A TRADIÇÃO ENGOLE ATÉ SANTO.
A maioria das pessoas segue a tradição sem, ao menos, fazer uma reflexão, simplesmente submete-se sem indagar o por quê, do mesmo jeito que o gado vai para o tronco, porque não sabe a força que tem. Por isso a tradição é uma força. Escrevo isso porque lembrei-me de uma das primeiras manifestações da doce rebeldia da juventude ipiraense no enfrentamento ao que era imposto. Este foi o primeiro ato.
Estávamos em 1978, em plena vigência da ditadura militar no país e em Ipirá era forte o domínio e a ditadura da tradição coronelística que começava a ganhar contornos caciquistas. Éramos um grupo formado por Bel de Jarinho, Luiz Marques, Dilemar Matos, Raimundinho, Augustinho, Sérgio de Domingão, Dantinhas, Valnei, Besourão, Arismário e eu (fiz um grande esforço para não esquecer ninguém), e determinação era o que não faltava. Estávamos a poucos dias das eleições legislativas e no silêncio da noite fizemos uma das maiores colagens de retratos (Chico Pinto, Adelmo Oliveira, Filemon Matos, Celso Dourado, Luiz Humberto e outros) já vista nesta terra, sem pedir permissão, nem autorização aos donos da cidade. Imaginem o panavoeiro que foi ! E tudo isso num tempo em que a cidade de Ipirá oferecia uma carreta de votos (verdadeiros e forjados) para deputados do carlismo, como Clemanceau e Eraldo Tinoco pelos macacos e Afrísio pelo jacu. Éramos um bando de jovens que queria assaltar o céu com baldes de cola, rolos e escadas. O máximo que conseguimos foi alcançar os muros, as platibandas das casas e um rancor velado dos proprietários do povo por tamanho atrevimento. Tudo isso, porque estávamos indo de encontro à tradição. Mas, valeu a ousadia e o sonho.
É necessário que se diga, que a tradição política de Ipirá tem o ferro do jacu e do macaco, e é essa dobradinha que oprime, controla, despolitiza ou não politiza o povo, e, ainda, ferra a população ipiraense. Esse esquema jacu-macaco é nefasto e deprimente para o povo ipiraense, mas bastante útil e satisfatório para as elites oligárquicas, que controlam o município e para meia dúzia de espertalhões que se lambuzam com as migalhas que sobram do banquete. Conceituamos a tradição jacu-macaco como o ponto do atraso de nosso município e estabelecemos a luta contra esse mal pernicioso como a forma de se estabelecer a liberdade, a participação popular e a verdadeira cidadania para o povo de Ipirá.
A demarcação eleitoral jacu-macaco começa na década de 1970, como um artifício exemplar das oligarquias estaduais se juntarem aos caciques locais para dominarem e manipularem a população ipiraense. Antes disso, no período de transição do controle dos coronéis para o dos profissionais liberais, que se tornaram caciques, havia a definição partidária (PSD e UDN), no regime militar (MDB e Arena). Em meados da década de 70, para acomodar as forças da ditadura, aconteceu a salada-mista da Arena 1 e 2, e nas cidades pequenas a politicagem que controlava a população apropriaram-se desse tipo de denominação (aqui, jacu-macaco) para camuflar o balaio em que estavam metidos e iludir o povo. Era o começo da irracionalidade política e da paixão exacerbada como motivadora das ações. Simplesmente um triste ato.
Para você ter noção da força e do imperativo que é essa tradição, observe que nos dias atuais, em nossa cidade, há quem ache Diomário o "melhor" prefeito que Ipirá teve nos últimos trinta anos, mesmo assim, a macacada não o aceita como candidato à releição. É a tradição quem manda e dá o parecer final. Mesmo o prefeito Diomário controlando o partido em que Antônio Colonnezi está filiado; mesmo tendo o controle pessoal da administração; mesmo achando que ele próprio merece uma outra chance; mesmo achando que tem que dar continuidade a sua administração; mesmo com tudo isso, ele vai ter que acatar e submeter-se à vontade da macacada, e tudo isso porque ele não conquistou sua carta de alforria política. Se ajoelhou e vai ter que rezar na cartilha da macacada, esse é o preço que se paga, a não ser que se tenha coragem (que esta lição sirva também para o PT), por isso, não passou de uma simples peça utilizada e descartada ao bel prazer da tradição, por melhor prefeito que tenha sido.
Para você perceber a força da tradição, só resta frisar que até o PT caiu na tentação de virar macaco, o que, sinceramente, não acredito que aconteça, porque o PT em Ipirá tem um espaço reconhecido na trincheira da resistência e não no bojo do lamaçal. Só resta dizer que vale a pena sonhar e lutar por uma sociedade com vida plena e digna para todas as pessoas.
A maioria das pessoas segue a tradição sem, ao menos, fazer uma reflexão, simplesmente submete-se sem indagar o por quê, do mesmo jeito que o gado vai para o tronco, porque não sabe a força que tem. Por isso a tradição é uma força. Escrevo isso porque lembrei-me de uma das primeiras manifestações da doce rebeldia da juventude ipiraense no enfrentamento ao que era imposto. Este foi o primeiro ato.
Estávamos em 1978, em plena vigência da ditadura militar no país e em Ipirá era forte o domínio e a ditadura da tradição coronelística que começava a ganhar contornos caciquistas. Éramos um grupo formado por Bel de Jarinho, Luiz Marques, Dilemar Matos, Raimundinho, Augustinho, Sérgio de Domingão, Dantinhas, Valnei, Besourão, Arismário e eu (fiz um grande esforço para não esquecer ninguém), e determinação era o que não faltava. Estávamos a poucos dias das eleições legislativas e no silêncio da noite fizemos uma das maiores colagens de retratos (Chico Pinto, Adelmo Oliveira, Filemon Matos, Celso Dourado, Luiz Humberto e outros) já vista nesta terra, sem pedir permissão, nem autorização aos donos da cidade. Imaginem o panavoeiro que foi ! E tudo isso num tempo em que a cidade de Ipirá oferecia uma carreta de votos (verdadeiros e forjados) para deputados do carlismo, como Clemanceau e Eraldo Tinoco pelos macacos e Afrísio pelo jacu. Éramos um bando de jovens que queria assaltar o céu com baldes de cola, rolos e escadas. O máximo que conseguimos foi alcançar os muros, as platibandas das casas e um rancor velado dos proprietários do povo por tamanho atrevimento. Tudo isso, porque estávamos indo de encontro à tradição. Mas, valeu a ousadia e o sonho.
É necessário que se diga, que a tradição política de Ipirá tem o ferro do jacu e do macaco, e é essa dobradinha que oprime, controla, despolitiza ou não politiza o povo, e, ainda, ferra a população ipiraense. Esse esquema jacu-macaco é nefasto e deprimente para o povo ipiraense, mas bastante útil e satisfatório para as elites oligárquicas, que controlam o município e para meia dúzia de espertalhões que se lambuzam com as migalhas que sobram do banquete. Conceituamos a tradição jacu-macaco como o ponto do atraso de nosso município e estabelecemos a luta contra esse mal pernicioso como a forma de se estabelecer a liberdade, a participação popular e a verdadeira cidadania para o povo de Ipirá.
A demarcação eleitoral jacu-macaco começa na década de 1970, como um artifício exemplar das oligarquias estaduais se juntarem aos caciques locais para dominarem e manipularem a população ipiraense. Antes disso, no período de transição do controle dos coronéis para o dos profissionais liberais, que se tornaram caciques, havia a definição partidária (PSD e UDN), no regime militar (MDB e Arena). Em meados da década de 70, para acomodar as forças da ditadura, aconteceu a salada-mista da Arena 1 e 2, e nas cidades pequenas a politicagem que controlava a população apropriaram-se desse tipo de denominação (aqui, jacu-macaco) para camuflar o balaio em que estavam metidos e iludir o povo. Era o começo da irracionalidade política e da paixão exacerbada como motivadora das ações. Simplesmente um triste ato.
Para você ter noção da força e do imperativo que é essa tradição, observe que nos dias atuais, em nossa cidade, há quem ache Diomário o "melhor" prefeito que Ipirá teve nos últimos trinta anos, mesmo assim, a macacada não o aceita como candidato à releição. É a tradição quem manda e dá o parecer final. Mesmo o prefeito Diomário controlando o partido em que Antônio Colonnezi está filiado; mesmo tendo o controle pessoal da administração; mesmo achando que ele próprio merece uma outra chance; mesmo achando que tem que dar continuidade a sua administração; mesmo com tudo isso, ele vai ter que acatar e submeter-se à vontade da macacada, e tudo isso porque ele não conquistou sua carta de alforria política. Se ajoelhou e vai ter que rezar na cartilha da macacada, esse é o preço que se paga, a não ser que se tenha coragem (que esta lição sirva também para o PT), por isso, não passou de uma simples peça utilizada e descartada ao bel prazer da tradição, por melhor prefeito que tenha sido.
Para você perceber a força da tradição, só resta frisar que até o PT caiu na tentação de virar macaco, o que, sinceramente, não acredito que aconteça, porque o PT em Ipirá tem um espaço reconhecido na trincheira da resistência e não no bojo do lamaçal. Só resta dizer que vale a pena sonhar e lutar por uma sociedade com vida plena e digna para todas as pessoas.