segunda-feira, 23 de março de 2009

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 18. (mês de março 2009)

Cena de rua.
A briga entre a ex-empregada Natalina e a ex-empregada Tonha continuava firme. O delegado não conseguiu dar conta do recado e convocou a Caatinga, pelotão especial, que chegou à entrada da rua de Delorme, junto ao antigo Posto de Puericultura, com seis homens, com dois metros de altura cada, armados com metranca, escopeta e porrete.

O povão abriu um vácuo e o pelotão desceu até a grudação de Natalina e Tonha, quando alguém na multidão deu um palpite:
- Sai de baixo Catinga, esse bolo aqui é jacu e macaco e ninguém disgruda.


O sujeito recebeu um tapaço pelo meio da cara, que chegou a cair, e ficou recebendo consolo de quem estava perto:
- Como é que pode ! batê assim numa pessoa, que tá assistino a coisa mais bonita dessa terra.

- Qolé ! o que ele recebeu foi merecido. Todo castigo prá macaco é pouco.

- Cala a boca jacu discarado. Quem merece chibatada é essa jacusada sem vergonha.


Vamos deixar o povão de Ipirá digladiando-se e dilacerando-se neste terreno inútil que atravanca a localidade, senão esse capítulo não acaba.

Quando a Caatinga chegou junto da confusão das duas ex-empregadas, três soldados pegaram em Tonha e os outros três em Natalina, tentando separá-las com puxões e solavancos, nada. Tiro para cima, nada. Pegaram os porretes e bateram nas duas, da mesma forma como se bate no feijão no dia da bata, nada; esquentaram mais ainda a batição, fazendo-a do mesmo jeito como se dá porretada em couro para curti-lo e nada.

A Caatinga cansou e a briga das duas ex-empregadas continuou na mesma ferfura. Um popular gritou:
- AQUI É JACU E MACACO.


A Caatinga não deu um tapaço. Estava cansada, se rendeu.
- Só chamando o exército brasileiro – falou o comandante da caatinga.


Cena no interior da residência.
O prefeito Dió comentava com o ex-prefeito Luiz do Demo (Demo ex-PFL)
- Segura a onda ex-prefeito Luiz do Demo, tu tá querendo tomar meu assento na Prefeitura de Ipirá por meio da Justiça daqui ? fica na tua e parte pra outra que vem aí.

- Quem mandou você comprar voto, agora aguente as consequências.

- Calma ex-prefeito Luiz do Demo ! não há nada que a gente não resolva. Uma mão é que lava a outra. Eu estou cheio de problemas neste momento, que se eu for falar, vou inundar Ipirá de lágrimas.

- Não seja por isso não, prefeito Dió. Aqui você tem um ombro amigo, pode desabafar, eu serei um afetuoso ouvinte.

- Observe bem, ex-prefeito Luiz do Demo ! quem está acabando comigo é a saude...


Foi interrompido pelo ex-prefeito que lhe indagou:
- Você está doente ?

- Não é a minha saúde não; é a saúde de Ipirá. Como é que pode, um médico ganhar R$ 1.200,00 por plantão ? Estão levando todo o dinheiro da prefeitura. Eu ainda falei com o Secretário de Saúde para deixar pra começar isso lá para o final do ano, mas ele embirrou de começar no início do ano. Isso tá me dando um prejuízo que não tem tamanho.

- Esse seu Secretário de Saúde quer mandar mais do que o prefeito. Quem já viu isso ? Prefeito Dió, cuidado com ele.

- Não ! isso não ! ele tá manso; tá dominado.

- Aí tá certo, prefeito Dió. Água que muita gente remexe, piaba pensa em virar tubarão. A nossa lição principal é jacu e macaco. A gente só entende disso. Por falar nisso, tem uma coisa que o prefeito Dió está costurando que eu não estou gostando, nem um pouco.

- O que é ? Diga logo, ex-prefeito Luiz do Demo.

- É que o prefeito Dió está botando luxo num prédio de um jacu; desse jeito eu vou ficar sem ninguém do meu lado.

- Calma, ex-prefeito Luiz do Demo ! eu não posso deixar escapar um jacu endinheirado, porque assim, eu conseguirei segurar duzentos macacos lisos, só na base do dando butjão de gás e outras merrecas. Agora, não reclame não, porque eu também tenho o que reclamar: você está levando o dono dos votos do meu time para operar em sua clínica.

- Tenha calma, prefeito Dió ! tudo isso é uma preparação para segurar a onda de seu Secretário de Saúde, que só pensa nas próximas eleições para prefeito.

- Como assim ? será que é mesmo ?

- Claro, prefeito Dió. Você está muito ausente, não perca o controle da prefeitura. Você mesmo lá, faz parte do esquema. Preste bem atenção: primeiro, a tentativa de fechar as clínicas; depois, ajeitou a vida da clínica do Santo, fazendo o arrendamento à Prefeitura e arrombando a clínica da Santa. Aí, não teve jeito, a Clínica da Santa se juntou ao proprietário dos votos dos macacos e seja o que Deus quiser. Aqui em Ipirá, prefeito Dió, é jacu e macaco.

- Eu também acho que sim. Nunca lutei contra isso. Mudando de assunto, ex-prefeito Luiz do Demo, quando é que essa novelinha virada do cão vai acabar ?

- Eu soube, pela boca de terceiros, que essa novelinha só vai acabar, quando for abatido o primeiro carneiro no Matadouro de Ipirá.

- Ui ! ui! uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Não fale em carneiro no meu ouvido; a desgraça de minha vida é esse Matadouro de Ipirá.


SUSPENSE: e agora ? o que será que vai acontecer ? o matadouro ! você sabe que não sai, é do rolo que eu estou indagando. O que será que o exército brasileiro vai fazer ? Natalina e Tonha vão para o paredão ?

Leia o capítulo 17 – fevereiro 2009 - logo abaixo.

OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.