segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

MENGÃO CAMPEÃO.


MENGÃO CAMPEÃO

Estou voltando a postar em meu blog e queria fazê-lo em grande estilo. Pelo menos é o que pretendo. Poderia colocar um artigo sobre a política local, contemplando, principalmente, aqueles que só pensam, ansiosamente, em 2012, querendo ultrapassar a todo galope 2010; poderia focar a quadrilha de intocáveis que opera em Brasília, com dinheiro pegando picula nos bolsos, cuecas e meias, só para o grandioso ato solidário de distribuir Panetone aos necessitados; ou até mesmo, sobre a grandiosa, esperada e ressuscitada obra do matadouro de Ipirá; mas sem preâmbulos, prefiro uma notícia surrada, de duas semanas passadas, velha como ela só, superada e demasiadamente sem interesse: “MENGÃO CAMPEÃO”.

Vou começar pela cervejada, ou melhor, pelo ritual propagandístico da cerveja patrocinadora da Copa do Mundo, que coloca em cena um exército de homens que se apresentam em desafio, numa carga emotiva voluntariosamente exacerbada e inflamada. As armaduras de ferro fecham-se. O exército de armaduras está a posto para o que der e vier.

“2010 tá chegando”, “é o ano da copa”, continua “Que a seleção fosse prá copa, como se vai prá uma batalha”, vai adiante “Jogadores que lutem em campo como a gente luta na vida”, tem mais “Uma derrota pode ser humilhante, decepcionante, inaceitável”, complementa, “Perder nunca”, e afirma “Se perder uma partida, eu quero a volta por cima”, e “Uma derrota pode derrubar uma lágrima, mas não quero isso”, “Quero jogadores que lutem em campo”, e com um grito “Quero guerreiros” e “Vamos pra guerra juntos”, e fecha “Somos 190 milhões de guerreiros”. Tudo isso, é um incentivo à violência e ao orgulho. Tem que ser guerreiro, hexa e vencedor. “Tenho orgulho de defender essa causa” é a última citação.

O inimigo exército bárbaro aparece; as fisionomias são grotescas e demonstram marcas impiedosas de ódio e violência nas faces; a raiva é um pressuposto transparente. A marcha traz em si um convite ao combate: “É uma batalha para guerreiros”. Um simples jogo de futebol é transformado em guerra. O clima criado é favorável ao desafio, ao embate. A esportividade transcende para a batalha, guerra, ferocidade e barbárie. A intencionalidade é plantar o nacionalismo exacerbado, a agressividade, o orgulho, o chauvinismo chulo e a competição crua. O clima criado, ou mesmo a realidade, é favorável ao desafio e ao embate. A emoção excede canalizando a força bruta. Afloram os instintos mais primitivos. É um puro apelo ao sentimento e ao emocional. Vislumbrar e plantar sistematicamente uma mensagem subreptícia com uma ideologia de “vencer ou vencer” e a idéia de que “sou brasileiro, sou guerreiro” e não querer uma atitude correspondente é chover no molhado e aí vai ter.

Produzem um ambiente em que o campo de futebol vira campo de batalha, e uma simples partida de futebol vira um chamamento para uma guerra, ganhando uma dimensão que ultrapassa a realidade.A música tem tonalidade grave e compassada. O gestos são marcantes e fortes, com vibrações agressivas e violentas. A voz manifesta tensão. A imagem é forte, puxando pela emoção. A caricatura dos adversários é pontilhada como um exército bárbaro e violento. Impera o campo de batalha em lugar do campo de futebol.

Quando se cria uma expectativa muito além da realidade da vida e uma simples partida de futebol vira uma decisiva batalha numa sociedade que sucesso é sinônimo de vencedor, os perdedores não suportam uma derrota de maneira esportiva, “é uma derrota na vida” e os guerreiros não podem se submeterem à derrota, muito menos aceitarem uma derrota, “têm que dar a volta por cima”.

O Fluminense atrasou 20 minutos com a intenção de, é bom que se diga, se o jogo do Botafogo com o Palmeiras continuasse empatado, fazer um “jogo de compadres”, um “anti-jogo” com o Coritiba , o empate entre os dois serviria para ambos, seria aquele joguinho “segura a onda compadre, esse empate deixa nós dois na primeirona, prá que correria”. Nem tudo acontece como se quer, o Botafogo fez o segundo gol e o jogo do Couto Pereira virou um inferno. O caldeirão do diabo estava para estourar. O tempo passava e os jogadores do Fluminense prendiam a bola, caíam, faziam cera. Os guerreiros do Curitiba forçavam, jogavam seus derradeiros esforços, só a vitória interessava, não deu, não foi possível, restavam os guerreiros das arquibancadas que estavam dopados emocionalmente pelas circunstâncias, e como se sabe, guerreiro não aceita a derrota e partiu para “dar a volta por cima”.

Em 1950, o Maracanã, com mais de 100 mil pessoas, calou, chorou, frustrou-se e suportou a derrota. Não tenho notícias de quebra-quebra. Em 2014, quando um simples jogo de futebol, não for mais um simples jogo de futebol, e sim, uma batalha, por propaganda e outros meios, eu posso dizer, mesmo não tendo bola de cristal, que uma derrota será insuportável e aí a gringolhada terá que segurar o fiofó, porque o pescoço estará por um fio. Com tudo isso:”O MENGÃO É CAMPEÃO”.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O BERRO DO CARNEIRO


Aqui está o melhor produto da zona rural de Ipirá.



Este é o tratamento que recebe o melhor produto da zona rural de Ipirá.


É assim que o poder público recepciona o melhor produto de Ipirá.

sábado, 18 de julho de 2009

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.

Natureza: novelinha.

Capítulo: 22. (mês de julho 2009 )

Cena de rua.

As ex-empregadas Tonha e Natalina estavam abraçadas. A população de Ipirá estava apaziguada e procurava discutir idéias, propostas e soluções para o município, na perspectiva da melhoria da vida de toda a coletividade e não de uma minoria.

Quando menos esperava-se, surge uma figura estranha dando saltos em cima dos telhados das casas da rua. O primeiro sujeito a observar não perdeu a oportunidade de ser o pioneiro no palpite:

- Olha ! lá em cima da casa ! não é macaco, nem jacu. Que desgraça é aquilo ?

O bicho deu um peido e uma cambalhota caindo no meio da rua, bem no centro da multidão; dava gargalhadas e soltava bufa que formava uma nuvem amarela com um fedor azucrinado de enxofre. Ficava pulando enquanto falava:

- Há ! há ! há! Que tristeza é essa ? Por que esse povo está tão triste ? Cadê a alegria dessa gente ipiraense ? Onde está a paixão de vocês ? Vocês vão ter que viver só na emoção. Vocês não podem viver como gente, pensando como gente, agindo como gente. Vocês são jacus e macacos e nada mais do que isso. Ser jacu e macaco é ter alegria; é aproveitar a vida, mesmo para aqueles que vivem na pobreza. Chega de tristeza minha gente. Viva a raiva; tenham ódio; tenham inveja; torça pela desgraça do seu semelhante; faça tudo para que o outro se lasque. Um pobre só sobe na vida se pisar no pescoço de outro pobre; um pobre arrombado tem que lamber o saco do rico. Há ! há ! há!.

Natalina tacou um tapaço na cara de Tonha, que revidou na hora. As pessoas tomaram partido e a fuzarca estava formada novamente. O bicho dava gaitada e festejava:

- Há ! há ! há ! É isso aí. Fure os olhos dessa que tá aí na frente; bate; esmurra; aplica uma voadora; é isso aí, mete o dedo no furico dela, não, aí não ! mais embaixo, no furico, sim, aí, agora lasca; joga no chão; chuta o saco; dá dentada, besta; pau neles jacuzada; empurra no buraco deles macacada; enfia jacuzada; atocha macacada; arrocha; incarca. Há ! há!.

O bicho tinha meio metro, dava um pulo e ficava com dois metros e meio; sentava e o rabo crescia; dava uma risada e ficava suruco; ficava de quatro, andava com um pé só, pulava com dois; tinha pelo, mas também aparecia lanzudo; modificava-se a todo instante, transmutava-se a todo momento. Deu um peido e pulou para dentro da residência.

Cena dentro da residência.

Com esse pulo o bicho caiu dentro do quarto do prefeito Dió, que dormia, mas acordou com o tombo e sentiu um cheiro horroroso de enxofre. Esperto, o prefeito Dió só abriu um olho, para enxergar melhor o que estava acontecendo; quando viu o bicho pensou: "Que bicho esquisito é esse ? Nem no meu quarto tenho mais sossego, isso aí só pode ser um macaco fantasiado querendo emprego ou um saco de cimento".

O bicho deu uma bufa que deixou o prefeito Dió atordoado e tonto, mas mesmo assim, ainda conseguiu sentar na cama com os dedos tapando o nariz e disse com a voz fanhosa:

- Você vem para o meu quarto e ainda solta uma fedentina de ovo podre com cebola bem na minha cara. Peça logo uma cesta básica que eu dou a ordem.


- Há ! há ! há ! Veja bem como você fala comigo, prefeito Dió. Eu sou Belzebú. Tire logo essa mão do nariz para sentir o meu perfume. Fique sabendo que não gosto de ser destratado. Não quero e não preciso de sua esmola; eu sou rico, tenho panelas de ouro; eu sou um rei, o rei das trevas; eu sou poderoso, eu tenho poder; quem faz pacto comigo é sempre poderoso, tá ligado. Há ! há ! há !.

Ao ouvir a palavra poder, os olhos do prefeito Dió faiscaram e soltaram um brilho luminoso, sendo que, ele fitou nos olhos do bicho e percebeu um olhar vermelho-brasa, aí perguntou:

- Belzebú ! Você tem alguma firma para prestar serviço na prefeitura ?


- Me trate com seriedade, prefeito Dió. Não me chame de você. Eu sou Pé Redondo, o bom da bocada, e vim aqui na sua casa, justamente no capítulo 22 da novelinha. Eu sou o 22 das parada e diga aí para eu empurrá.

- Lá ele, seu Pé Redondo, sem essa. O 22 que empurra aqui sou eu, os outros, o resto, só faz receber. Tá querendo me tirar como otário, seu Pé Redondo, sem essa.


- Eu exijo respeito, prefeito Dió. Eu sou o Rabudo, e agora quem manda nesse pedaço sou eu e você vai me obedecer. Preste bem atenção. Vai aparecer um louro (papagaio), aí arranque as penas dele prá o sujeito ficar despenado; quando a personagem da novela da Globo aparecer, não queira nada com ela, mande ela fazer novela mexicana no SBT; corte o pé de Oliveira (deputado), arranque os galhos e toque fogo; não dê bobeira, meu candidato a deputado é você, prefeito Dió; você é o melhor candidato a deputado desta terra. Há ! Há.


- Eu também acho, Dr. Rabudo, mas tem dois porém: essa crise financeira mundial deixou a prefeitura limpa e aí, o Dr. Rabudo vai ter que dar uma contribuição significante, quanto a isso eu estou tranquilo, mas o problema é quem vou deixar no meu lugar; o homem é mão aberta, dá tudo o que a prefeitura tem.


- Há ! há ! há ! Me trate direito, prefeito Dió. Eu sou Satanás, o bom conselheiro, e já disse, pegue o seu vice Didude e bote no seu gabinete, depois, bote tudo de errado prá cima dele e lasque um pontapé no traseiro dele. Há ! há ! há !.


- Mas que violência é essa, Mister Satanás ? Para que isso ? Eu sou partidário e dou preferência ao método frio, calculado e civilizado. Eu vou botá-lo no meu gabinete, ele vai pensar que está com a bola toda, depois eu invento uma reforma no gabinete, digo a ele que vou ter que trocar os móveis e fazer a pintura, aí com o cheiro da tinta ele cai fora. Gostou mister Satanás ?

O bicho coçou a cabeça e sentiu que em matéria de sagacidade ele estava diante de um mestre, como já estava perdendo terreno, soltou um traque-de-massa, tipo bufa-de- véio, e foi dizendo:

- Me arrespeite, prefeito Dió. Eu sou é o Capeta e estou aqui para orientar a sua pessoa nessa questão de administração e eu quero dizer que em sua gestão está acontecendo uma grande besteira, que é esse negócio de fazer matadouro de bovino e ovino em Ipirá, não perca seu tempo com isso não, home. Mande esse povo matar bode e ovelha lá em Pintadas.


- Não é que Vossa Excelência Capeta tem razão. Se Pintadas tem, é mesmo que Ipirá ter. É isso mesmo Vossa Excelência Capeta, até que enfim vi alguém pensar como eu penso.


- Prefeito Dió ! prefeito Dió ! me trate direito ! eu sou o Cão, o mais lindo dos lindos. Vê se esse povo tá reclamando ao comprar a carne que vem de Feira ? Vê lá se os marchantes não estão vendendo a carne de lá ? E além do mais, eu tenho um pacto com uns coligados aí, que lucram com a carne de Feira e eles têm que ficar rico nas costas desses trouxas. Mande derrubar aquelas paredes daquele matadouro e bote esse dinheiro em festa, faça festa, reforme praça, faça cagador e deixe fechado no dia da festa de Santana, não abra por nada. Isso é que é administração.


- Taí, já comecei a gostar de você ! Até que enfim encontrei alguém que pensa igual
a mim. É isso mesmo, Meritíssimo Cão, vou seguir seus sábios conselhos.

O bicho botou um pé na cabeceira da cama, abriu o compasso e soltou um petardo com cheiro de enxofre, ovo goro e batata. O prefeito Dió já estava acostumando-se com aquela fedentina. O bicho foi dizendo:

- Prefeito Dió ! prefeito Dió ! veja lá como me trata. Eu sou o Rabujento, o rei que cavalga à noite, e eu pergunto: para que Ipirá quer matadouro ? Que use o de Feira, é mais lucrativo para a prefeitura de Ipirá que não terá despesa. Prefeito Dió ! deixe a economia de Ipirá se estrepar, você estando numa boa é o que importa. Abaixo o matadouro ! Nada de matadouro ! Quem gosta de matadouro é São Nunca. Há ! há ! há !.


- Taí um argumento que eu gostei de ouvir, meu nobre Rabujento. Gostei de sua opinião, mas eu penso um pouco diferente, observe bem, eu vou fazer de conta que estou fazendo o matadouro e o povo de Ipirá vai fazer de conta que está vendo eu fazer, no final, não me canso de fazer e o povo não se cansa de esperar.

O bicho botou a mão no queixo; soltou uma saraivada de peido, cheirando a fato acebolado e carniça de boi, sendo que, o prefeito Dió, nem tum, nem botou o dedinho para tapar o nariz. O bicho viu que aquele duelo de sabedoria pendia mais para o outro lado e procurou disfarçar mudando o alvo para uma outra conversa:

- Prefeito Dió ! quem vai se cansar de lhe avisar para me tratar melhor sou eu, pois eu sou o Lúcifer, o quebrador das balada, e agora eu quero conversar com esse seu amigo e correligionário, que está dormindo no sofá. Quem é ele ?


- É Luiz do DEMO, majestade Lúcifer.


- Prefeito Dió ! vê lá home o qui tu fala, porque eu sou o Demônio, o majestoso malígno, e não tô pra brincadeira, eu te boto numa vara de espeto se tu fizer esse matadouro de Ipirá. Que prazer falar com meu Luiiiiiiiiiz. Como você é falado no meu reduto. Lá, tem um sujeito da cabeça branca que só fala em você; eu não consigo lembrar o nome dele, também tenho pouco estudo, mas o que ele quer é ser o rei do meu pedaço, do jeito que vai, vamos ter que dividir o inferno.

Luiz do DEMO saltou do sofá, pegou uma cartilha que estava em cima da estante e disse para o bicho, que virou um jegue seboso, cinzento no dorso, com focinho de porco, orelha de cachorro, pelo de porco-espinho e rabo de vaca:

- Venha cá, vou ensinar a leitura para você. Esta vendo essa primeira letra do alfabeto, é o A, e a segunda é ? Não, seu burro, não é o C; e esse M de Maria, como se fala ? Não, seu idiota, seu jegue, nem eu dizendo você acerta. Você é tão ignorante que nem três letrinhas você sabe unir.

O bicho franziu a cara, começou a sair lágrimas dos seus olhinhos de ET. O prefeito Dió, olhou para aquela figura e pela primeira vez na novelinha, ele ficou com pena de alguma coisa, seja lá o que for, desta vez, ele ficou com uma pena danada do bicho e pensou: "No dia que eu deixar de ser macaco, eu quero ser esse bichinho bonitinho, pois nunca vi coisinha mais sabida".

SUSPENSE: e agora ? o que será que vai acontecer ? Carne de carneiro ! o matadouro ! você acredita nele ? Só falta apelar prá quem ?

Leia o capítulo 21 – junho 2009 - logo abaixo.

OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

domingo, 12 de julho de 2009

Para não morrer, todo ipiraense tem apenas 1 hora.

São João em Ipirá.


Um adolescente de apenas 15 anos, residente em Salvador, veio passar o São João em Ipirá, cheio de alegria e arroubos próprios da juventude. Domingo, pela manhã, comeu muito amendoim e churrasquinho na Praça do Mercado. Pela tarde, uma dor aguda aportou na barriga do adolescente. Seus familiares levaram-no às pressas ao Novo Hospital de Ipirá.


No Novo Hospital de Ipirá, o diagnóstico foi correto e positivo: apendicite. Aí, o Novo Hospital de Ipirá tomou uma velha prática: "tem que ir para Feira de Santana, reafirmando a velha, conhecida e insistente máxima, de que, todo ipiraense ou melhor, todos os moradores de Ipirá têm uma hora de correria para não correr risco de morte. São 100 km de distância entre o Hospital de Ipirá e qualquer hospital de Feira de Santana.


No Novo Hospital de Ipirá, a velha ambulância com motor quase batido tinha ido à Salvador; a outra tinha levado um paciente para Feira; uma outra, ainda não chegou, é promessa do deputado Jurandy Oliveira. O adolescente teve que ser levado em carro particular, correndo contra o tempo, tentando evitar um imprevisto.


São João no Hospital Cléristo Andrade em Feira de Santana.


O adolescente de 15 anos, saído de Ipirá, chegou por volta das 19 h ao Hospital Clériston Andrade. Neste Velho Hospital, a mãe do adolescente foi informada que não tinha vaga na enfermaria, que estava lotada, e que retornasse a Ipirá para voltar no outro dia pela manhã. A amiga da família do adolescente, dona A, chegando ao Clériston foi informada do fato e indagou quem era o plantonista:


- É Dr. R – disse a mãe do adolescente.


- Será que é um amigo de meu filho K ? Vou lá conferir.


Era. De imediato surgiu uma vaga na enfermaria e a confirmação de que logo o adolescente iria para a mesa de cirurgia. A enfermaria lotada deixava o plantonista Dr. R ocupadíssimo. Quando amenizou a situação, o adolescente foi encaminhado à sala de cirurgia:


- Pára. Chegou um paciente vítima de bala em tiroteio com a polícia e seu estado é grave. Retorne o menino.


A todo instante, chegava uma ambulância de todo buraco, província e cidades vizinhas e distante de Feira de Santana. A maioria tinha que seguir viagem para Salvador. Por incrível que pareça, houve até a separação de um casal, e por coincidência, vindo de Ipirá, onde sofreu um acidente na estrada que liga Ipirá a Itaberaba. A mulher estava inconsciente e em estado delicadíssimo:


- O homem está em melhor condição, só tem quebrado, um braço, duas costelas e uma perna, pode ir para Salvador – disse um preposto do hospital.


Às 3 h da madrugada, o médico R dirigindo-se à família do adolescente, disse:


- Até que enfim aliviou um pouco, vou agora mesmo para a sala de cirurgia com o menino.


Por incrível que pareça, atravessou na frente uma maca com um sujeito todo cortado de facão. Não dá outra, retorna o adolescente para a enfermaria.


Às 7 h da manhã, o médico R foi claro com a família do adolescente:


- Eu estou muito cansado, fiz 21 atendimentos de emergência, mas só saio daqui quando fizer a cirurgia do menino. Estou aguardando a chegada do anestesista, porque o que estava aí já venceu o seu horário.


Às 10 h da manhã, o médico R foi mais transparente ainda:


- O anestesista não chegou ainda e o plantonista que vai substituir-me já está aí, eu vou ter que ir dá plantão em Salvador, mas falei com o plantonista sobre o menino.


- Quem é o médico ? – Perguntou dona A.


- É Dr. G.


Dona A. telefonou para sua amiga e prima do adolescente, Dra. V. que conhecia o médico e telefonou para ele solicitando seus préstimos e atenção.


Às 14 h, o adolescente foi operado.


Tudo terminou bem, mas eu fiquei com uma dúvida e uma pergunta: o que será que diz o Estatuto do Adolescente para este tipo de fato concreto e qual a critério de quem deverá viver nestas ocasiões ?.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

É DE ROSCA.


Estilo: ficção.

Natureza: novelinha.

Capítulo: 21. (mês de junho 2009 – uma semana de atraso)


Cena na residência:


A conversa amistosa entre o ex-prefeito Luiz do DEMO (que finge que é PMDB) e o prefeito Dió continuava, sendo que, este dizia:


- Meu caro Luiz do DEMO, que quer ser PMDB, não sei se você já percebeu o tamanho do meu prestígio, eu só converso com Wagner, Lula, O’Brama e daí prá cima.


- É isso mesmo prefeito Dió, a jacuzada é elite e você também é jacu, mesmo travestido de macaco. No íntimo você não suporta essa macacada e quer acabar com ela.


- Sem essa ex-prefeito Luiz do DEMO ! para mim o que importa é que eu sou a figura mais importante deste município na atualidade; só está faltando eu conversar com Deus. Há ! há ! há !. É brincadeira ex-prefeito Luiz do DEMO. Durma aí no sofá, que eu vou tirar uma madorna no meu quarto.


Cena na rua de Delorme, em frente à residência do prefeito Dió:


A briga entre as duas ex-empregadas Natalina e Tonha continuava firme e forte. A multidão acotovelava-se fanaticamente, quando uma LUZ intensa e forte surpreendeu a todos, ao tempo que ouvia-se uma VOZ altissonante:


"VOCÊS NÃO TOMAM JEITO MESMO ! AINDA CONTINUA ESSA BRIGA DE JACU E MACACO ? COMO É QUE PODE, DUAS SENHORAS DE RESPEITO ENGALFINHANDO-SE NA RUA ? POR CAUSA DE QUE ? DE JACU E MACACO. E ESSE POVO NÃO TEM O QUE FAZER NÃO ? FICA ALVOROÇADO NESSE PANAVOEIRO TODO. É POR ISSO QUE ESTE MUNICÍPIO TEM 94,6% DA POPULAÇÃO VIVENDO COM ATÉ DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS E TEM 11 MIL FAMÍLIAS SUSTENTADAS COM O BOLSA FAMÍLIA, E MESMO ASSIM, AINDA FICAM ENCHENDO A CABEÇA COM BABAQUICES QUE SÓ LEVAM AO ATRASO".


As pessoas ficaram paralisadas e perplexas. Natalina e Tonha abraçaram-se, ao tempo que, choravam e beijavam-se. As pessoas deram as mãos e ajoelharam-se num silêncio respeitoso, tratavam-se como irmãos, como gente e não como bicho. A LUZ intensa foi direto para o quarto do prefeito Dió.


Cena na residência:


O prefeito Dió acordou assustado com a forte claridade, olhava cabisbaixo, de soslaio, não entendia direito e estava desconfiado, mas começou a visualizar aquele grande encontro e foi dizendo:


- Já fico imaginando a que devo esta honra, só pode ser pelo meu eficiente desempenho como administrador deste município. Eu sempre digo, com muita modéstia, que eu sou o melhor prefeito do Brasil. Eu tenho uma administração inquestionável.


A LUZ DIVINA percebeu que estava diante de uma pessoa pretensiosa, carregada de orgulho e centralizadora, mas de reconhecida inteligência e grande capacidade malabarista, principalmente quando dá nó em pingo d’água nas questões políticas.


Ouviu-se a VOZ:


"EU ESTOU PREPARANDO UMA BATATA-QUENTE PARA COLOCAR NO SEU COLO, PREFEITO DIÓ. NÃO RESPONDA AGORA, MAS VOCÊ VAI TER QUE DECIFRAR UM ENIGMA: UM LOURO (PAPAGAIO), UMA PERSONAGEM DE NOVELA (CADORE) E UMA PLANTA OLIVEIRA; VOCÊ DETONA OS DOIS PRIMEIROS OU CORTA O PÉ DE OLIVEIRA ? NÃO RESPONDA AGORA; EU VIM AQUI PORQUE VOCÊ ENVIOU UM OFÍCIO PARA SÃO PEDRO REQUISITANDO UMA VAGA NO CÉU".


- Sim, é verdade. SENHOR. Eu sei que não precisava desse ofício, mas é só formalidade, pois minha vaga lá é garantida.


A LUZ solene escutava e o prefeito Dió começou a desfiar um rosário de virtudes e boas obras para impressionar a LUZ divina:


- Eu sou amigo do povo, falo com todo mundo, consigo atrair as pessoas numa facilidade que até fico impressionado, eu pergunto "qual é o pó ?" para todas as pessoas, seja ela humilde ou letrada. Falam por aí que eu fico enciumado com o carisma do chefe dos macacos, um médico muito bem quisto, mas é pura mentira e inveja de quem fala isso, inclusive eu acho que ele não tem essa atração toda, eu sou mais a minha humilde pessoa.


A LUZ brilhante escutava e o prefeito Dió continuava:


- Eu fiz mais obras do que todos os outros prefeitos dessa terra juntos. E tem mais, no meu governo ninguém tira um tostão sequer dos cofres públicos.


A LUZ intensa começou a piscar e ouviu-se:


"HÓ ! HÓ ! HÓ ! VEREMOS ISSO DEPOIS. VAMOS VER SE SEU GOVERNO PASSA POR UMA CPI DO TELHADO DE VIDRO. SE PASSAR AÍ VOCÊ PODERÁ CANTAR DE GALO, AGORA, ANTES DISSO, ABRA BEM OS OLHOS.


O prefeito Dió voltou a se posicionar com uma nova argumentação para ser mais convincente:


- Eu reformei o Hospital de Ipirá, e agora qualquer ipiraense pode ficar doente que tem onde receber socorro sem entrar numa ambulância.


A LUZ intensa voltou a se pronunciar:


"CUIDADO, PREFEITO DIÓ ! EU ESTOU DE OLHO NO SEU PÉ. VOU COLOCAR UMA GRIPE SUÍNA NO SEU CORPO E VOCÊ VAI PARA ESSE SEU HOSPITAL PARA SE CURAR. ESSE É UM BOM TESTE.


- Não, SENHOR, não faça isso. Esse teste não tem validade com minha pessoa, sabe como é, eu tenho Plano de Saúde, e aí eu vou tomar o lugar de uma pessoa que não tem, e isso é injusto, eu prefiro ir para Salvador e deixar esse hospital daqui só para os ipiraenses.


A LUZ intensa piscava e o prefeito Dió continuava:


- Eu fiz um São João que foi o melhor do Nordeste, o SENHOR deve Ter assistido lá de cima. Foi a inauguração de um majestoso palco na Praça do Mercado, um lugar ideal para quando o SENHOR quiser fazer uma visita cá embaixo para falar com as pessoas.


Ouviu-se novamente a VOZ da LUZ intensa:


"CUIDADO, PREFEITO DIÓ ! EU ESTOU DE OLHO NA SUA CABEÇA. EU NÃO OUVI DISCURSO DE INAUGURAÇÃO DESTE PALCO, POR ISSO EU ESTOU COM UMA PULGA ATRÁS DA ORELHA. VOCÊ VAI FAZER UM TESTE DRIVE COM ESSE PALCO. VOCÊ VAI FAZER UMA CANTORIA NESSE PALCO.


- Lá ele SENHOR ! quem tem que subir lá é o cantor, o povo quer ouvir é o cantor. O que é isso SENHOR ? Tá armando esparrela para Dió. Quem vai lá é coelho. Vamos deixar de lado esse palco, na verdade o que importa, é que eu fiz todas as obras que os outros prefeitos deixaram sem fazer.


A LUZ intensa foi taxativa, deixando bem claro que nada aqui embaixo escapa do seu conhecimento:


"E A OBRA DO MATADOURO DE BOVINOS E OVINOS EM IPIRÁ ?"


Aí o prefeito Dió mudou de cor, era justamente o assunto que ele não queria tratar por hipótese alguma, pois é o seu calo, e ele pensava que só ele, exclusivamente ele, o prefeito, sabe da verdadeira e profunda verdade desse matadouro, gaguejou, tossiu, mas disse:


- É, mas, é, bem, como eu disse, não, desculpe;converse com Luiz do DEMO, que ele sabe, mas, como é mesmo ? Como eu ia dizendo, a Prefeitura rescindiu o contrato com a empresa e contratou uma consultoria especializada para apoiar os projetos. A documentação foi entregue à Caixa Econômica para análise e aprovação, infelizmente, os engenheiros da Caixa entraram em greve, e a Prefeitura aguarda que a greve acabe e seja autorizada a nova licitação, aí ... só o SENHOR sabe.


Aí, ouviu-se a VOZ:


"EU ! POR QUE EU ? CUIDADO, PREFEITO DIÓ ! ESSE LUIZ JÁ TEM DONO, NÃO TEM SALVAÇÃO PELO QUE FEZ NA PREFEITURA, MAS EU JÁ ESTOU DE OLHO NA SUA LÍNGUA. PREFEITO DIÓ, SUA BOA OBRA AQUI NA TERRA SERÁ A CONSTRUÇÃO DESSE MATADOURO, SEM ELE, ESQUEÇA O CÉU".


SUSPENSE: e agora ? o que será que vai acontecer ? Carne de carneiro ! o matadouro ! você acredita nele ? Só falta apelar prá quem ? Será que Deus conseguiu mudar a cabeça do prefeito ? Ou será que o prefeito vai ter que encontrar o diabo para dar conta desse matadouro.


Leia o capítulo 20 – maio 2009 - logo abaixo.


OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

terça-feira, 23 de junho de 2009

X + Y = DIOMÁRIO


O prefeito Diomário discursando deu o tom: " Um secretário que tem me ajudado muito, GUARDEM BEM ESSE NOME, Afonso Florence ". Disse tudo, Afonso Florence é o seu candidato a deputado federal em 2010.


Assim sendo, Rui Costa, caso saia candidato a deputado federal, que procure um galho mais fino para encostar-se, pois que, se por alguma razão existe coerência no petismo de Ipirá, essa coerência deverá adotar a mesma atitude que tiveram na eleição municipal no caso Tineck-André, ou seja, o prefeito Diomário terá que sair fortalecido eleitoralmente no próximo ano, então, todos secretários do prefeito Diomário, inclusive o da Saúde e Agricultura, deverão apoiar o seu candidato do PT a deputado federal, senão será uma baita traição. Pensando assim, sobrará Rui Costa.


Pensando de outro jeito, vamos supor que o prefeito Diomário dê liberdade de escolha aos seus secretários, neste caso, terá que conceder a mesma liberdade ao líder maior da macacada, Antônio Colonnezi, que se for acoplado ao projeto de A, B ou C, terá menos reconhecimento e valor do que um secretário municipal. Pensando assim, sobrará para Rui Costa.


Mas, pensando de outra maneira, nem tudo está perdido para Rui Costa, ele tem a caneta, que demitiu Tineck e André, na mão, e assim sendo, ele poderá manter irretocável a prática do PT de Ipirá, que levou ao encabrestamento os votos dos funcionários de confiança do Ciretran em Ipirá: ou segue e vota em quem o dedo aponta ou cai fora. Infelizmente esta é a triste e equivocada lógica implantada pela mão-de-ferro petista em Ipirá (caso Tineck-André).


Deixando o PT de lado e voltando ao prefeito Diomário, observamos que tem quem aposte que a equação X + Y é igual a macacada espatifada. Aí Diomário tem que queimar mais dinheiro do que neurônios para elucidar o grande enigma macaco.


Primeiro – vai ter que tapar a boca da ala macaca que é contra Lula-Dilma-Wagner, e para isso precisa estar forte para que possa botar esta turma com o rabo entre as pernas.


Segundo – a situação de Geddel ficou complicada com o acordo do DEMO-PSDB na Bahia, assim sendo, poderá vingar a chapa Wagner governador – Geddel senador, sendo assim, para o comício de Ipirá, o prefeito Diomário poderá comprar óleo de peroba para passar nos palanquistas do grande comício, pois lá estarão, a macacada, Luiz Carlos do DEMO e os petistas na mesma linha de frente.


Terceiro – tem que usar caneleira, para não levar as sobras das bicudas na canela na disputa fraterna, amiga, solidária, civilizada, entre Jurandy Oliveira e Neusa Cadore.


Quarto – tem que usar MP-3 para não ouvir a arengaria petista no pé-de-ouvido.


Além do mais, eu acho isso tudo café pequeno para o prefeito Diomário, que tem se portado politicamente com grande malabarismo. Hoje, é o homem de confiança eleitoral do governo Wagner em Ipirá, não tenho a menor dúvida disso, até mesmo naquele momento em que fez alusão à goleada de 30 a 2 que o time de Wagner está dando no time de Paulo Souto, o prefeito Diomário está dando demonstração de sua firmeza e disposição de ir até os últimos e marcantes "minutos finais" do crepúsculo da partida com a bandeira em punho. Chega de apoiar projeto de crack, como Fábio Souto, que só engrenou 2 milhões para Ipirá, agora é a vez de santo milagreiro, que de promessa em promessa, já chegou ao prometido de 30 milhões para Ipirá.


Se der zebra ? Diomário é sincero, não torce para time de terceira divisão. Nisso tudo, essa é a única certeza que temos do prefeito Diomário.