domingo, 1 de setembro de 2013

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?



Costumo escrever e postar um artigo por semana. Esse blog é alimentado desta forma, isso evita uma ansiedade demasiada de minha pessoa e, também, dos benevolentes leitores e acompanhantes destes artigos, a quem agradeço do fundo do coração, por se disporem a ler os meus simplórios escritos. Hoje vou fazer mais duas postagens, completando três na semana e fugindo do costumeiro.

Por acaso, esta semana, convidado por um amigo que me disse: “vamos entrar aqui.” Terminei presenciando um velório. O doente agonizava em seu gigantismo e em berço esplêndido, via o fim que se aproximava lentamente e de forma irrevogável. Alguns filhos estavam em estado de choque ou medo diante desta situação imprevisível, mas faziam uma conversação séria que se destinava a desfazer desentendimentos.

O moribundo tem mais de 160 filhos; alguns já se foram; outros, já o esqueceram e nem querem saber se ele está vivo ou se já foi para o beleléu. Naquele momento, havia alguns poucos que buscavam, pelo sim e pelo não, interromper, retardar ou abreviar aquela agonia. O ponto central para o qual converge as atenções é o espólio a ser movimentado. Aquele moribundo tem um cabedal de 3 milhões de reais.

Seus irmãos já se foram: o Clube Português, o Baiano, o Fantoche, o Feira Tênis Clube, o Cajueiro e outros familiares já deixaram esse mundo ou estão amargando o primor do abandono que os filhos resolveram promover para seus mais chegados. São os tempos de aparências e fugidios que abreviam e abortam o que é habitual.

O moribundo nasceu em meio à solidariedade, para comungar com os pontos de vista e o estado de espírito de muitos. Havia demonstrações de convívio com camaradagem, amizade ou familiaridade a festejar irmandade com o outro. Era um congregar fraternalmente.

Os alicerces foram montados e a vida estabelecida. Alegremente estabelecida. Alegria que já não suporta os novos tempos que são eminentemente devastadores. O moribundo está com a vela na mão. O advogado Marcelo Brandão tenta um colóquio na tentativa de adiar a cessação completa e definitiva.

O tempo traz a degradação e o epílogo. O capitalismo arremata a sua pá de cal sobre as instituições, que sucumbem perante os interesses que proporcionam lucro. Foram-se os cinemas, os bares com sinucas, os clubes de futebol amadores, os clubes sociais. Estabelecem-se os interesses individualizados, consumistas e mercadológicos. Criaram-se as produções grandiosas e massivas com bandas caríssimas e plantadas no marketing. O moribundo não está resistindo a isso. Quer perecer.

A sobrevivência do moribundo é muito mais uma questão de resistência. Do jeito que está e vai é morte certa. A resistência é uma questão de definir de forma clara o porque continuar vivo. Redefinir normas estatutárias. Definir metas e objetivos. Transparência nas ações. Demarcação de ações festivas e no campo social que incrementem vigor e fortalecimento do corpo social. Em duas palavras, mudar a cara.

Espero que o CLUBE CABORONGA de Ipirá se restabeleça; o CLUBE CABORONGA é um patrimônio da cidade de Ipirá, não seria nada agradável ouvir o carro de som anunciando uma nota de falecimento, determinando o dia e a hora do féretro. Que seus filhos-associados o livrem dessa má hora.

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