terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

É DE ROSCA. (54)


Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Querendo imitar Malhação, que não acaba nunca, sempre criando uma fase nova, agora é a do prefeito Marcelão.
Capítulo 54 (mês de novembro 2018)(atraso de um ano e 3 meses) (um por mês)

O prefeito Marcelão estava em seu gabinete no paço municipal, quando sentiu um empurrão na porta e observou que o Matadouro de Ipirá já estava diante de sua mesa, bufando que nem um jegue, espumando pela boca e provocando uma tensão explosiva e inesperada para aquele momento:

- Prefeito Marcelão! Vamos resolver nosso problema agora mesmo.

- Seu Matadouro de Ipirá! Aguarde um pouco, nós vamos conversar de forma civilizada; neste momento, estou assistindo uma reportagem, no noticiário televisivo matutino e vai acontecer uma entrevista de grande interesse para a humanidade, assim que terminar, eu converso com Vossa Pessoa, sente-se aí na poltrona – disse o prefeito, que pensou “logo agora, essa mala veio aparecer”.

No noticiário da televisão, o repórter pergunta:
- Seu Coronavírus! Qual é a cidade que o senhor gostaria de visitar, morar e ser feliz?

- Meu sonho é morar em Ypy-rá, uma cidade do sertão baiano, no Brazzil.

O prefeito Marcelão tomou um susto, mas não perdeu o rebolado:
- Venha, seu Coronavírus, venha que você vai ver o que é bom prá tosse! Já estou tomando minhas providências. Aqui, em minha cidade você não entra, aqui você vai ter pela frente uma UPA, um hospital e duas ambulâncias do SAMU. Aqui não tem prá ninguém da sua laia. Vou triplicar os salários dos médicos jacus e vou diminuir os salários dos médicos macacos. Aqui, em minha cidade, ninguém tem medo de você e para você ver que aqui não tem boca pra você, eu vou diminuir de dois para um o número de plantonistas na saúde do município; para você ver que ninguém aqui tem medo de você, eu vou aumentar o desconto no salário das enfermeiras...

Foi interrompido pelo Matadouro de Ipirá, que fez dois questionamentos:
- Prefeito Marcelão! Como é que V. Exa. faz descontos nos salários dos trabalhadores de enfermagem? Como é que V. Exa., vai enfrentar esse tal de Coronavírus, que eu nunca vi mais gordo, com esses equipamentos de saúde que não dá conta de quem precisa na cidade, quando a China construiu um hospital em dez dias?

- Ora, seu Matadouro! Grande coisa! Se eles construíram um hospital em dez dias, eu vou construir dez hospitais em um dia, vou mandar tocar foguete para assinar essa obra. O desconto no salário dos trabalhadores de enfermagem é por livre e espontânea vontade dos trabalhadores e serve para a caixinha da nossa campanha passada e presente. Eles sabem que eu sou a garantia do emprego deles, por isso eles contribuem de bom grado. Desliga essa televisão aí, chega de notícia desse trem ruim.

- Em, prefeito Marcelão! Nesse ano de 2020, V. Exa., só tem pedreira pela frente; V. Exa. prefere Dydudy ou Dinina?        

- Ora, ora, seu Matadouro de Ipirá! Esse Dydudy é mole-mole, é facim-facim, mande uma dúzia de doze desse Dydudy e eu toro no meio. Vou dizer aqui e pode anotar aí: se eu perder para esse Dydudy nessa terra, aqui eu não moro, vou morar em Portugal. Quanto a Dinina, ela não é candidata nem a vereadora, quem dirá a prefeita; nesse grupo dos macacos, quem aponta o candidato com o dedo é o ex-prefeito Dió, que já disse que o dele é Dydudy e o deputado Jura, que não quer perder a votação para deputado engole sem engasgar o que o ex-prefeito Dió coloca na sua garganta. Na última eleição eu derrotei todos eles e vou derrotá-los novamente. Eu não tenho medo nem do raio da silibrina.

- Mas, prefeito Marcelão! A macacada tá achando que vai ser sopa no mel, que V. Exa. perde para qualquer um, que pode ser Dydudy ou Dinina e V. Exa. vai sobrá na buraqueira.

- Seu Matadouro de Ipirá! Vossa Pessoa tá parecendo menino, quando eu era liso eu derrotei essa gente e agora que eu estou com o cofre no bolso, eu vou perder para quem? Vou lhe dizer uma coisa e anote aí: é mais fácil Dinina ser candidata a prefeita pelo grupo da jacuzada do que por eles lá. Isso é política e política é assim. Agora, vamos encerrar essa conversa porque eu vou olhar as novidades do zap zap.

O prefeito Marcelão tomou aquele susto e perdeu a respiração, mas perguntou em voz alta:
- Quem é esse doutor Tiagão, que disse que eu não sou ninguém? Ele vai ver agora, quem é o prefeito Marcelão. Aqui, em minha cidade, ele não trabalha mais e ele vai ser transferido para Wuhan na China sem direito a quarentena e só vai ter passagem de ida. Tá resolvido, comigo é prego batido e ponta virada e acabou. Vamos ouvir outro áudio.     

O Matadouro de Ipirá focou suas vistas na fisionomia do prefeito Marcelão, na medida em que o prefeito ouvia o áudio: “Eu estou voltando para Ipirá, mim aguardem aí!” O prefeito Marcelão perdeu a cor, deu aquele pinote e caiu embaixo da sua mesa. O Matadouro de Ipirá correu em sua direção e indagou:
- O que está acontecendo prefeito Marcelão?

- Eu estou procurando minha marreta, que eu guardei aqui, mas não estou encontrando. Eu vou te levar até sua casa e lá conversaremos.

Quando chegou em frente à fábrica de calçados o prefeito pisou pisando no freio e cantou os pneus no asfalto e foi dizendo:
- Olha lá na cerca da fábrica!

- É uma coruja que mora aí na área da fabrica e fica constantemente na cerca, prefeito Marcelão!

O prefeito Marcelão engatou a ré e disparou, fez a curva do hospital com 120 km no velocímetro; a curva do cemitério marcava 180 km; e quando entrou em casa a marcação era de 200 km por hora, tudo isso dirigindo de ré. Saltou do carro e correu para o seu quarto, com o Matadouro de Ipirá na sua cola. O prefeito Marcelão emburacou embaixo da cama.

- Prefeito Marcelão! Era só uma coruja e V. Exa. ficou com esse medo todo?

- Onde tem uma coruja tem sempre um corujão e aí é que está o problema.

- Prefeito Marcelão! V. Exa. tem que governar a cidade; não venha dizer ao povo desta terra, que vai terminar o seu mandato debaixo dessa cama.  

Suspense: Veja que situação: a novelinha tá de correria, querendo chegar ao mês de março 20 sem nenhum capítulo em atraso. Um matadouro querendo ser obra e um prefeito querendo não ter problema! Onde vai parar uma desgraça dessa? O que é que eu tenho a ver com o desentendimento do prefeito Marcelão com o matadouro?

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. ‘Inaugurou! Acabou na hora, imediatamente!’ Agora, o artista é o prefeito Marcelão, que foi grande divulgador da novelinha É de ROSCA pela FM.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

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