Estilo:
ficção
Modelo:
mexicano
Natureza:
novelinha
Fase: Não
sei se vale a pena ver de novo
Capítulo:
18 (mês de novembro 2015)(atraso de 2 meses) (um por mês)
Eu tenho
quase certeza absoluta que, neste momento, quem manda em Ipirá é o PRIMEIRO
COMANDO DA MOSQUITARIA. O ex-prefeito Dió tinha mais certeza do que eu. Ele
valorizou muito Chico Gunha por sua potencialidade em sugar as forças e a
energia das pessoas e, levando isso em conta, fechou acordo com o comando: “Eu
proponho que o alto comando vá para a Praça da Bandeira e extermine o menino
falador que tem escritório estabelecido naquela praça e de uma imprensada no
sujeito do blog, que mora lá, não acabe com ele não, porque ele ainda faz uma
novelinha em que eu sou o artista e a salvação dele é essa tal novelinha.”
A Praça
da Bandeira está dominada pelos mosquitos terroristas. O sujeito do blog
recebeu uma xalapada e ficou com o corpo todo travado. O menino falador não era
de fácil identificação por não ser morador. Os mosquitos terroristas tinham que
observar bastante.
Domingo.
Praça da Bandeira. Uma turma conversa em torno de um banco do jardim, quando
parou uma moto e saltou um sujeito todo serelepe, fazendo fuzarca, um
espalha-brasas notório, sem moderação, chamava atenção por suas atitudes
descomedidas. Tratava-se de Zé Badogue.
- A gente
vai tirar esse rebanho de ladrão da prefeitura – gritou Zé Badogue.
Observando
o grupo, estavam os terroristas Zika, Da Dengue, Chico Gunha, Microcefalia e
Guillan Barrê. Não tiveram dúvida: “É esse o sujeito falastrão.”
Chico
Gunha foi ficando entufado, ganhou uma cor esverdeada e quando isso acontece
saia de baixo que nem o Cão aguenta. Partiu e grudou na perna de Zé Badogue.
Enfiou uma carga virótica considerável.
- To
sentindo as pernas pesadas e uma dor aqui na barriga - falou Zé Badogue.
- Deve ser
Chico Gunha! – disse alguém.
- Se fô essa Chica Gunha, eu
vou tomar um alcatrão com limão e mel qui eu quero vê eu não tirá essa
arruinada no suor! – tagarelou Zé Badogue.
- Respeita o mosquito, cara!
Quem é que está impedindo tu tomá tua cachaça? – indagou alguém.
- Vou batê três Abaíra alí
no Trapiá, qui eu quero vê esse mosquito sair no primeiro peido – disse Zé
Badogue que pegou a moto e foi que foi.
Ipirá - segunda-feira de
madrugada: ocorre o falecimento de Zé Badogue, motivado por infarto fulminante.
Salvador - segunda-feira de
madrugada: o ex-prefeito Dió pega um vôo para São Paulo.
Ipirá - terça-feira –
enterro de Zé Badogue.
São Paulo - terça-feira: o
ex-prefeito Dió desembarca no aeroporto de Cumbica e sente uma movimentação
muito grande no saguão, ajeitou a gravata, passou a mão pelo cabelo e seguiu em
direção ao burburinho. Uma pequena multidão aguardava a chegada do terceiro
colocado na Bola de Ouro, o jogador Neimar do Barcelona. O ex-prefeito Dió
passou sem ser incomodado, sem self, nem empurra-empurra, mas não perdeu a
oportunidade de fazer um comentário para si próprio: ” Terceiro colocado! Eu
fui o prefeito no. 1 da Bahia.”
Solicitou um taxi e foi
indagando ao motorista: “O senhor me conhece?”
- O senhor é o meu
passageiro no.250.449. O senhor deseja ir para onde? – indagou o motorista.
- Eu quero ir para o
hospital dos bacanas. O senhor sabe onde é? – perguntou o ex-prefeito Dió.
- Sei, é o hospital dos
políticos – respondeu o taxista e a partir desse momento a viagem transcorreu
sem nenhuma conversa, até chegarem ao hospital.
O hospital era imenso. Só a
sala de espera era maior do que o Hospital de Ipirá. O ex-prefeito Dió ganhou
confiança e pensou: “Aqui eu estou nas mãos de Deus, vê lá se eu ia ficar no
hospital de Ipirá!”
O médico de nome árabe
atendeu de pronto e logo pediu os exames. O ex-prefeito Dió para ganhar
confiança procurou conversa utilizando-se do caminho mais prático:
- O senhor me conhece?
- O senhor é o meu paciente
no. 778 SP. Brasil.
- Não, eu sou o ex-prefeito Dió! Fui o melhor
prefeito da cidade de Ipirá.
- I o quê. Onde é que fica
isso? Lá produz o quê? – perguntou o médico sem tirar os olhos dos exames.
- Lá produz carteira. Vou
mandar vir agora mesmo uma carteira de luxo para o senhor.
- Não se preocupe com isso
não, eu só uso carteira fabricada em Israel com couro de camelo.
- Mas o senhor deve gostar
de um filé. Lá tem a carne mais saborosa do Brasil por causa da alimentação dos
animais com a berduega.
- O senhor, agora, paciente
778 SP. Brasil, atiçou a minha fome com a vontade de comer. Tem um porém, eu
não como carne clandestina de jeito nenhum. Olhe bem, hoje eu estou aqui em São
Paulo, amanhã, eu opero em Israel; quinta-feira, na África do Sul e na sexta em
Nova Yorque. Então se o senhor tem a pretensão de me presentear com um filé tem
que ser jogo rápido.
- Não se preocupe com isso
não, doutor! Esse filé vem via Sedex e a carne é abatida num matadouro de
Primeiro Mundo, que eu inaugurei na minha administração.
O ex-prefeito Dió pegou o
celular e discou para o prefeito Bal, na presença do médico que examinava os
exames.
- Prefeito Bal esqueça o
ex-prefeito Déo, ele já fez a passagem pela política de Ipirá, é mais fácil
chegar o prefeito Bené do que ele, agora é nós dois no pedaço. Me mande uns dez
quilos de filé do primeiro garrote que abaterem aí no matadouro de Ipirá.
- Como? Que matadouro? Esse
elefante branco nunca foi inaugurado.
- Fale baixo, prefeito Bal!
Dê um jeito de inaugurar esse setor especial de cortes transversais, partindo
do pariental direito em direção ao dorso esquerdo porque eu fechei contrato
para vender toda a nossa produção para Israel, África do Sul, Estados Unidos e
São Paulo. Nosso matadouro exportando para o mundo. Mande o filé via Sedex.
O prefeito Bal ficou sozinho
e pensativo: “Será que o ex-prefeito Dió ta querendo caducar?” Chamou um
secretário e mandou comprar dez quilo de filé no Centro de Abastecimento de
Ipirá e enviar para aquele endereço de São Paulo.