domingo, 30 de maio de 2010

HOMENAGEM (parte 3 - A)



A possibilidade do menino Dodó sair de Ipirá, naquele primeiro momento, esvaziou-se, mas nem por isso parou a carreira promissora do tocador de zabumba. A sua grande chance foi dada pelo sanfoneiro Chiquinho do Acordeão, que o convidou para tocar no Coió de Anália e, a partir do instante em que o menino Dodô assumiu a titularidade do zabumba, no trio de Chiquinho do Acordeão, esse Coió de Anália ganhou fama e virou uma atração fatal.

O Coió de Anália ficava numa rua que desce para o tanque de Santana. Tinha uma sala na frente, onde funcionava o bar, que só vendia bebida quente. Aos sábados, quando os coronéis e os profissionais liberais faziam côrte no salão, comprava-se gelo no bar de Carlito e vendia-se cerveja e conhaque, nos demais dias era pinga com cassutinga e outras lasca de pau em infusão. Na parte posterior ao bar havia uma salão de dança, que era estreito e comprido, sendo que, junto ao bar ficavam algumas mesas e cadeiras, na extremidade oposta, bem junto à parede, postava-se o trio tocador.

Nas paredes ficavam colocados quatro lampiões, que eram acesos quando as lâmpadas elétricas davam o primeiro sinal de que o motor gerador de energia para a cidade estava perto de ser desligado. Nas laterais ficavam bancos compridos de madeira, onde as mulheres sentavam no aguardo da côrte e do cliente, que era o principal objetivo.

O Coió de Anália rivalizava com o Cabaré de Nascimento, mas com a apresentação do menino Dodó, o cabaré foi sendo engolido pelo coió. As mulheres apresentavam-se empiriquitadas, perfumadas com água de cheiro; batom nos lábios; ruge no rosto, quase sempre de forma berrante e, sentadas, aguardavam o chamamento para a mesa, o que significava gastança; para uma parte na dança, que se tratava de um esquenta rabo ou para a cama, que garantia o sustento da carne.

Desde quando o menino Dodó começou a apresentar-se no Coió de Anália que a casa andava abarrotada de homem. Era um verdadeiro amontoado de homem acotovelando-se, espremendo-se, disputando e puxando as mulheres para o forró. Isso tudo, transformava aquele lugar num ambiente pesado, fumacento, calorento, com o suor humano deixando uma catinga desagradável; com o bafo quente tornando o ar preso e repugnante, ao tempo, que subia uma fedentina exalante.

Quando o forró esquentava, os mais salientes apresentavam-se para tirar as mulheres dos bancos e encaminhá-las na dança. Os mais tímidos ficavam na espreita como cobra no bote, quando a mulher levantava, iam lá e batiam no ombro do parceiro e diziam:
- Mi dá uma parte.
- Mas eu peguei agora !

Mas cediam, porque era um costume impregnado ou porque a negação era entendida como uma afronta e poderia terminar em briga; assim, a timidez marcava posição e desbancava o atrevimento e, esse ato, repetia-se por toda a noite, de forma que “ bater no ombro e solicitar uma parte” virava uma febre no forró do coió.

As mulheres do Coió de Anália não ficaram satisfeitas com aquela situação e resolveram não comparecer ao salão, que estava lotado de homem. Anália percebeu uma queda nos rendimentos do bar e procurou as mulheres, que estavam deitadas, sentadas, no cochicho, algumas cochilando, umas catando piolho nas outras, no maior desprendimento e folga do mundo. Anália quando viu aquela resenha, não pensou duas vezes e disse:

- Oxente, cambada de vadia ! Quem já se viu tanto xibiu junto sem trabaiá ?

Foi mesmo que mexer num vespeiro. Galega levantou e disse:
- Tem quinze dia qui os zome só qué ralá coxa, ninguém leve uma mulé prá riba de uma cama. Quem é qui vai guentá isso ?

- O coió é qui num pode ficá nus prijuizo. Quem já si viu isso ? O coió ta abarrotado, pudendo tê boa vendage de conhaque e cerveja, de repente, as quenga arresorve caí im ritirada e os zome fica na reclamação i sem querê gastá – disse Anália, a dona do coió.

- I di qui adianta a gente fazê salão no coió si isso num rende um réis prá gente ? Prumode da friguisia só ficá no rala-coxa – disse Galega.

- Quem manda vosmicês num sabê se assanhá e laçá os zome. Assunte qui ta chuveno home e vosmicê num sabe laçá um. VORTE LOGO PRU SALÃO E É TODO MUNDO – gritou Anália.

O quê ? – Indagou alguém.

O fuzuê estava comendo no coió, enquanto isso e sem saber de nada o menino Dodó tocava e os homens ficavam olhando, com os olhos pregados no seu repique. O menino Dodó jogava a baquete para cima e metia o refrão: “Chega pra lá jacaré, eu gosto é de mulé.”

quinta-feira, 27 de maio de 2010

EM PRIMEIRA MÃO.



Na minha opinião, a Faculdade de Ipirá ou melhor a tal da Universidade de Ipirá foi para o beleleu. Viajou. A bem da verdade, ela nunca esteve para vir, foi sempre um jogo para a platéia bater palmas. Agora vai para Pintadas e fim de viagem.

De que se trata ? Simplesmente, a UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana - vai para Pintadas. Trata-se de um “Projeto Piloto” da UEFS, com 50% presencial e 50% à distância, sendo que, a possibilidade de viabilização está em torno de 90%. Simplesmente, espetacular. Uma grande vitória de Pintadas.

Pintadas não tem nada a ver com nosso choro, ela simplesmente fez o que lhe foi conveniente e o que tinha que fazer. Ganhou e levou.

Para quem perde resta o consolo: Ipirá é um município cercado por universidade por todos os lados. O ipiraense que quiser fazer um curso superior tem várias opções; poderá fazê-lo em Feira, Itaberaba, Coité, Serrinha e, agora, Pintadas.

As derrotas que Ipirá vem sofrendo nesta área tornaram-se uma constante; anteriormente, tinha sido preterida na conquista do Centro Tecnológico do Semi-árido, uma escola federal, que em minha modesta opinião, seria uma referência tão importante quanto a tal faculdade; quem levou foi Serrinha. Agora, perdemos para Pintadas. Antes, ganhamos o CETEP, com todo respeito, “buena mierda”.

A extensão da UNEB, não passa de um curso temporão, nada mais é que um passageiro de turismo que chega, olha e retorna, não senta o assento.

Nada mais justo ir para Pintadas ou para qualquer outro município. Difícil de engolir é toda uma argumentação que busca explicar e justificar o que não chega e não chegará, como por exemplo: aqui, nas nossas escolas de 2º. Grau, “a nossa clientela não é de Universidade”, ou do prócer da UEFS: “Pintadas é a liderança da Bacia do Jacuípe”.

É bom frisar que Ipirá tem a maior população; tem a economia mais pujante do território e tem as suas prioridades e reivindicações específicas, sendo que, essas demandas precisam ser atendidas. Não somos um municipiozinho qualquer, que se contenta com cisternas, matrizes de ovelhas e o puro assistencialismo que amarra o cidadão às garras do cabresto eleitoral.

Ipirá precisa de muita coisa. Algumas obras são de uma prioridade enorme, insubstituíveis e de grande alcance econômico, social e cultural. Necessitamos de uma faculdade encravada no nosso umbigo; matadouro; um parque de vendas de animais; um núcleo industrial; um hospital equipado com UTI; equipamentos de lazer e de infra-estrutura. É óbvio que não queremos tudo para nós, simplesmente, queremos o que necessitamos. Assim sendo, outras obras importantes, tais como, aeroporto, metrô, viadutos, monumentos, fontes luminosas, penitenciárias, etc., fazemos questão de deixá-las, de coração, para os nossos vizinhos de território.

No mais, a tal organização social de Pintadas pode fazer a diferença, mas enquanto não chegamos lá, contentamo-nos em ver a juventude ipiraense ansiosa por pinotar na Saia Rodada, Psirico, na dança da jega, do jegue e os cambal, pois dessa forma não sofre a dor da Universidade perdida e, também, correspondem integralmente ao interesse dos grupos dominantes de Ipirá.

domingo, 23 de maio de 2010

HOMENAGEM (parte 2)

De passagem para Mundo Novo, parou em Ipirá e dirigiu-se à Prefeitura Municipal, o Coronel Ludugero, acompanhado da sua esposa Filomena e do seu trio de forró. Em conversa com o prefeito foi bastante maleável:
- Seu prefeito ! O nome desse seu criado é Coronel Ludugero. Tô de passage por sua cidade e vim até vossa pessoa oferecer os préstimos de meu trio de forró, se vossa pessoa desejá.

- Já ouvi falar de vossa graça, agora de antemão, vosmicê toca em nosso terreiro se vosmicê colocá prá tocá o nosso zabumbeiro, o minino Dodô.

- Mas, seu prefeito ! Isso é impussível, prumode de meu trio já tê zabumbeiro e dos bom, e prá variá, num conheço igual.

- Se vosmicê acatá o minino Dodô como zabumbeiro, vosmicê já pode se considerá contratado prá tocá um mês no cinema Vox de Ipirá.

- Num seja pur isso, eu tava pricisano mesmo de dá um discanso no meu zabumbeiro Grilo. Tamos combinado.

O Cine e Teatro Vox ficava no Puxa, vizinho à Clínica Santa Helena e era um armazém comprido e com uma altura razoável, possuía uma tela e um palco, onde aconteciam as grandes manifestações culturais de Ipirá. A platéia levava suas cadeiras. Era comum em dias de espetáculo, homens, mulheres e crianças carregando cadeiras em direção ao cinema, sendo que, os mais ricos utilizavam-se de empregados ou agregados para fazerem tal tarefa.

O cinema estava lotado e havia muita gente do lado de fora. Quando o sanfoneiro Eutrópio puxou o fole, o coronel Ludugero soltou a voz, era o sinal que o menino Dodô esperava para dar o seu show. Foi uma apresentação memorável e o coronel Ludugero foi enfático:

- Êta zabumbeiro virado da cilibrina é esse minino Dodó, o sujeito parece qui tem uma istrovenga na mão, esse sujeito é bom todo. Amanhã, a gente vai tá aqui de novo, eu vou cantá minha música nova, que já tá no LP, que lancei no mês passado e eu já digo agora mesmo, o zabumbeiro vai ser o minino Dodó.

Era o que o público queria ouvir. Os aplausos foram demorados. Juntou mais de cinqüenta jovens e carregaram, nos ombros, o menino Dodó, saindo do Puxa, passando pelo Largo dos Malandros, chegando na rua de Cima, até a Praça da Bandeira. Todos gritando efusivamente: “Há, há, há, Dodó é o maió zabumbeiro de Ipirá”. Ninguém sabe a intenção da turma, agora, que levantaram Dodó; levantaram.

Quem adorou a apresentação do zabumbeiro Dodó foi a mulher do Coronel Ludugero, a dona Filomena, que não perdeu tempo em elogiar o zabumbeiro, logo na primeira oportunidade que tiveram sem ninguém por perto, e dona Filomena foi dizendo:

- Seu zabumbeiro ! Vosmicê é brasa batendo no zabumba. Será qui vosmicê é fogo batendo em outras coisa ?

- Dona ! eu sou fogo batendo zabumba, batendo lata, batendo tambor de couro de jibóia, batendo quarque coisa, em tudo que eu batê eu sou fogo – disse Dodó.

- Que bom ! quando o coroné Ludu tivé insaiano com o sanfoneiro Eutrópio, vosmicê vai trená in separado no meu quarto, quero vê se vosmicê é bom de batê o zabumba num triângulo, sem sanfoneiro e cantor pur perto.

- Num tô intendendo a Dona !

- Oh, meu pai de chiqueiro ! Quando vosmicê se adentrá no meu quarto eu vou mostrá um triângulo que eu tenho prá dá a vosmicê, e vosmicê pode batê nele com o pau do zabumba a vontade.

- Quis cunversa istraviada é essa qui a Dona tem. Eu vou dizê prá a Dona assuntá qui uma muié qui zabumbeiro num deve assanhá é muié de cantô, prumode de qui quando cantô toma uma rebordoza ele perde a voz e o zabumbeiro perde a batida e a mão endurece e ele num pode pegá na baqueta.

Dois dias atrás, tinha acontecido um fato muito comentado em Ipirá: o proprietário da Cacimba, Vicente Lima, tinha cortado o rabo de um jegue que vinha comendo sua roça de milho, sem que o dono do mesmo tomasse nenhuma providência, mesmo depois de uma série de reclamações feita pelo dono da roça.

Vicente Lima estava sentado na primeira fila do Cine Vox, esperando a apresentação do Coronel Ludugero, aos poucos, todos os lugares para as cadeiras estavam ocupados e não havia mais lugar para ninguém, sendo que, a apresentação da noite podia começar e lá pelas tantas, o coronel Ludugero apresentou sua música nova:
“ EU NÃO QUERO PAGAMENTO NASCIMENTO; EU SÓ QUERO O RABO DO JUMENTO”.

Foi o suficiente para Vicente Lima levantar exasperado e aos berros ia apontando para o Coronel Ludugero e bradando, ao tempo que ia saindo do cinema:
- Quem é você seu cantor de merda, para atingir a honra das pessoas de bem com sua música de merda !

Retirando-se do cinema, Vicente Lima foi direto para a casa do pai do menino Dodó, seu Pijú, acordando-o fez a sua reclamação:
- Eu vim até a sua residência, a esta hora da noite, para fazer uma queixa de seu filho, que está coloiado com um cantor de merda e ele ensinou a esse cantor uma maneira de desonrar a honra de um homem de bem, como a minha pessoa. Foi a maior humilhação que uma pessoa pode passar e o cabeça dessa ofensa foi seu filho.

- Quem ? O Ramiro ?

- Não, o Dodó que bate zabumba.

- Eu peço desculpas em nome de meu respeito por vosmicê, e pode ter certeza de quando ele entrar aqui ele vai receber a lição que está pur merecê – disse seu Pijú, o pai de Dodó.

O pai de Dodó deixou o fifó aceso em uma meia-parede que tinha na sala de visita, quando Dodó chegou, bem mais tarde, ele pegou o cinturão e deu duas corriadas de leve em Dodó, que saltou e soltou o berreiro:
- Uai, uai, buá, buá ! eu não fiz nada. O que foi que eu fiz ?

- Isso é prá vosmicê aprendê a respeitá as pessoas e não fazer mais o que fez com seu Vicente Lima, um homem direito e de bem. De hoje em diante não quero vê vosmicê batendo nesse tal de zabumba, nem em lata, nem acumpanhando esses forasteiro qui aparece em Ipirá. Se eu pegá vosmicê com isso eu vou te dá uma surra daquelas.

No outro dia, o menino Dodó saiu de casa o mais cedo possível, foi direto para a pensão São Paulo, onde estava o Coronel Ludugero, de forma que ninguém percebesse a sua presença, entrou no hotel de forma sorrateira e nas pontas dos pés, quando ouviu o berreiro da voz grave e enlouquecida do Coronel Ludugero, que ficou bravo depois de ouvir a voz baixa do seu zabumbeiro Grilo no seu ouvido:

- Coronel ! Eu não sei se devo dizê, mas eu vou dizê, prumode de que eu tenho qui dizê, prumode de vosmicê ficá de orelha impé, cum esse zabumbeiro de nome Dodó, que ele ta tumano saliença com sua muié Filomena.

- EU MATO ESSE DISGRAÇADO ! EU TENHO ESSA PEIXEIRA AFIADA É PRÁ INFIÁ NO BUCHO DE UM DISGRAÇADO DESSE E ARRANCÁ O FATO PELA VENTA. QUANDO ESSE ZABUMBEIRO DODÓ CHEGÁ EU VOU ISFOLÁ ELE TODINHO, EU VOU ARRANCÁ O COURO DELE E ISPICHAR COMO SE ISPICHA COURO DE BODE.

Quando o menino Dodô ouviu esses berros do Coronel Ludugero, deu uma tremedeira nas pernas, e quando ele olhou pela greta da porta e viu o tamanho da peixeira e sentiu que não tinha mais perna, até hoje, não sabe como conseguiu sumir daquela pensão, ou melhor de Ipirá. Ninguém dava notícias do menino Dodô, ninguém o viu e ninguém sabia onde ele estava.

Um mês depois, surgiu a noticia pela boca de um roceiro que plantava aimpim atrás do Monte Alto, que havia um rapaz, andando na região. Uma comitiva foi até lá para uma averiguação e constataram que era o menino Dodó:
- Vamos para casa minino Dodó. Como vosmicê conseguiu viver aqui ? Comia o que ? – indagava um membro da comitiva.

- Eu tô vivendo aqui cum as onça. Eu tomo leite de onça. Eu como as comida que as onça mim dá. E elas já tá perto de chegá.

A comitiva já estava assustada e um deles foi dizendo:
- Minino Dodó ! Vamos imbora daqui o mais rápido possíve. Vombora minino Dodó, antes qui as onça chegue.

- Daqui eu não saio, eu vou viver cum as onça. Se eu num pudê batê zabumba, eu vou ficá aqui e morá cum as onça.

Acertaram tudo. O menino Dodó retornou para casa, pediu a benção de seu pai, que deu sua permissão para que ele batesse zabumba. A partir daí, o povo de Ipirá passou a ter certeza da existência de onça na gruta que fica atrás do Monte Alto e até hoje acredita-se nisso. O menino Dodó sobreviveu chupando azedinha, quixaba e umbu.

O Coronel Ludugero tinha ido embora e dois anos depois mandou uma carta pedindo desculpas ao menino Dodó, por ter acreditado no zabumbeiro Grilo, que mais tarde ele comprovou que era um lacaio, um elemento desclassificado e mentiroso, que por ter ficado com inveja do menino Dodô, inventou toda aquela estória da ousadia com dona Filomena, coisa que nunca aconteceu. O Coronel Ludugero mandou um dinheiro para o menino Dodó viajar urgentemente para Salvador e juntar-se ao grupo para viajarem de avião para o Rio de Janeiro. O menino Dodô ficou alegre e se entusiasmou com a proposta recebida, mas antes tinha que se despedir das delícias de Ipirá e foi logo dizendo aos amigos:
- Hoje, eu não vou não. Eu vou daqui a oito dias; primeiro eu vou tomá é banho no tanque Veio; vou me despedí das onça na gruta do Monte Alto; vou buscá umbu nus Cágados; vou comê jaca na Caboronga. Na semana que vem eu viajo.

Cinco dias depois de ter recebido a carta, Dodó e muitas pessoas em Ipirá, ouvindo o noticiário da Rádio Sociedade da Bahia, tomaram conhecimento de uma triste notícia, desde quando, tinha acontecido um grave acidente aéreo com um avião que decolou em Salvador com destino ao Rio de Janeiro, e neste acidente faleceu o cantor Coronel Ludugero, sua esposa Filomena, o sanfoneiro Eutrópio, o tocador de triângulo Orelhudo e só escapou o zabumbeiro, porque tinha perdido o vôo.

terça-feira, 18 de maio de 2010

RADIOGRAFIA 7





Ipirá é uma cidade de sorte. Seu progresso e seu desenvolvimento só tem uma razão: as administrações dos jacus & macacos.

Quis o destino que o bendito Ipirá fosse agraciado com esse tipo de administração moderna, responsável, transparente, competente, eficiente, que apaixona todos nós. Não sei o que seria de Ipirá sem essas administrações dos jacus & macacos.

Radiografia, na defesa intransigente das administrações jacu & macaco, traz mais uma grande obra desses profícuos administradores jacus & macacos, que devotam um interesse profundo por Ipirá.

Essa obra fica naquela descida da chácara de Henrique, em direção ao Estádio de Futebol. Observe que eu estou postando no dia 18 de maio de 2010, quando, justamente, faltam apenas 24 dias para o início da copa do mundo da África do Sul e 5 dias para a final do campeonato de futebol de Ipirá.

Quando a obra estiver pronta colocarei outra foto. Não ! não vai ter demora não ! isso é jogo rápido e, eu vou dizer até, que acredito e dou até minha palavra, que essa nova foto vai sair antes da final da copa do mundo e nas comemorações do campeão da cidade (União ou Vila). Bem ! É verdade ! Todo ano tem final de campeonato em Ipirá ! É mesmo ! tinha esquecido, a copa de 2014 será no Brasil !

Tem mais uma coisa. Essa obra é tão importante, que nem a eficiente administração jacu & macaco sabe o que é. Eu, também, nem imagino o que seja. Dê uma força, leitor amigo, descubra o que isso aí: pode ser um metrô, um quebra-mola, uma galeria pluvial, um aqueduto, um túnel, um lindo esgoto a céu aberto, uma obra de alvenaria, um monumento ao povo carente, um não sei o que lá, um ... Esqueça.

O importante é que isso aí, trata-se de mais uma grande obra para o progresso de Ipirá e tem o carimbo da administração jacu & macaco. E para finalizar, resta-me parodiar seu Vavá da televisão: “a tarefa é difícil; é dificílima; e segue o enterro.”

sábado, 8 de maio de 2010

HOMENAGEM (parte 1)


O Circo Bartolo estava na cidade de Ipirá, fincado na Praça da Bandeira, no fundo da Igreja, já fazia mais de um mês que agitava a localidade, sempre com lotação completa para ver o palhaço Lamparina e a bailarina Zene, com saia curta, que era a que mais vendia fotos àquela platéia alegre, encantada e cativa, que se aglomerava no galinheiro e nas cadeiras para deliciar-se daqueles arroubos circenses.

Aquele domingo seria um dia especial, com uma atração de grande peso, aguardada e esperada ansiosamente por toda população, que há dias não tinha outro assunto. Seria a apresentação do já afamado sanfoneiro Luiz Gonzaga, uma estirpe na arte de tocar o oito baixo, isso só para falar sinfonicamente. Ipirá estava em festa aguardada e na expectativa da majestosa apresentação.

No início da tarde, chegou à cidade o pau-de-arara de seu Quincas, um GMC azul, com cara chapada, que funcionava por pressão de uma manivela dando corda para poder sair do lugar. Parou em frente à pensão de Tomás Aquino Ferreira, que ficava na Praça da Bandeira, da boléia saltou um sujeito com rosto arredondado, com um chapéu de couro na cabeça, era um pouco baixo e troncudo, carregava uma embalagem de sanfona nos ombros, era Luiz Gonzaga. Da carroceria saltaram mais dois elementos que formavam o trio e mais cinco passageiros que não tinham nada a ver com a comitiva ilustre.

Dentro da pensão, foram bem recepcionados por seu Tomaz Aquino Ferreira, o proprietário, e pelas autoridades que se acotovelavam para conhecer e prosear com aquele monstro sagrado da música nordestina, da mesma forma, os empregados da pensão queriam matar a curiosidade e chegar perto para ver a estrela do forró, que estava ali, na sala, esperando o almoço, que foi sair quase quatro horas da tarde. A mais entusiasmada era a negra Nastácia, que era a cozinheira titular e possuía uma mão leve no sal e apimentada no tempero, com fama que ultrapassava os limites da cidade. Na hora do almoço-janta, a cozinheira Nastácia fez questão de levar a gamela de bode acebolado e fermentado com seu tempero para a mesa. Foi logo dizendo:

- Boas tarde que anoitece seu Gonzagão; eu sou Nastácia, essa sua criada, qui ta aqui prá atendê o qui vosmicê achá de querê. Tô numa aligria disgramada de cunhecê vosmicê.

- Eu também digo o mesmo prá vossa pessoa – disse Luiz Gonzaga sorrindo.

- Sabe cuma é, num é, seu Gonzagão ! eu assunto muito as suas melodia, e eu até vou dizê aqui prá vosmicê, qui me aderreto qui nem uma égua quando ta tomano banho, quando assunto aquela modinha da Asa Branca, qui vosmicê canta, chega mim dá um apetrecho no coração.

Quando a negra Nastácia começava a conversar só parava quando a língua fazia calo e ela monopolizando a atenção perguntando ao grande mestre do baião, o Gonzagão:
- Vosmicê num vai cumê não ? É prumode de não ter apreciado os meu tempero ?

- Não é isso não, madame ! Comida ! Eu só quero dá umas beliscadas.

Na verdade, o mestre Gonzagão não almoçou, porque a negra Nastácia não deixou, com seu falatório, enquanto isso, Chico Paraibano, o zabumbeiro, comeu pelo trio; pelo trio não, por uma orquestra completa e das grandes, ao ponto de sua barriga ficar com um volume que parecia de mulher parideira de quadrigêmeos. Faltando meia hora para a apresentação a dor no pé da barriga colocou Chico Paraibano de custipio e o bicho ficou travado. O mestre Luiz Gonzaga indagou ?

- Aqui, neste lugarejo, num tem um zabumbeiro prá ocupá o posto de Chico Paraíba não?

- Pru estas bandas, olhando dez léguas prá riba e o mesmo tanto pras banda de baixo, vosmicê num vai dá de testa com esse troço não, agora se vosmicê tiver na pricisão, pode levá uns minino qui leva o dia todo fazeno batucada em lata, aqui nos fundo da pensão – respondeu a negra Nastácia.

- Corre e traz esse menino sem perder tempo, que não tem outro jeito, eu já vi que quem não tem cachorro caça com gato.

O circo Bartolo estava com lotação total. Os homens estavam de paletó de linho ou casemira, gravata alinhada e calça engomada. As mulheres de chapéus e com os melhores vestidos. Os meninos usando calça-curta, meias e sapatos. Todos impecáveis, sentados nas cadeiras. Os mais remediados apresentavam a domingueira de forma vistosa. Era um dia de gala na cidade de Ipirá.

Quando as cortinas do palco abriram, o apresentador do circo, com voz vistosa, chamou o mestre da sanfona no Nordeste, o Gonzagão, a multidão recebeu-o sob auspiciosos aplausos e de pé. Chamou o homem do triângulo de ouro, Zeca de Caruaru, que foi bastante aplaudido, depois chamou a revelação do zabumba, entrou Dodó de Pijú. O silêncio foi espantoso. O apresentador tentou animar o ambiente: “vamos aplaudir a grande revelação do zabumba no Nordeste do Brasil, o pequeno gigante do zabumba”, mas não disse o nome.

Até então, a platéia nada entendia, suspirava e estava contagiada com a expectativa de uma outra presença, de um desconhecido, de uma pessoa nunca vista, mas do momento em que entrou o zabumbeiro, até o instante em perceber quem era realmente, levou uma eternidade em curto espaço de tempo, até que uma voz alta quebrou o silêncio:
- Oxente! É Dodó de Pijú !

A platéia não entendia nada. Todos estavam perplexos e não compreendiam o porque de Dodó está naquele palco, quando seu lugar seria no galinheiro do circo e não com as estrelas, ele só iria atrapalhar. Um gaiato gritou:
- Procura teu lugar Dodó ! tu não ta veno que ai num tem pavio pra teu fifó.

O mestre Gonzagão puxou o fole e tirou um som em dó; o triângulo entrou no ritmo; Dodó jogou a baqueta para cima, para pegar no ar e dar o repique, a baqueta caiu, Dodó tentou agachar, o peso do zabumba puxou-o para baixo, desequilibrado, caiu. A platéia não agüentou. Em peso, o público presente soltou uma risada estridente e a galhofaria tomou conta do recinto:

- Sai daí pé rachado!
- Cai fora perebento ! vai bater em outra freguesia.

Todos riam. A algazarra era total. Foi uma das maiores humilhações já presenciada nesta terra. O menino Dodó estava acabrunhado em meio à barulheira infernal e, neste instante, comentou com o mestre Lua:

- Mestre Luís ! Eu não sei batê nesse troço istrombólico não.

- Oh, menino, levanta ! Faça de conta que isso aí é uma lata. Dê uma batida, como você bate numa lata, mostra pra essa gente que não tem batedô de lata melhor do que você. Vamos lá menino.

Antes que o mestre Lua arrumasse a sanfona, o menino Dodó deu a primeira batida; mestre Lua apressou-se e correu atrás, acompanhou o ritmo do zabumba e encaixou a melodia. Na segunda música, o menino Dodó arremessou o zabumba e as baquetas para cima, com uma força que a altura atingida chegou perto da empanada do circo, as baquetas, como se estivessem conduzidas por mãos invisíveis, continuaram batendo no zabumba, que descia em queda livre, o menino Dodó aparou-o na cabeça e deu um repique magistral; era assim que ele fazia com as latas.

A platéia ficou muda. O forró rompia e causava impacto no silêncio. Mestre Lua estava emocionado e inspirado, tanto que, de improviso, criou uma letra e uma música para aquele inesquecível momento:

“Ta danado de bom, ta danado de bom; esse forró, ta danado de bom; esse zabumbeiro, ta danado de bom, ta danado de bom, meu senhor, ta danado de bom”.

A platéia foi ao delírio. Asa Branca foi apresentada e cantada de uma forma nunca vista, só voz e marcação do zabumba. Em pé, todos aplaudiam o espetáculo. Mestre Lua esbanjava maestria, mudava de música e sem parar o som, seguia improvisando:

- Êta zabumbeiro avexado ! segura o tom, zabumbeiro, que a sanfona não agüenta a correria; “mas ta danado de bom, ta danado de bom”. Êta zabumbeiro da gota serena, o menino ta tinindo, “ta danado de bom, o menino ta danado de bom, ta danado de bom”.

A última frase do mestre Lua, tocou no fundo da alma dos presentes. Foi uma lição. O silêncio era absoluto e o mestre profetizou:
- Vocês vão ter que engolir esse menino zabumbeiro.

Os aplausos não paravam, assim surgia o menino que se apegou à arte do zabumba e que este ano completa 58 anos de carreira, no dia 20 de junho de 1952.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Rádio x Som.



RÁDIO X SOM LOCAL – (Segundo tempo).

Continua a polêmica, mesmo sem necessidade. Agora, inclusive, mais apimentada. Não é que o SOM LOCAL trouxe o grande locutor Sílvio Luís, via não sei o que, para concorrer com a RÁDIO AM, nas transmissões do jogo, mesmo sem ele saber o nome de nenhum jogador que atua no futebol de Ipirá, mas entra sempre assustando a torcida em lances capitais: “pelo amor dos meus filhinhos” ou “o que é que eu vou dizer lá em casa” e “é gooooooooool” e nunca diz quem fez. Assim, é criatividade demais.

Nesse meu comentário, eu, também, vou ser criativo e vou ter que brincar, porque parece que a torcida contrariada e tendo que suportar esse tal de Sílvio Luís, vai ter que trazer um outro Sílvio, o Mendes, da Sociedade, que vai gritar para o SOM LOCAL: “segura a cabeça de mamãe” que desse jeito não tem torcida que agüente.

Imagine até onde chegou a criatividade do SOM LOCAL, em pleno jogo Independente x Catuense, começou a transmitir o jogo do Santos x Santo André ! Eu só posso dizer que é brincadeira ! Uma coisa está bem clara: se o torcedor que estava ali, quisesse ouvir o jogo do Santos, ele teria ficado em casa em frente à televisão, que além de ouvir ia ver na telinha. É o lógico. O SOM LOCAL dessa forma não vale absolutamente nada.

Em que momento o SOM LOCAL foi extremamente importante e útil ? Quando o goleiro do Independente fraturou a perna. Serviu para chamar à atenção da ambulância e cobrou agilidade no atendimento. Nota mil para o SOM LOCAL.

Então, a questão está no bom-senso e é o que está faltando, porque o SOM LOCAL não pode e não deve atrapalhar a transmissão da RÁDIO, porque neste quesito a RÁDIO é mil vezes mais importante que o SOM LOCAL. Afirmo e provo.

Depois do campeonato, vem aí a Seleção de Ipirá. Quando o jogo acontecer no nosso Estádio, o SOM LOCAL estará lá, fazendo o que faz e atrapalhando a transmissão da RADIO AM. E quando o jogo for fora (Coité, Serrinha, etc) ? O SOM LOCAL não vai lá e ficará aqui. E o torcedor ipiraense, como é que fica ? Se quiser acompanhar a Seleção de Ipirá terá que ouvir o jogo pela RÁDIO AM. Vou brincar novamente, com uma sugestão: quando Ipirá for jogar uma final com Porto Seguro, por exemplo, lá em Porto Seguro, façam a transmissão pelo SOM LOCAL que o nosso Estádio José Luís dos Santos vai lotar. Vamos deixar de brincadeira.

Vou finalizar com uma hipótese: o futebol de Ipirá, ORGANIZADO E PLANEJADO tem condições de chegar a uma final de Intermunicipal, eu penso assim. Todo mundo sabe que a final do Intermunicipal é transmitida pelas rádios Sociedade e Excelsior. Vamos supor que a Seleção de Ipirá chegue lá, e nessa possibilidade é bom perguntar: no jogo daqui, no nosso Estádio, o SOM LOCAL vai fazer o que ? Vai fazer o que faz ou vai deixar de fazer o que está fazendo ? Porque se fizer o que está fazendo vai atrapalhar a transmissão das duas rádios de Salvador. E eu aconselho o seguinte, não façam isso não. Esses locutores das rádios Sociedade e Excelsior trabalham por todo o Brasil e vão dizer, não tenham dúvida, que Ipirá é uma baita província e uma localidade atrasada.

Com isso tudo acontecendo, eu não quero acreditar, sinceramente, que isso é missa encomendada ou que é uma coisa direcionada para prejudicar diretamente a Rádio AM ou o locutor Manoel Hito, porque, assim sendo, eu deixo de brincadeira, para afirmar que isso é uma coisa tão pequena e uma picuinha tão desprezível, que eu prefiro nem pensar nisso, e fazer votos para que o entendimento e o bom-senso prevaleçam, para quem sabe, ainda este ano, Ipirá comemore um título de campeão do Intermunicipal, com a importante, histórica e insubstituível transmissão da RÁDIO IPIRÁ AM e o importante apoio do SOM LOCAL. Quando for preciso, voltarei com a minha opinião de torcedor do futebol de Ipirá.

domingo, 2 de maio de 2010

FAIXA X FAIXA



FAIXA X FAIXA

Estou em mãos, com um RELATÓRIO das EMENDAS PARLAMENTARES apresentadas ao projeto de Lei Orçamentária no. 18.288/2009 – Ipirá-Ba

Orçamento do Estado da Bahia para o Exercício de 2010.
Total de Emendas apresentadas para todo o Estado: 52.704
Quantidade de deputados: 63.
Orçamento total do Estado para 2010: R$ 23.275.223.228,00 (é dinheiro que não acaba mais)
Emendas acatadas pelo Poder Executivo: NENHUMA.

Total de EMENDAS apresentadas para IPIRÁ: 192
Orçamento total das Emendas apresentadas para Ipirá: R$ 81.612.501,00 (muito ou pouco?)

Aí começa uma polêmica, por causa de que eu não sei, pressinto que seja faixa x faixa.
Vou esmiuçar o relatório e observo que: o deputado que mais apresentou Emendas para Ipirá, é um deputado que nunca teve apoio e muito menos voto em Ipirá. Ele é um ilustre desconhecido chamado Roberto Carlos, do PDT, que fez 71 Emendas, equivalendo a R$ 35.686,053,00. Esse deputado, presumo, que não tenha muita coisa a fazer por aí e para não perder tempo, fica mandando vê no computador e fazendo Emendas para todos os municípios da Bahia, e quiçá, até de Sergipe. Agradecemos, deputado, um abraço, passe bem.

Sobre essa questão de Emenda, uma coisa chamou minha atenção, o Tipo de Emenda: a aquisição de viatura policial teve um total de 08 Emendas com esse objetivo. Oito viaturas. Ipirá recebeu UMA agora. Aí, a madeira canta. Quem é o pai da criatura: A FAIXA.

O deputado Jurandy Oliveira fez 03 (três) Emendas para aquisição de viatura policial, a 39414 – a 39420 – a 39426 – fez três para receber só uma viatura, continua devendo duas ou as três, porque às vezes a faixa também se engana, e quem sabe se não foi dessa vez.

Existem quatro (04) Emendas solicitando a Aquisição de Ambulância e Veículo para a Saúde. Dentre elas, a Emenda de ordem 165 no Relatório, com o número 36955, foi feita pelo deputado Álvaro Gomes, do PCdoB, é do tipo que solicita a Aquisição de Ambulância e Veículo para Saúde, com um valor de R$ 46.000,00; Secretaria: SESAB, Órgão: FESBA. Nas Emendas do deputado Jurandy Oliveira eu não observo esse tipo de Emenda.

Assim sendo, eu começo a duvidar do Relatório que está em minhas mãos. Será que ele é do Paraguai (falsificado) ? Será que Emenda de deputado é coisa xixilada, que governador faz vista grossa ? Se for assim não faz sentido as faixas ficarem brigando. Não é verdade ? Diante das dúvidas, não podemos ficar duvidando disso e daquilo. Vamos fechar a questão. É simplesmente, uma questão de faixa contra faixa. Leia as duas e tire suas conclusões.