sábado, 25 de dezembro de 2021

O MERCADO DE DOIS MILHÕES

Uma solenidade montada numa profusão de fogos. Um foguetório monumental. Parecia algo singular, uma coisa do outro mundo. Um senador foi convocado à praça pública. Não poderia ser qualquer coisa!

 

Como é e o que justifica que um senador da República seja mobilizado para a assinatura de uma Ordem de Serviço em Ipirá? Uma ordem de serviço para um telhado. Um telhado e um piso, que dentro de quatro paredes formarão um Mercado de Artes.

 

Trata-se do prédio mais representativo, marco da construção arquitetônica da cidade de Ipirá, com um viés histórico de grande importância para o nosso município, juntamente com o prédio da Escola Góes Calmon. Antes de virar um prédio voltado para as artes era um mercado municipal de caráter geral. Feito com recursos próprios.

 

É necessário que o povo de Ipirá pare e pense! Uma obra (Mercado Municipal) feita com dinheiro da prefeitura, na década de 50, do século passado, na gestão do prefeito José Leão dos Santos. Nos dias atuais, a prefeitura de Ipirá não tem condições financeiras de fazer o telhado deste mercado sem ajuda externa. Procure entender o porque disso.

 

Em 2015, o mercado pegou fogo e destruiu o telhado. Quando o ex-prefeito Marcelo Brandão assumiu a prefeitura, com apenas um mercado para recuperar, resolveu fazer a praça.

 

É necessário que o povo de Ipirá pare e pense! Se o ex-prefeito Marcelo Brandão, com sua mania de grandeza, tomou a iniciativa de fazer a Praça do Mercado é porque havia recursos financeiros para tal. Não fez a praça, nem o mercado.

 

Duas questões: se a obra foi iniciada, naturalmente, havia um projeto e recursos e se a obra não foi concluída, resta uma indagação: onde foi parar o projeto e os recursos? A questão foi levantada pela turma da solenidade da seguinte forma: “eles tiveram quatro anos e não fizeram o Mercado de Artes e nós vamos fazer!”

 

Agora, para fazer o telhado, o piso e o reforço das paredes do mercado necessário se faz novos recursos públicos na ordem de quase dois milhões de reais: seiscentos mil da prefeitura e um milhão e quatrocentos mil reais em Emenda Parlamentar. Novamente, inicia-se a obra do Mercado de Artes.

 

A festa do foguetório foi na partida da obra. O prefeito Dudy fez uma projeção de sete meses para o seu término e inauguração, embora tenha falado em segunda parcela (vai ter aditivo?).

 

Uma obra para ser uma xérox do que foi no governo do ex-prefeito Dió, a mesmice anterior, sem novidades. Basta verificar as palavras do atual prefeito: “este mercado tem uma simbologia muito grande para mim, que era um pequeno empresário de uma barraca de fumo; a assinatura da Ordem de Serviço tem um impacto na questão cultural e da renda.”

 

O Poder Municipal reconhece que era um patrimônio onde dezenas de famílias tiravam o seu sustento e o fogo consumiu. Mesmo com esse reconhecimento, o Poder Municipal não indenizou essas pessoas.

 

Uma obra para sustentar e dá suporte à cultura local, que foi contagiado pela degradação, pelas drogas, alienação e baixo nível das vendas, tornando-o um projeto bastante questionável. Que o diga os artesãos.

 

O prefeito Dudy foi buscar um presente natalino para Ipirá junto ao governo do Estado: uma ambulância e uma viatura policial. É impressionante como o município de Ipirá vive de migalhas! Os políticos de Ipirá sonham grande para se contentarem com quase nada.

 

Eu fico imaginando: “se fosse uma obra com a envergadura da ponte no rio São Francisco, que liga Xique-Xique à Barra, seria um ano de festa, com uma tonelada de foguetório!” É necessário que a população de Ipirá preste bem atenção ao que acontece diante de seu nariz: uma solenidade em alto estilo, para uma simples assinatura.

 

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