terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Ouvi, sim !


Sou leigo. Nesta semana natalina e de festejos do ano que vem, o que me chamou à atenção foi a entrevista do próximo Secretário Municipal de Saúde do município de Ipirá, o médico Ademildo Almeida. Foi carregada de esclarecimentos, arroubos e extremamente salpicante. Eu diria até, muito parecida com tico-tico no fubá, jogando farofa prá todo lado. Salientou que o município de Ipirá viverá novos tempos com a aplicação da Gestão Plena de Saúde do Município, que será um fator determinante e um marco demarcatório do sistema de saúde deste município. Agora, a saúde em Ipirá passará a ser contada em dois momentos: antes e depois desta Gestão Plena.

O que ficou para trás ? Eu reflito e digo: os tempos românticos da medicina, em que a opinião geral da província satisfazia-se abnegadamente e regozijava-se quando os médicos da localidade mandavam um paciente para Feira de Santana e ouvia-se do povo "Fulano é um médico arretado, mandou Zeca de Joventina descer". Se acontecesse Zeca falecer na viagem, aí era que o povo reafirmava a fama da medicina local: "Zeca de Joventina não chegou em Anguera. Dr. Fulano é o melhor médico da Bahia, quando manda descer é que não tem quem dê jeito". O que era deficiência no atendimento de saúde virava sabedoria médica na boca do povo. Isso é página virada.

Na década de 1970, foi implantado um Hospital Regional em Ipirá, que não deixou de entrar na rota de interesses das clínicas particulares. Logo a medicina particular assumiu a direção do hospital controlando-o, ao mesmo tempo que, mantinha-se um complô que se tornou um entrave à eficiência e ao tratamento humano nas dependências do hospital, deixando-o dentro dos limites satisfatórios aos seus interesses particularistas. Isso é página dobrada.

O bom funcionamento do hospital atrapalhará outros interesses que povoam no entorno dessa questão. A fonte que dá mais votos em Ipirá é a saúde. Atuando nesta área encontram-se vários agenciadores que direcionam os doentes em troca de votos, são os cabos-eleitorais da saúde. Se o hospital funcionar poderá mitigar esses velhos interesses que se colidirão com os novos interessados. Isso é página borrada.

Deixando de lado o que ficou para trás, voltemos ao que vem daqui para adiante. Quanto tempo levará para o Hospital de Ipirá ter aparelho de tomografia computadorizada ? Um ano ! nem com mais seis anos de administração petista no Estado. Se aparecer uma clínica que queira fazer hemodiálise em Ipirá, fará. Nem com mais dez anos de PT no governo isso acontecerá. Quanto tempo necessitará o Hospital de Ipirá para ter o aparelho de radiografia funcionando 24 h ? Não será da noite para o dia ! Tem mais quatro anos do segundo mandato do prefeito, para que isso aconteça. Isso, ainda, é página em branco.

O hospital é para operar tudo e terá médicos para isso. Já está de bom tamanho se operar os casos mais simples, digo eu. Criar e manter essa infra-estrutura é tão necessária quanto manter uma equipe médica capacitada e isso não é fácil, precisa de recursos e todo mundo sabe que a administração do prefeito Diomário é centralizadora, chegando ao ponto de não dá autonomia a um antigo Secretário de Saúde para comprar uma gaze, imagine à sustentação de uma estrutura dessa, com cirurgias todo dia. Só mesmo o prefeito Diomário para abrir os cofres ! é ruim.

Não haverá terceirização. O hospital terá laboratório, ortopedia, fisioterapia, etc, tudo funcionando. O atendimento das clínicas só em último e necessário caso. Nesta perspectiva tem que haver a concordância do prefeito.

Ninguém vai mais para Feira. O Hospital de Ipirá será uma referência para os municípios do território, principalmente Pintadas e Baixa Grande, que poderão participar do atendimento aqui, com uma espécie de pactuação, em que eles botam dinheiro no sistema.

Para qualquer pessoa ser atendida em Feira ou Salvador vai ter que apresentar atestado de residência. Agora é que a desgraceira tá feita. Neste sentido, seria bom que Ipirá tivesse uma grana extra para fazer pactuação com estas duas cidades, porque o buraco fica mais embaixo.

Não custa lembrar que: 90% dos passageiros que se deslocam para Feira de Santana nos ligeirinhos é por motivo de saúde. Feira de Santana extrai da área de saúde um elevado percentual de seu PIB. Ipirá possui muitos usuários do Planserv, e para estas pessoas seria ótimo que na cidade tivesse clínicas particulares de alta eficiência e habilitadas por este plano. Além do mais, a administração do prefeito Diomário é bastante conservadora, não sendo digesta na questão das mudanças, principalmente quando elas ameaçam romper com o esquema do voto de cabresto, e quando ele começa a perceber que o cambão no pescoço da população só vai mudar de lado, ele poderá dizer que não é bem assim, que foi mal entendido, etc e tal. Devido a estes e outros fatores, o sistema de saúde pública na localidade tem uma certa complexidade.

Eu ouvi, fiz uma reflexão e falo, porque sou um ser humano, um cidadão. Vou acompanhar passo a passo e tenho que ver para crer.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

É DE ROSCA


Estilo: ficcão.
Natureza: novelinha.
Capítulo 14 (mês de outubro 2008, um mês de atraso)

O prato dois mais dois do cardápio da empregada Natalina era o mesmo 22 do menu do prefeito Dió. Tinha uma aparência soberba. Parecia um monumento envernizado, brilhante e fumegante. Era um lombo espesso e vinha acompanhado de rodelas de cebola e tomates vermelhos, com espetos de azeitonas, ao molho de alecrim. Os convidados estavam estonteantes e todos achavam-se boquiabertos. O governador tinha a primazia de saborear o prato 22, que ele tanto aplaudiu:
- Este, sem dúvida, é o mais glamuroso dos pratos, e eu tenho a maior convicção, se eu morasse nesta brilhante civilização dos meus amigos, eu só comeria esse prato 22 – disse o governador.


Todos bateram palmas. Muitos gritos ui ! ui! uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii foram dados, afinal, era o governador que parlamentava. O governador continuava:
- E para acompanhar essa obra prima da culinária sertaneja, nada melhor do que bebermos a melhor água do mundo: a água da Embasa.


O partido do governador da localidade levantou em peso e aplaudiu sem cerimônias. O prefeito Dió para não perder o embalo e não ficar por baixo naquele cerimonial, olhou para a empregada Natalina e disse-lhe cantorolando:
- Me dá um copo d’água, eu tenho sede e essa sede pode mim matar – depois, dirigindo-se a empregada Natalina, completou – minha eficientíssima empregada Natalina, traga-me uma jarra com a água mais límpida e saborosa do planeta terra.


A empregada Natalina, com toda a sua simpatia, saltitava alegremente, ao tempo em que gritava:
- Ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, prefeito Dió.

Quando retornou, trazendo a jarra, que colocou em cima da mesa, ao tempo, que de sua boca ouvia-se um:
- Empuuuuuuurra prefeito Dió.


O governador olhou assustado e sem entender o que estava acontecendo, ao tempo, que os presentes estavam diante de um enigmático caso, que merecia uma explicação do anfitrião, afinal, todos que estavam ali, eram dignos de honras e gratidão pelos serviços prestados no período eleitoral. O prefeito Dió, não titubeou, chamou a empregada Natalina e disse-lhe.
- Minha querida empregada Natalina ! eu solicitei a Vossa pessoa uma jarra cheia de água.

- Mas tá cheia, prefeito Dió; vosmicê não tá enxergando ?


O prefeito Dió olhou para a jarra com uma visão mais apurada e com plena consciência do que falava, fêz uma observação melindrosa:
- A minha querida empregada Natalina está equivocada; pegue a jarra e coloque a nossa saborosa água da Embasa, que todos os presentes estão no afã de saborear o líquido mais puro e palatável da face da terra.

- Mas seu prefeito Dió, vosmicê tem que cair na compreensão que se eu botá mais uma gota de água, vai derramá e molhá a toalha nova, qui vosmicê comprou esta semana, na feira do Centro de Abastecimento.

- Minha querida empregada Natalina ! não entre em descompasso com os meus ordenamentos, coloque a água da Embasa na jarra e ponha-a na mesa.

- Prefeito Dió ! eu não posso fazê uma disgrameira dessa. Vosmicê não tá veno que a jarra tá cheia de produto que a Embasa vende, e que se eu colocá mais uma gota como é o querer de vosmicê, vai derramá na beira do governador. Será que tanta gente de bons conhecimento como tá aqui, num compreende uma besteira dessa.


O governador como bom conciliador e na obrigação de resolver aquele impasse, interferiu, indagando a empregada Natalina:
- Nada mais justo que a empregada Natal... Natalina, é o seu nome, diga a todos nós quais são os preciosos produtos fornecidos satisfatória e eficientemente pela Embasa aqui nesta cidade.

- Até que infim apareceu uma alma de Deus compreensive neste recinto. Eu enchi a jarra de produto da Embasa. Fui lá na torneira da pia, abri a torneira e botei a jarra embaixo, aí a jarra foi enchendo de vento, quando tava nas rasura, eu fechei a torneira. Se eu butá uma gota d’água, ela vai derramá, prumode que tá cheia de vento.


O prefeito Dió ficou vermelho, não como na sua juventude, mas de raiva. Quase que perdendo a paciência, disse à empregada Natalina:
- Quem foi que lhe disse que a Embasa fornece vento ? Isso é conversa de subversivo.

- É prumode de minha pessoa, que vosmicê não cai na faca cega da Embasa. Toda vez que eu sinto nos ouvido a chiada na casa da vizinha, eu sei que é o vento da Embasa, aí eu corro e fecho o registro, dou um tempo de vinte e dois minutos, adispois, eu abro o registro para passá a água. É prumode disso que vosmicê só paga R$ 11,20 de água e a Embasa fica sem cobrá o vento. Agora, vosmicê tá no esquecimento que mim elogiou por isso ? E disse que eu estava certa.


O prefeito Dió ficou parado, mas todo mundo sabe que o prefeito Dió não dorme no ponto e, como sempre, saiu-se com uma jogada de mestre dos mestres:
- Tá certo Natalina. Agora, pegue a jarra, leve-a para a cozinha, jogue fora este nobre produto da Embasa que é o vento, e coloque o outro nobre produto da Embasa que é a água, até que ela fique cheia de água. Compreendeu ? – quando a obediente empregada Natalina saiu com a jarra, ele completou para que todos ouvissem – É doida.


Natalina voltou com a jarra e o prefeito Dió na expectativa de mudar de assunto, indagou-lhe:
- Minha empregada Natalina ! de que carne é feito esse saboroso e finíssimo prato do 22 ?

- É de carne clandestina de carneiro.


O prefeito Dió finalmente perdeu a calma e gritou para a empregada:
- Paaaaaara Natalina. Lá vem você com esse tal de carneiro, logo não tá vendo que esse Matadouro de Ipirá não vai sair tão cedo, principalmente agora que a firma da licitação abandonou de vez a obra. O dinheiro acabou. Não tem mais dinheiro. A obra não acabou. Que sofrimento ! e agora, o que eu devo fazer ?

- Vosmicê toma um vem-prá-cá e impurra o 2 e 2; adispois vosmicê aprende a fazê contrato com firma, prumode de se ficá só nessa tale de licitação as coisa não toma rumo e esse Matadouro de Ipirá já tá prá lá de vergonheira e num vá me adizê que vosmicê tá igualzinho a Luiz do Demo ou PFL, fantasiado de 15, que levou oito anos e nada. Vosmicê já tem quatro.
- O quê ? – indagou o governador.


SUSPENSE: o que será que vai acontecer com a empregada Natalina ? será
que a autoridade vai desconfiar da carne clandestina ou vai gostar ? E o
prefeito Dió, será que está por dentro do que está acontecendo no seu
banquete ?

Leia o capítulo 13: mês de outubro 2008, logo abaixo.

OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que
envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança
é mera coincidência.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

AO POVO DE IPIRÁ, EM ESPECIAL AOS SERVIDORES MUNICIPAIS DEMITIDOS.


ARRECADAÇÃO DO
MUNICÍPIO DE IPIRÁ(em reais)= ....... Quadro de Funcionários
........................................................Prefeitura de Ipirá.
Janeiro..........2.433.470,18......!.......Janeiro...... total – 1.605
Fevereiro......2.482.660,08.....!........Fevereiro. total - 1.611
Março............2.062.571,16......!.........Março...... total - 1.833
Abril..............2.384.367,64......!........Abril......... total - 1.886
Maio..............2.494.285,73......!........Maio......... total - 1.904
Junho...........2.216.128,98.......!.......Junho........ total - 1.912
Julho.............2.285.868,33......!........Julho........ total - 1.944
Agosto...........2.450.454,40.....!........Agosto...... total - 1.936
Setembro......2.222.222,79......!.......Setembro. total - 1.928
Outubro........2.143.571,36.......!..........
Novembro.....2.546.764,94......!..........

Dos 1.928 funcionários no mês de setembro = 1.254 eram efetivos / 519 temporários / 152 cargos em comissão / 2 agentes políticos (prefeito e vice).

Diz a nota do prefeito: "TRAZENDO PARA O MUNICÍPIO ENORME DIMINUIÇÃO NA RECEITA DESDE O MÊS DE AGOSTO". Percebe-se claramente que a média da arrecadação do município de Ipirá está num patamar acima de 2 milhões de reais e em nenhum momento foi inferior a este montante. A arrecadação do mês de AGOSTO, acima citada, foi da ordem de 2 milhões, 450 mil reais (foi a 4ª maior) superando a de julho / junho / abril / março / e janeiro. Perdendo para fevereiro / maio / e novembro com 2 milhões, 546 mil reais. A menor foi março com 2 milhões 062 mil reais, seguida de outubro com 2 milhões,143 mil reais (compensada com novembro, que foi a maior receita).

No primeiro semestre, Ipirá arrecadou 14 milhões e 71 mil reais, no segundo semestre 11 milhões e 636 mil reais, faltando dezembro que, em projeção, será maior do que a diferença de 2 milhões, 435 mil reais. Sendo assim, o Segundo Semestre não perderá para o Primeiro nem a pau.

Desta forma fica provado, com os números, que não houve a "ENORME DIMININUIÇÃO NA RECEITA DESDE O MÊS DE AGOSTO". Essa tentativa de plantar esta idéia como a pura verdade, não é cabível; é falsa, e insistindo-se nesta tecla, transformar-se-á num grande engodo.

Diz a nota: "A QUEDA DA ARRECADAÇÃO AFETOU O VOLUME DE DESPESA COM O PESSOAL, LEVANDO A PREFEITURA MUNICIPAL A ULTRAPASSAR O LIMITE DE GASTO PREVISTO NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF)".

Já está provado que não houve queda na arrecadação do município de Ipirá, sendo assim, é necessário que se investigue o que motivou a ultrapassagem do limite de gastos com a folha previsto na LEI.
Se não é na arrecadação, onde é que está o problema da ultrapassagem dos limites da lei ?

Vamos examinar detalhadamente o quadro de funcionários da prefeitura. O mês que tem mais funcionários é o de julho (1944), depois, agosto (1936), e setembro (1928).

Observe que no mês de setembro (antes das demissões) a prefeitura tinha 1.928 funcionários e isso pode significar um grande volume de gordura no quadro funcional. Se tiver necessidade do trabalho de tanta gente é lógico que os tenha no quadro funcional. Se não houver necessidade de tanta gente para o trabalho, aí teremos um excedente, que se tornará mão-de-obra ociosa.

Uma investigação mais apurada, mostra-nos que em janeiro havia 1605 funcionários, em fevereiro (1611) e março (1833), que salto ! abril (1886) e maio (1904). O salto de fevereiro para maio foi de 293 funcionários a mais.

Em que esfera ocorreu isso ? No quadro de funcionários efetivos: fevereiro (1198), março (1200). No quadro de cargos comissionados: fevereiro (147), março (159). No quadro de contratos temporários: fevereiro (263), março (475). Aí está a chave da questão: 212 contratos a mais. Observe bem, que houve um aumento considerável de funcionários no mês de março justamente na faixa de contratados.

Está respondida a questão: o que afetou o volume de despesas com o pessoal na folha de pagamentos, levando a Prefeitura Municipal a ultrapassar o limite de gastos previsto na LEI, foi, justamente, a contratação de um excedente de funcionários, talvez, sem necessidade.

Observe que este limite foi quebrado praticamente em março (é só fazer as contas) e não a partir do mês de agosto, como quer o prefeito. Sendo o prefeito Diomário um caprichoso cumpridor da LEI, ele conseguiu burlar a referida LEI por mais de 8 meses e a grande motivação para isto foi o ano eleitoral.

Aí entra o ano eleitoral. O prefeito Diomário apelou para os contratos temporários, sem dar ouvidos à LEI; sabendo que esses contratos venceriam pós-eleição e não seriam renovados; pouco se incomodando com essas pessoas a posteriori, o que ele queria era o voto. Ultrapassar o índice foi um ato pensado.

A exoneração das três secretárias foi uma ardilosa engenharia administrativa desimpactante, para consolar e conformar os demitidos; para mostrar que é justo e verdadeiro; para atender a uma necessidade do segundo mandato, ou seja, adiantar o processo do caminho livre para as devidas e naturais substituições e evitar um possível mal-estar ou insatisfação e não criar um pequeno ressentimento contra o prefeito com o afastamento da secretária. Óbvio que duas retornarão e não acontecerá aquela pequena insatisfação tão indesejável pelo prefeito. Uma engenhoca perfeita de quem é hábil nas atitudes.

O prefeito Diomário sente-se machucado com a atitude que teve de tomar, dizendo ele: "o remédio é duro, é amargo". Para quem. ? Coloca inclusive que é uma "travessia dura e cruel, mas tem que fazê-la" e solicita a compreensão dos demitidos para a difícil situação do prefeito com a Justiça na sua cola e só faltou clamar para que aceitem com boa gratidão a crueldade.

O que seria a crueldade ? É um belo cálice de vinho tinto que sacia o desejo insano de jacú e macaco de pisotear no pescoço das pessoas humildes, sem ao menos perceber que 94,1 % da população de Ipirá (esmagadora maioria, jacú/macaco) sobrevive do biscate a dois salários mínimos.

Mas, é bom que se frise, que crueldade, também, é a manipulação de pessoas através do empreguismo descartável, ao belo prazer do poderoso de plantão. Crueldade, da mesma forma, é perseguir alguns funcionários municipais, pelo simples motivo de terem votado contra, não importa, é o livre exercício da democracia. Crueldade, igualmente, é a suspensão dos serviços dos SUS para a população que precisa de atendimento médico, pelo simples argumento de adequação orçamentária, que se mostra insustentável. Não é só o digníssimo prefeito que se sente vítima da crueldade, naturalmente, os demitidos também.

Resta ao prefeito de Ipirá incrementar o seu projeto de desenvolvimento para Ipirá, dentro das possibilidades reais do município, porque ficar com a cuia na mão aguardando a boa vontade dos governantes das esferas superiores, às vezes, é bastante cruel e a população ipiraense é quem recebe a bordoada.

A verdade verdadeira é que a nota não esclarece os verdadeiros objetivos por trás das demissões. Foi uma atitude clara, precisa e pensada do prefeito Diomário, que determinou a ultrapassagem do limite em março, quando contratou 222 funcionários, neste devido momento, com a intenção claramente eleitoral de garantir um batalhão de funcionários disposto a agradar, a fazer das tripas coração pela eleição do seu patrão, na esperança de continuar a receber o pagamento em dia.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

PERIPÉCIAS DE CAMPANHA 2


A realidade nua e crua de Ipirá está caracterizada nessa sua condição de REINO DA NECESSIDADE, sendo importante que se coloque os números desse município.
CLASSE DE RENDIMENTOS MENSAL = base: SALÁRIO MÍNIMO.
SEM RENDIMENTO = 49,2 %

ATÉ UM SALÁRIO = 34,6 %
DE UM A DOIS SALÁRIOS = 10,3 %
CONCLUSÃO = 94,1 % da população de Ipirá vive do bico a dois salários mínimo.

Em frente ao Frangão, na Av. César Cabral, encontrei uma pessoa que abriu um sorriso e veio em minha direção, dizendo: "Quero falar com o senhor". Eu parei e disse-lhe: "Prontamente, pode dizer", e fiquei na escuta. Meu interlocutor coçou a cabeça e passando a mão pelo queixo foi dizendo: "Sabe o que é ? É que eu recebi uma casa popular e...", neste instante, notei que ele deu uma pausa proposital para respirar fundo e de forma melosa e escorregadia foi soltando as palavras: "O senhor é quem vai me ajudar. Eu recebi a casa popular, mas falta as portas e as janelas e eu quero que o senhor me dê", a conversa prosseguiu e logo ele arrematou: "não vou pegar em sua mão, não ! o senhor dá para um amigo seu de confiança e eu pego na mão dele. Lá em casa são seis votos e vai tudo prá o senhor".

Em frente à Escola Maria Bastos encontrei um estudante, morador do Buraco Fundo, que sem pestanejar solicitou-me com grande insistência, que eu fosse até sua residência para uma conversa particular e num arremate espetacular pediu-me de forma voluntariosa: "mim dê dois reais para eu tomar uma cerveja". Este mesmo pedido foi feito por outro estudante na porta do Polivalente.

No povoado do Rio do Peixe, um morador da localidade, demonstrando muita desenvoltura argumentativa sacou um pedido muito floreado e cercado de todo zelo pela democracia: "Sou um amante do futebol, mas estou precisando de uma chuteira, sei que não pode se dá abertamente, mas me adiante isso por debaixo do pano, que estamos juntos na campanha", e concluiu com a voz baixa: "Basta dizê na mão de quem eu vou pegá".

Depois do pleito, o vereador Ademildo, do PT, deu com a língua nos dentes e bradou em um discurso na Câmara de Vereadores: "Nunca vi tanta corrupção em Ipirá, como nessas eleições municipais de 2008", sendo que depois arrematou: "do Legislativo !". Para o pleito do Executivo ele não viu nada. Isso é o tal do escorregão pela tangente.

O PT de Ipirá vai ter que fazer muita ginástica nesta nova fase de aproximação e participação no poder municipal de Ipirá e, neste sentido, vai ter que fechar a boca e trancar a língua para muitos acontecimentos e situações vexatórias. E nesta nova fase de adaptação, nada melhor do que já começar a afinar o discurso de que nada viu, nada ouviu e não tem nada a ver com isso. É assim que anda a carruagem.

Quanto aos pedintes do início deste texto, continuarão limitados ao Reino da Necessidade, eles e os seus descendentes, pois é dessa carência que macaco e jacú sobrevivem triunfantes e, as pessoas pedintes sempre pedem muito pouco, o suficiente para mantê-los na miséria ou na subalternidade: uma cerveja, uma chuteira, uma merreca. É necessário que haja uma transformação da condição de pessoa pedinte para a condição de cidadão, que ao invés de pedir, reivindique o que é de direito: escola de qualidade, hospitais com atendimento humano e que tudo isso reflita em liberdade de consciência.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A TRAVESSURA.


Em nota pública do dia 12 de novembro 2008, o prefeito Diomário deixa explícito que: "é uma travessia penosa, dura, difícil e cruel, mas temos que fazê-la". Demonstra que está vivendo um grande momento de angústia e pesar. Só faltou chorar.

Eu digo que é muito mais uma travessura e que esse negócio de "penosa, dura, difícil ..." são expressões usadas para fingir que está sentindo no fundo d’alma, mas a decisão que tomou foi a desejada no fundo d’alma, senão jamais seria tomada. Vamos aos equívocos de um sofredor.

O que ganha saliência na nota do gestor do município de Ipirá é a sua rigorosa devoção e desmedida intransigência ao cumprimento da LEI. Esclarecendo com um dito popular, seria o seguinte: "o prefeito se pela diante da LEI". Mas, nem tanto assim.

É notório que o gestor público tem que está no limite previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal e disso o prefeito Diomário não abre mão. Afirma, na nota, que ocorreu uma queda na arrecadação municipal, fato que deixou as despesas com o pessoal acima do limite legal. Parece que não despencou tanto assim, por isso estou preparando uma nota com toda arrecadação municipal deste ano, mês a mês. Mas, o fato é que este acontecido vem do mês de AGOSTO 2008 e neste caso, fica necessário um grande esclarecimento: ou o prefeito não percebeu na época, ou apenas três meses fora-da-lei não é problema para quem tem tanto medo da Justiça, ou o prefeito foi de uma sagacidade política brilhante, ao ponto de não tomar uma atitude que lhe prejudicasse eleitoralmente, pois a LEI..., não mete tanto medo assim.

Certo que o prefeito Diomário é um aficionado pela LEI e às vezes até exagera nessa busca obsessiva pela legalidade, chegando ao ponto de ameaçar demitir servidores estáveis. Isso é ilegal e é abuso de poder. O gestor municipal tem que cortar e enxugar a folha é nos seus excessos administrativos e eleitorais, que incham o quadro funcional municipal com contratados e ocupantes de cargo de confiança. Está claro que o prefeito de Ipirá quando diminui as despesas exonerando o excesso de funcionários admitidos em sua administração em determinado momento, está tendo que compactuar muito mais com o interesse político do que com o cumprimento da lei, até então negligenciada.

A exoneração de secretárias e de ocupantes de cargos que são necessários e indispensáveis às ações administrativas demonstra a habilidade política de quem deseja abrir os espaços para o novo mandato que começará em 2009 e preenchê-los com o novo arco de aliança eleitoral. Se não for por isso, não vai contratar mais ninguém, porque a crise é profunda e longa, além do mais, a arrecadação municipal não vai subir messes poucos meses, se é que caiu. O prefeito Diomário demonstra que não vacila na hora que lhe interessa.

A adequação orçamentária levou à suspensão temporária dos serviços com as Clínicas. Uma medida temerária, porque canaliza para duas situações: ou gasta mais do que gastou com as clínicas para que o Hospital de Ipirá torne-se eficiente ou a população de Ipirá tem que deixar de ficar doente por esta, sei lá quanto, temporada.

Eu não acredito que um prefeito do quilate do administrador Diomário, que é temente à LEI, que só faz tudo nos limites da LEI, tenha deixado a Prefeitura de Ipirá gastar mais de um milhão e meio de reais A MAIS do que a LEI determinava. Não foi ele, foi o sistema eleitoral de Ipirá.
Entre o choro do prefeito e a sua compreensão, que ele solicita; eu espero que você compreenda que a crise financeira do capitalismo faz os seus estragos em todo o mundo e, o desemprego é a sua face mais cruel. Também se faz necessário que o prefeito de Ipirá implemente as suas medidas e o seu programa para desenvolver este município, se é que os têm, caso contrário, ficará a gerir uma receita que é a conta de atender a uma folha funcional. E neste caso terá que "adotar as providências que a LEI impõe ou sofrerá sanções da Justiça". Mesmo sofrendo muito, o prefeito Diomário mostrou que é político e determinado, porque "não resta outra alternativa ao gestor senão cumprir a LEI e obedecer as ordens do TRIBUNAL", até que a crise mundial termine no início ou meados de 2009, se não no mundo, pelo menos em Ipirá.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

É DE ROSCA


Estilo: ficcão.
Natureza: novelinha.
Capítulo 13 (mês de outubro 2008, com um mês de atraso)

A residência do prefeito Dió já estava arrumada para o grande dia da festança. Logo na entrada, a empregada Natalina colocou um jacú com um rabo amarelo de um metro, pendurado em um círculo, dizendo ela que "o prefeito Dió sempre deu sorte com jacú".

Até que enfim chegou o mais belo dos dias. O dia do grandioso, aguardado e prometido banquete, em comemoração à espetacular vitória do prefeito Dió. Sua casa estava repleta de autoridades e não havia nenhum puxa por perto, para não "entulhar o ambiente" como pensava a empregada Natalina.

Pratos de porcelana inglesa em seus devidos lugares, acompanhados de talheres da Escandinávia, que luziam feito vidro do mais puro teor. A empregada Natalina tinha sido alçada ao posto de maître da cozinha, para ter a enorme incumbência de explicar a substância e a essência do paladar de cada iguaria a ser servida.

O prefeito Dió era só alegria e entusiasmo com aquela extraordinária vitória e a sua satisfação era maior ainda com a nova oportunidade para administrar por mais quatro anos este município que ele trazia lacrado no peito com muito orgulho e dedicação. O prefeito Dió comentava para que todos escutassem:
- Neste novo mandato vou ter uma devoção bem mais aprimorada pelo povo desta terra, bem mais do que no primeiro mandato, porque meu objetivo é ser o melhor prefeito da Bahia... – parou, quando foi obrigado a interromper o seu raciocínio, por ter ouvido uma voz feminina.

- Se vosmicê fizer o Matadouro de carneiro em Ipirá, vosmicê vai ser o melhor do Brasil – era a voz de Natalina interrompendo a frase do prefeito Dió.


O prefeito Dió observou que o pitaco tinha sido da empregada Natalina; fechou os olhos, balançou a cabeça, ao tempo em que, passava a mão pelos cabelos procurando alinhá-los, mas aproveitando a oportunidade foi dando as ordens:
- Prezada empregada Natalina providencie o primeiro prato, que essa nata da sociedade baiana, aqui presente, está querendo degustar e apreciar o manjar dos deuses feito à capricho por vossa experiência.

- Pois não prefeito Dió, vosmicê é quem ordena e eu é quem obedece, tô aqui é prá ajudá.


Alguns minutos depois, a empregada Natalina apareceu na sala do banquete, suas mãos estavam ocupadas com uma bandeja, que continha um monumental peito de ave com duas coxas esticadas e pontiagudas, apresentava uma cor de bronze platinada e estava rodeadas e embelezadas por cenouras gigantes e beterrabas perfeitamente redondas e folhas artesanalmente trabalhadas em figuras de macacos. Era uma tentação aquele brilho magnético e aparência lascívia para provocar os paladares e os desejos exacerbados da gula. A empregada Natalina, acompanhada de mais de cem garçonetes, foi entrando e gritando:
- Ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii prefeito Dió, as delícias já está na mesa.


O governador, que estava junto ao prefeito Dió, indagou-lhe:
- O que está acontecendo ?

- É que esse aí é o prato ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiiiiii que está sendo servido agora. Minha empregada Natalina fez isso para mostrar que esse foi o prato mais ingerido em Ipirá de outubro para cá – explicou o prefeito Dió.

- Como assim ? – indagou o governador, que chamou a empregada Natalina e pediu para que ela falasse do prato.

- Dotô otoridade governadô ! é qui esse prato foi servido em muitas casa aqui na cidade, até mesmo nas casa qui não tinha o qui comê, aí as criançada e os adulto se assentava ao redó da mesa e começava a gritá, ui ! ui ! uiiiiiiiiiii e todo o mundo impazinava a barriga.


Todos estavam com água na boca e a disputa pelo primeiro prato servido foi sem cerimônia. A cúpula do PT de Ipirá caiu prá cima e comentavam uns com os outros: "isso aqui só pode ser jacú temperado com azeite vermelho do Conde" e soltavam gargalhadas; "farinha pouca meu pirão primeiro e com jacú baleado é melhor ainda, vamo cair de pau turma" e saboreavam gargalhadas; "vamo cascatá o bico desse jacú agoureiro em Ipirá" e tome-lhe gargalhada; "eu não sei onde era que eu estava que não vim para os macaco bem antes" e a sinfonia de gargalhadas dominava o ambiente.

A autoridade da Justiça brasileira, cheia de melindres, solicitou de uma garçonete uma porção daquela iguaria; cortou um pedacinho da delícia que estava em seu prato e colocou-o na pontinha da língua, com a boca fechada, os olhos cerrados e a cabeça para cima, saboreava com grande primor. A empregada Natalina que não perdia um detalhe, comentou baixinho no ouvido da garçonete que estava ao seu lado: "olha prá quela dita cuja, parece uma galinha bebendo água". A autoridade da Justiça brasileira não perdeu tempo para esnobar a sua grandeza e a sua satisfação e, em voz alta, para que todas as atenções voltassem em sua direção, falou:
- Que delícia ! isto parece a trajetória suprema para o paraíso. Nunca provei algo tão palatável e que desintegrasse do sólido para o líquido de forma tão doce, tão sublime e pacientemente sedutor. É simplesmente divino. Nem em Paris, quando estive lá, nos mais granfinos restaurantes da avenida Champs-Élysées, quando cotidianamente e intensivamente saboreei salmão ao molho de alcaparras; filé de avestruz ao molho de cumberland; pato rosé ao molho de agridoce; não posso deixar de lembrar, o Foie Gras, para quem não sabe, é feito com fígado de um pato ou ganso que foi super-alimentado, e é bom que se diga, tudo isso no Le Procope, no Moulin Rouge, no Le Fouquet’s, no restaurante do Hotel Le Meurice, no restaurante Paris Clermont, sempre acompanhado por um bom vinho Malbec de France, ou Impernal, ou Le Paradis, ou Beaujolais, que era o que eu mais gostava, por ser elegante, fino e excepcional no seu frescor inconfundível.


A empregada Natalina ouvia toda aquela verborréia consubstanciada e refinada na preciosidade da cozinha francesa, mas não ficava nem um pouco impressionada e acabrunhada, ao tempo em que ia pensando: "êta sujeita lutrida ! só qué sê a dona do louro José, nem sabe ela que tá saboreando um urubu, que é bicho super-alimentado aqui nesse Ipirá seco pur nascenaça" e só parou de pensar quando a autoridade da Justiça brasileira pediu para que ela chegasse até à mesa. O coração de Natalina quase parou.

SUSPENSE: o que será que vai acontecer com a empregada Natalina ? será que a autoridade vai desconfiar do que está comendo ? E o prefeito Dió, será que está por dentro do que está acontecendo no seu banquete ?

Leia o capítulo 12: mês de setembro 2008, logo abaixo.

OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

sábado, 8 de novembro de 2008

IPIRÁ PERDEU PARA SERRINHA.


Eu aguardei o debate eleitoral para dar destaque a essa questão. Não houve o tal debate. Darei o destaque com este artigo e em outro tom. Uma pessoa de grande credibilidade disse-me, "Ipirá perdeu para Serrinha ...".

Eu pensei, "não é possível que isto tenha acontecido !" e fiquei com aquilo na mente, sempre procurando descobrir algo mais, pelo menos, que me desse uma explicação mais detalhada e profunda do que tinha acontecido.

A surrada discussão jacú-macaco em Ipirá é por demais ridícula, mesquinha e pré-histórica, por isso não abriu as cortinas para o que realmente tinha ocorrido. Dessa forma, continuei naquela expectativa e na busca interminável por informações que elucidassem o paradigma da derrota ipiraense.

Quando da vinda do governador Wagner a Ipirá (da primeira vez), ele tocou no assunto de relapada, quando disse, "Vamos fazer uma escola de tecnologia do semi-árido em Serrinha". Eu pensei, "é por este lado que a banda toca".

A partir desse momento, orientei minha curiosidade investigativa nesse sentido e comecei a descobrir muitas coisas; uma delas, foi a existência de um projeto inspirado no Instituto Internacional de Neurociência de Natal. Até aí tudo bem, não dizia muita coisa, mas continuei descobrindo algo mais: o Brasil tem como meta criar 12 institutos de ciência espalhados por todo o país. O grande objetivo é descentralizar a produção científica no Brasil, que fica encambitada lá no sul / sudeste e, imprimir o estudo da ciência como um agente de transformação.

Nesse contexto, descobri que o governo do Estado firmou uma parceria para trazer para a Bahia um projeto científico e social, que redundaria na implantação de uma escola de educação científica infanto-juvenil, que seria a Escola de Ciências na Bahia, na região do semi-árido, justamente no município de Serrinha.

Essa escola tem um objetivo claro: que é proporcionar às crianças das escolas públicas uma educação de alto nível científico; não para transformá-los em cientistas, mas para que aprendam o método científico, se habituem com os conceitos elementares da ciência e possam utilizar esse conhecimento para o resto da vida no semi-árido.

Uma outra meta é a transformação da sociedade do semi-árido, na medida em que haja uma transferência de todo conhecimento descoberto para os agricultores familiares, para as pequenas propriedades agrícolas e não para as empresas, naturalmente isso irá implicar na transformação da realidade da economia agrícola do semi-árido, aí o catingueiro terá condições de permanecer no seu chão aliado às condições para que seus filhos possam ser educados.

O semi-árido não pode ser mais desprezado do que já é, afinal de contas, esse é o bioma mais brasileiros de todos e tem que ser visto como um potencial de segredos e riquezas de sobrevivência insubstituíveis para a economia da região. Isso é muito bom.

A idéia básica "é entender certas cadeias produtivas e peculiaridades do semi-árido que possam auxiliar no desenvolvimento da economia da agricultura familiar", afirmou o cientista brasileiro Miguel Nicolelis.

"Vamos explorar o semi-árido baiano. Vamos criar um projeto, um plano de pesquisa, recrutando cientistas do Brasil inteiro que queiram participar desse processo", afirma o cientista.

"A instituição atenderá estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública municipal e estadual. No turno oposto ao da escola regular, os estudantes participarão do ensino de física, química, biologia, informática e robótica, dentre outras disciplinas em laboratórios especializados", diz o cientista.

Tratando-se da tecnologia do semi-árido; de um Instituto Internacional de Biotecnologia e Bioprospecção do semi-árido baiano, naturalmente que a escolha privilegiaria uma cidade localizada no semi-árido. Além do mais, aescolha de cidades nordestina para a implantação de projetos desse porte tem a ver com o objetivo de descentralizar a produção científica, ou seja, trazer para todas as regiões do país a oportunidade e os caminhos para gerar oconhecimento de ponta. A disputa final ficou entre Ipirá e Serrinha.

Quanto custa uma Escola dessa ? O Instituto Internacional de Neurociência em Macaíba, cidade na periferia de Natal, com previsão para funcionar em março de 2009 para 400 crianças, tem um custo orçamentário de R$ 20 milhões, mas já passou de R$ 90 milhões. É muito difícil estipular um valor. Observem que o Matadouro de Ipirá é de R$ 2 milhões.

Quais são as fontes de recursos para a manutenção desses projetos ?A Associação Alberto Santos Dumont para o Apoio à Pesquisa – que é a sociedade mantenedora, é eminentemente privada. 70% da receita é privada. São trabalhos e projetos de pesquisa realizados. Também doações de fundações do mundo inteiro, européias, americanas, brasileiras.

Minha fonte de informação é criteriosa e de grande credibilidade, " Ipirá perdeu para Serrinha uma escola de tecnologia do semi-árido e a palavra final na indicação coube a UNEB".

Eu fico a pensar: "tenho a impressão que a maioria da juventude de Ipirá não acredita em sonhos, talvez por isso ela não tenha passado batida com essa perda. Não sei se é porque eu saí, tem um mês, justamente, desse processo de forte conteúdo alienante que esteja pensando assim, não sei, talvez sim, mas seria bom um aprendizado do método científico para que a juventude ipiraense pudesse dispor de uma grande ferramenta intelectual para que ela possa desenvolver suas aptidões de forma livre e libertária, sem os grilhões do jacú e do macaco". É só um sonho.

Porque na realidade, para a grande maioria dos jovens de Ipirá, talvez falte interesse pela ciência, até mesmo por conta da educação precária, que se preocupa em empurrar "guela abaixo" do estudante um tal de "RALO U I" como se essa desgraça tivesse alguma coisa a ver com a realidade do Brasil, do Nordeste e do semi-árido e, além do mais, há um grande interesse de vê-los pulando na chapa quente do jacú ou do macaco, porque se não for desse jeito muito graúdo em Ipirá vai perder a mamata e a vida fácil.

O jovem ipiraense que tenha talento e talento humano tem em todo lugar, tem que ir para Serrinha, porque é lá que existe as oportunidades para que os talentosos possam demonstrar suas aptidões. No meu parecer Ipirá perdeu.

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 12. (mês de setembro 2008, com dois meses de atraso)

A empregada Natalina preparava as iguarias para o grande banquete da vitória, que será realizado na residência do prefeito Dió, para os ilustres (só os ilustres) convidados. O prefeito Dió gritou da sala onde estava descansando:
- Ô minha idolatrada empregada Natalina ! venha até aqui, porque eu preciso perguntar-lhe uma coisa.

- Pronto prefeito Dió, já tou na sua inteira adisposição para a sua indagação.

- A minha eficiente empregada Natalina já preparou – pediu para Natalina aproximar-se com mão e falou baixinho ao seu ouvido – você já preparou aquele galeto de carne de urubu que eu encaminhei o pedido à minha extraordinária cozinheira ?

A empregada Natalina pensou, "êta que a vitória deixou o prefeito Dió sem os tutano. Isso deve sê as pressão do Luís do Demo fantasiado de 15 que deixou o prefeito Dió apertado de medo", mas a empregada Natalina não queria desapontar o prefeito Dió no seu pedido de carne de urubu; pensou muito no que ia dizer, porque não queria contrariá-lo depois daquela grande vitória e sabia que ele estava eufórico com a cacetada que deu na jacuzada e no sujeito do blog. Estava na maior dúvida: se falava a verdade ou ia pelo caminho da brincadeira.

- Ui! Ui! Uiiiiiiiiiiiiiiiii! prefeito Dió – retorceu a boca – urubu ! vosmicê esqueceu de comprá na feira, mas não se avexe não, homem de Deus, que eu vou lá no matadouro e laço um pelo pescoço, porque é lá que tem um bando.

- Ui !, Ui !, Uiiiiiii ! – gritou o prefeito Dió, extrapolando alegria.

- Vosmicê não arria de comemorá a vitória prá riba da jacuzada ?

- Não Natalina eu tô é gemendo mesmo. Ui ! Ui ! Uiiii! – gemeu o prefeito Dió, retorcendo o corpo, depois completou indagando – como é que eu vou acabar com tanto urubu naquele matadouro ?

- Intonce é prumode disso que vosmicê tá nesse avexamento prá comê carne de urubu. Se vosmicê num se importá eu tenho uma boa idéia prá dá. Agora, só posso dissimbuchá se vosmicê me autorizá – disse a empregada.

- Pode dizer, diga logo.

- É só fazer de Ipirá um exportador de urubu.

- Como assim ? Quem vai querer urubu ? solte a língua e diga logo.

- Óia, seu prefeito Dió ! quem gosta de urubu é a torcida do Flamengo, aí é só mandá os bicho lá prá o Rio de Janeiro, que eles vão comprá prá criar, do mesmo modo, que a gente cria galinha aqui em Ipirá.

- Ora minha querida empregada Natalina, se era para dar uma idéia estapafúrdia dessa seria melhor você ficar calada. Logo não está vendo que o Ibama não vai permitir que isso aconteça.

- O que sai da minha cabeça vosmicê pode fazê bom uso, agora eu não tenho curpa do Ibama e do CRA ser seu calo na cabeça do dedão do pé esquerdo.

- Tá certo minha inestimável empregada Natalina.

- Eu me aderreto toda quando o prefeito Dió diz essas coisa e fico até mais acesa nos pensamentos, prá pensá as coisa boa. Por que vosmicê não ensina o povo a comer carne de urubu ?

- Só eu mesmo para aguentar um disparate desse. É proibido carne de carneiro; imagina carne de urubu. Como era que ia ser o abate desses urubus ?

- Vosmicê me apergunta as coisa, porque qué aperguntá, e eu arrespondê porque eu tenho que arrespondê. Quem proibe carne de carneiro é porque adesconhece o que é comida de pobre. Me diga seu prefeito Dió, se tem nada mió do que um fresco de carneiro, com angú de farinha e com aquele cardo bem amarelo por riba ?. Agora, quem adisconhece é que fica aprisilhando a barriga do pobre.

- E como é que vai abater os urubus ? É disso que eu quero saber, não é de carneiro não.

- É só matá como se mata galinha. Entorta o pescoço, passa a faca afiada no dito cujo, deixa o sangue escorrer, bota o corpo na panela com água fervendo, arranca as pena...

- Pára, minha empregada Natalina !. Isso aí é abate clandestino e isso é crime; e quem faz isso aí é criminoso, e você é uma criminosa, que não tá vendo que eu já estou enrolado com um matadouro e quer que me enganche com outro.

- Bom seu prefeito Dió, aí num é mais com a minha pessoa; aí é com as otoridade da cidade. Isso aí quem vai desalinhavá é vosmicê que é otoridade nessa comarca. Meu negoço é matá do jeito que minha mãe me ensinou; que é do jeito que a mãe dela, que é minha vó, ensinou a ela; e a avó dela, que é minha bisavó, ensinou a avó dela...

- Pára, empregada Natalina ! Você quer parar e fechar essa matraca, não tem quem te aguente. Eu estou com um problema imensurável, que está atormentando minha cabeça, que é o Matadouro de Ipirá, que é os urubus, e você fica querendo colocar-me numa arapuca maior ainda.

- Olha prefeito Dió ! mim veio uma matutação na cabeça, qui vosmicê como bom administrador e vencedor que é vai gostá. Por que não fazê de Ipirá um pólo turístico ?

- Como assim ? Diga logo empregada Natalina.

- Não tem esse povo tirado a besta, que sai daqui de Ipirá e vai para São Paulo e, com uma semana lá, aprende falar a língua deles; e quando volta mais tarde, os guri deles, quando vê os urubu, pergunta prus pais: " ô maêê ê! quis penosa preta é aquelas qui avoa ?" aí a mãe arresponde: "é os orobós ! não apergunta o que tu não sabe na vista de gente, porque tu já tá acivilizado". Aí, prefeito Dió, é só vosmicê colocá uma placa "Venha conhecer os urubus, antes que morra", aí o Matadouro de Ipirá vai encher de turista.

- Antes que quem morra ? Desse jeito quem vai morrer sou eu. Já não sei o que é pior: se é governar Ipirá mais quatro anos ou ter você como empregada !

- Vosmicê diz isso prefeito Dió, mas o pió é qui vosmicê não larga nenhum dos dois.

- Vamos acabar com essa conversa, que eu já tenho com que me preocupar. Vá cuidar de seus afazeres na cozinha. Vá correndo preparar o banquete para os meus convidados.

SUSPENSE: o que será que vai acontecer nesse tão comentado e aguardado banquete da vitória ? o que será que o prefeito Dió vai servir no banquete da vitória: carne clandestina de carneiro ou carne de urubu ? Será que as autoridades vão gostar ?
Leia o capítulo onze: mês de agosto 2008, com três meses de atraso.

OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 11. (mês de agosto 2008 com três meses de atraso)

O prefeito Dió tentava escrever os nomes dos convidados para o banquete da vitória, tinha em mente que não poderia esquecer nenhuma autoridade nacional, estadual e lideranças da cúpula da macacada e do PT de Ipirá, mas todo aquele trabalho estava sendo atropelado pela presença de populares na entrada de sua casa e, naturalmente, ele teria que dar uma atenção aos presentes para deixá-los satisfeitos e ao mesmo tempo acabar com a movimentação.

No sofá, o prefeito Dió, para agradecer aos presentes, repetia os acontecimentos do matadouro e da campanha, com a narrativa do milagre do urubu que ia batendo no pára-brisa da caminhonete sendo feita pela milésima vez e, quando a fila dos presentes enfraqueceu, ele chamou a empregada Natalina e perguntou-lhe:
- Tem mais alguém aí fora ?
-Tem só uma pessoa a mais e dois quarteirão de puxa – respondeu a empregada.
- Veja quem é, porque eu já estou cheio de repetir esse caso, se eu tivesse adivinhado que ia ser assim, eu tinha gravado um CD e colocava-o no som.

A empregada, prestativa, foi até o portão, abriu-o, e delicadamente perguntou:
- Num me leve a mal, mas vosmicê de quem se trata ?
- Eu sou um marchante de carneiro pirsiguido em Ipirá e eu trouxe um presente para o nosso prefeito vencedor Dió.
- Entonce, vosmicê me aguarde um instantinho – a empregada fechou o portão e entrou para conversar com o prefeito.
- Seu prefeito Dió ! vosmicê num sabe o que se assucede. Tem um marchante de carneiro impiriquitado aí no portão e quer por que quer entrar para entregá um embrulho, que ele trás escondido, para vosmicê.
- Isso não. Com essa gente eu não quero conversa. Diz qualquer coisa a ele, mas não deixe ele entrar – disse o prefeito Dió.

A empregada Natalina saiu e dirigindo-se ao marchante de carneiro, falou:
- O prefeito Dió está, mas não estando, vosmicê entende. Prá vosmicê entendê mió, eu vou falá mió. É parecido com o matadouro: tá lá, mas não tá; tem, mas não tem. Vosmicê tá me acompreendendo ?
- É por isso dona, que eu sou clandestino. Entregue esse embrulho prá ele, não deixe ninguém vê. Muito agradecido – disse o marchante de carneiro.

A emprega Natalina entrou com o embrulho e foi logo abrindo, ao tempo que dizia ao prefeito Dió:
- É carne de carneiro.
- Isso aí, minha empregada Natalina, é carne clandestina. Como é que eu vou provar que eu não comprei essa coisa ? Ser pego com um troço desse aí, dá cinco anos de cadeia. Ui ! Ui ! Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Natalina.
- O qui tá se assucedeno prefeito Dió ?
- É que esse Luís do Demo pactuado com Geddel do 15 está acusando-me de comprar voto, mandato, pesquisa, as autoridades, eleição, cabo-eleitoral, vereador, funcionário, macaco, jacú, farinha e agora, carne de carneiro. Natalina, jogue essa carne de carneiro fora imediatamente – ordenou o prefeito Dió.
- Vosmicê parece que num se assunta. Isso aqui é comida. Eu tenho aqui na minha cachola, a idéia de fazê uma comida deliciosa com essa carne de carneiro e com o sangue fazê um cardinho para vosmicê ganhá sustança prá guentá o ripucho de mais quatro anos. Prumode de que vosmicê num chama também o povo da justiça pra comê os banquete da vitória aqui, com vosmicê ?
- Você tá doida ! uma coisa dessa pode acabá com minha vida. Logo não tá vendo que eu não vou convidar a justiça para comer um banquete de carne clandestina em minha casa. Você tá ficando desmiolada ? Como é que eu vou provar que não comprei essa carne ? Esconda essa carne bem escondida e não deixe ninguém vê que tem carne clandestina aqui em casa, eu não quero nem saber dessa carne. E aproveitando a oportunidade, minha prestimosa empregada Natalina, já que eu estou com uma fome daquelas, traga-me uma moqueca de urubu - ordenou o prefeito Dió.

A empregada Natalina, com a carne de carneiro nas mãos, parou, arregalou os olhos, balançou a cabeça e ficou pensando " e eu é que estou sem os miolo da cabeça. Com uma carne de carneiro na minha mão, o homem de Deus pede carne de urubu !"...

SUSPENSE: o que será que vai acontecer ? o que será que o prefeito Dió vai servir no banquete da vitória: carne clandestina de carneiro ou carne de urubu ?

Leia o capítulo onze: mês de agosto 2008, com dois meses de atraso.OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

PERIPÉCIAS DE CAMPANHA 1.


Estas são narrativas sobre a minha participação na campanha 08. Em visita eleitoral pela periferia de Ipirá, adentrei em uma casa popular e humilde, que se configurava por uma sala conjugada com a cozinha; dois quartos laterais; um sofá encardido; quatro cadeiras de madeira e um televisor velho, pequeno e preto e branco, em cima de uma pequena mesa retangular. Um quadro de Coração de Jesus, feito em papelão, sem moldura, enfeitava a parede e indicava a ambiência de fé.

Uma trabalhadora negra com aparência de meia-idade, nem que não seja, mas com estas características impostas e afirmadas pela vida dificultosa e áspera, fazia a cortesia da boa recepção. Apresentava um rosto enrugado, desgastado e maltratado pelo dia-a-dia. A sua voz era um lamento curto e suplicante, cada palavra e todas as frases eram emblematicamente uma embolada ríspida na tentativa de fazer aparecer o "salvador da situação" e dava para perceber que ela pressentia no político uma figura santificada ou um santo do pau-ôco, na forma em que olhava nos olhos após pronunciar: "esses pulítico não dá nada a ninguém, só qué cumê. Eu só ajudo a quem mi ajudá". Seus cabelos estavam escondidos por uma toca de meia que ajudava o rosto a ter um semblante arredondado e a boca esquivava ao transmitir um sentimento que refletia uma vida penosa "acordo 5 h da manhã e vorto 7 h da noite, só vivo no cansaço, já não aguento mais", demonstrando que estava encurralada pela vida, citava: "Nego toma conta de mãe enquanto eu vou para o serviço".

Nego era um jovem da comunidade que estava sentado na cadeira localizada atrás da porta. Olhava sempre para o chão, enquanto mexia as pernas sem parar. Nego retinha as palavras e só balançava a cabeça para uma resposta negativa ou positiva quando alguém dirigia-lhe alguma pergunta. Segurava os santinhos de propaganda política com desconfiança e certa indiferença, pois transparecia que não sabia das coisas, mas sentia os estranhos no seu gueto.

A negra trabalhadora falou e indicou com o queixo "mãe taí no quarto, sentindo uma dor de dá pena, a coitada num tá guentano mais, entra aí prá vê ela". O quarto não tinha porta, um pano fino e barato servia de tampão. Era um quarto extremamente singelo. Uma luz turva emitia sombras. Tinha uma cama engolida por quatro paredes. Uma velha senhora deitada e enrolada por um cobertor felpudo e marron, gemia e balbuciava. Apesar dos pesares era uma fisionomia branda e amistosa, que parecia ter expelido os últimos ressentimentos profundos que povoam a alma humana. Transpirava uma áurea de tranquilidade e ternura, mesmo impregnada de dores. Ansiava por um ato de caridade salvadora ou por uma ajuda insofismável, sendo que, aquela era a oportunidade de sobressair-se do mundo do desprezo e das possibilidades restritas. Queria pouco e pretendia quase nada, para abrandar a sua agonia em meio a desesperos tempestuosos, quando pediu bem baixinho: "ô meu patrão ! eu tô aqui nu sufrimento, mi dá um dinheirim".

Estava perambulando pelo REINO DA NECESSIDADE. Ali estava a realidade crua e na ferida maior. É uma situação de precisão continuada de comida, de hospital, de remédio, de conforto, de esperança, de confiança, de quase tudo.. O querer é um acessório de quem vive apertado, jamais seria recalcitrante. É nesta chaga aberta que o politiqueiro pilantra e o traficante endinheirado plantam suas hortas. A comunidade só se torna visível neste período, que é a época de se fazer a política eleitoral.

Quem se hospeda nas correntes do REINO DA NECESSIDADE ingere muito bem das relações promíscuas entre os humanos. Sabe que esta e outras visitas só ocorriam naquele preciso instante e que, só daqui a quatro anos terá outra e outras incidências daquelas. Naturalmente as pessoas desse reino são personagens que não conseguem ultrapassar os limites que as cravejam e, atravessar a ponte para o patamar da cidadania é um transcurso meticuloso e cheio de tentações. Existe em cada esquina da vida humana em condições subumanas, um monte de vermes e pilantras que sugam e regozijam do fomento do reino cravando suas ventosas nesses tecidos para retirarem a seiva suculenta que lhes garantem o bem-estar pessoal, realimentado-o de quatro em quatro anos.

A política está em todo canto da casa: no lixo, na ração do meio-dia; na conversa com a vizinha. Falta o entendimento da verdadeira serventia da política, de que forma ela se dá no cotidiano e de como ser participante, não só na chapa quente do pula-pula. A política é um aprendizado para a vida, se em Ipirá não é assim, o povo vai ficar só na pirraça e não se chega nem na indignação, quanto mais na mudança. Se as pessoas forem capazes de perceber os problemas do bairro, da cidade, da vida humana, já é um bom começo para se pensar em mudar as coisas e além de ser pessoa virar cidadão. Um jeito de virar o jogo é achar que o seu mais ilustre empregado (o prefeito) tem que melhorar o bairro, o atendimento do hospital e ofertar casas a quem não tem e por aí vai.

Se for possível quantificar o REINO DA NECESSIDADE é importante que se coloque os números de Ipirá. CLASSE DE RENDIMENTOS MENSAL = SALÁRIO MÍNIMO.
è SEM RENDIMENTO = 49,2 %
=>ATÉ UM SALÁRIO = 34,6 %
==>DE UM A DOIS SALARIOS = 10,3 %
CONCLUSÃO = 94,1 % da população de Ipirá vive do bico a dois salários mínimo. Essa é minha Ipirá.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A FALTA DE UM MATADOURO VIROU CASO DE POLÍCIA.


O município de Ipirá é pobre e fica no semi-árido baiano. Estamos atravessando as ondas da crise mundial conjugados à nossa tão íntima e constante crise doméstica: a seca. O município de Ipirá não pode ser visto fora deste contexto.

Por mais que seja esperada, pela sua realidade cíclica, quando a seca acontece traz consigo imensos prejuízos ao setor produtivo preparado para suportar a estiagem, pois altera o seu custo operacional ampliando-o, ao mesmo tempo em que, provoca o definhamento econômico daqueles que não estão estruturados. São tempos difíceis, de pouca renda e muita despesa. O estrago econômico é muito grande porque atinge em cheio o setor produtivo mais relevante do município. Quem não entender essa incidência não terá uma compreensão verdadeira de Ipirá.

O setor produtivo da pecuária de Ipirá amarga duras penas. Faltam duas coisas essenciais e fundamentais: o MATADOURO de bovinos e ovinos e um CAMPO de vendas de animais decente e estruturado. Quem não perceber a necessidade dessas duas demandas básicas para Ipirá, não está entendendo qual é a verdadeira trilha para o desenvolvimento auto-sustentável desse município.

O grande e relevante problema econômico de Ipirá é a falta de infra-estrutura no apoio à produção rural local, isso é público e visível, além do mais, gera uma grande dificuldade, embaraço, desemprego e exclusão social.

O Brasil vive um momento em que toda ação é canalizada ao combate da exclusão social e justamente numa hora dessa a JUSTIÇA em Ipirá atua de forma firme e dura, em nome da lei, e confisca mais de duas toneladas de carne no Centro de Abastecimento.

Quem foi penalizado com essa ação ? Algum rico empresário ? Não. O prejuízo incidiu sobre pessoas excluídas, simples, trabalhadores que lutam duramente e com dificuldades pela sobrevivência e para sustentar suas famílias, além do mais não possuem recursos para cobrir as eventuais perdas financeiras. Os marchantes de carneiro atuam clandestinamente em Ipirá por não haver um abatedouro em Ipirá e pela própria tradição do ipiraense, que consome carne de carneiro abatido desta forma há mais de cem anos, assim sendo a melhor solução passa pela questão educativa e por criar condições estruturais. A ação coercitiva em nome da lei tornou-se relativamente exagerada neste devido momento, basta reportarmo-nos ao fato de que no período pré-eleitoral esse tipo de atitude não foi aplicado, devido à simples adaptação para atender aos interesses do pleito eleitoral que não poderia ser conturbado. Além do mais, as leis não são intocáveis, nem mesmo as Constituições, que sofrem reformas, embora tragam entre as principais conquistas, os direitos fundamentais à saúde e ao trabalho.

Existe a necessidade do reconhecimento de consagrados direitos sociais, no caso à saúde e ao trabalho, da mesma forma, de se proteger a sociedade do arbítrio e da omissão do Estado. O problema é complexo.

QUEREM RESSUSCITAR O 15 EM IPIRÁ.


O 15 foi derrotado em Ipirá. Querem mudar a regra do jogo depois da partida. Esta é uma atitude presumidamente legítima. Excelente ! porque depois da meia-noite todos os gatos são pardos.

Quais seriam as mudanças que adviriam com a elevação de 10 para 15 vereadores ? Sem dúvida, seria uma mudança restrita ao campo quantitativo, que em nada desbravaria novas fronteiras de interesse da comunidade, apenas oneraria os cofres públicos para o simples beneficiamento particular.

A quem interessa a mudança de 10 para 15 vagas na Câmara de Vereadores de Ipirá ? Só, exclusivamente só, aos proponentes da referida alteração. Essa não é uma reivindicação nascida no seio e incorporada pelo povo de Ipirá. É, simplesmente, particular e corporativista, desde quando, inclina-se em benefício direto dos suplentes inconformados em não auferirem dos recursos públicos para a manutenção do seus respectivos bem-estar social durante os próximos quatro anos.

Os vereadores derrotados no pleito de outubro 08 querem alcançar o céu por uma vereda chamada "aumento de 10 para 15", porque sabem que esse é o caminho mais curto à riqueza. Eles sabem como ninguém, que através da política pode-se atingir o paraíso, porque chega-se a um ótimo emprego, de duas horas de trabalho semanais e com subsídios elevados, acompanhados de verbas de gabinete para usufruírem da maior mordomia e nesse descanso chegarem a uma possível aposentadoria rápida. Isso é que é vida boa !

Sendo que os mais espertos ainda conseguem empurrar pessoas da família na fila dos cofres públicos, depois disso, eles vão de encontro ao desenvolvimento do município. Êta vida boa !.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

É DE ROSCA.


Em sua residência, o prefeito Dió, sentado em um sofá, começou a receber as visitas dos correligionários, puxas e amigos; pois bastou correr a notícia que seu estado de saúde tinha melhorado após a grande vitória eleitoral, para a movimentação começar e uma longa fila foi formada na entrada de sua casa; sendo que, a tarefa de acalmar os enfileirados cabia à empregada Natalina, que atenciosamente, de pessoa a pessoa, ia dizendo, calmamente:
- O prefeito Dió tá com uma saúde de jatobá, também depois de uma cacetada dessa na cabeça da jacuzada, o que ele tá é com uma moleza de dá pena de tanto pular no pula pula. Eu até falei pra ele num pulá tanto, mas ele faz de conta que é surdo. Eu já disse prá ele num trabaiá tanto nesse novo mandato; basta ele trabaiá no dia da feira, mas ele é de uma teimosia que não tem quem aguente; aí só prá pirraçá, ele trabaia a quarta e a quinta-feira. Mas, vosmicês pode ficá assussegado qui eu vou prepará um caldo de carneiro, que vai botá o homem de Deus prá trabaiá o ano todo – explicou a empregada Natalina.

Uma voz bradou no meio da fila:
- Ô dona menina eu preciso falar urgentemente com o prefeito Dió.
- Em primeiro lugá se assunte, o prefeito Dió tem nome, pelo menos vosmicê tem que falá o nome dele e o do irmão dele, o Mário, mas dessa vez eu vou disconsiderá, só porque vosmicê me chamou de dona menina. O que é que vosmicê quer ? – indagou a empregada Natalina.

- Eu quero dizer ao prefeito Dió e ao seu irmão Mário que as puliça tomaram as carne de carneiro dos machante lá no Centro e os prijuízo é grande. Ô dona menina, apergunte prá ele se ele não vai indenizar como fez com as farinha ? – falou a voz da fila.

A empregada Natalina entrou e foi dizendo ao prefeito Dió:
- Seu prefeito Dió, vosmicê andou dano muito lutrimento a esse povo e esse povo só anda chamando vosmicê de prefeito Dió, cuma se tivesse intimidade cum vosmicê. Tem um marchante de carneiro aí que tá anunciando que a poliça tomou as fuçura de carneiro lá na feira. O que vosmicê tem a dizê ?

- Ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiiiiiiiii ! e eu tenho nada a ver com carneiro ? Matadouro de carneiro é problema do elemento do blog. Eu quero é comemorar minha vitória. Ui ! ui ! uiiiiiiiii ! vamos preparar a festança da magnífica vitória.

- A festança da vitória que vosmicê vai aprumá pode deixá com minha pessoa os prato da comilança que eu vou fazê no capricho – disse a empregada.

- Não é só do cardápio que você vai ser responsável, cuide também da lista de convidados.

- Pode deixá prefeito Dió, vou convidá os mangangão,as otoridade, os macaco, os militante do PT de Ipirá ... – parou Natalina, quando foi interrompida pelo prefeito Dió.

- Não tem esse negócio de militante não; eu não vi essa tal militância do PT de Ipirá na campanha, eu enxergo as coisas e no meu entender o que o PT de Ipirá tem de bom é a cúpula, convide só a extraordinária cúpula do PT de Ipirá, ignore os militantes.

- Tá nu meu entender que vosmicê é quem manda, então militante é nu olho da rua, deixe comigo. Vou convidá também os puxa-saco da campanha.

- Nãaaaao ! esses aí eu não quero ver nem o nariz, não tenho nem mais saco para eles puxarem – disse o prefeito Dió com contundência.

- Mas prefeito Dió, os puxa-saco vem não é para comê não, é só prá fazê ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiiiii ! – argumentou a empregada Natalina.

- Não empregada Natalina, eu já disse, de puxa-saco eu não quero sentir nem o cheiro e do ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiii ! você se vira.

- Vosmicê é quem manda, pur minha pessoa eu dava um prestígio meia-sola a meia dúzia de puxa, mas é vosmicê quem manda e eu vou deixá os puxa nu lugá de merecimento, nu zolho da rua, só sentindo o cheiro do banquete, ui ! ui ! uiiiiiiiiiiii ! prefeito Dió. Agora prefeito Dió, vosmicê goste ou não eu vou mandá um convite todo chique para o Lulinha.

- Pode mandá um convite especial em meu nome, se ele vier será muito bem recebido, porque na política a gente nunca sabe como vai ser o amanhã, e antes um jacú depenado na mão do que um macaco orelhudo pulando, mas eu duvido que ele compareça depois de levar uma xapuletada de 2 412 no lombo.

- Não, prefeito Dió ! não é o Lulinha do Demo, fantasiado de 15, é o Lulinha presidente do Brasil.

- E eu chegando a duvidar da capacidade de minha querida empregada Natalina. Você é minha melhor secretária.

- Êta prefeito Dió, quando vosmicê diz isso eu fico que nem foguete e subo nas núvem. Prá ajudá mió vosmicê, tive uma idéia supimpa e vou dizê prá vosmicê. Vou convidá o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro para a festa.

- Páaaaara Natalina. Desculpem acompanhantes da novelinha, mas eu tenho que dizer: NATALINA, VOCÊ QUANDO NÃO CAGA NA ENTRADA, CAGA NA SAÍDA. Desculpem, eu já estava engasgado. Por que você não disse que vai convidar o prefeito Pinheiro ? E vem lembrar logo de carneiro e matadouro. Eu vou lhe dizer aqui e agora, se esse carneiro vier eu apronto esse matadouro de carneiro em dois dias e ele é quem vai inaugurar.

- Mas prefeito Dió, cuma é que eu ia pensá em convidá o prefeito Pinheiro ? Vosmicê já pensou cuma ele ia adentrá nessa casa, vosmicê ia ter que botá abaixo o telhado da casa de vosmicê pra o prefeito Pinheiro chegá na sala. Então pelo tamanho, o prefeito Carneiro tava de bom tamanho.

- Olha Natalina ! vá cuidar da comida e deixe a lista de convidados comigo e você está rebaixada à função de assessora imediata da cozinha – disse o prefeito Dió.

SUSPENSE: o que será que vai acontecer ? Enquanto a polícia armada confisca a carne de carneiro no Centro será que vai rolar essa buchada de carneiro na casa do prefeito Dió ?
Leia o último capítulo : nas postagens anteriores,
OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 09. (mês de junho 2008 – quatro meses de atraso)
Observação: leia os capítulos 1/2/3/4/5/6/7/8 nas postagens anteriores.

Você lembra do último capítulo da novelinha ? Reprise: O prefeito Dió tinha chegado ao matadouro conduzido pela ambulância.
O prefeito Dió já estava mais calmo e em condições de assumir o controle da situação. Chamou o motorista da ambulância e ordenou-lhe:
- Vamos para minha residência.
O motorista, que acompanhou atento toda aquela conversa, percebeu uma melhora substancial na fisionomia do prefeito Dió, mas com a intenção de ser mais precavido do que obediente, perguntou-lhe:
- O senhor não quer dá uma passada no Hospital de Ipirá ?
- Que pergunta mais indigesta. De que adianta passá no Hospital de Ipirá ? vosmicê num vê que esse Hospital de Ipirá tá pela metade já faz um bando de tempo – falou a empregada Natalina, com a voz estrondosa.

O prefeito Dió passou um rabo-de-olho na empregada, que teve a mesma vibração de uma faca afiada penetrando na carne-viva, e foi dizendo de forma ríspida:
- Esse Hospital de Ipirá nunca parou de funcionar, e a pintura reformista foi milimétrica, minuciosa e cheia de detalhamento, para que a saúde do povo de Ipirá seja o bem mais precioso a ser acompanhado em minha administração.
- Calma prefeito Dió ! O que eu quero alembrá a esse motorista da ambulância é que o Hospital de Ipirá num tá inteiro prá curá essa moleza do prefeito Dió, isso só vai amelhorá, com as comida que eu faço lá na cozinha de sua casa – aí ela falou no ouvido do motorista - mete o pé no acelerador e vamo prá casa do prefeito Dió, que eu vou prepará uma buchada de carneiro – completou a empregada.

Em frente ao Hospital Regional de Ipirá o prefeito Dió soltou aquele gemido:
-Ui, Ui, Uiiuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii !
-Vosmicê está sentindo dor adonde meu amo ? – indagou a dedicada empregada Natalina.
- Que dor coisa nenhuma empregada Natalina. Bota tua boca para o lado de lá que eu já estou do lado de cá. Eu estou é tirando sarro com a cara da jacuzada – disse o prefeito Dió.
- Vosmicê té é na novelinha, home de Deus. Vosmicê tava lá no matadouro, deu um treco e agora está no Hospital Regional de Ipirá prá ser internado – explicou a empregada.
- Onde ? No Hospital Regional de Ipirá ! eu já estou são. Veja que reforma espetacular eu realizei nesse hospital, o doente chega aqui e basta olhar para o Hospital a doença vai embora – disse o prefeito Dió.
- Eu já falei prá vosmicê, qui vosmicê tá é na novelinha, então vosmicê deixa de dá pulo por riba de lombo de jegue, prumode qui as campanha já se findou e agora a novelinha do home do blog vai vortá pur riba de tudo e vosmicê tem mais quatro anos prá da um jeito de arrumá esse matadouro de ovelha.
- Chega empregada Natalina dessa conversa repetida de matadouro de ovelha. O povo não que nem saber disso. Não seja burra – disse irritado o prefeito Dió.
- Cuma é prefeito Dió ? Vosmicê tá me chamando de burra ? É isso o que vosmicê anda por aí istribuchando deu ? – indagou a empregada Natalina com a voz chorosa.
- Não é do jeito que você está pensando não, querida empregada Natalina. Deixe eu explicar detalhadamente para você, que é uma pessoa de uma inteligência acima do normal, entender melhor. Preste bem atenção. Aquele sujeito do blog ficou falando desse tal matadouro de ovelha o tempo todo e o povo nem deu ouvidos. Você sabe quem é. Eu dei uma xapuletada nele, que ele perdeu até o jeito de andar. Então minha querida empregada
Natalina, não perca seu precioso tempo acompanhando essa tal novelinha, que além de tá atrasada faz quatro meses, não bota ninguém pra frente. Se eu ficasse dando ouvidos e acompanhando essa tal novelinha, eu ia ficar era no buraco e tinha perdido as eleições – argumentou o prefeito Dió.

Natalina ficou pensativa e soltou um rápido palpite: - mas que é vosmicê que tem quatro anos adiante prá alevantá esse matadouro de ovelha, lá isso é.

O prefeito Dió franziu a testa, olhou bem fundo nos olhos da empregada e disse: - o abatedouro de ovelha de Ipirá já está pronto, fica lá em Pintadas e não se fala mais nisso.
- Pintadas é Pintadas e Ipirá é Ipirá – disse Natalina.
- E quem é que não sabe disso ? É isso que se dá com as pessoas que ficam atreladas a essa novelinha; só enxergam dessa maneira. Observe bem, Pintadas já foi de Ipirá e vamos fazer uma suposição: pense que Pintadas continua pertencendo a Ipirá, assim sendo, um abatedouro de ovelhas localizado em Pintadas está também em Ipirá.
- Mas Pintadas não é de Ipirá.
- E quem disse que é ? Eu falei se. Como era antes, e se fosse como era antes. Ninguém ia dizer nada e ia ficar orgulhoso de ter um matadouro daquele porte. Agora, vamos parar com essa conversa, desde quando,o problema já está resolvido. Eu estou preocupado é com os meus novos problemas. Oh ! minha querida empregada Natalina, você acha que eu devo entregar essa grandiosa obra do Hospital reformado ao PT de Ipirá ? – indaga o
prefeito Dió.
- Desses assunto eu não tô a entender e de maneira arguma eu posso dá aconselhamento, mas já qui vosmicê tá a indagá, eu adianto prá vosmicê que esse Hospitá de Ipirá é um caso sem jeito, aí vosmicê tasca nas mão do PT de Ipirá e adispois conta que quem esculhambou tudo foi eles.
- Você tá doida Natalina ? O governador ainda é do PT. Com essa turma eu tenho que ir na maciota, já estou até pensando em entrar no PT, mas tem uma lei da Infidelidade que está atrapalhando. Agora, eu tenho que pisar no rabo com gosto é dessa turma da macacada orelhuda do pula-pula; chegaram a tirar meu sono e deixaram-me no desespero com aquele ensaio de querer saltar de galho, mas eles vão me pagar. Você sabe quem são eles.
- Eu não sei de nada. Não me bote nesse bolo que eu não sou fermento. Vosmicê fica dano seus freio de arrumação e fica quereno que eu não use o cinto de segurança. De repente acontece aquele home do blog atentá e eu dou
com as língua nos dente e eu boto prá fora essa lista de meio metro de nome de macaco, aí vosmicê vai querer me depená com pensamento que eu sou jacú e porque a audiência da novelinha vai lá prá riba.
- Pára empregada Natalina ! Não sei onde é que eu estou para confiar numa pessoa que só fala nessa novelinha, isso só pode ser doença e a única doença que eu gosto e adoro é a doença jacú-macaco. Vamos para casa que eu já não aguento mais – ordenou o prefeito Dió ao motorista, que calado escutou toda aquela conversa.

SUSPENSE: o que será que vai acontecer ? será que vai rolar essa buchada de carneiro na casa do prefeito Dió ?
Leia o último capítulo : nas postagens anteriores, mês de maio 2008.
OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

No comprendo bien el hable de algunos números.


Estou voltando a postar no meu blog depois de uma temporada de três meses afastado por imposição da lei eleitoral. Retorno com a cabeça cheia de números e pensando nas possibilidades que se arquitetaram e nas que deixaram de despencar porque jamais foram cogitadas.

A numerologia pode até não ter serventia alguma depois do ato consumado, mas destampa profundos sentimentos e desanuvia complicados caminhos percorridos entre nebulosas quimeras.

O PT de Ipirá acertou em cheio no seu objetivo estratégico de reeleger o prefeito Diomário, desde quando isso aconteceu. Se o objetivo do PT de Ipirá não era eleger os dois vereadores eleitos pela coligação (Eduardo / Jaildo) o tiro acertou no próprio pé. Aí fica uma situação de vencedor e outra de derrotado. Comemorar com o prefeito Diomário é tomar um Lacto-purga para curar dor de cabeça, desde quando haverá dificuldades para aplicar um programa mínimo conjunto que não foi discutido. As secretarias formalizam a forma como o PT de Ipirá foi rebocado.

A coligação PT/PTC/PPS/PSB atingiu a marca de 6304 votos e fez dois vereadores, Eduardo do PSB (1342 votos) e Jaildo do PTC (1022 votos). O PT perdeu o mandato que manteve durante 16 anos. Se esse mandato não representava nada na questão política, nada se perdeu; sendo o contrário, representa uma grande derrota eleitoral.

O PT de Ipirá rachou à torto e a direita. Brigou para fazer dois vereadores, terminou sem nenhum. A macacada reconheceu a dívida de gratidão e aumentou a votação dos protagonistas do acordo, mas não enxertou os outros cinco candidatos das fileiras de baixo. Mas é assim mesmo, o reconhecimento é para os merecidos, mesmo que o discurso de conteúdo enviesado traga em si o efeito bumerangue.

A velha, surrada e cansada (em Ipirá) coligação de esquerda PT/PCdoB somaria 3303 votos: 2605 do PT + 698 do PCdoB. Teria atingido o coeficiente eleitoral e feito um vereador, mas pouco importa diante da firme justificativa de que as secretarias darão maior visibilidade política e garantirá um vereador em 2012. Nada melhor do que uma bela certeza.

O governador Jaques Wagner fez sua opção pela macacada e afirmou que se votasse em Ipirá votaria em Diomário, que foi eleito e o governador acertou no apoio, mas ele esqueceu de votar no vereador e o PT de Ipirá perdeu o mandato que tinha e não se tornou a grande força-motriz política que pretendia ser e agora tem que se contentar com a generosidade do prefeito Diomário. Assim é a vida na mumerologia.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

INDEPENDENTE, QUASE CAMPEÃO !


O Independente sagrou-se QUASE campeão por mérito e por apresentar um futebol redondo. Eu prometi à mim mesmo, diante das cobranças de um amigo, que se o Leônico fosse o vencedor eu não relataria nada, mas se o Independente fosse o QUASE campeão eu escreveria algo. FOI. Aqui estou eu! fazendo estas mal traçadas linhas.

Digo, sem pedir segredo, que este campeonato foi sensacional para quem gosta de futebol. Bem organizado; boas equipes; futebol de qualidade e bons espetáculos futebolísticos. É isso que o torcedor quer vê.

Para início de conversa, tenho a dizer que não sou torcedor do Independente; na verdade sou um vira-folha obstinado quando o foco é o futebol local. Escolho e torço sempre para a equipe que apresentar um futebol vistoso e, neste aspecto, meus olhos brilharam com o cadenciamento do futebol apresentado pelo Independente, daí que, neste campeonato, é bom frisar, fui um torcedor encantado desta equipe, não por ter sido QUASE campeã, mas por simpatizar com o toque de bola refinado, preciso e elegante; pela desenvoltura racional e paciente no esquadrinhar do gramado; pela beleza e objetividade no traquejo com a bola, mostrando intimidade e cumplicidade com a mesma, naquele vai-prá-lá e vem-prá-cá até pimba, embaraçar a redonda com as redes e ir construindo o placar com a paciência e a necessidade.

Você pode não acreditar, mas lembro-me muito mais do primeiro campeonato em Ipirá, no campo José Luís dos Santos, do que da partida de ontem (Domingo). Eram quatro equipes participantes: Independente, Elite, Grêmio do Ginásio e Grêmio de Zé Baau. Eu jogava no Grêmio do Ginásio, que ganhou o apelido de Coréia, porque treinava 4 h da madrugada e na primeira partida vencemos o Grêmio de Zé Baau por 2 x 0; perdemos para o Elite por 2 x 0 e contra o Independente, que era o time poderoso, fizemos o jogo esperado e considerado "o das nossas vidas", sendo que a vitória seria a superação e a glória. Entramos em campo com a vontade inflamada e o brio contaminado por um desejo louco de sairmos vencedores a qualquer preço. A correria foi desenfreada. Naquele instante, éramos possuídos por uma força triplicada que saía do fundo da alma ou sei lá de onde.

Durante todo o jogo sofremos uma pressão avassaladora e o sufoco parecia insuportável. A casa não caiu logo, desde o início, devido à sorte ou milagre que acompanhava nosso goleiro; ou melhor, à macumba ou feitiço que nos acompanhava; ou quem sabe, ao corpo fechado de nosso quiper que pegava tudo ou todas as bolas batiam nele, quando não, por várias vezes, com ele já batido, a bola teimava em não entrar, porque um pé atravessava no caminho; porque uma cabeça perdida resolvia interferir; porque a trave saía do lugar ou o travessão baixava; ou até mesmo, um morrinho de terra, uma ajuda sobrenatural, uma mão invisível, uma reza, um vento, um pensamento, outras e mais outras coisas inexplicáveis desviavam a bola e colaboravam a nosso favor.

Como diz o ditado futebolístico "quem não faz toma"; aos 35 minutos do Segundo Tempo, tivemos um penalte a nosso favor. Dimicinho de Liberato tomou distância, correu e bateu, a bola seguiu uma trajetória em direção ao gol, mas de forma ascendente, subiu demais e passou por cima do travessão. Aos 42 minutos do Segundo Tempo, Tonde chutou de fora da área e guardou na gaveta. Independente 1 x 0 deixando para o Grêmio do Ginásio muito chororô e desalento. O Independente ganhou de 1 x 0 para o Elite, gol de Gererê, de falta, e foi o primeiro campeão de Ipirá.

O pior estava por acontecer. O Grêmio do Ginásio foi protagonista do maior vexame ocorrido no campo José Luís dos Santos. Em uma partida amistosa e tomou 11 x 2 do Elite, numa tarde em que Val da Cemol, Ramiro Taco Roxo e Zé Cumbuca fizeram chover na caatinga. Essa marca vergonhosa ficou registrada nos anais e na memória esportiva de Ipirá. Essa lembrança da maior goleada ocorrida nos campos de futebol em Ipirá ficou entalada na minha garganta. Nem o Ruindade Futebol Clube tomou uma cacetada desta. Mas esse campeonato 2008 foi bom até nesse sentido, porque hoje, esta marca foi ultrapassada com a goleada de 11 x 1 sofrida pelo Coringão de Luís Cazumba diante do Vila Nova e, assim sendo, depois de muito tempo, é com muita alegria que o Grêmio do Ginásio (in memórium) entrega a taça do Placar da Vergonha para o Coringão de Luís Cazumba. Diferente do primeiro campeonato, novamente o Independente é QUASE campeão de Ipirá.

Do terrão do primeiro campeonato para o gramado deste último muita coisa mudou. Hoje, uma nova realidade abraça o futebol amador e uma semiprofissionalização entra em campo. Uma nova área de trabalho abre suas portas para aqueles que querem ser atletas de verdade dentro do futebol amador. O tempo do chutador de bola pinguço, biriteiro, brameiro, preguiçoso e irresponsável vai ficando para trás. Estamos entrando na Era do atleta disciplinado, determinado e compromissado que atenda a uma exigência de um estágio semiprofissional na prática futebolística amadora e haverá trabalho na região para aqueles que compreenderem essa nova realidade.

As goleadas sofridas por 11, ou 8 x 0 que Ipirá tomou em Coité tem uma explicação clara: é fruto da improvisação, da falta de planejamento e de organização. A base do Independente é a seleção de Coité, que jogou muita bola e mereceu o QUASE título por mostrar talento, responsabilidade, precisão, tranquilidade, firmeza, calma, perseverança, profissionalismo para lutar e tentar fazer o melhor. É isso o que conta e é isso o que os atletas de Ipirá precisam aprender. É essa a lição e foi isso o que ensinaram os ATLETAS de Coité. Esse campeonato aberto serviu para ensinar muita coisa a Ipirá. Na minha maneira de ver as coisas, acho que com esse campeonato vitorioso, está finalizando a fase das panelinhas, do fazer às pressas e de forma intempestiva, ao tempo que revigora as qualidades técnicas e físicas, além do fazer de forma organizada e levando à sério.

O futebol lida com paixão e emoção, que às vezes extrapolam, aí a pessoa perde o controle e torna-se extemporânea; mas foram pouquíssimos os momentos, neste campeonato, em que a estupidez acasalou-se com a ignorância e proporcionou atos vergonhosos e depreciativos para a razão humana. Gostaria que a politicagem que domina os corações e mentes ipiraenses bebesse um pouco do exemplo e do bom-senso deixado pelo futebol praticado em Ipirá neste campeonato, não deixando que a paixão e a emoção corrompam a razão tão necessária à formação da cidadania e da reserva moral imprescindível a qualquer agrupamento humano. As goleadas ou ser o segundo ou terceiro lugar, fazem parte do futebol, o importante, assim como na política, é que se trave o bom combate.
PROMETIDO E CUMPRIDO. O único acréscimo foi o QUASE.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O TRÊS OITÃO.


Por força da LEI ELEITORAL, durante esse período de três meses, só postarei amenidades e artigos dos mais amplos e variados aspectos, sem características da política partidária e de propaganda eleitoral.

Espero que os/as comentaristas amigos/as que aqui fazem comentários, sempre bem aceitos, mantenham a mesma linha, para que este blog não tenha que ser suspenso. Agradeço de coração.

É bom lembrar que ainda faltam 8 (oito) postagens no artigo "QUE MICO !" (só vale nele) para que eu possa colocar o artigo "INDEPENDENTE, CAMPEÃO !" ( com um QUASE no meio) na íntegra.

Quem quiser que fique pensando que 8 (oito) comentários é coisa fácil. Não é à-toa que amarrou em 22 comentários. Oito (08) comentários é difícil pra caramba.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Cambotá é quem suja a água.

Para ser publicado o artigo "INDEPENDENTE, CAMPEÃO !" faltam ainda 11 comentários na postagem "QUE MICO". Aparecerem mais 11 comentários é muito difícil e eu digo que o 11º será o cambotá que vai sujar a minha reputação de escritor. É ruim !

Na sucessão ipiraense as coisas estavam em plena maravilha na relação prefeito Diomário e a macacada. Estavam ! até quando entrou o PT na água-dura pretendendo o lugar de vice na chapa, aí sujou barbaridade. Oh, beleza !

Cambotá é a macacada que na sua grandiosa sabedoria política queria simplesmente virar a chapa com Antônio Colonnezi na "cabeça" e hoje encontra-se na esquina mendigando uma vice e se esperar sentado para domingo ( dia 29 de junho) vai ficar chupando dedo. Quem te viu, quem te vê !

Cambotá é o governo do Estado que meteu o dedo na sucessão local, tentando impor a sua vontade como se aqui, em Ipirá, todos tivessem a obrigação e o dever de render-se e ficar submisso aos seus caprichos e a seu querer pretensioso. É o novo tempo de velhos costumes !

Cambotá é Agildo Barrêto que fica escrevendo besteira, tentando botar água em cabaça vazia e furada para que fiquem em pé. Mas menino, é ruim !

Agora, escrevendo sério. As CONVENÇÕES do dia 29 de junho não podem virar CONVENÇÕES DO GOLPISMO. Chega desse jogo sujo. Chega da tomada de partidos, como aconteceu com o PMDB de Ipirá em 1985, quando Diomário e seus coligados carlistas golpearam o partido. Chega de dizer que está em uma sinuca-de-bico; que a macacada é imprestável e fedorenta; que o PT é uma "GRANDE ALIANÇA para o futuro" e depois, no último instante da convenção do dia 29, quando não houver mais tempo para outros desdobramentos, aplicar um canto-de-carroceria em um ou no outro, sem dar direito de um ou outro buscarem uma outra alternativa ou um plano B, amordaçando o desalojado no "vai ter que apoiar de qualquer jeito" ou "vai ter que comer na palma da minha mão", ou mesmo, "ele vai ter que ficar aqui amarrado no mourão". Isso não é comportamento democrático, é golpe sujo.

O argumento da idade usado pelo prefeito Diomário para não se meter em aventura política, também tem que ser válido no sentido de não ser uma idade apropriada para aplicar-se golpes políticos, porque demonstraria simplesmente maquiavelismo de caráter duvidoso no campo político. Na falta de coragem e compromisso, a desistência é um caminho louvável para os que acham que já chegaram ao fim de seu trajeto e não vislumbram nem um palmo a mais à sua frente. Bom descanso, passe bem e deixe o trem da história rasgar os horizontes de seu percurso.

Resta apenas o argumento do perigo de deixar o poder municipal voltar para as mãos da jacuzada falida. Aí volta tudo para o início de tudo e o prefeito Diomário deixará para decidir quem será seu vice na prorrogação, ao tempo que dará duas secretarias para o que sobrar na buraqueira. Cuidado PT ! tem gente achando que é isso o que o partido merece e que tá de bom tamanho; sendo que o partido crescerá assustadoramente.Vai lá. Discutir isso no dia da Convenção é um problema seu. Agora, decidir tudo isso no dia 29 de junho, no ato da Convenção, será a maneira mais embromadora de não se garantir a tão RESPEITADA PALAVRA, afinal de contas quem vive de palavra é radiola.