Uma solenidade montada numa
profusão de fogos. Um foguetório monumental. Parecia algo singular, uma coisa
do outro mundo. Um senador foi convocado à praça pública. Não poderia ser
qualquer coisa!
Como é e o que justifica que um
senador da República seja mobilizado para a assinatura de uma Ordem de Serviço
em Ipirá? Uma ordem de serviço para um telhado. Um telhado e um piso, que
dentro de quatro paredes formarão um Mercado de Artes.
Trata-se do prédio mais
representativo, marco da construção arquitetônica da cidade de Ipirá, com um
viés histórico de grande importância para o nosso município, juntamente com o
prédio da Escola Góes Calmon. Antes de virar um prédio voltado para as artes
era um mercado municipal de caráter geral. Feito com recursos próprios.
É necessário que o povo de Ipirá
pare e pense! Uma obra (Mercado Municipal) feita com dinheiro da prefeitura, na
década de 50, do século passado, na gestão do prefeito José Leão dos Santos.
Nos dias atuais, a prefeitura de Ipirá não tem condições financeiras de fazer o
telhado deste mercado sem ajuda externa. Procure entender o porque disso.
Em 2015, o mercado pegou fogo e
destruiu o telhado. Quando o ex-prefeito Marcelo Brandão assumiu a prefeitura,
com apenas um mercado para recuperar, resolveu fazer a praça.
É necessário que o povo de Ipirá
pare e pense! Se o ex-prefeito Marcelo Brandão, com sua mania de grandeza,
tomou a iniciativa de fazer a Praça do Mercado é porque havia recursos
financeiros para tal. Não fez a praça, nem o mercado.
Duas questões: se a obra foi
iniciada, naturalmente, havia um projeto e recursos e se a obra não foi
concluída, resta uma indagação: onde foi parar o projeto e os recursos? A
questão foi levantada pela turma da solenidade da seguinte forma: “eles tiveram
quatro anos e não fizeram o Mercado de Artes e nós vamos fazer!”
Agora, para fazer o telhado, o piso
e o reforço das paredes do mercado necessário se faz novos recursos públicos na
ordem de quase dois milhões de reais: seiscentos mil da prefeitura e um milhão
e quatrocentos mil reais em Emenda Parlamentar. Novamente, inicia-se a obra do
Mercado de Artes.
A festa do foguetório foi na
partida da obra. O prefeito Dudy fez uma projeção de sete meses para o seu
término e inauguração, embora tenha falado em segunda parcela (vai ter
aditivo?).
Uma obra para ser uma xérox do que
foi no governo do ex-prefeito Dió, a mesmice anterior, sem novidades. Basta
verificar as palavras do atual prefeito: “este mercado tem uma simbologia muito
grande para mim, que era um pequeno empresário de uma barraca de fumo; a
assinatura da Ordem de Serviço tem um impacto na questão cultural e da renda.”
O Poder Municipal reconhece que era
um patrimônio onde dezenas de famílias tiravam o seu sustento e o fogo
consumiu. Mesmo com esse reconhecimento, o Poder Municipal não indenizou essas
pessoas.
Uma obra para sustentar e dá
suporte à cultura local, que foi contagiado pela degradação, pelas drogas,
alienação e baixo nível das vendas, tornando-o um projeto bastante
questionável. Que o diga os artesãos.
O prefeito Dudy foi buscar um presente natalino para Ipirá junto ao governo do Estado: uma ambulância e uma viatura policial. É impressionante como o município de Ipirá vive de migalhas! Os políticos de Ipirá sonham grande para se contentarem com quase nada.
Eu fico imaginando: “se fosse uma
obra com a envergadura da ponte no rio São Francisco, que liga Xique-Xique à
Barra, seria um ano de festa, com uma tonelada de foguetório!” É necessário que
a população de Ipirá preste bem atenção ao que acontece diante de seu nariz: uma
solenidade em alto estilo, para uma simples assinatura.