sábado, 31 de outubro de 2015

É DE ROSCA 15.

Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 15 (mês de agosto 2015)(atraso de 2 meses) (um por mês)

O prefeito Bal, ainda sentado na cadeira de prefeito, deu por falta de um motor de carro e começou a procurá-lo no pátio da prefeitura. Nada. Esmiuçou o centro e os bairros da cidade. Nada. Ai aconteceu aquele estalo e ele pensou rápido e maliciosamente: “vou procurá-lo no matadouro.” E assim o fez.

Chegou às dependências do matadouro no maior silêncio e com muita precaução. Andava em marcha lenta e atento. Algo chamou-lhe atenção e o pensamento funcionou de imediato, indagando a si próprio: “que sombra é aquela ali na moita?” Saiu de mansinho, nas pontas dos pés, quando chegou próximo, adiantou os passos e jogou-se contra a figura que estava na moita e ouviu:

- Uai, uai! Me solta homem, me solta que eu sou o deputado Jura!

- Oxente, deputado Jura! O que é que a excelência está fazendo aqui na moita com esse pacote do jornal Tribuna da Bahia. V. Excelência tá vendendo a Tribuna da Bahia? – indagou o prefeito Bal.

- Não, meu prefeito Bal! Eu estou aqui no matadouro é plantando – explicou o deputado Jura.

- Não é possível, deputado! V. Excelência plantando notícia no jornal Tribuna da Bahia?

- Não, meu prefeito Bal! Na Tribuna quem planta notícia é jornalista, eu não tenho nada com isso. Eu estou plantando é um pé de umbuzeiro doce aqui no matadouro, pois é uma forma de recuperar a natureza da caatinga que está bastante castigada em nossa região e eu não vou deixar isso aqui virar deserto.

- Oxente, deputado Jura! Isso aí é um pé de pinha, homem! Aí ninguém vai acreditar que V. Excelência está reflorestando a caatinga com umbuzeiro. Vou dá um conselho a V. Excelência, não plante essa candidatura sua porque a terra tá esturricada e não vai dá fruto.

Quando o deputado Jura ia dá sua resposta categórica, ouviu-se um zuumm a 300 por hora. O deputado gritou:

- O que é isso?

- É o carro da prefeitura que anda sem motor e só anda a 600 p/ hora – respondeu o prefeito Bal, que completou – eu estou procurando o motor para frear esse carro.

Os dois personagens ipiraenses observaram uma movimentação numa moita maior, correram em sua direção e se jogaram em cima do vulto, um segurou-o pelo pescoço e o outro pelas pernas. O vulto abriu o berreiro:

- Ui, ui, ui, uiiiiiii, eu sou o 22.

- Mas, o que é que tu tá fazendo na moita, ex-prefeito Dió? – indagou o prefeito Bal.

- Esse elemento na moita não é novidade. Esse sujeito tá querendo ser candidato ! – sentenciou o deputado Jura.

Em volta da moita, naquele caminho de terra que sai no fundo do matadouro para chegar ao asfalto, perto dos tanques, estava tomado de bozó, era garrafa, cálice com sangue e outros objetos que completavam o serviço. Indagado sobre o que estava fazendo naquele matadouro, no meio daquele bozó, o ex-prefeito Dió começou a explicar sua preocupação.

- Eu estou aqui tem mais de um mês. Não saio daqui por nada nesse mundo. Eu estou evitando que aconteça uma grande desgraça nessa nossa terra. Aqui, em Ipirá só se faz obra espetacular e souberam lá no exterior que aqui tem um matadouro de primeiro mundo e não é que um navio libanês está sendo carregado no Pará com cinco mil bois para serem abatidos aqui nesse matadouro.

- Aqui, no matadouro de Ipirá! Não me avisaram nada – disse o prefeito Bal.

- Vem com certeza, vai sair do Pará em direção ao rio Jacuípe, vão entrar no rio do Peixe, pegarão um riacho e vão descarregar a boiada de cinco mil bois na Jitirana de Zabelê. Eu contratei um pai de santo e fiz essa encomenda aqui porque essa boiada não pode chegar nesse matadouro.

- O ex-prefeito Dió não tem assistido televisão, não? – indagou o deputado Jura.

- Não, eu estou mocado nessa moita aqui tem quase dois meses e não saio daqui para nada, não ouço rádio, não assisto televisão, não leio jornal, eu estou preocupado é em salvar Ipirá. Pense que desfeita para Ipirá é inaugurar esse matadouro com boi vindo do Pará, isso significa uma humilhação sem precedentes – disse o ex-prefeito Dió.

- Esse navio carregando cinco mil bois naufragou no Pará – falou o deputado Jura, que resolveu dizer a verdade e chamou o prefeito Bal em particular e, saindo um pouco do ex-prefeito, disse-lhe ao pé do ouvido:

- O que eu vou lhe dizer não fale com ninguém. Eu não viajo de navio nem pago, muito menos de avião e carro nem pensar, só vou viajar de ônibus. Veja que sujeito perigoso, esse ex-prefeito Dió! O bozó desse elemento derruba até santo sentado no trono lá no céu! Retiro minha candidatura agora mesmo, não sei se a DiDudy vai agüentar.

Nesse momento, passou o carro sem motor da prefeitura botando prá lá, com 300 p/h. Zummmmm ... O prefeito Bal, deu um pinote e saiu atrás do carro. O deputado Jura pegou o pacote de jornal e correu atrás do prefeito Bal. O ex-prefeito Dió não perdeu tempo e comentou: “veja a preocupação desses dois: um motor de carro. Eu não! Eu estou preocupado com o matadouro, é que esse matadouro de Ipirá não abata nenhuma cabeça de boi. Eu já vi que para isso não acontecer eu tenho que ser prefeito. Eu não quero não, mas do jeito como está acontecendo determinadas coisas eu acho que não tem outro jeito não!”

Suspense: e agora, esse matadouro vai ou não vai? Êta novelinha complicada e chata. Tem gente que já cansou dessa novelinha. Fica aquela coisa repetitiva. Eu não agüento mais escrever esse troço. Será que o prefeito Bal não vai ter o direito de continuar grudado na cadeira?

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

domingo, 25 de outubro de 2015

GRANDES EVENTOS, PEQUENAS SOLUÇÕES (3).


‘Ói nóis na área Marcelão, se derrubá é penalte!’ Vamos começar com um ponto de vista que chega a ser notório e consenso: a festa do interior é o São João. É o acontecimento maior e quando acontece uma arribação de gente da capital para o interior.

Os festejos juninos fazem com que haja uma migração massiva para o interior e as cidades interioranas que fizerem uma programação atrativa são invadidas, mas não vou focar no São João nesta postagem, o farei em outros artigos, em breve.

A pauta desta postagem é a abordagem de uma festa popular, o carnaval, e um festejo genérico, a micareta. No século passado, que não se distancia duas décadas ainda; duas festas populares, uma profana e outra misturada com a religiosidade, faziam a animação, a alegria e a festividade da população de Ipirá: o São João e o carnaval, ambos realizado no formato tradicional.

O carnaval em Ipirá era simples, mas participativo e era um bom carnaval na região. Realizado com batucadas, cordões, bandinhas de músicos, pequenos blocos de mascarados que saiam de casa em casa para tomar mé, as cantigas da moda e da dança eram as marchinhas, sendo que o ápice era o grande baile à noite. Tudo isso realizado a custo acessível a qualquer pessoa e ao poder público. O clima era de carnaval e a tônica era a alegria e a confraternização entre as pessoas. Era um festejo popular feito pelas pessoas por livre e espontânea vontade, com a participação das famílias, onde prevalecia a solidariedade, a interação, a espontaneidade e o congraçamento humano. Virou coisa do passado.

Quem jogou a pá de terra foi a jacuzada. Acabou o carnaval e veio a micareta. Venhamos e convenhamos, é necessário que se analise os acontecimentos. Neste período, era a fase inicial da incrementação do carnaval de Salvador em um enquadramento capitalista para que o espaço urbano fosse privatizado pela indústria de entretenimento e os investidores auferissem lucros estratosféricos. Assim foi feito.
 
O tripé (mídia; empresários de trios, blocos, camarotes e cervejaria; com o apoio do poder público) montou a estrutura de uma festa gigantesca, que aglomera mais de dois milhões de pessoas, num espaço que vai do Pelourinho à Ondina, e que vomita lucro em todo seu percurso e esta grande massificação humana perdeu a ingenuidade e a alegria natural, transformando-se numa aventura que pode ter o sabor de doce veneno para a alegria ou tristeza. Esse tsunami carnavalesco nesta fase de implantação e consolidação varreu e acabou todo o carnaval do interior.

Coube a jacuzada jogar a pá de terra no carnaval de Ipirá. O trio elétrico da capital era a bola da vez no espaço público. Fizeram a micareta, um carnaval fora de época. Morreu na terceira tentativa. Ipirá ficou sem micareta e sem carnaval. Botar trio na rua não é e nunca foi micareta. Micareta é clima.

Outro fator saliente nesta produção articulada em busca do lucro foi a transformação de cantores de trio em estrelas com um custo superfaturado, o que inviabiliza eventos grandiosos com superstar do axé para que o poder público banque sozinho essa dinheirama com um orçamento municipal apertado e comprometido com outras questões sociais necessárias e prioritárias.

As grandes micaretas são bancadas por foliões que pagam o bloco, que contrata a estrela a peso de ouro. Alagoinhas que tem uma micareta tradicional não teve condições de realizá-la este ano, devido ao custo elevado. Feira de Santana cambaleia nesta questão. Carnaval é feriado nacional, micareta não, isso faz com que se reduza drasticamente o turismo. E o poder público de Feira não tem condições e por que bancar sozinho um grande evento? Isso já demonstra muita coisa.

Na minha opinião, Ipirá tem mais campo para um carnaval do que para uma micareta, desde que, seja bem planejado, bem organizado e com uma ótima divulgação. O grandioso e gigantesco carnaval de Salvador não está conseguindo atropelar o carnaval de mascarados de Maragogipe que, com três meses antes, não deixa uma diária hoteleira disponível. São os espaços e oportunidades se oferecendo.

Marcelo Brandão, uma coisa é certa! Pelo menos nós dois temos a coragem de colocar nossas opiniões e propostas a respeito de Ipirá. Seria ótimo que outras pessoas assim o fizessem. De forma aberta, democraticamente, para o engrandecimento de Ipirá. E, também, aproveito a oportunidade para colocar esse blog como um espaço de exercício democrático à sua valiosa e importante participação, bastando para tal, um clique em comentários e a digitação de suas brilhantes opiniões. Uma Ipirá desenvolvida será fruto do debate livre, respeitoso e democrático e não da mudez conveniente.

domingo, 18 de outubro de 2015

"Incarca, Ipirá!"

 
Discussão política em Ipirá é travada no interesse público, privado, particular, pessoal, familiar, coletivo, grupal e ‘us cambal’: em qualquer esquina, rua, praça, botecos, bares, mentes e corações, a coisa se desenrola ladeira abaixo e acima.

Vamos começar pelos brilhantes analistas políticos que na atualidade e por ‘décadas e décadas’ passadas, ainda viventes e os que já passaram para a história, contribuíram e contribuem de forma significante para a consagração desse formato imprescindível de pensamento político: “EB tá com a gente!”, “o ‘vereador tal’ pulou para o nosso lado!”, “Fulano passou prá cá!”, “Beltrano pulou pra lá!”, “cicrano vai votá no nosso grupo!”; “a família de RR está com a gente e é uma família grande”, ”administração boa é da jacuzada”, ”administração ótima é da macacada”. E assim, Ipirá agradece pela grandiosa contribuição.

Como foi no passado, ainda hoje, ficam moendo e remoendo essas idéias profundas, analíticas, alvissareiras para a população. “Fulano passou pra o nosso grupo.” Não se desvinculam dessa esfera e especificação de pensamento. O que seria de Ipirá sem essa discussão tão necessária e pertinente?

Não podemos deixar de lado, enérgicos editorialistas da imprensa radialista que buscam a formatação de um corpo de idéias que desponta dos reclames populares em busca de reparos simples, essenciais e, talvez até, imprescindíveis à vida cotidiana: “tem um buraco aqui na rua tal que engole um menino”, “o lameiro aqui no bairro tá no meio da canela”, “a estrada do povoado tá pistiada de costela de vaca”, “no hospital não tem esparadrapo!”, “o ônibus escolar da linha tal carrega os estudantes em pé!”, “o esgoto ta correndo no meio da rua”. Desse jeito, Ipirá só tem a agradecer pela grande contribuição.

Como foi em passado recente, desde que surgiu o rádio neste município, essas idéias ficam em constante e permanente ebulição, sem querer sair da pauta cotidiana, sem se desgarrar da realidade viva, concreta, palpável do dia-a-dia, porque são rigorosamente negligenciadas. “A estrada do povoado tá pistiada de costela de vaca.” Ultimamente, essas reclamações pelas ondas radiofônicas se transformam em clamor popular como um meio de acelerar o êxito do atendimento dessas demandas, até mesmo, em configuração programática, para registro em papel.   O que seria de Ipirá sem essa discussão tão necessária e pertinente?

Não podemos deixar no esquecimento, enérgicos editorialistas da mídia virtual ‘bloguista’ que buscam elencar uma série de questões que impactam com a realidade estabelecida, que não quer deixar de ser uma realidade gritante e famigerada: “o desenvolvimento não está na mão estendida e pedinte”, “a saúde está estropiada”, “a educação carece de qualidade”, “a produtividade míngua na terra apilada”, “a produção econômica está mirrada”, “a sociedade esgota-se no assistencialismo viciante”, “a questão do trabalho e renda é a prioridade de ontem”. Ipirá tem a agradecer por esta tentativa de discussão.

Em passado recente, a ferramenta da NET veio apressar e acelerar em padrões inimagináveis essas informações para um debate mais veloz, pena não ser caudatário de um programa de metas com intuito de varrição. “A questão do trabalho e renda é a prioridade de ontem”. O que seria de Ipirá sem uma discussão que faça desdém da superficialidade.

Ipirá agradece! Qualquer néscio pode dizer: que o que escrevo está longe de um sentido verdadeiro. Não me aborreço com isso, muito pelo contrário, isso me aquece para o ato de escrever e, até prevejo que, em 2016, poderemos ter extrapolação de discussões efêmeras, com uma carga de debates no mais baixo nível, manchados por um ódio recíproco, com acalorada troca de farpas (jacu x macaco), com muito disse-me-disse, com debates menores e desvio de foco, alçando Ipirá... Para onde? Quem serão os beneficiados?

A baixaria em nada beneficiará o município, só servirá para atender aos interesses escusos dos escroques que estão imiscuídos na politicagem de Ipirá. Quando será superado este vazio agonizante? Será que Ipirá não está incomodada com essa sensação de orfandade e abandono completo? Não é necessário que cheguemos a uma penosa constatação de que o pior ainda está por vir, embora digam que gostam de Ipirá!

sábado, 10 de outubro de 2015

É DE ROSCA. (14)


É DE ROSCA. (14)
Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 14 (mês de julho 2015)(atraso de 2 meses) (um por mês)

Tudo fazia crer que haveria a morte de um boi no Matadouro de Ipirá. O ex-prefeito Dió resolveu agir imediatamente e falou energicamente:

- Não, não vai não! – e continuou falando – ô sujeito que escreve o blog! Pare a filmagem dessa novelinha esculhambada agora mesmo, neste exato momento, com esse boi caindo lá de cima, enquanto eu vou providenciar uma rede do Corpo de Bombeiros para aparar esse boi e não acontecer o abate de nenhum bovino nesse lugar sagrado.

Parou a filmagem: o guindaste fabricado pela firma holandesa Mammoet Bliebhen, com duas letras enormes MB, mordendo dois dedos do macaco, que esperneava barbaridade e um boi caindo, parado no ar, na metade do caminho da descida. Enquanto o ex-prefeito Dió foi a Feira de Santana e, duas horas depois, retornou com uma rede, abrindo-a para amparar a queda do boi. O ex-prefeito Dió foi dizendo:

- Sujeito que escreve a novelinha do blog pode continuar a filmagem.

- Pronto, la vou eu, ex-prefeito Dió! – escreveu o sujeito que escreve o blog.

O boi voltou a cair e havia uma rede esticada para salvá-lo. O macaco preso nos dentes do guindaste, com duas letras MB, esperneava cada vez mais desesperado, até que conseguiu se soltar da dentada e desceu em queda-livre; ao passar pela altura da cintura do guindaste com duas letras MB, o macaco enfiou o dedo e um observador da platéia não perdeu o detalhe e comentou:

- Êta qui o macaco infiou o dedo no furico do guindaste da firma Mam...,eu não sei dizer esse nome não; eu falo é como sei, êta qui o macaco infiou o dedo no furico do guindaste MB.

Ao receber a dedada do macaco, o guindaste fabricado pela Mammoet Bliedhen, com duas letras enormes MB, perdeu o rebolado, se desconjuntou todo, foi desmanchando-se e desabando lá de cima. Agora a situação era a seguinte: ia caindo um boi, logo atrás, um macaco e, por último, um guindaste MB. O ex-prefeito Dió foi direcionando a coisa:

- Salvem o boi e deixem espatifar no chão, o macaco e esse guindaste MB todo torto e espedaçado por cima que o IBAMA não vai criar nenhum problema por causa desses dois.

Aí o prefeito Bal fez uma observação:

- Vamos aproveitar essa carne de macaco e inaugurar esse Matadouro de Ipirá.

- Com carne de macaco? Que mau gosto é esse, prefeito Bal! Tem doze anos que a população só come essa carne rançosa de macaco, você acha que o povo daqui vai ficar o tempo todo só engolindo macaco? Um dia esse bicho vai enjoar – disse o ex-prefeito Dió.

- E o guindaste MB, a gente vai mandar para o ferro-velho? – indagou o prefeito Bal.

- Esse você pode deixar comigo! – Disse o ex-prefeito Dió, que pegou o celular e telefonou para o seu amigo governador De Costa e disse retado da vida:

- Meu amigo, governador De Costa! Para Ipirá, V. Exa. só manda porcaria, leve seu guindaste MB de volta, que isso não serve para tirar prefeito colado na cadeira.

Aí, o governador De Costa, assustado com aquelas palavras contundentes do seu grande liderado, retrucou de forma mansa e cautelosa para não colocar mais pimenta no vatapá:

- Que é isso minha grande e maior liderança dessa terra aí. Meu querido, ex-prefeito Dió! Deixe de ingratidão homem de Deus, vocês aí ganharam uma universidade; um SAMU; uma UTI; 200 km de asfalto nas ruas da cidade; um saneamento urbano de 42 milhões que não vai sair por menos de 84 milhões; uma UPA em três funcionando plenamente; uma fábrica de carro elétrico que acabou o desemprego de vocês; um bocado de creche fechada; uma escola do SENAI; uma escola técnica do IF Baiano; a iluminação da entrada da cidade; três grandes barragens para os rios Paulista, Peixe e riachos; os refletores do estádio; um laticínio de leite; uma construtora de estrada com tanta patrol; uma companhia de polícia sem viatura; um matadouro do bom e do melhor; tanta Quadra Poliesportiva que o próximo craque da seleção vai ser daí; não esquecendo,  um aeroporto pedido na campanha. Vamos parar por aqui, é tanta obra que eu vou precisar de uns dez blogs para conseguir relatar tudo que eu fiz pela terra de vocês e ainda tem gente que reclama.

A ligação do celular caiu, (ainda bem, como era que eu ia escrever tanta obra). O prefeito Bal indagou:

- Onde é que tá tanta obra que eu não enxergo?

- É melhor não perguntar nada e deixar como está, sem inaugurar esse matadouro. Esse é o jeito fictício do PT administrar - disse o ex-prefeito Dió.

Suspense: e agora, esse matadouro vai ou não vai? E agora Ipirá? Será que agora o elefante branco vai ter serventia? Êta novelinha complicada. Será que o prefeito Bal não vai ter o direito de continuar grudado na cadeira?

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

domingo, 4 de outubro de 2015

GRANDES EVENTOS, PEQUENAS SOLUÇÕES (2)


Agora, é nóis, Marcelão! Pense numa mega exposição! A de Ipirá? “Oxente, home dessa ‘Luz só pode ser você’, qolé de Ipirá, queta com isso!”  Eu to relembrando a Bahia Farm Show 2015, que movimentou 1 bilhão de reais em volume de negócios, estiveram presentes 210 expositores de novidades tecnológicas, com as maiores empresas de máquinas, implementos, insumos, aviação e serviços. Foram vendidos 5 aviões e é considerada a maior feira de tecnologia agrícola de negócios do Norte/Nordeste do Brasil. O número de visitantes ficou em torno de 63 mil pessoas. Êta, Mimoso do Oeste ‘virada do nove novecentos’. Ipirá ainda é ‘zero novecentos’, pelo menos não tem calorias.

Vem mais exposição: essa tem mais de mil animais campeões e mais de três mil animais inscritos de várias partes do país, são os melhores exemplares da pecuária nacional. O número de visitantes fica em torno de 350 mil pessoas. “Êta, festa do bode que levanta a guia de Ipirá!” Segura a onda, gente fina! Isso aí é a Expozebu, em Uberaba, a maior feira de pecuária brasileira e terceira do mundo.

Coisa de peso em Ipirá é pintura de meio-fio, embora seja irrelevante. Eis a questão, Ipirá não tem condição de sonhar com esse tipo de exposição de mega negócio, nossa realidade é outra, completamente distinta. Ipirá tem mais de 6.800 propriedades rurais, sendo que, a grande maioria é pequena propriedade com característica de agricultura familiar e encravada no semi-árido. Nós sofremos e estamos numa indubitável baixa produtividade nesse sistema produtivo rural e isso é, sem dúvida, o gargalo que atravanca Ipirá em todos os sentidos.

Uma exposição luxuosa não atinge esse público real e não potencializa o município nos parâmetros necessários. Qualquer exposição festiva a nível regional, para termos dez mil visitantes, não é o calibre certo e na medida exata dentro do contexto da nossa realidade. É aquele negócio: “mas tinha gente!” Sim, e daí?

Uma festa anual não cheira e nem fede, pois a necessidade de Ipirá é semanal. A prioridade de Ipirá é essa feira de animais nos dias de quarta-feira, no Parque de Exposição, que por incrível que pareça, nem mesmo uma simples contagem de entrada e saída de animais para se ter uma noção clara de como está a movimentação, foi e é feita.

Tem mais! A situação de Ipirá é preocupante, porque é um problema estrutural, de organização da produção e viabilidade econômica. Não adianta pensar nas nuvens, temos que ter um projeto para implementar o desenvolvimento sustentável do município. Uma coisa eu não tenho dúvida. A política do grupismo (jacu/macaco) em Ipirá fracassou e está ultrapassada, é coisa de aproveitadores. Não é nada não! Luis Eduardo e Uberaba estão a mais de mil quilômetros na frente de Ipirá.