Qual seria a proposição que obteria incondicional
aceitação da maioria dos ipiraenses? O prefeito falou que Ipirá vai tornar-se
um pólo. É ruim! Ele mesmo passou o podão nessa sentença quando falou que tem
gente que não quer. Uns querem, outros não. A idéia não convence à grande
maioria, até porque, não é simplesmente uma questão de vontade; de querer ou
não querer.
Ipirá não pode ser pólo muito mais por uma questão
geopolítica do que por qualquer outro artifício. A proximidade com Feira de
Santana e Itaberaba embaraça por demais a situação e esvazia qualquer propensão
de Ipirá vir a ser um pólo.
Pólo de que? Ipirá não tem, efetivamente, potencial
(infra-estrutura e produção) para ser pólo. Talvez a inquietude fosse menor se
percebêssemos que, primeiramente, Ipirá tem que desenvolver. E não é pouco.
Quem sabe se essa idéia não tem a força de atrair o desejo da grande maioria da
população. Quem, nesta terra, não deseja ver Ipirá progredir e atingir um
desenvolvimento continuado? Tenho a impressão que a grande maioria quer que
isso aconteça.
Mas isso não é só desejo! Como chegar a isso, se nada
acontece por acaso? Tem que ser com trabalho, que está preso aos alicerces da
iniciativa privada, da iniciativa pública ou de ambas. Aí, vêm outras questões.
O que tem em Ipirá parece que estar de bom tamanho.
Até parece. Uma fábrica de calçados e o setor de fabrico de carteiras. Fora
isso, qual é a iniciativa privada que vem investir pesado, com alto capital, em
Ipirá e montar indústria, fábricas e grandes empreendimentos? Nem no sonho. Não
adianta pensar nisso. A iniciativa privada que investe aqui são os ipiraenses
ou os que aqui se radicaram. São poucas médias empresas de fora atuando em Ipirá.
É um esforço local. É a iniciativa particular e cada ipiraense buscando
sobreviver, crescer ou empreender algo. Toda impulsão que acontece em Ipirá
origina-se desse esforço. Surgem outras questões.
Todo o empreendimento posto em Ipirá é muito
individualizado, o que é uma característica muito forte no município,
evitando-se o esforço coletivo, o consórcio, o cooperativismo que une forças e
recursos criando condições para fomentar investimentos vigorosos e de monta em
grandes iniciativas.
Ipirá é um município grande e pobre. Quem segura a
onda da grande maioria da sociedade são as aposentadorias, salários públicos e
o bolsa-família. É isso que forma o lastro do poder aquisitivo no município.
Quem joga mais dinheiro na praça de Ipirá é o INSS, depois a prefeitura numa
ordem diferencial de mais ou menos 10%.
Retomando a questão do desenvolvimento: o que o Poder
Público pode fazer pelo progresso de Ipirá? O federal e o estadual vão ter que
escalar o município na sua agenda, sem isso nada é nada. O Poder Municipal se
embaraça na prestação de serviços. Com uma máquina administrativa inchada e a
folha de pessoal aquecida, sem artifício, acima do recomendado pela Lei de
Responsabilidade Fiscal, somado a outras despesas, fica pouco recurso livre,
muito pouco, fica uma ordem de 15%.
Em pleno século XXI, Ipirá está iniciando,
praticamente, ações de infra-estrutura: saneamento básico, esgotamento
sanitário, tratamento de dejetos, calçamento e é precário na questão da água e
na potência da energia elétrica. Mas, por que o município de Ipirá está metido
nessa camisa de força? O que mantém Ipirá nessa desgraceira é justamente a
politicagem do jacu e macaco que impera neste município.
Porque é uma política de grupo, de favorecimento de
grupo. Não importa se grupo macaco ou grupo jacu. Porque nessa política de
grupo, os cofres do município ficam refém do grupo e o prefeito atua não em
benefício do interesse coletivo, mas no fatiamento do bolo, concedendo
monopólios especiais aos seus apadrinhados; facilitando extravagantes privilégios
ao empresariado genérico que atua junto à prefeitura.
Aí, o grupo que está fora do poder municipal fala em
alternância de poder como solução. Alternância de grupo não se constitui em
mudança efetiva e verdadeira, desde quando, as mesmas mazelas serão mantidas
com outras pessoas e é isso que faz a desgraça de Ipirá. É necessário uma
mudança de conceito e postura na gestão pública. A política de grupo é deletéria,
capciosa e corrupta até a alma.
Aí, vem a proposta de mega-eventos para tirar Ipirá da
situação em que se encontra. Veja que situação! Qualquer produtor de eventos
que fizer uma produção com um cantor de 500 mil reais em Ipirá, quebra a cara e
tem prejuízo. Agora, o município pode! Imagine uma zorreta dessa!
Esse Ipirá parece um tabuleiro de xadrez, em que o
cavalo é quem toma o xeque-mate. Nessa situação de gestão de grupo, sem
projeto; sem plano diretor para a cidade; sem programa e sem cabeça que pense,
discuta e ouça, a degringolada é o caminho mais próximo.
Eu não duvido de mais nada; tudo pode acontecer. É bem
capaz que algum administrador ainda resolva fazer um CEMITÉRIO entre as casas
populares e o Parque de Exposição, no sentido do grandioso hipódromo, naquele
terreno que era muito mais apropriado para um pequeno parque de fábricas. Como
nada disso vai acontecer, pelo menos, se o cavalo morrer no parque, vai ter
onde ser enterrado.
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