O que
está acontecendo com Ipirá, que não recebe algo relevante do governo do Estado?
Que ingresia do cão é essa que fizeram com Ipirá? Que inhaca disgramada é essa?
É triste a situação de Ipirá. Acompanhe a conversa secretíssima e codificada entre
o prefeito e o governador. Entenda a decodificação dessa conversação.
Com chapéu
de couro na cabeça, o prefeito Ademildo falou 13m44s e começou muito bem,
vendendo o seu peixe sobre a social democracia mínima e muito bem vendido por
sinal, até que chegou o momento mais significante para o município de Ipirá,
quando o prefeito disse: “agora é hora de pedir algumas coisas.” Os fogos
balançaram o chão da praça. Era o momento mais esperado da conversa.
O
primeiro pedido foi um núcleo presencial da UNEB e os aplausos dominaram o
ambiente de forma fervorosa. O segundo foi que o governo precisa fazer
barragens nos rios e escavações para aumentar nossa capacitação hídrica; essa
foi altamente significativa. A terceira foi em relação aos artefatos de couro e
seus derivados que vai posicionar nossa cidade no cenário do Brasil como a “Terra
do Couro”; pediu ajuda para uma feira do couro que vai ajudar a posicionar e
construir a cadeia produtiva do couro com essa referência para o nosso município.
Ipirá foi a “Terra do Bode” e vai ser a “Terra do Couro.” Essa idéia grandiloqüente
“de alguma coisa de modo nenhum chegar a coisa nenhuma (Brasil)” deve ter saído
de alguma brilhante cabeça.
Com
chapéu de couro na cabeça, o governador Jaques Vagner falou 34m53s e começou pelas
inaugurações em Itaberaba, chegou à massa de vento que corre na Chapada e serve
para produzir energia elétrica pelo sistema eólico. Ipirá não venta? Falou que
vai inaugurar a Universidade Sul do Estado e a Federal da Chapada Diamantina
está para ser constituída para a gente daqui (lá). Disse que duplicou a SAMU
192 (temos uma dupla na garagem); mais UTI (a nossa ainda está na forma); está
construindo o Hospital Regional na Chapada (lá) para atender a vocês (o povo
daqui); completou dizendo: “que nunca se investiu em água e saneamento quanto
esse governo, fizemos adutoras em Irecê, Guanambi e Pedras Altas.” Deixou a
população de Ipirá com água na boca.
O
governador deu um show como assistente social, com uma preciosa explanação e
aconselhamento sobre a convivência humana em conjuntos habitacionais. Bastou
falar no Matadouro de Ipirá para o governador se transformar num teórico político
de primeira grandeza ao aconselhar o prefeito Ademildo, que começando a gestão
anda muito agoniado, querendo resolver tudo de uma só vez. Governar não é
corrida de 100 m ,
que o cara dá um pique e chega cansado, tenha calma você ainda tem 3 anos de
governo e governar é uma maratona, uma corrida de longo curso, tem que ir
dosando as coisas, se o cara entra afobado, daqui a pouco já não tem ar para
caminhar e o povo vai julgar por quatro anos.
Aqui está
o X do problema. Para um bom entendedor o governador disse tudo o que tinha que
dizer. No meu entender é mais ou menos o seguinte: “não peça muito, porque não
vem nada!” Para Ipirá não vem nada mais do que o que veio até agora. Para Ipirá
é na base do conta-gotas.
Agora
sou eu que vou destrinchar essa conversa. Quanto ao Matadouro de Ipirá não
adianta ter pressa, não se trata de uma corrida de 100 m raso, nem ao menos se
trata de maratona, é uma volta ao mundo de bicicleta. Mas, esta obra está
completando 21 anos? E daí, para que pressa? Fazer esse Matadouro de Ipirá
virou uma volta ao mundo de velotrol.
Por que
Ipirá não é contemplada com investimentos pesados para proporcionar o progresso
do município? O Estado da Bahia tem doze grandes obras que são as prioridades
do governo. São investimentos estratégicos, produtivos e com retorno garantido.
Não existem recursos sobrando no Estado para investimento grandioso e massivo
em toda parte, daí haver uma seleção dos locais que vão receber esses
investimentos com base na viabilidade econômica.
Existem áreas
de investimentos volumosos e que compensam. Infelizmente Ipirá não faz parte
destas áreas. Estamos no semi-árido, no patamar de uma base econômica de
subsistência, precária e de baixa produtividade na zona rural, que se encontra
empobrecida, descapitalizada e em escassez. Investir por estas bandas é coisa
de alto risco.
O governo
tem que fazer alguma coisa e faz. Ipirá tem uma estimativa populacional de 62
mil habitantes. É necessário que se evite a migração populacional e mantenha-se
essa população estável na localidade, dentro dessa perspectiva são aplicadas
políticas públicas mantenedores, com investimento e custo mínimos necessários
para evitar o êxodo.
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unidades habitacionais, calçamento, rede de esgoto e água nos povoados constituem
a infra-estrutura básica atrativa. Para o sustento das pessoas aciona-se a rede
social construída que evita as pessoas pedirem esmolas, entra em ação o
Garantia Safra, o Bahia Estiagem, o Bolsa Família. Sai muito mais em conta para
o Estado.
Ficando
o Estado fora. Ipirá fica dependendo exclusivamente do poder público municipal
e da iniciativa privada, que vai fazendo até demais pela cidade. O poder
municipal está com as mãos atadas neste condicionamento jacu/macaco. A folha de
pagamento consome 54%, serviços, obras, mordomias, favores, compras devem
consumir outro tanto. É hora de uma elite da macacada ficar rica. Se a sobra
para investimento ficar na faixa de 10% é insuficiente para tocar o município,
que vai ficar sempre com a cuia na mão atrás do governador.
Eu escrevo
tudo isso porque deixaram os microfones abertos. Fico imaginando esta obra do
saneamento básico de Diomário que era de 30 milhões, já pulou para 41 milhões e
vem na base da maratona de quantos anos? 20 anos tá de bom tamanho. A ponte da
rua Emídio Aquino caiu, mas já saquei o lance, é só uma questão de maratona, se
consertar agora, o prefeito vai botar a língua para fora de cansaço. O homem
precisa descansar, gente!