Mineirãozaço. Uma humilhação. O Maracanazo deixou uma
tristeza enfadonha na nação brasileira. 2 x 1 para o Uruguai, dentro de casa.
Copa em casa, 7 a
1 foi uma intensa humilhação. Certa feita, o Bahia tomou 7 x 0 do Santos; no
outro jogo, dormiu no ponto e levou 9
a 1. Era o Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e
Pepe. Fenomenal. Vitória da superioridade.
Não teve quem não levasse uma bordoada homérica. Num
domingo, o Botafogo de Garrincha massacrou o Santos por 3 a 1, no domingo seguinte, foi
esculachado, tomou 5 a
0. O Flamengo engoliu 7 a
1 no Maracanã. A superioridade era flagrante e determinante. Indiscutível.
Em Ipirá, uma das maiores goleadas, senão a maior, que
aconteceu no campo de futebol, foi aplicada pelo Elite F.C. de Zezinho, Zé
Cumbuca, Val e Ramiro Taco Roxo, 11
a 2 contra o Grêmio do Ginásio, que parecia ‘onze meninos
Bernard’ contra ‘onze homens Thomas Muller’. A superioridade era visível, clara
e transparente.
Se a Alemanha não tivesse puxado o freio de mão e se
poupado para a finalíssima contra a Argentina, o placar poderia ter sido bem
mais elástico. Tiveram pena do Brasil, que estava prostrado, abatido e
inteiramente dominado. Os alemães pouparam uma derrota fragorosa ao futebol.
Reconheceram e respeitaram a história do futebol arte, aquele dos tempos áureos
e um pouco distante.
O futebol brasileiro vive de oba-oba. Criam-se um
mise-en-scène e fatura-se em cima do mesmo: “Brasil é o melhor futebol do
mundo”. Tudo é canalizado para engordar essa sentença. Antes do jogo jogado um
corpo de idéias é produzido e propagado pela Mídia para que essa afirmativa
ganhe o respaldo popular, que será embalado para o encantamento. A massificação
ganha terreno, o fantasioso vai além da realidade.
O emocional é atiçado. A partida vira uma batalha. A
honra da nação está a deriva; os jogadores são heróis de uma nação combalida. O
patriotismo está arraigado na arena, no canto do hino à capela, na força da
expressão da vontade dos heróis. O ufanismo explode coração. A fanfarronice
estremece. O charlatanismo engrandece.
Jogo jogado esclarece. O hexa é imprescindível para o
gigante. Dentro de casa existe a obrigação de ganhar. A cultura é de campeão. A
responsabilidade de ganhar em casa é do dono. “Vamos impor o maior futebol do
mundo e vencê-los.” 5 a
0 no primeiro tempo. “Isso é inexplicável” dizia o badalado locutor. “Isso é um
esporte, temos que saber perder e temos que reconhecer...”; o locutor retornava
à realidade 7 a
1: “é meus amigos, o hexa foi adiado!” Na crueza da realidade: é a maior
derrota da história do futebol brasileiro. O maior fracasso de uma seleção
brasileira.
Com humildade deu para notar que o futebol é um
simples esporte, uma pequena parte do todo, por mais importância que lhe
incorpore. Esse futebol mundial é uma grande colcha de retalhos, representando
o tempo de cada escola futebolística, a do Brasil tem cinco grandiosos
retalhos; a laranja mecânica tem o seu, mesmo sem título; o tic-tac espanhol
foi um retalho recente. Quem sabe se agora não é a vez de um retalho alemão que
teve a honra e a glória de infligir um verdadeiro vexame ao futebol brasileiro.
Ser o maior do mundo é coisa forçada, atende a interesses e deixa muita gente
cega e embriagada pela soberba.
Penso no atual prefeito de Ipirá, “o maior prefeito
que está terra já teve”, que entre o orgulho e a vaidade cambaleia numa terra
que está amarrada para o desenvolvimento. Qual é a grande empresa que quer vir
fazer investimento em Ipirá? Qual é o grande projeto do Estado que será implementado
em Ipirá? O jogo jogado: Ipirá x Magagogipe. Aqui em Ipirá, esgoto sanitário,
42 milhões de reais contra 4 bilhões de reais em Maragogipe , estaleiro de São
Roque. Só posso dizer o seguinte: prefeito Ademildo, cuidado com o urnaço!
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