sábado, 24 de dezembro de 2022

ENGASGANDO COM UM MOSQUITO

Você acha que a Câmara de Vereadores de Ipirá tem que acompanhar e fiscalizar um contrato de R$ 757.254,42? Se você acha que sim, continue lendo este artigo.

 

No dia 20/10/2022, na Prefeitura Municipal de Ipirá, havia esse valor acima para ser contratado, tendo como objeto a aquisição de gêneros alimentícios da Agricultura Familiar para alimentação escolar.

 

Duas empresas apresentaram-se: a ABENG de .......(todos sabem de quem é) e a Cooperativa Mista de Agricultura Familiar LTDA. Ao invés de ter a concorrência, elas dividiram a bolada: uma ficou com R$ 291. 750,00 e a outra com R$ 465.504,42.

 

Trata-se de dinheiro federal, do PNAE, ligado ao FNAD. Estes dois contratos entraram em vigor do dia da assinatura até a entrega total dos produtos ou até 31 de janeiro de 2023.

 

Próximo ao recesso escolar são quantos dias de merenda escolar? Em torno de 46 dias com valor estimado em R$ 757 mil reais. Vamos supor que essa quantia seja um valor ajustado na necessidade e no valor. Se os produtos foram entregues significa que não faltou merenda nas escolas, caso contrário faltaria merenda.

 

Se um contrato desse fosse suspenso, naturalmente, faltariam produtos e, consequentemente, não haveria merenda para o alunado. Esse é o risco. Por correr esse risco e essas dúvidas, não é necessário o acompanhamento e a fiscalização da Câmara?

 

Esse é ou não é um objeto de fiscalização da Câmara de Vereadores de Ipirá? Para os edis, parece que nem tanto.

 

No entanto, uma coordenadora dos transportes da regulação na Secretaria de Saúde transformou-se num alvo preferido dos vereadores, que sacudiram a roseira para cima da referida funcionária, chegando ao ponto do presidente da Câmara, solicitar um ofício ao Jurídico para as medidas cabíveis.

 

O presidente Jaildo do Bonfim bateu na mesa e falou grosso (figurativo). Resta-me relembrar um discurso do vereador Jaildo, em que ele usou a metáfora do “ronco do trator” em uma controvérsia contra a APLB-Sindicato em legislatura passada (ele lembra disso). É bem apropriado pagar com a mesma moeda, melhor do que com divisa internacional.

 

Utilizando a mesma metáfora; o presidente Jaildo rugiu como um leão para cima da funcionária coordenadora da regulação, mas fez um miado de gatinho manso para contratos realizados pelo Poder Executivo. Desse modo, o prefeito não tem o que temer e não precisa dá atenção aos vereadores.

 

Os vereadores acham que a coordenadora da regulação deve ser afastada, trocada, demitida ou exonerada. O que fez a coordenadora da regulação para receber essa alta pressão? Nada mais, nada menos do que cumprir na risca um COMANDO de ORDEM de um superior do Poder Executivo.

 

Quem é o verdadeiro e poderoso responsável é a coordenadora ou o poderoso chefão que deu a ordem? Se os vereadores acham que é a coordenadora estão equivocados.

 

Muito difícil a funcionária obediente ser afastada, talvez impossível, porque não há nenhum interesse do figurão que deu a ORDEM de COMANDO em afastá-la. Primeiro, para manter intacta a força e o poder de SUA ORDEM poderosa e, segundo, para não ser denunciado pela funcionária ao sentir-se traída: ‘foi fulano’. Então não vai rolar.

 

Se os vereadores não conseguem afastar uma funcionária que não os agrada e deu-lhes motivo para isso (no critério deles), significa que os vereadores representam muito pouco e não possuem poder nenhum junto ao Poder Executivo.

 

Uma pergunta vem à tona: por que a Câmara de Vereadores não tem o poder que deveria ter diante do Poder Executivo? Porque os vereadores estão indo na direção errada e não metem o dedo na ferida.

 

Como atuam os vereadores diante dos grandes contratos? Se não realizam a devida fiscalização e não apertam o parafuso, não estarão fazendo um trabalho verdadeiro e importante para a população e os poderosos do Poder Executivo nadam a braçadas e sem nenhuma barreira pela frente. O Poder Executivo está se lixando para o Poder Legislativo.

 

Enquanto a Câmara de Vereadores mantiver uma grande preocupação com as pequenas questões e fechar os olhos para as grandes e relevantes questões da administração pública em Ipirá não terá o seu verdadeiro valor reconhecido pelo Executivo.

 

A Câmara de Vereadores engole um elefante acompanhado de quiabada e manteiga, que desce redondo goela abaixo; enquanto engasga com um mosquito. Embora tenhamos uma Câmara de Vereadores com potencial para realizar um dos melhores trabalhos legislativos já visto em Ipirá, basta acertar o compasso para que o Executivo não pense que é o dono do poder sozinho.

 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

O CLUBE CABORONGA MORREU!


Como é que acontece uma bagaceira dessa e ninguém me avisa nada? Eu soube por acaso, liguei na rádio FM e uma voz solene e inquestionável dizia: “não tem nada que comprove a existência do Clube Caboronga; não tem uma conta de luz, de água, uma conta bancária sequer; não tem IPTU no nome, quando tem não paga; não tem CPF, CNPJ, nem identidade do Ponto Cidadão; então, não tem nada que prove que ele existe.”

 

Conclusão: não tem o que ver; o clube morreu!

 

Parei e pensei: “um sujeito tão simples, não mais do que de repente, morre assim dessa forma. Nem ao menos se tornou um sujeito oculto, que fica brincando de esconde-esconde; não, morreu mesmo! Nem ao menos foi transformado num sujeito indeterminado, de forma que não significa que ele não exista; nem isso, morreu mesmo! Esse sujeito não existe, morreu!”

 

Naturalmente, em nossa cidade, uma morte dessa torna-se um clamor. A grande maioria das pessoas quer saber como e de que forma isso ocorreu: “ele morreu de morte morrida ou de morte matada?” “essa morte tem alguma coisa com doença braba?”

 

- Eu não sei, dona! O que eu sei mesmo é que estou retado porque eu não soube do velório, desde quando, um velório desse eu não podia perder por nada neste mundo. O que custava anunciar nas rádios, no zap zap, no carro de som, em voz pastosa e moderada:

 

“NOTA DE FALECIMENTO: estamos comunicando o falecimento do Clube Caboronga, que ocorreu de forma repentina, sem ninguém esperar, aos 54 anos e deixou 160 associados. O seu velório ocorrerá na esquina da Praça do Mercado e seu sepultamento será logo após o velório.”

 

O que custava uma nota nesse gabarito e com teor parecido? O importante era que toda comunidade tomasse conhecimento do fato.

 

Um velório desse eu pagaria para estar presente: o defunto empacotado, todo duro e desconcertado.

 

O velório do Clube Caboronga seria um acontecimento para ser considerado o ‘velório do século’, não poderia ser de outro jeito, com duração de seis meses e vindo gente de toda banda: “pode vir, pode chegar/ vamo vê no que é que dá/ tem gente de toda cor/ guitarras de rock’n roll, batuque de candomblé” vem, vem, tá bonito, tá beleza Sangalo! Simbora, simbora, mistura tudo, tamborim, agogô, pandeiro, triangulo e zabumba. Vai começar o velório.

 

“Tá vendo aquele clube, moço? Eu também trabalhei lá./ Lá eu quase me arrebento, fiz a massa, pus cimento, ajudei a rebocar./ Hoje depois dele pronto, olho pra cima e fico tonto,/ mas me vem um cidadão,/ e me diz desconfiado: tu tá admirado ou tá querendo roubar?” Vamo, que vamo, Ramalho! O velório tá que tá.

 

“E agora José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou./ E agora, José? E agora, você?” Sem clube, sem valsa, sem forró. Segura a onda Holanda, que o velório tá só começando.

 

“Eles chegam tocando sanfona e violão;/ os pandeiros de fita carregam sempre na mão./ Eles vão levando, levando o que pode,/ se deixar com eles,/ eles levam até os bodes./ É os bode da gente,/ é os bode, mé.” Balança Maia, que aqui é a terra do bode, que tá desaparecendo.

 

“A dor da gente é dor de menino acanhado / menino-bezerro pisado, no curral do mundo a penar / que solta aos olhos, igual ao gemido calado / a sombra do mal-assombrado, é dor de nem poder chorar...” vai que vai, Sodré! ‘Quando eu lembro da massa da mandioca,’ da massa do Clube Caboronga / Sem o clube, onde vai quarar, onde vai rolar, rolar essa massa.

 

“ ... E pra matar a tristeza / só mesa da bar / Vou me embriagar / se eu pegar no sono / me deite no chão / Garçom, eu sei / Eu estou enchendo o saco / mas todo bebum fica chato, valente e tem toda a razão...” balança o copo, Rossi, toma um gole, desce mais um trago, que o velório é longo.

 

“Meu mundo caiu / e me fez ficar assim / você conseguiu / e agora diz que tem pena de mim / não sei se me explico bem / eu nada pedi / nem a você, nem a ninguém/ não fui eu que cai” segura a onda Maysa, que o velório é prolongado.

 

“...Sou pássaro de fogo / que canta ao teu ouvido / vou ganhar esse jogo / te amando feito um louco / quero teu amor bandido...” salve, salve Fernandes! O velório tá bombando.

 

- Meu senhor! Esse custipiu morreu mesmo de que? Prá que tanta cantoria? Vocês tão achando que ele vai alevantar desse pacote em que ele tá metido até o pescoço; bota logo esse difunto no buraco!

 

Velório! Gente que não tem nada com a situação, apenas uma grande e incontrolável curiosidade; apenas um olhar incisivo e frio, acompanhado de um pensamento contido e cruel: “tu viu filho de uma puta!” Um converseiro sem conversa conversada, sem pé nem cabeça: “ainda ontem eu vi ele na esquina da praça do mercado e hoje está aqui, empacotado!” Mais falação: “será que ele morreu de doença boa ou doença braba?”

 

Aí aparece aquela persona freqüentadora de velório que soma muito pouco, depois de assistir a apresentação do cantor no clube, vai encostando, encostando e, na primeira oportunidade, pergunta ao cantor: “o senhor sabe se o cantor já chegou?” Dá prá vê, que já deu o que tinha que dá.  Muitas vezes a voz solene e inquestionável da anunciação não sabe de quem se trata ou simplesmente não quer ou não pode revelá-lo.

 

Estava chegando a hora. A matéria orgânica rígida ia entrando em decomposição pela ação das enzimas microbianas e ia acelerando o estado de apodrecimento. A alma perdida, penada e desalinhada buscava uma vereda que a encaminhasse à luz. Acabou o velório.

 

O enterro do Clube Caboronga seria um acontecimento para ser considerado a ‘apoteose de um tempo’, não poderia ser de outra forma. Chegou a hora da comitiva pomposa e dos cumprimentos solenes. Sangalo segura a onda: “Sou louca por você (Clube Caboronga)/ mas a vida / bota prá ferver / Agora a nave-mãe (Clube Caboronga) vai decolar / e eu já não posso mais te dar a mão / bota pra ferver / a ilusão da dor, um rio de lágrimas.”

 

O cortejo fúnebre serpenteou pelas ruas da cidade por dias e mais dias. No dia da finalização, na penumbra da noite, estava no início da Avenida César Cabral para seguir adiante. Ganhou largura e comprimento, com gente sobre gente. Uma multidão paralisada postava-se e acotovelava-se por toda avenida, balançando lenços brancos e celulares para registrar o acontecimento. Formou-se um rio de lágrimas de cristais.

 

Apagaram-se as luzes da cidade. Uma carreta transportava o defunto encaixotado. A The Caribbean Steel Band, uma banda de percusión del caribe, dava uma batida forte e solene: bum / tibum bum-bum/, compassada no descompasso que contrapunha com as batidas percussivas mais rápidas, mantendo a cadência e o ritmo. O show de 1971 foi assim, na escuridão do clube e da cidade. Houve um apagão naquela noite.

 

Na Praça da Bandeira, dobrou-se a esquerda e iniciava-se o percurso para ultrapassar dezoito quebra-molas. Ao raiar do dia, a multidão aglomerava-se em frente ao cemitério novo. As palavras proferidas salientavam com galhardia as virtudes do defunto que bateu as botas, justamente aquelas, que não poderiam escorrer pelo esquecimento:

 

“A cidade acaba de perder a sua ferramenta da alegria. Desapega-se de nossa gente um espírito festivo, farrista, farofeiro, que estava ilhado por uma filosofia amarrada na consideração de que o prazer individual e imediato é o único bem possível, sendo assim, o princípio e o fim da vida. O Clube Caboronga era essa halegria, habilidade, harmonia e hanimação, tudo com h mesmo, que fez escola em nossa terra. O mundo coube no Clube Caboronga.” Os aplausos foram efusivos, enquanto a última pá de terra cobria a cara do defunto.

 

Uma senhora encostou e perguntou, em voz baixa: “esse Clube Caboronga é de quem?” ao mesmo tempo, sem esperar resposta, ela apontava para uma nuvem, vista do cemitério novo, que parecia estacionada em cima da esquina da Praça do Mercado: “o que é aquilo lá?”

 

- Dona! Aquilo são abutres, que se orientam pelo odor fétido. Os piores são os abutres canelas-secas que são os mais famintos e competidores atrozes.

 

Depois da colher de pedreiro alisar o cimento que fechava para a eternidade o ‘distinto que se foi’, o último soluço foi dado, não se sabe por quem. O dia ensolarado ia ganhando corpo e a tristeza dominava uma comunidade, que a partir daquele instante, sentiria falta de alguma coisa, mesmo sem saber muito bem do que se tratava. 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

O TRIO TERNURA

Não estou defendendo Jaildo prefeito. Não se trata disso. O que ocorre é que existe um contrato na prefeitura de Ipirá, com grande possibilidade de estar maculado pelo vício. É o CONTRATO 323/2022.

 

Compete à Câmara de Vereadores de Ipirá tomar medidas cabíveis para o esclarecimento das devidas dúvidas. PRIMEIRO PASSO: acionar o MINISTÉRIO PÚBLICO local. Qualquer vereador ou um grupo de vereadores poderá fazê-lo, solicitando ao MP local uma análise sobre a justeza jurídica do referido contrato.

 

A QUESTÃO CHAVE: três perguntas são fundamentais; primeira: a ABENG, que é uma associação beneficente está habilitada juridicamente para ter capacidade de comercializar gêneros alimentícios para a prefeitura de Ipirá? Se a resposta for negativa (Não) o prefeito começa a se enrascar.

 

Segunda: há possibilidade de afastar completa e absolutamente Nina Gomes (a vice-prefeita) de ter responsabilidade e vínculo direto nos contratos da associação, mesmo afastada da diretoria desta referida associação? Ela é uma espécie de dona da associação, não é fácil tirar sua sombra e sua digital da ABENG, mesmo ela não tendo o nome na diretoria. Se a resposta for negativa (NÃO) o prefeito se enrosca mais ainda.

 

Terceira: a prefeitura de Ipirá pode fazer contrato com a vice-prefeita de Ipirá na sua própria gestão? Se a resposta for negativa (NÃO) a situação do prefeito se complica mais ainda.

 

Uma observação: caso o parecer do MP se configure no sentido acima e a LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE IPIRÁ constar um artigo proibindo a Prefeitura Municipal de Ipirá contratar com prefeito, vice e vereadores, aí o bicho pega.

 

Só tem um jeito de não acontecer nada, se o presidente da Câmara de Vereadores colocar o parecer do MP e a Lei Orgânica na gaveta e fechá-los a quatro chaves. Neste caso, fica tudo embaçado, mas se abrir a gaveta, aí não tem santo que dê jeito.

 

Em nome da transparência e dos princípios da moralidade e da ética seria necessário que o Poder Executivo (gestão Dudy) se dirigisse ao Poder Legislativo (Câmara de Vereadores) para prestar esclarecimentos verdadeiros e oficializar uma posição sobre o Contrato 323/2022, porque caiu mal.

 

Não adianta se esconder; tem que prestar contas.  A conversa de rua não é nada favorável ao prefeito: “é apenas um contrato assinado, a prefeitura não vai pagar porque a associação apresentou preços acima do mercado e não vamos jogar esse prejuízo para a prefeitura.”

 

Já pagou ou não? Se a prefeitura contratante já pagou e a associação contratada já recebeu quase 300 mil reais, a prefeitura não tem que pagar mais nada. Se a associação contratada já entregou os produtos restará o exame detalhado desta operação.

 

Vai pagar ou não?

 

Se a associação contratada, até o momento, não entregou o produto, então, a prefeitura contratante não deve pagar, mesmo correndo o risco, de ter que responder na Justiça pela quebra de contrato. Aí a prefeitura gastará mais do que o valor que ela quer defender!

 

Se a associação contratada já entregou o produto, significa que ela adquiriu de fornecedores, que podem ser associações ou cooperativas que, por sua vez, compraram aos agricultores familiares. Assim sendo, o não pagamento pela prefeitura contratante vai quebrar bem quebrado a ABENG e, no efeito dominó, os fornecedores (cooperativa, associação) sendo que, os agricultores familiares tomarão um calote daqueles, de perder o juízo. Neste caso, também, estará sujeita aos ditames da Justiça.

 

Agora, aqui prá gente! Você acha que a prefeitura contratante deixará os agricultores familiares, as associações e cooperativa que forneceram os produtos à ABENG tomarem um prejuízo desse? Claro que não, leitor!

 

Eu tenho minha previsão. Para mim quem vai pagar é Luva de Pedreiro, que vai chamar a associação e vai dizer: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, RECEBA pai!” E a associação recebe, porque não vai ficar sem receber.

 

A conversa de rua no. 2 diz que “a associação contratada só ganhou a licitação porque não teve concorrente.”

 

Uma conversa dessa só faz prejudicar o prefeito, porque é outra coisa que deixa dúvidas. No mesmo dia 20/10/22 da assinatura do contrato da ABENG foi feito um contrato com uma cooperativa.

 

Contrato no. 324/2022 --- contratante: Prefeitura Municipal de Ipirá  contratado: Cooperativa Mista de Agricultura Familiar LTDA ---------objeto: aquisição de gêneros alimentícios da Agricultura Familiar para alimentação escolar -----------------------------------------------valor: R$ 465.504,42 ---------------------------------------------------prazo: o presente contrato vigorará da sua assinatura até a entrega total dos produtos mediante o cronograma apresentado (Cláusula Quatro) ou até 31 de janeiro de 2023 --------------------------------------data da assinatura: 20/10/2022 ----(a mesma data da assinatura do Contrato 323 da ABENG)

 

Está mais do que claro: a prefeitura contratante sonegou a concorrência. O que houve foi uma divisão do bolo: tu mordes aqui e você morde cá.

 

Essa conversa de rua só faz atrapalhar o prefeito Dudy. Porque é um momento em que o prefeito tem que fazer de tudo para desidratar politicamente a vice-prefeita, que está de mala e cuia arrumadas para fazer uma aterrissagem em outro aeroporto. O contrato teria a força de contenção para suspender o vôo cego e evitar qualquer turbulência, até mesmo, o sonho de um pouso tranqüilo.

 

Nesta intricada confusão do andar de cima, no andar de baixo vai aparecendo e soerguendo o poder mais forte e popular do município, mas que ainda está na gaveta: o poder dos vereadores.

 

Gaveta fechada, o presidente da Câmara de Vereadores será a personalidade política mais forte do município; gaveta aberta, o presidente da Câmara de Vereadores será o novo prefeito de Ipirá.

 

sábado, 3 de dezembro de 2022

O TERNO DE REIS: DUDY, NINA E JAILDO

Pode até comprar o terno / de brim ou de casimira melhor será / não deixe de experimentá-lo diante do espelho / passe a vista para observar como bem lhe cabe, / porém / não sente na cadeira do prefeito / para tirar uma selfie / isso dá uma inhaca desgramada / assim non passará.

 

O grande problema é o CONTRATO 323/2022. Um contrato realizado entre a Prefeitura de Ipirá (administração Dudy) e a Associação ABENG (da vice-prefeita Nina). Com um valor de quase 300 mil reais, para um período de 03 meses. Tratando-se de recursos da União.

 

Estamos diante de uma bomba, com alto teor de nitroglicerina pura, por aí já dá para imaginar o tamanho da encrenca.

 

Duas perguntas são fundamentais: primeiro, a associação beneficente está apta legalmente para realizar compra de gêneros alimentícios para merenda escolar?

 

Segundo: a prefeitura municipal pode realizar contrato com prefeito, vice e vereadores em plena gestão?

 

Observe que se trata de uma questão jurídica, com base na Lei 8.666/93 de Licitações e Contrato e na Lei Orgânica do Município de Ipirá.

 

Há diversas interpretações em sentidos opostos, inclusive tentando criar celeuma política e jurídica sobre a questão: “não consta o nome da vice Nina Gomes no documento contratual da ABENG apresentado na licitação e na JUSTIÇA o que vale é a prova concreta, não tendo o nome é chover no molhado.” O que era legítimo, não o seria mais.

 

Parece até que o nome Nina Gomes na associação é uma homenagem a uma astronauta portuguesa, a vice Nina Gomes tem um nada-consta absoluto nessa associação. Em Ipirá, a pessoa tem que tomar um carro-pipa de garapa para engolir cascalho, pois de outra maneira, não dá, pois tem muito sabido pensando que toda população é de abestalhado. Toda projeção, popularidade e trajetória política da vice-prefeita Nina aconteceu devido à associação ABENG.

 

A associação faz um contrato para receber quase 300 mil reais e Nina Gomes não toma parte no acordo. A associação fica numa perspectiva de receber dois milhões e quatrocentos mil reais com a possível renovação do contrato e Nina Gomes, que é vice-prefeita, não sabe de nada, não vê nada, não observa nada, não toma conhecimento de nada, não está por trás de nada. A associação age por conta própria e a vice-prefeita Nina Gomes, que é a dona, não dá um pitaco.

 

O que se espera que aconteça?

 

Existe um anseio popular pela moralidade nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. É necessário que a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Ipirá questione a legalidade e faça uma consulta ao Ministério Público local para analisar os aspectos jurídicos sobre a legalidade desse CONTRATO 323/2022 e elabore um parecer jurídico acerca dessa legalidade, notadamente em razão do que dispõe e preconiza a Lei 8.666/93 de Licitações e Contratos, com as decorrentes conseqüências jurídicas do ato. Assim, a Câmara de Vereadores terá um NORTE nessa questão.

 

O setor jurídico da Câmara de Vereadores atue no interesse do povo de Ipirá, com uma orientação profissional, ética e de retidão, no sentido de que sejam esclarecidos os fatos, sem procurar jogar o entulho debaixo do tapete e sem adotar uma atitude decisória, o que seria um ato falho, desde quando, existem as instâncias do Sistema Judiciário brasileiro para as devidas e necessárias conclusões e decisões.

 

Conselho da Merenda Escolar tem a obrigação de verificar os meandros do contrato de quase 300 mil reais para três meses, sendo que, apurando-se na ponta da unha, metade de dezembro e janeiro 23 são férias escolares, assim sendo, a merenda da ADENG só seria servida do dia 18 de novembro até 20 de dezembro (30 dias de aula com finais de semana, feriados e jogos da copa). Ainda assim, a reclamação na FM, pela falta e baixa qualidade da merenda foi uma constante. O ex-prefeito e locutor Marcelo Brandão chegou a dizer que na gestão dele era peito e coxa de galinha e que a meninada era bem servida. Se assim foi, não sou sabedor!

 

A Câmara de Vereadores de Ipirá tem procurado servir ao povo de Ipirá. Na chuvarada que invadiu e alagou o Centro de Abastecimento nesta quinta-feira e foi notícia na Rede Bahia, vários vereadores foram observar o estrago feito pelas águas no local. Os vereadores não fecharam os olhos para o problema, da mesma forma que, não podem fechar os olhos para o contrato 323/2022, como se ele não existisse, desde quando ele está protocolado, licitado, registrado e executado na sistematização e instrumentalização oficial da própria prefeitura. Não podem jogá-lo debaixo do tapete e na amnésia do povo de Ipirá, como se o povo não tivesse memória.

 

O bicho pega mesmo é na convivência política do prefeito com a vice. É um chega prá lá que não tem distância. O prefeito na Caboronga e a vice na Serra das Vacas. E por baixo dos panos, um contrato desse montante. É bem capaz eles dizerem que não sabem nada desse contrato! E quem está mandando nessa prefeitura de Ipirá?

 

Pelo menos, fiquem sabendo de uma coisa: se Jaildo do Bonfim sentar nessa cadeira, ele não estará sozinho, ao seu lado estará o time que apoiou a deputada Neusa Cadore e o deputado federal Afonso Florence. Não pensem que será a simples troca do paletó de vereador pelo terno do prefeito.