sexta-feira, 13 de setembro de 2019

É DE ROSCA. (47)


Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a do prefeito Marcelão.
Capítulo 47 (mês de abril 2018)(atraso de um ano e 5 meses) (um por mês)

O prefeito Marcelão estava vivendo seu momento de maior euforia: não era devido à realização de uma micareta, mas pela alta performance alcançada no sistema de saúde do município. Estava muito alegre e satisfeito. Encontrava-se postado em frente ao hospital municipal, admirando-o. Quem aparece? Justamente, quem você está imaginando: o matadouro local.

- Foi bom você aparecer, seu Matadouro! Vossa Pessoa é sempre bem-vinda. Como está sua saúde? – indagou o prefeito Marcelão.

- Está ótima. Não tenho nenhum problema, nem preciso de atendimento médico – respondeu o Matadouro.

- Isso é o que Vossa Pessoa imagina. Olhando, bem olhado, para Vossa Pessoa, dá para percebermos claramente que Vossa Pessoa está desbotado, fraco e anêmico; dá para notar que está faltando-lhe sangue de todos os tipos e que o caso de Vossa Pessoa é gravíssimo. Vamos ter de interná-lo agora para fazer uma cirurgia com urgência e emergência em nosso hospital local – argumentou o prefeito Marcelão, que estava preocupado com a situação do Matadouro.

- Qolé, prefeito Marcelão! Que onda é essa? V. Exa. tá tirando com minha cara. Se eu estou sem sangue é porque nunca mataram nem um bezerro no matadouro daqui e não é culpa minha. Pelo que mim consta, V. Exa. é advogado e não médico – argumentou o Matadouro.

- Pela sua conversa dá para percebermos claramente que V. Pessoa está variando, sente aqui na calçada que eu vou providenciar uma maca para levá-lo para o Centro de Cirurgia – disse o prefeito Marcelão.

O Matadouro deu um pinote, esbravejou e gritou chamando a atenção de toda a cidade:

- EU SÓ SAIO DAQUI DE SAMU. Chame uma ambulância do SAMU, porque de maca eu não vou nem com uma peixeira no pescoço.

Ao ouvir aquela palavra referindo-se ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o prefeito Marcelão sofreu um catiripapo e caiu duro. O Matadouro carregou o prefeito Marcelão nos braços e adentrou no hospital local.

O paciente foi avaliado com uma precisão meticulosa e seu quadro era gravíssimo, com precários sinais vitais; os batimentos cardíacos diminuíram; a pressão caiu; a temperatura baixou; o açúcar subiu; o suor aumentou; a tremedeira tomou conta de todo o corpo e ouviu-se o parecer médico, mesclado com o veredicto de uma sentença jurídica: “todo problema do prefeito Marcelão está na cabeça. Vai ter que descer agora e não vai chegar vivo no contorno do Bravo”.

A cidade entrou em comoção: “Coitado do prefeito Marcelão! O homem vai descer o quebra-mola de Paraíba” dizia um; “Vixe, Mãe de Deus! O prefeito Marcelão não vai ter nem tempo de pensar num segundo mandato” dizia outro; “Oxente, homem! Vê lá se lá isso é problema pra quem governa com a cabeça nas nuvens e vai governar do céu” concluía alguém.  

O Matadouro, com uma agilidade nunca vista, tomou todas as providências e um helicóptero com UTI levou o prefeito Marcelão para a capital, onde era aguardado por uma equipe dos melhores cirurgiões do Estado: Dr. Paulo, Dr. Érico, Dr. Fernando, Dr. Pedro, Dr. Antônio e equipe, que estavam aguardando no Centro Cirúrgico do Hospital Ali, o mais equipado e sofisticado da cidade para serviços médicos de alta complexidade.

Exames feitos, observados e analisados, sem nenhum indício para um diagnóstico preciso. O quadro vital permanecia precário, com pequeníssimas chances de sobrevivência. O Matadouro, com muita precisão, tomou todas as medidas para a transferência do prefeito Marcelão para São Paulo.

Um Boeing 737, com Centro Cirúrgico, levou o prefeito Marcelão para aquele hospital SL que tem atendimento de Primeiro Mundo com preferência, prioridade e exclusividade para os políticos brasileiros. Uma equipe médica, com supervisão de um médico norte-americano em vídeo conferência, avaliou o quadro clínico do paciente e nada. Foi o caso mais complicado e complexo já visto na história da medicina.

Os médicos não chegavam a uma conclusão do diagnóstico da doença do prefeito Marcelão. Nem um indício e nenhum parecer. Sabiam que era um problema de cabeça e que aquela situação estava caminhando para os acréscimos de um jogo dramático. Passava dos 45 minutos do segundo tempo e com cinco minutos de acréscimos, já estava nos 49 e meio. Os médicos começaram a tirar as luvas, as máscaras respiratórias e balançavam a cabeça em sinal de desistência e cansaço. O Matadouro observava pelo visor do Centro Cirúrgico e fez uma sugestão para uma enfermeira:

- O problema dele é na cabeça, por que não faz o teste do pezinho nele?

Para quem está perdido, todo mato é caminho. A enfermeira pegou uma agulha e enfiou na cabeça do dedão do pé do prefeito Marcelão, que gritou “uai!” Os médicos viraram e se aproximaram do paciente, que piscou um olho e foi dizendo:

- Eu só queria saber como está o atendimento à saúde no Brasil, para não ter que pagar um Plano de Saúde Internacional com atendimento na Europa.  

Suspense: Veja que situação: a novelinha tá de correria, quer chegar ao mês de janeiro 20 sem nenhum capítulo em atraso. Um matadouro querendo ser obra e um prefeito querendo não ter problema! Onde vai parar uma desgraça dessa? O que é que eu tenho a ver com o desentendimento do prefeito Marcelão com o matadouro?

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. ‘Inaugurou! Acabou na hora, imediatamente!’ Agora, o artista é o prefeito Marcelão, que foi grande divulgador da novelinha É de ROSCA pela FM.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

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