Costumo
escrever e postar um artigo por semana. Esse blog é alimentado desta forma,
isso evita uma ansiedade demasiada de minha pessoa e, também, dos benevolentes
leitores e acompanhantes destes artigos, a quem agradeço do fundo do coração,
por se disporem a ler os meus simplórios escritos. Hoje vou fazer mais duas
postagens, completando três na semana e fugindo do costumeiro.
Por
acaso, esta semana, convidado por um amigo que me disse: “vamos entrar aqui.” Terminei
presenciando um velório. O doente agonizava em seu gigantismo e em berço
esplêndido, via o fim que se aproximava lentamente e de forma irrevogável.
Alguns filhos estavam em estado de choque ou medo diante desta situação
imprevisível, mas faziam uma conversação séria que se destinava a desfazer
desentendimentos.
O
moribundo tem mais de 160 filhos; alguns já se foram; outros, já o esqueceram e
nem querem saber se ele está vivo ou se já foi para o beleléu. Naquele momento,
havia alguns poucos que buscavam, pelo sim e pelo não, interromper, retardar ou
abreviar aquela agonia. O ponto central para o qual converge as atenções é o
espólio a ser movimentado. Aquele moribundo tem um cabedal de 3 milhões de
reais.
Seus
irmãos já se foram: o Clube Português, o Baiano, o Fantoche, o Feira Tênis
Clube, o Cajueiro e outros familiares já deixaram esse mundo ou estão amargando
o primor do abandono que os filhos resolveram promover para seus mais chegados.
São os tempos de aparências e fugidios que abreviam e abortam o que é habitual.
O
moribundo nasceu em meio à solidariedade, para comungar com os pontos de vista
e o estado de espírito de muitos. Havia demonstrações de convívio com
camaradagem, amizade ou familiaridade a festejar irmandade com o outro. Era um
congregar fraternalmente.
Os
alicerces foram montados e a vida estabelecida. Alegremente estabelecida.
Alegria que já não suporta os novos tempos que são eminentemente devastadores.
O moribundo está com a vela na mão. O advogado Marcelo Brandão tenta um
colóquio na tentativa de adiar a cessação completa e definitiva.
O
tempo traz a degradação e o epílogo. O capitalismo arremata a sua pá de cal
sobre as instituições, que sucumbem perante os interesses que proporcionam
lucro. Foram-se os cinemas, os bares com sinucas, os clubes de futebol
amadores, os clubes sociais. Estabelecem-se os interesses individualizados,
consumistas e mercadológicos. Criaram-se as produções grandiosas e massivas com
bandas caríssimas e plantadas no marketing. O moribundo não está resistindo a
isso. Quer perecer.
A
sobrevivência do moribundo é muito mais uma questão de resistência. Do jeito
que está e vai é morte certa. A resistência é uma questão de definir de forma
clara o porque continuar vivo. Redefinir normas estatutárias. Definir metas e
objetivos. Transparência nas ações. Demarcação de ações festivas e no campo
social que incrementem vigor e fortalecimento do corpo social. Em duas
palavras, mudar a cara.
Espero
que o CLUBE CABORONGA de Ipirá se restabeleça; o CLUBE CABORONGA é um
patrimônio da cidade de Ipirá, não seria nada agradável ouvir o carro de som
anunciando uma nota de falecimento, determinando o dia e a hora do féretro. Que
seus filhos-associados o livrem dessa má hora.
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