Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 19. (mês de abril 2009)
Cena de rua.
A briga entre as duas ex-empregadas, Natalina e Tonha, em frente à casa do prefeito Dió, na rua de Delorme, continuava pegando fogo.
A multidão estava compactada e inflamada, quando ouviu-se um estrondo que parecia barulho de terremoto, ou melhor, parecendo mais ainda, o ruidoso barulho do som de carro na Praça da Bandeira, quando qualquer imbecil quer mostrar aos outros, que tem carro, ou mesmo, o grau de alienação em que está contaminado. Um popular apontava, gritando para a multidão:
- Olha o que vem lá de trás da Serra da Caboronga.
Eram seis aviões de guerra, da Força Aérea do Brasil, de marca Mirage, que em vôo rasante, adentraram no espaço aéreo ipiraense, passando a um palmo acima das cabeças que estavam na rua de Delorme, numa velocidade que beirava a mil por hora. Só tiveram condições de fazer a curva em Baixa Grande e, em um minuto, estavam novamente sobre Ipirá, momento em que, o comandante ordenou ao piloto:
- Atenção ! mirar alvo... preparar ... disparar míssil.
O míssil veio desembestado para cima da multidão, que gritou num uníssono som:
- Oh ! Oh ! ooooooooooooooooohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.
O míssil veio direto nas costelas da ex-empregada Natalina, que estava embolada com a ex-empregada Tonha, e bateu. A multidão fez:
- Ó ! ó ! óóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóóó.
O míssil bateu nas costelas de Natalina e repicou, subindo em direção ao antigo Cenecista, e foi cair na Avenida César Cabral, abaixo do Sindicato Rural, precisamente, em frente à casa de Toinho da Esportiva, fazendo uma cratera de dez metros de comprimento, que engole carro, carroça, menino, você e o que mais passar por lá. Você está duvidando ? Vá lá e verifique.
O comandante da esquadrilha ordenou o disparo de outro míssil, que saiu em desembestada carreira para atingir a cabeça da ex-empregada Tonha. A multidão gritou engolindo vento:
- Á ! Á! Áááááááááááááááááááááááááááááááááaáááááá.
O míssil bateu e subiu, passando por cima da residência de Dr. Luís José (Dr. Pereira) e foi cair na rua Pedro Alves, abaixo do Zangão Lanches, fazendo uma cratera enorme. Dê um salto lá e verifique "in loco" o buraco, antes que o rápido prefeito de Ipirá mande entupi-lo. Os aviões partiram em direção a Salvador. A multidão vibrou:
- Ú ! ú! úúúúúúúúúúúúúúúúúúúúúú ! Ipirá é jacu e macaco e não tem pra ninguém.
O comandante da esquadrilha não se conteve e comentou:
- É verdade ! não conseguimos acabar com essa raça de jacu e macaco e ainda por cima erramos o alvo. Eu não entendo porque. Isso nunca aconteceu antes. Vamos comunicar imediatamente ao presidente Lula.
Cena no interior da residência.
O prefeito Dió conversava com o ex-prefeito Luiz do Demo:
- Ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.
- O que é que você está sentindo prefeito Dió ? Tá doendo ?
- Não, ex-prefeito Luiz do Demo. É que o ferro tá entrando.
- Entrando como, prefeito Dió ?
- É que eu recebi um ofício da UPB dizendo que as verbas da prefeitura vão cair mais de 20% e vão lá para baixo, e que não é para eu contratar banda cara para o São João. Veja bem, ex-prefeito Luiz do Demo, até a Saia Rodada vai ter que apertar, eu só posso contratar a Saia Justa. O que é que eu faço, ex-prefeito Luiz do Demo ? Ajude-me.
- Aí é com você. Você ganhou, você se vire. Agora, se eu fosse você, eu não fazia a festa do aniversário da cidade.
- Bom conselho, ex-prefeito Luiz do Demo. Agora diga-me: o que eu faço com os buracos feitos pelos mísseis ?
- É comigo, é ! até o secretário de infra-estrutura saiu de baixo. Agora, o prefeito Dió quer me botar nesse esparro. Comigo não. Tô fora desse buraco.
- Calma, ex-prefeito Luiz do Demo ! eu já determinei que o buraco vai virar ponto turístico, para isso, mandei colocar um pedaço de pau, com aquela fita amarela e preta para isolar a área, uma coisa de Primeiro Mundo. O povo vai ter que fazer fila para visitar o "Point do Buraco".
- Prefeito Dió ! se eu fosse você eu fechava esse buraco.
- Como, ex-prefeito Luiz do Demo ? Se eu não sei se esse buraco é da Prefeitura de Ipirá, da Embasa, da Coelba, ou da Aeronáutica.
Neste instante, o telefone toca. É uma ligação de Brasília, e o prefeito Dió atende:
- Pois não, companheiro presidente Lula ! pode falar, estou na escuta.
- Mas, companheiro prefeito Dió ! que esculhambação a terra de vocês fêz com meus mísseis ? Meus Mirage saiu daí desmoralizados.
- Em Ipirá é assim mesmo, companheiro presidente Lula, todo mundo tem que se render ao jacu e macaco, como foi o caso do PT. Até o Wagner, que governa a Bahia, votou nus macaco.
- Companheiro prefeito Dió ! eu achei que o galego que governa a Bahia fez uma besteira em só querer macaco, tem que ser como eu, já disse isso a ele, eu quero colo, quero delfim, quero neto, serra, neve e quem mais vier. Agora, vamos deixar de ensinamentos e vamos ao que interessa: cadê meus mísseis ?
- Eu já recolhí do buraco, meu caro companheiro presidente Lula, e vou fazer uma exposição com eles na Câmara de Vereadores de Ipirá.
- Isso não ! de jeito nenhum ! essa Câmara de Vereadores de Ipirá está muito xixilada, e esses mísseis só pode ficar num lugar que só entre autoridade. Entendeu bem, companheiro prefeito Dió ? E tem mais: o caso de Ipirá agora, vai diretamente para as mãos de Ó Brama.
- Captei a Vossa mensagem, meu ilustre companheiro presidente Lula.
- Agora, companheiro prefeito Dió ! eu estou contando os dias para visitar essa tal Ipirá. Já estive no vizinho município de Pintadas, mas não foi possível ir até aí, mas dessa vez eu vou com a Dilma. Eu quero conhecer de perto essa arrumação que vocês fazem aí para embrulhar o povo, o tal do jacu e macaco, e quero trazer isso para Brasília. No mais providencie uma carne de carneiro, com o tempero de sua empregada Natalina para eu saborear. Pode deixar que a Cabeceira do Rio, eu levo.
- Ui ! Ui ! uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Companheiro presidente Lula, Vossa Excelência tocou na desgraça de minha vida: carne de carneiro abatido no Matadouro de Ipirá. Isso já virou até novelinha que não acaba nunca.
- Companheiro prefeito Dió ! parece que eu ouvi um grito de macaco ? Passe o telefone para o companheiro ex-prefeito Luiz do Demo.
- Pronto, companheiro presidente Lula, aqui é Luiz do PMDB.
- Companheir ex-prefeito Luiz do Demo, que se diz PMDB, conto com seu apoio para a Dilma. Já puxei a orelha do Galego que governa a Bahia pela besteira que ele fez em Ipirá.
- Sim ! sim ! companheiro presidente Lula. Tô com Vossa Excelencia, com Dilma, com Geddel, enquanto vida vocês tiverem, oh ! desculpe companheiro presidente Lula, eu errei, eu queria dizer, enquanto poder vocês tiverem.
- Tá certo também, companheiro ex-prefeito Luiz do Demo. Vamos fazer em Ipirá, o mais belo palanque da campanha de Dilma: eu, o galego, o Geddel, macaco, jacu e o PT de Ipirá. Agora, uma coisa é certa, só vou aí, se tiver carne de carneiro.
SUSPENSE: e agora ? o que será que vai acontecer ? Carne de carneiro ? o matadouro ! você sabe que não sai. Você caiu no primeiro de abril. Esse capítulo é primeiro de abril. Nada disso aconteceu. Vá lá no buraco e verifique.
Leia o capítulo 18 – março 2009 - logo abaixo.
OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.