Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 20. (mês de maio 2009)
Cena: dentro da residência
O prefeito Dió levava um papo descontraído com Luiz do DEMO (que se diz PMDB), intercalado com sonoras gargalhadas e pequenas bebericagens de vinho, acompanhadas com canapés como tira-gosto.
Cena: no meio da rua.
A grudação das duas era pegajosa. O bolo que formavam abraçadas, rolava pelo chão parecendo uma jibóia engolindo bezerro. O confronto era duríssimo e em determinado momento, Tonha conseguiu desvencilhar sua mão e empurrou o dedão no Fê-O-Fó da macaca Natalina, que gritou furiosa:
- Êpa ! vamo parano pur aí; sem essa de impurrá o dedão no meu Fê-O-Fó; quem impurra aqui é o 22, é a macacada.
- Qui macacada, qui nada ! quem tá impurrano o dedão no parreco dessa macacada toda é o prefeito Dió – retrucou a ex-empregada Tonha.
- Cala a boca sua jacu dispeitada. Quem tá na vez é a macacada e é a macacada quem tá cumeno e é quem pode cumê, ai fica essa jacuzada discarada, doida pra lambê uma carne de pescoço e não acha. Tá tudo com dô de cutuvelo e ispiriguitada, enquanto a macacada tá cumeno é chupa molho – atacou Natalina.
- Deixa de sê besta macaca safada, que vocês não paça nem os beiços na pelanca, que dirá cumê chupa molho. Só quem come nessa Ipirá disprotegida é um molhinho desse tamainho, ou melhor, uma trempezinha, ou melhor ainda, uma panelinha – acrescentou Tonha.
- E no tempo que a jacuzada tava na prefeitura num era do mesmo jeito ? Só comia meia dúzia de crocodilho e o resto pastava – disse Natalina.
A briga entre as duas ex-empregadas continuava rolando. Aquela discussão surrada e amassada prosseguia sem nexo e com a mesma substância de quarenta ano atrás. Ipirá está enfiada na fanfarronice da inutilidade. Ipirá tem 94,6% da população vivendo com até dois salários mínimos. Esse é o laço no pescoço do gado. O tronco fica logo adiante, é o caminho mais próximo.
Novamente, cena dentro da residência.
O prefeito Dió e o ex-prefeito Luiz do DEMO (que só quer ser PMDB) recebiam as notícias da rua pelo celular, via torpedo: "enfiaram o dedão no Fê-O-Fó da macaca Natalina".
- Quá, quá, quá, quá... ! ou rs, rs, rs, rs... (risos, como se bota na Internet) - os dois, o prefeito e o ex-prefeito, deliciavam-se.
- E o pior, é ela ter que ficar três anos e meio com esse dedo no buraco. Quá, quá, quá, quá... – estatelava-se o prefeito Dió.
- Há, há, há...! assim eu morro de rir. Eu fico pensando é no cheiro que vai ficar nesse dedo daqui a três anos e meio. Há, há, há ! eu vou morrer de rir. Oh ! Ipirá bom. Isso aqui é o paraíso; nem o céu é melhor do que Ipirá – arrotava o ex-prefeito Luiz do DEMO (que afirma que é PMDB).
Neste exato momento, graças à alta tecnologia, iria começar a grande conferência internacional, entre os três grandes líderes mundiais, cada qual no seu mundo: o prefeito Dió; o ex-prefeito Luiz do DEMO ( que insiste em ser PMDB) e O’Brama, que todo mundo conhece. Neste devido instante, lembrei-me do apresentador Sílvio Santos, quando aparece no vídeo e coloca a mão para fora apertando a mão do baiano. Assim fêz O’Brama, colocou a mão e saudou o prefeito Dió:
- Oh! My friend prefeito Dió. Não vejo a hora de ir nessa falada cidade brasileira, ou melhor, desculpem-me, vou ratificar, brasileira não, do mundo, para aprender umas manhas com my friend.
- Oh ! meu brother O’Brama. A honra é toda minha. O que é que meu brother quer que eu lhe ensine ?
- OH! My friend prefeito Dió. Quero saber como é que eu posso viajar para Salvador, voltar para minha metrópole na terça à tarde, trabalhar na quarta e retornar à Salvador na quinta pela manhã ? E o mais importante, sem o povo dizer nada.
- Oh ! meu brother O’Brama. Isso é mole prá gente, quando o meu brother O"Brama vier aqui, a gente entra nos detalhes. Agora converse com meu ex-líder, o ex-prefeito Luiz do DEMO, que tá tirando onda de PMDB.
- Oh! My friend Luiz do Demo, tu nunca foi PMDB. Como eu queria conversar com você. Sabe como é, né ! tem coisa que a gente não sabe e tem que ouvir quem sabe. Como é que eu faço para fazer um Aterro Sanitário que vale um com faturamento no valor de dez ?
- Oh ! mister O’Brama, isso é só facilidade. É só pegar nota fiscal de uma livraria, aí ninguém vê, e se correr uns trocados por fora, ninguém ouve, nem fala.
- Ok ! my friend Luiz do DEMO (que gosta de enganar com PMDB) passe aí para o my friend prefeito Dió. Oh ! my friend prefeito Dió, eu só vou aí, em Ipirá, se tiver carne de sheep. Good bye.
Ficando à sós, o prefeito Dió interpelou o ex-prefeito Luiz do DEMO (que acredita que é PMDB):
- Eu estou com meu inglês em dias, mas essa palavra sheep, que o O’Brama disse é nova. O que deve ser isso ?
- Eu também não sei, mas deixa eu entrar em contato com meus children que moram lá para saber o que é – em um instante entrou em contato com os States – meu children o que significa sheep ?
- Is carneiro, my father – respondeu o filho.
- É carneiro, prefeito Dió.
- É mesmo ! grande filho da puta é esse O’Brama ! até esse ianque imperialista está contra mim. Será que esse gringo está pensando em invadir Ipirá para fazer um Matadouro de Carneiro ? Ele que venha. Ele vai ter que enfrentar minha Guarda Municipal. Bem ! é verdade ! primeiro eu vou ter que fazer concurso para a guarda pública. Bem ! é verdade ! antes eu tenho que contratar uma empresa fuleira para fazer esse concurso. Bem ! é verdade ! antes eu tenho que fazer a licitação. Bem ! é verdade ! prá tudo isso, eu tenho que ter dinheiro. Bem ! é verdade ! a crise econômica deixou a prefeitura de Ipirá sem um tostão. Bem ! é verdade ! acreditem no que eu digo. Será que eu vou ter que repetir: IPIRÁ NÃO VAI TER MATADOURO DE CARNEIRO, nem que o porco chauvinista do O’Brama queira.
SUSPENSE: e agora ? o que será que vai acontecer ? Carne de carneiro ? o matadouro ! você sabe que não sai. Só falta apelar prá quem ? Será que Deus vai mudar a cabeça do prefeito ? Ou será o diabo ?
Leia o capítulo 19 – abril 2009 - logo abaixo.
OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.