Dió continua em pauta, até porque, não é todo dia que
participo de reunião com essa figuraça, então, tenho que aproveitar para torcer
bem a roupa lavada, para não perder uma gota sequer de água.
Confesso, também, que estou preocupado com Dió, estou achando
que ele está meio pra baixo, meio confuso, com a auto-estima muito xixilenta,
desencantado com o mundo e um tanto borocoxô; só fica falando em doença,
velhice, que não é mais candidato a nada, que não agüenta mais, que não tem
mais disposição, etc e tal. Que é isso meu velho Dió! Levanta a cabeça, homem
de Deus!
Eu compreendia muito bem, quando você era prefeito e chorava
muito por causa do dinheiro da prefeitura: “Só nove milhões por mês!”
Realmente, eu considero um nada, se fosse noventa milhões era muito pouco, nisso
aí você tinha toda a razão e podia chorar à vontade, mas hoje, não.
Hoje, eu só posso considerar esse choro de Dió, transtornos
emocionais graves, porque o sujeito vivendo em Praia do Forte; na beira desse
marzão de meu Deus (o ser humano ainda não conseguiu privatizar o mar!); sem dá
um prego numa barra de sabão; deitado numa rede, soltando peido para o vento
carregar; só na maresia, água de coco, wisk, comendo lagosta e só fica dizendo
que ta ruim a coisa. Não deixa esse xororô! Eu só penso que é prá gente que ta
do lado de cá, com a nossa tripa assada na farinha, fique com pena e divida com
ele o nosso pirão de todo dia. Aí não,
não é Dió! Não, com essa que não cola mais!
Mas, eu também, dou uma compensação, não é fácil o sujeito
ficar sem fazer nada, só sentindo dor e cansaço no corpo. Telefona para o amigo
governador, ouve: “estou ocupado”; para o amigo desembargador, “estou ocupado”
aí o sujeito não tem nem com quem conversar; aí, convenhamos, não é fácil.
Uma cidade de mais de três milhões de habitantes e ninguém
conhece o “Grande Dió”, prefeito duas vezes de Ipirá, três cacetadas no lombo
da jacuzada e ninguém reconhece esses atos e fatos nessa cidade de São
Salvador! Isso é doloroso. O anonimato da cidade grande é terrível e
devastador, porque desumaniza.
Aqui, em Ipirá, pelo contrário, todo dia, o menino do rádio
“é Dió pra lá, é Dió pra cá”, o sujeito do blog “é porque Dió...”, chegam a
torrar a paciência, mas não esquecem o Dió.
Eu sinto que esse anonimato na cidade grande está deixando
Dió triste e enfadonho, eu fico até pensando, que essa cidade grande poderá
levar Dió a uma depressão profunda e, pense aí, Deus o livre e guarde, o nosso
amigo Dió botar na idéia de que é atleta olímpico de natação e achar de dá um
mergulho em Praia do Forte para sair na África! Deus o tenha sob seu comando!
Aí é só problema! Eu fico muito preocupado com essa situação
do Dió, porque tem um vozeirão que só fica dizendo no meu pé de ouvido: “Para
onde Dió for, você vai também!” Aí fica Dió todo alquebrado, só nesse chororô,
parecendo que está pedindo para ir para ‘uma melhor’ e, ainda essa voz, dizendo
que eu vou com Dió. Lá ele, que Dió vá só com Deus e fique numa boa, mas me
deixe no meu canto sossegado! Queta com isso, meu velho Dió! Você ainda é um pé
de Carvalho e tem no mínimo três centenários pela frente, nesse caso eu te
acompanho para o que der e vier, nem que seja pra nós dois fazermos muita
miséria nesse mundo.