pense, bem pensado! Pense em Brandão montado num urubu e caindo numa arapuca. Entendeu? – indagou o prefeito Déo.

- UI, ui, ui! – choramingou o ex-prefeito Dió.

- Ui, ui, ui, uma desgraça! É UAB e não adianta que você não vai fazer Medicina na nossa universidade – falou retado da vida o prefeito Déo.

- Uei, uei, uei! Eu não gosto de ver sangue, Medicina não! – choramingou o ex-prefeito Dió.

- Pare com esses guinchos de macaco! Não fique esculhambando a nossa universidade não, porque lá não tem sangue, onde tem sangue é no matadouro e sangue de boi.

- Uai, uai, uai! Não fale nas promessas que eu fiz e nunca realizei, isso estragou meu retorno a prefeitura. Eu vou jogar no time da Holanda contra Costa em Salvador.

- Vá, vá, e fique por lá! Antes da final da Copa eu inauguro esse Matadouro de Ipirá, coisa que em quarenta anos nenhum prefeito fez – disse o prefeito Déo com toda a transparência e o que ele fala se escreve.

Suspense: e agora, esse matadouro sai ou não sai? Será que a Copa do Mundo era o que estava faltando para botar nosso Matadouro em funcionamento? Vamos nessa, Matadouro!

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário