terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

É DE ROSCA (18)


Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 18 (mês de novembro 2015)(atraso de 2 meses) (um por mês)

Eu tenho quase certeza absoluta que, neste momento, quem manda em Ipirá é o PRIMEIRO COMANDO DA MOSQUITARIA. O ex-prefeito Dió tinha mais certeza do que eu. Ele valorizou muito Chico Gunha por sua potencialidade em sugar as forças e a energia das pessoas e, levando isso em conta, fechou acordo com o comando: “Eu proponho que o alto comando vá para a Praça da Bandeira e extermine o menino falador que tem escritório estabelecido naquela praça e de uma imprensada no sujeito do blog, que mora lá, não acabe com ele não, porque ele ainda faz uma novelinha em que eu sou o artista e a salvação dele é essa tal novelinha.”

A Praça da Bandeira está dominada pelos mosquitos terroristas. O sujeito do blog recebeu uma xalapada e ficou com o corpo todo travado. O menino falador não era de fácil identificação por não ser morador. Os mosquitos terroristas tinham que observar bastante.  

Domingo. Praça da Bandeira. Uma turma conversa em torno de um banco do jardim, quando parou uma moto e saltou um sujeito todo serelepe, fazendo fuzarca, um espalha-brasas notório, sem moderação, chamava atenção por suas atitudes descomedidas. Tratava-se de Zé Badogue.

- A gente vai tirar esse rebanho de ladrão da prefeitura – gritou Zé Badogue.

Observando o grupo, estavam os terroristas Zika, Da Dengue, Chico Gunha, Microcefalia e Guillan Barrê. Não tiveram dúvida: “É esse o sujeito falastrão.” 
Chico Gunha foi ficando entufado, ganhou uma cor esverdeada e quando isso acontece saia de baixo que nem o Cão aguenta. Partiu e grudou na perna de Zé Badogue. Enfiou uma carga virótica considerável.

- To sentindo as pernas pesadas e uma dor aqui na barriga - falou Zé Badogue.

- Deve ser Chico Gunha! – disse alguém.

- Se fô essa Chica Gunha, eu vou tomar um alcatrão com limão e mel qui eu quero vê eu não tirá essa arruinada no suor! – tagarelou Zé Badogue.

- Respeita o mosquito, cara! Quem é que está impedindo tu tomá tua cachaça? – indagou alguém.

- Vou batê três Abaíra alí no Trapiá, qui eu quero vê esse mosquito sair no primeiro peido – disse Zé Badogue que pegou a moto e foi que foi.

Ipirá - segunda-feira de madrugada: ocorre o falecimento de Zé Badogue, motivado por infarto fulminante.

Salvador - segunda-feira de madrugada: o ex-prefeito Dió pega um vôo para São Paulo.

Ipirá - terça-feira – enterro de Zé Badogue.

São Paulo - terça-feira: o ex-prefeito Dió desembarca no aeroporto de Cumbica e sente uma movimentação muito grande no saguão, ajeitou a gravata, passou a mão pelo cabelo e seguiu em direção ao burburinho. Uma pequena multidão aguardava a chegada do terceiro colocado na Bola de Ouro, o jogador Neimar do Barcelona. O ex-prefeito Dió passou sem ser incomodado, sem self, nem empurra-empurra, mas não perdeu a oportunidade de fazer um comentário para si próprio: ” Terceiro colocado! Eu fui o prefeito no. 1 da Bahia.”

Solicitou um taxi e foi indagando ao motorista: “O senhor me conhece?”

- O senhor é o meu passageiro no.250.449. O senhor deseja ir para onde? – indagou o motorista.

- Eu quero ir para o hospital dos bacanas. O senhor sabe onde é? – perguntou o ex-prefeito Dió.

- Sei, é o hospital dos políticos – respondeu o taxista e a partir desse momento a viagem transcorreu sem nenhuma conversa, até chegarem ao hospital.

O hospital era imenso. Só a sala de espera era maior do que o Hospital de Ipirá. O ex-prefeito Dió ganhou confiança e pensou: “Aqui eu estou nas mãos de Deus, vê lá se eu ia ficar no hospital de Ipirá!”

O médico de nome árabe atendeu de pronto e logo pediu os exames. O ex-prefeito Dió para ganhar confiança procurou conversa utilizando-se do caminho mais prático:

- O senhor me conhece?

- O senhor é o meu paciente no. 778 SP. Brasil.

- Não, eu sou o ex-prefeito Dió! Fui o melhor prefeito da cidade de Ipirá.

- I o quê. Onde é que fica isso? Lá produz o quê? – perguntou o médico sem tirar os olhos dos exames.

- Lá produz carteira. Vou mandar vir agora mesmo uma carteira de luxo para o senhor.

- Não se preocupe com isso não, eu só uso carteira fabricada em Israel com couro de camelo.

- Mas o senhor deve gostar de um filé. Lá tem a carne mais saborosa do Brasil por causa da alimentação dos animais com a berduega.

- O senhor, agora, paciente 778 SP. Brasil, atiçou a minha fome com a vontade de comer. Tem um porém, eu não como carne clandestina de jeito nenhum. Olhe bem, hoje eu estou aqui em São Paulo, amanhã, eu opero em Israel; quinta-feira, na África do Sul e na sexta em Nova Yorque. Então se o senhor tem a pretensão de me presentear com um filé tem que ser jogo rápido.

- Não se preocupe com isso não, doutor! Esse filé vem via Sedex e a carne é abatida num matadouro de Primeiro Mundo, que eu inaugurei na minha administração.

O ex-prefeito Dió pegou o celular e discou para o prefeito Bal, na presença do médico que examinava os exames.

- Prefeito Bal esqueça o ex-prefeito Déo, ele já fez a passagem pela política de Ipirá, é mais fácil chegar o prefeito Bené do que ele, agora é nós dois no pedaço. Me mande uns dez quilos de filé do primeiro garrote que abaterem aí no matadouro de Ipirá.

- Como? Que matadouro? Esse elefante branco nunca foi inaugurado.

- Fale baixo, prefeito Bal! Dê um jeito de inaugurar esse setor especial de cortes transversais, partindo do pariental direito em direção ao dorso esquerdo porque eu fechei contrato para vender toda a nossa produção para Israel, África do Sul, Estados Unidos e São Paulo. Nosso matadouro exportando para o mundo. Mande o filé via Sedex.


O prefeito Bal ficou sozinho e pensativo: “Será que o ex-prefeito Dió ta querendo caducar?” Chamou um secretário e mandou comprar dez quilo de filé no Centro de Abastecimento de Ipirá e enviar para aquele endereço de São Paulo.

Nenhum comentário: