sábado, 24 de novembro de 2018

CAPRICHO DA NATUREZA


O que está acontecendo com Ipirá? Não sei. Posso até dizer que Ipirá é fake news; se não é, parece! Às vezes, penso que Ipirá saiu meio atravessado e deitou-se num espojadouro de jegue, revirando por muitas voltas e lambuzando-se. Resultado: ganhou uma inhaca da desgraça, que grudou e impregnou de um jeito que não tem sabão feito com sebo de carneiro e creolina que dê jeito.

Na verdade, o município de Ipirá está amarrado e bem amarrado; não desenvolve e não sai do lugar do jeito que a população quer, deseja e necessita: SAMU, Mercado de Artes, Casa do Estudante, Matadouro, até mesmo, Biblioteca Lan House, etc e tal. O nó é cego e o novelo não dá linha. Não tem um custipiu da silibrina que bote esse lugar prá andar.

Aí você pode perguntar: por que Ipirá não desembesta de vez e sobe a ladeira? Eis uma questão melindrosa, esfarrapada e carrasquenta. Dizem por aí, que é devido à natureza do lugar.

O município de Ipirá está grudado, incrustado e atolado no semi-árido e todo mundo sabe que aqui não tem moleza, nem sopa no mel, nem sorte para o azar. A realidade é nua e crua.

Estamos embaixo de uma bola de fogo, que impera inclemente, queimando e torrando a terra nua. Isso aqui é um forno microondas. Um sistema de ar quente e terra ressecada, com uma inclinação e paixão incontrolável pela aridez desértica. Isso aqui é um braseiro de brasa, que tem como termo sol, calor e suor.

Bem acima das nossas cabeças está o maior reator atômico que provisiona o universo, pelo menos pras banda de cá. Tudo de graça, sem custar um tostão. Força motriz e fonte de energia exuberante, com alta precisão; fator de potencialização, majestoso impera soberano; com fissão e propulsão gigantesca faz sortimento, provimento, abastecimento, fornecimento.

O que é áspero, severo, rigoroso, também pondera de um jeito solene e potente, concubina com a água e vira mantimentos e víveres, em abundância de coisas necessárias ou proveitosas. Vira poesia.

Nada é problema em busca de solução. Lá de cima, sol braseiro de brigadeiro, esquenta a fogueira, acende tocha, borrifa as cinzas do fogão; a fornalha vira forno para proteger o fogo que fornece luz e calor para a alma. Bendita alma, protegida pelo fogo!

Cá de baixo, o escaldante vaivém de todo dia, nasce e se põe; segues o teu destino interminável, incontrolável, insubstituível. Caminhas firme no teu percurso duradouro e gracioso. És Senhor de si, do tempo, da existência, da vida e do ser.

Calorenta bola de fogo e luz! Esquenta e protege os desvalidos; dá na medida exata aos necessitados. És lanterna em vigília permanente por teu percurso. O semi-árido te reverencia, porque cá embaixo a poesia não contamina a vida.

Essa conversa tem pé e não tem cabeça. A natureza do lugar é assim mesmo, ressecada, dura, sisuda e nada maliciosa. Malícia de raposa quem tem é a politicagem do lugar. Já falei do financiador, do eleitor e, agora, do agiota.

Acredites se quiseres. Sábado, véspera das Eleições Municipais de 2016, no município de Ipirá, por estas bandas aportou, vindo de Feira de Santana, um sujeito muito vistoso, montado numa Hilux, com corrente, relógio e pulseira de ouro, esbanjando fantasia, garboso e imperioso, desfilando pela avenida em busca de candidato para votar.

Para votar, coisa nenhuma! O elegante canastrão trouxe uma mala de dinheiro, precisamente, declaradamente, cinqüenta mil reais fatiados em nota de vinte reais.

Contribuição oficial de campanha para o candidato? Qolé, contribuição! Isso aí é caixa 4. O sujeito era agiota e trouxe a mala cheia de grana para o candidato praticar uma boa ação, ao fazer o milagre da multiplicação e da partilha.

De bela ação o inferno está abarrotado. Essa grana era para comprar uma mercadoria de qualidade ordinária, mas fundamental para a realização do sonho e ambição de um poder oligárquico; abocanhar a prefeitura.

O candidato usa grana própria e alheia para comprar votos, consciências e vontades. Quem vai pagar a despesa do banquete e das migalhas que caem da mesa? A rebordosa vai ficar na conta do município.

Com dinheiro público saindo pelo ladrão; as estimativas e os obstáculos que historicamente persistem no município ficam acomodados e não são resolvidos, perdurando por tempos e mais tempos.

É verdade, devido a natureza, o município não desenvolve. Essa natureza da politicagem de Ipirá é extremamente nociva, mas não é só isso, tem mais coisa para a próxima postagem.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

FACA NO PESCOÇO DO PREFEITO!


O prefeito Marcelo Brandão tomou uma sonora vaia, daquelas que o sujeito perde até o caminho de casa. Aconteceu na semana passada, no povoado do Pau Ferro. Não é nada do outro mundo, simplesmente, um repertório de vaias, que demonstra na sua algazarra a insatisfação popular com a atual gestão.

É impressionante a situação de desgaste do prefeito MB. Mas, pensando bem. Nada disso é novidade porque o pau que dá no jacu dá no macaco. Qual é a administração que não merece vaia em Ipirá? Difícil dizer.

Qualquer que seja o prefeito de Ipirá ele terá grandes dificuldades. O problemão está no sistema de politicagem que foi implantado neste município há mais de meio século.

Ipirá está amarrado nesse sistema oligárquico que o domina. Dentro desse sistema não tem saída. A administração, jacu ou macaco, tanto faz, transcorre de forma engessada, viciada e estrangulada. É uma armação escabrosa.

Se, tem financiador de campanha que mete a faca na jugular do candidato, também, tem grande parte do eleitorado que tira o couro durante a campanha e o candidato que vencer ficará comprometido até o pescoço durante todo o mandato, não importa, se jacu ou macaco.

E o eleitor comentava: “queta com o prefeito Marcelo Brandão! Eu votei nesse elemento e se arrependimento matasse, eu já era defunto! Ele disse que meu filho ia ganhar um emprego, o menino deixou a empresa que trabalhava e nada; eu gastei do meu, quase vinte mil reais e ele disse que ia me pagar e até hoje nada, é só enrolação. O que foi que eu ganhei com esse prefeito? Uma dívida; que ele ficou de me ajudar e caiu fora. Depois que se elegeu, quando ele passa por aqui ele vira a cara. Eu já mandei um recado para ele pelo zap, vai dá muito trabalho prá ele juntar a boiada que se espalhou pela caatinga.”

Eles criaram e sustentam esse sistema e não tem como se livrar dessa embolação. Não tem urucubaca que dê certo dentro desse mecanismo e o gestor jacu ou macaco vai ter que montar uma protelação ardilosa para as demandas esperadas pela população e pelo município, assim sendo, os gestores vão se sustentar na base da mentira, da trapaça e do embuste. “Prefeito, caiu no horto ta morto!”

A receita do bolo que leva ao fracasso os gestores em Ipirá tem muitos ingredientes; já citamos dois: o financiador de campanha e grande parte do eleitorado. Faltam outros, que apresentaremos nas próximas postagens. Não há solução para Ipirá neste parangolé do atraso.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

QUEM MATOU A PREFEITA?


Em 2012, foi eleita a primeira mulher para administrar o município de Ipirá: a médica Ana Verena. Ficou, precisamente, quinze dias no cargo de prefeita. Alegando problemas de saúde, ela renunciou ao cargo para o qual foi escolhida pelo voto popular.

Uma renúncia muito falada e pouco explicada. A causa verdadeira, até hoje, não veio à tona, está trancada a sete chaves, como um segredo da caixa de Pandora, que irá perpetuar-se por uma eternidade.

Mas, não tenham dúvida, ela tomou a atitude mais correta da sua vida, talvez, por premunição ou sorte, deixou de ser prefeita para continuar médica. Saiu do olho do furacão.

O que é que estraga e atrapalha as administrações públicas no município de Ipirá? O vício profundo e deletério da politicagem praticada em nosso município, que corrompe e desmoraliza os homens e mulheres que se colocam como postulantes e auferem ao posto de executivo municipal.

Ao mesmo tempo em que, destrói o município, prejudica a população e é danoso para todas as pessoas que vivem neste município, que pagam o preço pelos péssimos serviços públicos existentes em nossa localidade, fazendo com que a vida perca qualidade e fique precária. Será que estou inventando? Necessite de saúde e verás o que um filho teu sofre em ti, Ipirá!

A politicagem de Ipirá criou um monstro, que ilude o povo, engana o crédulo, logra o ingênuo e, depois, volta comendo o próprio criador.

Esse monstro está engolindo todas as lideranças políticas e todas as pessoas decentes que tenham um envolvimento político em Ipirá. E eles, as lideranças políticas, ficam fazendo de conta que não está acontecendo nada de anormal. Não enxergam nada, ou seus interesses repugnantes não os deixam perceber. As pessoas ficam extasiadas achando que este é o melhor mundo possível. Paciência!

Para você entender como essa coisa nociva funciona, vou esmiuçar. O monstro começa atacando bem antes da campanha, com alguns conceitos, como: “só ganha política candidato que tem dinheiro para gastar.” Ponto final, fechado e blindado. Aqui está o caminho para o inferno.

Isso atinge todos os candidatos do esquema jacu e macaco. Não escapa um. O financiador virou para a candidata e deu dois cheques (não sei o valor) e disse-lhe: “Esse dinheiro é para a campanha, se você perder não me deve nada, se ganhar você me devolve esse dinheiro sem juros.” Frase bem simples, inocente, bem intencionada, colaborativa e solidária. A candidata, na fervura da campanha, pegou os dois cheques e inconscientemente assumiu um compromisso.

A frase estava carregada de malícia, esperteza, malandragem e pilantragem. E os olhos dos candidatos estão fechados para esse tipo de proposta indecente. Resultado: vitoriosa ou vitorioso, jacu ou macaco, é chegado o momento do acerto de contas! Vai ouvir friamente um aconselhamento: “Todo contrato que for feito entre a prefeitura e as empresas você pega 10 % e paga o dinheiro da campanha.” Esse é o caminho da degradação moral e do caos administrativo.

Contribuiu com quanto para a campanha? Com absolutamente nada, seria ressarcido. Ajudou a candidata a se eleger? Ajudou. Com seu apoio a candidata ganhou a prefeitura? Ganhou a prefeitura e um problemaço, uma dívida. Pagaria essa dívida de campanha com dinheiro do próprio bolso? Não.

Eles acham legalíssimo o pagamento com dinheiro público. Acha-se correto, legal e normal; que é assim mesmo, sempre foi assim e sempre será desse jeito. Não é! É ilícito, ilegal e imoral. É corrupção. A prefeita não pagou, preferiu deixar o cargo.

Essa é uma prática da politicagem local. Acontece com todos os prefeitos de Ipirá, jacus ou macacos, tanto faz. O povo de Ipirá engole esse miguelito (grampo para furar pneus) e ainda fica sem saber quem matou a prefeita.