Em entrevista o presidente
Bolsonaro disse: “O vírus é igual a uma chuva. Ela
vem e você vai se molhar, mas não vai morrer afogado.”
Chuva no Sertão é uma
bênção. Chuva na caatinga é uma lavagem na alma deste povo. A meninada da
cidade desafiava raios e trovões, corria para as praças e ruas, saltitante e
esfuziante, em busca dos pingos de um chuveiro gigantesco; a água deslizava
pela pele. Fazia-se barragem de terra, junto à calçada, para acumular água e
resistir à correnteza. Ninguém era engenheiro, mas a peraltice da meninada
segurava a água com dois palmos de altura e fazia um rabicho enorme, quando
estourava, era uma fuzarca.
A chuva expressa a
substância maior dessa localidade seca e árida. Se existe uma coisa que o
catingueiro conhece de cor e salteado, essa coisa é a chuva. A nossa gente sabe
o bem que ela faz. A meninada daquele tempo, tomando o seu banho na chuva,
tirava todo o lodo do corpo; a rabugem ia embora, a lama saia, o sujo escorria
e o que emporcalhava o corpo era tirado. O menino ficava leve e limpo, podia
levar um mês sem tomar banho, que não fazia diferença e não havia necessidade.
Neste exato momento, o
asfalto está passando na frente de minha residência. Não tem mais barro e terra
para conter a correnteza. Neste exato momento, esta nossa cidade, como o mundo,
está em sinal de alerta. Estamos vivendo uma chuva de vírus, que ninguém vê,
não sabe de onde vem, mas quando sente é um problema que vai levar a pessoa à
morte e vai morrer como morre uma pessoa afogada, no desespero de quem procura
respirar e está sufocado.
O número de casos confirmados
no mundo superou a marca de 1 milhão de pessoas. O total de mortos pelo novo
coronavírus passou dos 50 mil. O coronavírus está acelerado: em 2 de março, o
mundo registrava 92 mil casos; em 31 dias saltou para 1 milhão, quase 1.ooo%.
Isso é assustador.
Nos Estados Unidos, até
hoje, são 244.000 casos, com 5.926 mortes. Isso, por causa da quarentena. A
projeção da Casa Branca é de 100 mil a 240 mil mortes nos EUA, mesmo com as
regras de distanciamento social sendo obedecidas. Se não tivesse o isolamento
social o casqueiro seria de 1 milhão a 2 milhões e meio de mortos. É a palavra
da ciência.
O presidente Trump já
avisou que os americanos estejam preparados para dias difíceis. A grande
carência de máscaras no mundo, um dos produtos essenciais para evitar a
propagação do coronavírus, está provocando um pripocó dos infernos, porque os
Estados Unidos comprou toda a produção de máscaras da China e pagaram o triplo
do preço por um pedido feito pela França. Com os EUA é na base do‘farinha
pouca, meu pirão primeiro e o resto que se lasque.’
A população tem colaborado
com a proposta sistemática e necessária do isolamento social, sem resistência
social, mas tem muita gente nas ruas de Ipirá, criando uma aglomeração
indevida. Esse é um grande problema.
O prefeito Marcelo Brandão
tem tomado as devidas providências, mas o prefeito sozinho é pouco e pequeno
para o tamanho do problema. E o prefeito Marcelo Brandão tem uma vaidade
poderosa e ele fala muito e não deixa de cantar ‘Exagerado’ de
Cazuza. “Eu sou mesmo exagerado.” Ele acha que tem condições
de enfrentar esse problema com semi-UTI no hospital de Ipirá. Não tem, pode
preparar o caixão e a vela. Ele quer ser o rei da cocada branca e a gravidade desta
situação poderá amargar a vida do povo de Ipirá.
Quero fazer um apelo
necessário e fundamental nesse momento de extrema complexidade aos dois líderes
da jacuzada e macacada, todos dois são médicos, Dr. Luiz Carlos Martins e Dr.
Antônio Colonnezi. A população espera e chegou o momento de um pronunciamento
dos dois grandes médicos e políticos sobre a saúde de Ipirá, para orientar e tranqüilizar
a nossa população.
Tem muita gente, do nosso
povo, que dá uma importância elevada às recomendações dos senhores, então, a
nossa população está em busca de um conselho de uma pessoa da sua confiança. A
omissão seria imperdoável e significaria dar as costas a nossa população num
momento de grande incerteza.
Quero fazer um apelo de
extrema importância à Dra. Ana Verena (que foi prefeita por 15 dias) e ao Dr. Maurício
Brandão (que foi candidato a prefeito), que substanciado na capacidade,
respeito e reconhecimento profissional, além do mais, no conceito elevado que ambos nutrem junto à população ipiraense,
que passem uma mensagem informativa ao nosso povo, que será de grande
relevância pela credibilidade, dedicação e conhecimento, na área da medicina,
da Dra. Ana e do Dr. Maurício. A população
aguarda e haverá de reconhecer e prezar por essa consideração.
Quero fazer um apelo
indispensável a dois ipiraenses de renomado gabarito: Dr. Jolival Soares e Dr.
René Saint Clair. O povo de Ipirá tem interesse e necessidade de escutar um
comentário e uma orientação sobre esse momento de crise do coronavírus. O Dr.
Jolival e o Dr. René são bioquímicos conceituados, de um valor profissional inquestionável
e com méritos para informarem ao povo de Ipirá um caminho seguro para a preservação
da vida.
A mídia televisiva traz
todas as informações, mas é fria e distante. A palavra dessas pessoas tem a
marca da confiabilidade e da amizade. As redes sociais é um caminho aberto e
viável para toda a população. Um vídeo
feito em casa tem uma penetração muito grande.
A pressão econômica é
forte, até partindo do presidente Bolsonaro e indo de encontro ao cogitado pelo
Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que defende tecnicamente o isolamento
social. Em Ipirá começa a ser esboçado a idéia de que o prefeito MB não
conseguindo frear a feira livre, tem que liberar geral o comércio.
Aí a vaca vai tossir até
ficar rouca. Seria a idéia do “efeito manada” a busca da imunidade das
pessoas através do contato aberto e do movimento assimétrico, deixando no
isolamento o grupo de risco. Seria uma
carnificina. Tirar o povo da rua e gradualmente ir afrouxando a corda seria uma
forma de contenção a ser praticada com êxito. Seria o risco calculado..
Ipirá não agüenta uma
porrada desse patamar, essa é a grande verdade. Com cinco respiradores e com o
assistencialismo da medicina dos vereadores sem nenhuma serventia, as palavras
do cemitério soam de forma serena e como um bom conselho para o povo de Ipirá.
É assim que se fica distante da morte contaminada em Ipirá. Que não aconteça
nenhum caso. Depende de nós.
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