domingo, 25 de março de 2012

É DE ROSCA.




Estilo: ficção


Natureza: novelinha


Capítulo: 41 (mês de fevereiro 2011) – incrível, apresentação do novo capítulo da novelinha esculhambada com, simplesmente, mais de um ano de atraso e não acaba. Nem satanás acaba essa novelinha.



O prefeito Dió estava, em seu gabinete, movimentando uns botõezinhos em cima de uma prancheta. Devido ao fato de seu gabinete ser público e local de decisão de todos os problemas do município e, é bom que se diga, de forma coletiva, estava com muitas pessoas, e no devido momento alguém teve a felicidade de procurar entender o que bolava o El Pensador, o grande dono do pedaço.



- Prefeito Dió! O prefeito está parecendo Joel Santana, o treinador do Flamengo, só fica mexendo os pauzinhos em cima do tabuleiro – disse uma pessoa.



- Prefeito Dió! E essa seca que quer acabar Ipirá? – indagou um homem do campo.



O prefeito Dió levantando o olhar, foi dizendo:


- Alto lá! Um de cada vez! Assim eu não posso dizer nada, não posso rezar para São José e São Francisco ao mesmo tempo. Primeiro eu quero dizer para você, homem do campo, que espere que vai chover, só não pode e não deve chover é em cima da minha prancheta, porque eu estou com um jogo muito delicado, neste exato momento, portanto, aguarde a chuva lá na sua região. Sobre a outra pergunta, eu tenho que dizer que é verdade, eu aprendi com o grande treinador Joel Santana, no tempo que ele era treinador do Bahia, para falar a verdade, eu olhava mais o seu estilo de atuação do que para o jogo.



A pessoa que fez o primeiro comentário, estava ansiosa para saber o que El Pensador tinha esboçado na prancheta e não perdeu tempo, no sentido de plantar a semente para colher maduro:


- Ô prefeito! Esse jogo é nosso?



- E a seca que está acabando Ipirá, prefeito? – intrometeu-se o homem do campo.



- Eu já disse que vai chover, vamos aguardar, nós temos ainda essa semana do mês março, temos abril e até 4 de maio para chover trovoada em Ipirá, vamos aguardar. Como eu ia dizendo treinador é que ganha jogo e você sabe que eu sou um treinador experimentado, já ganhei duas consecutivas e não é agora que eu vou deixar escapulir a vitória, afinal de contas eu aprendi foi lá no ninho da jacuzada – complementou o prefeito.



- Mas, prefeito! Quem vai ser o artilheiro dessa vez? – indagou um sujeito impaciente.



- E essa seca prefeito? – perguntou o homem do campo.



- Eu já disse que vai chover. Só não pode chover é justamente agora nesse momento, porque eu estou com minha prancheta na mão e eu tenho que pensar como eu vou posicionar meu time. Eu tenho para dizer que meu atacante preferido e titular absoluto é o Toinho, mas tem umas questões com um tal de Supremo, mas eu já coloquei quatro advogados para resolver esse probleminha e sua ficha vai ficar sem impedimento até o dia do jogo – concluiu o prefeito.



- Mas, prefeito! Eu soube que seu passe está preso no time Supremo e que esse time Supremo prendeu a ficha, é verdade? – indagou uma pessoa querendo saber a verdade.



- Prefeito! Essa seca ta de lascá, não tem água na região – comenta um homem do campo.



- Basta chover que se resolve esse problema, diferentemente, do problema de minha prancheta, que requer muito pensamento. Vamos raciocinar, Se Toinho ficar de fora, eu tenho duas opções, uma boa e outra péssima: a boa é o Didudy, um atacante novo, cheio de vigor, que chuta muito bem com a direita, mas é fraco na esquerda e se embaraça na direita, mas é a minha segunda opção; a opção que eu não quero, não aceito, já disse isso mil vezes, EU NÃO ACEITO, é o Deputado, é um veterano que já jogou muita bola, foi da seleção de 1970, com Gerson, Pelé, Rivelino e companhia, mas hoje, com esse jogo moderno, de correria pra lá e prá cá, Deputado não agüenta chegar no Malhador e tem mais, no meu parecer, o passe desse Deputado deve ser vendido logo ao time do Jacu, porque no meu time, ele não senta nem no banco, que dirá na cadeira de prefeito – disse o prefeito Dió.



- Mas, prefeito! Ele vai fazer falta – comentou a pessoa, sem entender bem o El Pensador.



- Prefeito! Essa seca ta matando os bichinhos lá no campo – disse o homem do campo.



- Eu não posso fazer muita coisa. Primeiro, eu tenho que salvar os bichos dos jogadores do meu time. Entenda, se ele vai fazer falta do nosso lado, pode ser perto da grande área e o time do Jacu pode fazer o gol, então que ele vá fazer falta do lado deles e nós saberemos aproveitar. Eu já disse a ele, se ele insistir em ser titular, que eu estou gastando muito com carro-pipa e eu só posso dá pra ele cinco mil, que foi o que ele deu na minha campanha para ser o treinador da macacada.



- Mas, prefeito! E o time da jacuzada? – perguntou um torcedor fervoroso da macacada.



- Prefeito! A seca vai acabar Ipirá, o senhor não vai gastar para combater essa pistiada não? – acrescentou o homem do campo.



- A seca tem todo ano e nunca acabou Ipirá e estou gastando setenta mil só com carro-pipa, agora você, homem do campo, tem que entender que quem vai acabar Ipirá é esse time do Jacu, se for campeão. Esse atacante deles, o Luizinho está fora de combate, pois está com a ficha presa no time Supremo, resta o Marcelito, esse não pode jogar de jeito nenhum, temos que dá pontapé na canela, no joelho, da cintura para cima tudo vale.



- O prefeito tem mais algum outro time para conversar? – indagou um admirador.



- Eu quero saber da seca? – disse impaciente o homem do campo.



- Vai ter jogo, chova ou faça seca. O que interessa é o jogo. No meu banco eu tenho o PT de Ipirá, é meu jogador preferido, vai ficar na boca de espera, se acontecer o titular morrer, ele entra. Tem também, para conversar, esse tal de Renovação, com esse, eu tenho que mostrar pra ele o que é bom para Ipirá; que Marcelito não pode nem jogar, imagine ganhar, de jeito nenhum; que se esse tal de Renovação tiver juízo ele deve aceitar ser gandula ou massagista, que no futuro, daqui a uns duzentos anos, poderá ser ele – disse o prefeito Dió.



- Êta, que esse prefeito Dió é esperto. Eu já vi que o senhor é quem manda em Ipirá, manda na macacada, na jacuzada, no PT e na Renovação. O senhor não vai contratar Messi do Barcelona para o nosso time, não? – perguntou um torcedor apaixonado.



- E carro-pipa? Não vai contratar não? – indagou o homem do campo.



- Eu não conheço nenhum jogador chamado carro-pipa. Agora, do estrangeiro vem um jogador melhor do que Messi, é pouco conhecido aqui, mas eu garanto por esse, é o meu irmão Lú, esse é titular absoluto no meu time, tem cartola forte por trás, o governador e o desembargador; traz patrocinador forte para a camisa, só a ODB é quinhentos paus. Esse é o meu preferido, joga de titular no meu time até operado do joelho e com meu irmão Lú eu gasto até o pensamento.



- E o prefeito ta assim, sentado na bufunfa e bom da bolada pra garantir a taça para o nosso time? – perguntou um torcedor meio duvidoso.



- Se tem bufunfa, pode contratar carro-pipa para jogar em Ipirá – sugeriu o homem do campo.



- Eu já disse que gastei demais com esse carro-pipa, só no ano passado eu dei pra ele quinhentos mil, em janeiro deste ano, setenta mil, e ele não fez nenhum gol, é certo que rende voto, mas eu tenho outras contratações, agora mesmo, aproveitei a liquidação e contratei dois atacantes o Bruno e o Marrone por duzentos e vinte e oito mil para jogarem uma partida de noventa minutos, eu pensava que era mais de quatrocentos; estou gastando com advogados para defender nosso astro Toinho nesse tal de Supremo; vou gastar mais de setecentos paus nesse no campo do São João e você, homem do campo, quer que eu gaste com quê? Com seca? Vá morar no Rio do Peixe, que lá ta tudo cheio.



- Eu estou satisfeito, prefeito Dió! O senhor foi o melhor treinador que já comandou Ipirá nestes últimos cem anos. O senhor é poderoso, é quem manda neste pedaço e acabou – disse, encerrando o torcedor.



- Prefeito! eu compreendo a sua dificuldade, realmente contratar essas estrelas a peso de ouro, é muito pesado para qualquer treinador e principalmente para o senhor que é um treinador que manda, pensa sozinho, concentra e é dono de tudo. O senhor pode até pensar que eu não compreendo as coisas, mas eu compreendo do meu jeito, e do meu jeito eu vou rezar para chover trovoada até o dia 4 de maio, mas mesmo assim, eu ainda vou fazer um pedidozinho, pequeninho, para o senhor: prefeito! Pelo menos construa o Matadouro de Ipirá para a gente poder matar o nosso carneirinho – solicitou o homem do campo.



- Não fale o nome dessa desgraça no meu gabinete. Você, homem do campo, não está vendo que eu estou a sete anos e meio nessa empreitada miserável, porque você não vai cobrar a Toinho e a Luizinho, que foram treinadores e não fizeram esse tal de matadouro, é isso que eu vou dizer. Eu já disse, e não vou cansar de dizer: NO MEU TIME NÃO JOGA ESSE TAL DE MATADOURO, NEM ESSE TAL DE OVELHA E MUITO MENOS ESSE CARNEIRO E NEM ESSE TAL DE DEPUTADO. Eu não posso ficar contra meu irmão Lú. Eu tenho que fazer tudo para escalar meu irmão Lú e todo mundo vai dizer que sou eu quem mando e sou o mais poderoso de Ipirá, e acabou.



Suspense: e agora ? o que será que vai acontecer ? Em quem o prefeito Dió vai dar a próxima facada? Na macacada ou no irmão? Será que não vai ter sangue e morte nessa novelinha? Ou vai ser tudo de mentirinha para aumentar a audiência. Agora é que essa novelinha vai ter briga de irmãos e não acaba nunca. Duas coisas de rosca, essa novelinha e o Matadouro de Ipirá.



Leia o capitulo 40 (janeiro 2011) bem abaixo.



Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

domingo, 18 de março de 2012

ATUAL QUADRO POLÍTICO DE IPIRÁ.


“Quem não te conhece é que te compra” diz o dito popular para contrapor ao “quem corre cansa”. Dessa forma entramos no jogo do poder municipal. O prefeito Diomário coloca-se como o todo-poderoso, define quem é o seu adversário e com quem deve tabular conversações e, até mesmo, em quem ele vai dar bicuda na canela.



Toda vez que ele escuta que o deputado Jurandy é candidato da macacada, ele solta uma nota espanando a intenção e pisa no pé, “esse nem que a vaca tussa”, ou melhor, “esse aí de jeito nenhum”. Não é implicância, é determinação, porque na “democracia” dos macacos o todo-poderoso prefeito Diomário tem o apito na boca e quer mandar no jogo alheio.



Chegou com um moinho de gente, uniu-se ao macaco e disse: “cheguei para ganhar a eleição”, e ganhou duas vezes. Hoje é patrão, ou acha-se dono, tanto faz, pelo menos acha que é mais sabido do que os outros. Mas com tanta sabedoria, vai morder e perder a dentadura, ao tempo, que mergulha num oceano de contradições.



Na democracia dos macacos, o prefeito impõe uma LISTA DE CANDIDATOS, primeiro, segundo, terceiro. Escolheu o primeiro, Antônio Colonnezi. Quer transparecer que foi ele, o todo-poderoso, que escolheu Antônio. Aí, é o mesmo que mexer mingau com a colher do dono. Escolheu o óbvio, ou melhor, não escolheu, pensa que é ele quem está indicando. De repente, a sua Lista não tem mais serventia, porque um fura-fila que nem estava na fila passa a ser o nome indicado. A Lista do prefeito não era lista, era uma anotação que está em más condições e não cumpre a contento seus propósitos, é deficiente. Se a Lista do todo-poderoso não serve como indicativo, o melhor que se faz é jogá-la no vaso sanitário, não se esquecendo de dar a descarga.



É contraditório. Faz-de-conta que indica o pré-candidato dos macacos, mas tem a firmeza da mão-de-ferro que coloca o deputado Jurandy de escanteio. Cuidado, prefeito! O seu mal é pensar que todo mundo come em sua mão e tem que ser do jeito que V. Exa. quer e determina. Esse critério de Lista de pré-candidatos saindo do seu bolso, com hierarquia, com escala de notoriedade e uma visível exclusão externada pela sua vontade e pelo seu desejo, por suas mágoas ou por seu prazer de poderoso, uma hora não corresponderá aos seus propósitos. Por mais que V. Exa. pense o contrário, as pessoas possuem um amor-próprio e basta exigirem a democracia, para a sua Lista impositiva ir para a lata de lixo.



No Renova Ipirá, todos os pretendentes à pré-candidatura terão o mesmo direito, estarão em pé de igualdade e o pré será escolhido pela maioria. Não haverá imposição, nem o candidato será tirado do bolso do paletó. Democracia é assim prefeito. É diferente das oligarquias, onde o jogo é marcado. O prefeito diz que pretende conversar com o Renova. Conversar o quê? Para impor o quê? Para impor candidato da Lista? Quando as pessoas deixaram a macacada, com a intenção de formar e construir o projeto Renova Ipirá, foi com o compromisso de garantir a participação e a democracia na administração pública de Ipirá. As pessoas cansaram das imposições, da desconfiança e da concentração da sua administração. Esse foi o aprendizado que as pessoas tiveram do seu governo e as pessoas têm o direito de fazer diferente. E é para fazer diferente do seu governo que surgiu o Renova Ipirá.



Diz o prefeito Diomário que quer conversar com o Renova. Conversar ou cooptar? Conversar ou impor? O prefeito até disse que “é na melhor das intenções, na simples tentativa de encontrar a solução que for melhor para Ipirá.” Com esse coração purificado e bem intencionado do prefeito, eu não perco tempo e abro logo o diálogo e vou dizendo:



- Ipirá vive uma seca tenebrosa que poderá colocar o município num patamar de miséria e falência nunca visto; a falta de água é angustiante e o município caiu na prática recorrente da velha indústria do carro-pipa, o que demonstra e prova a precariedade do setor produtivo rural de Ipirá. É uma tristeza triste, mas é a pura realidade.



Continuo dizendo: - O prefeito reclama que gastou 70 mil reais em janeiro com carro-pipa e 500 mil no ano passado com o mesmo serviço. Ipirá está estagnado. A produção da pecuária está em crise e decadência. Este é o fato mais angustiante e preocupante de Ipirá. Não tem outro. Se a seca matar o gado e o tangedor, o comércio de Ipirá será enterrado. O Poder Público Municipal, na palavra do seu prefeito, não tem recursos para o enfrentamento da situação. O prefeito chora junto aos poderes do Estado. O prefeito pede compreensão da Embasa. Nada mais justo na visão do prefeito.



Continuo afirmando: - O prefeito mesmo sabendo que o município está em estado de calamidade, não perdeu tempo, já contratou Bruno e Marrone para tocar duas horas no São João, pela bagatela de 228 mil reais. Não reuniu nem com os macacos, decidiu pela sua maravilhosa cabeça. Nesse quadro, o prefeito Diomário quer saber qual seria o posicionamento do Renova Ipirá? Prá isso nós temos que sentar e conversar. É essa a diferença do projeto Renova Ipirá para o seu governo prefeito. Vamos conversar prefeito.



Sua declaração é demasiadamente arrogante e prepotente, coisa de dono de Ipirá, quando declara os grupos que os macacos, na sua condição de grupo majoritário, forte e poderoso poderão cooptar e subjugar. Sua nota é conservadora, quando estabelece o seu adversário, seguindo o mesmo lenga-lenga de sempre, a bipolarização jacu-macaco, um sistema que está enterrando Ipirá e não consegue responder à complexidade e às novas problemáticas do município. Sua nota é uma vergonhosa hipocrisia, quando não estabelece a intenção de manter um diálogo com os jacus, no propósito de unir jacu e macaco no mesmo balaio de gato e dar por fim a esta coisa infame que atrofia o desenvolvimento de Ipirá, que é esse sistema de grupo jacu-macaco. Na verdade, a pré-candidatura de Luciano Cintra é quem tira seu sono. Bons pesadelos, prefeito.



sábado, 10 de março de 2012

DISCUSSÃO de planos.




A seca coloca Ipirá no chão, sem lenço, sem documento e entregue ao léu. É neste momento que sentimos que Ipirá está entregue à própria sorte: “sem meios e sem condições para suportar uma estiagem prolongada”. Não temos infra-estrutura para conviver com a seca. Suporta-se. Sufoca-se. A produção capitula.



Quando a calamidade é extensiva tudo pode acontecer, até os absurdos, principalmente quando se perde o bom senso e o bom gosto e mergulha-se no excêntrico. Sem água, bem próximo à sede, fizeram uma barragem no esgoto que corta a cidade, o carro-pipa pega essa água de esgoto e leva para o gado bovino matar a sede. Naturalmente, muito naturalmente, se alguém requisitar esse “dito cujo carro-pipa” para levar água da Embasa para pessoas beberem, o carro levará, sem imaginar, nem pensar, que o tanque do referido carro contém resto da água do esgoto ou que está contaminado pelas fezes. Pasmem! A que ponto chegamos! Uma barragem de esgoto, quando precisamos de água, água e mais água, uma barragem de água. Esse é um ponto crucial no município.



Em nota no site Ipiranegócios, 09/03/2012, mostra que se discutem planos para o enfrentamento da seca na região de Ipirá. Era mais uma reunião, entenda, mais uma. Discutem planos! Ótimo! Porque a seca vai a todo vapor. Se conversarem muito e andar a passo de cágado, a seca detona meio mundo, assim sendo é melhor um pouco de reza para ver se a chuva chega mais depressa. No Rio do Peixe já passou uma manga de chuva, esta semana.



O prefeito Diomário está preocupado. Preocupado, que é uma beleza! Afirma o prefeito Diomário que “é gravíssima a situação” e ratificou “a economia do município está arrasada”. Pronto! Até que enfim o prefeito Diomário demonstra que conhece a realidade do município de Ipirá e foi enfático, “a população do interior passa extrema dificuldade” e mais: “a população mais humilde passa fome”. Nunca, ninguém pintou a realidade do município de Ipirá com tanta tonalidade. Eu diria que Ipirá está vivenciando uma ampla margem de miserabilidade; o que seria um grande exagero em relação à visão realística e de grande veracidade do magistral administrador público Diomário. A realidade urge muita conversa e muito mais ação, caso contrário a sede mata o rebanho e seu dono.



“A economia do município está arrasada” afirma o prefeito. Tai, uma verdade verdadeira; a realidade do município foi constatada, vista, revista no parecer do prefeito Diomário. E agora prefeito, Vossa Excelência vai fazer o que? Vossa Excelência é a testemunha mais representativa, mais poderosa no município de Ipirá, neste preciso momento, e é na sua grandiosa autoridade que essa população carente e desvalida deposita todos os seus anseios para se ver livre desta trágica situação. O prefeito declarou situação de emergência no meio rural do município. Uma constatação óbvia que poderá ficar nesta constatação óbvia se não houver algo mais. O prefeito toma mais uma ação: clama aos governos do Estado e da União pedindo socorro. Muito bem prefeito. Seu pedido, com o prestígio que V. Exa. possui lá em cima, será uma ordem. Bendito seja! O povo de Ipirá confia tanto em sua força junto “aos homens” que é bom acender uma vela aos santos para ver se a chuva chega primeiro do que sua ajuda. Não é desconfiança não, é só precaução.



A produção rural em Ipirá está em crise, talvez, uma crise aguda. Caso os poderes constituídos não façam algo, essa produção caminhará para o colapso. Sem prosperidade na produção rural, a economia ipiraense encolherá. O prefeito Diomário faz a sua parte, chora, chora e reclama que gastou R$ 70 mil reais com o aluguel de oito carros-pipas, em janeiro. Diz, que “havia conseguido sete carros no MI e a água era colocada através do Exército, mas este parou, porque não recebeu o repasse do Governo Federal”. Como? Sete carros a menos num município carente e sedento de sede! Um Governo Federal irresponsável que não passa o repasse ao Exército! Um governo insensível aos apelos desse expressivo político e administrador que é o prefeito Diomário!



O chororô do prefeito continua: “O município não tem recursos para atender as necessidades do povo”. O município de Ipirá recebe quase seis milhões por mês, se recebesse dez, seria o mesmo chororô, “o município não tem recursos para atender as necessidades do povo”. Diz ele, que gastou quase R$ 500 mil reais com carros-pipas no ano passado, fora a Embasa. Coitadinho! E o chororô de qualquer prefeito em Ipirá continuará em 2013 à frente, talvez por décadas, por séculos, quiçá até o novo milênio, porque se não se fizer muita coisa para a convivência com a seca, o município continuará gastando R$600 mil... R$ 1 milhão... os olhos da cara... por anos à fio. A estiagem é a nossa mais íntima realidade.



Quando a seca chega, só tem carro-pipa. Para não se gastar um milhão com carro-pipa, temos que investir um milhão em medidas que permitam a convivência com a seca, caso contrário, na boca da seca teremos que ter medidas para o enfrentamento dos prejuízos causados pela seca. Sem ter feito nada, o prefeito reclama dos gastos que teve que não era para ter. É o choro dos justos! Porque quem não está sendo justa é a Embasa, “que limitou o fornecimento de água para não prejudicar a população da sede”, como salientou o prefeito. Em caso de escolha, a preferência é para a população da sede, a população da zona rural poderá apelar para água bruta, água duvidosa ou esperar água da chuva quando houver, ou até mesmo aquela água do riacho aberto que corta a cidade de Ipirá.



A indústria da seca engole a Prefeitura de Ipirá e mantém o município como refém. O Poder Público Municipal afirma que não tem poder para atender as necessidades do povo. O prefeito não pressiona, reivindica de forma branda, não exige como deve ser. Pede com a cuia na mão. Aceita que a Embasa limite o fornecimento. Acata que o Governo Federal não repasse verbas. Parece que me enganei com o poder desse poderoso prefeito Diomário, que impõe a candidatura do líder Antônio Colonnezi aos macacos; que corta o pescoço do deputado Jurandy quando pleiteia uma candidatura; que não dá a menor oportunidade ao PT de Ipirá no processo de escolha das pré-candidaturas da macacada. Indago e questiono: como poderá esse poderoso prefeito Diomário perder o poder que não possui?



É simples. A maior perda eleitoral que o macaco poderá sofrer neste momento é a saída do PT de Ipirá da sua coligação. A maior perda política que o prefeito Diomário poderá sofrer neste momento é a saída do PT de Ipirá dessa aliança. O prefeito viverá o seu mais profundo dilema “o que vou dizer ao governador?”. O maior baque que o poder do prefeito Diomário poderá sofrer neste momento, é a saída do deputado Jurandy do grupo macaco. O prefeito viverá a sua mais angustiante incerteza “eu jurava que ele estava preso na minha mão”. A maior porrada que o prefeito Diomário poderá tomar neste momento, é a candidatura de Luciano Cintra pelo grupo dos jacus. O prefeito sentirá na pele as marcas cruéis do seu calvário “não posso ficar contra o meu irmão, minha consciência não deixa”. Isso tudo acontecendo, o prefeito Diomário seguirá sua carreira solo.



Não era para eu escrever nada disso, pretendia escrever só duas linhas, dizendo mais ou menos o seguinte: o PT de Ipirá tirou um indicativo em seu coletivo, que não aceita a vice de nenhum grupo político de Ipirá. O Movimento Renova Ipirá, também, já decidiu em suas plenárias que não aceita vice de nenhum grupo político de Ipirá. A vice está descartada. O Renova Ipirá e o PT de Ipirá tem 90% de possibilidade de marcharem juntos no próximo pleito eleitoral municipal. Terminando, um pequeno recado para o prefeito Diomário: “Prefeito, não leve as coisas que eu escrevo a sério, tudo isso pode ser apenas literatura, agora, prefeito Diomário, com o seu majestoso poder, não deixe o povo de Ipirá beber água de esgoto, não permita que isso aconteça. Essa gente não merece padecer mais do que o que sofre com esse sistema jacu-macaco. Vossa Excelência sabe muito bem ao que me refiro”.

domingo, 4 de março de 2012

A realidade nua, crua e seca.





A saída da Nestlé de Ipirá, na década de noventa, do século passado, foi o primeiro sinal e a significação de que, naquele instante, estava batido o carimbo: “o município de Ipirá não tinha futuro como bacia leiteira.” A Nestlé foi-se. O Poder Público Municipal não esboçou a menor preocupação. Os produtores não se incomodaram.



O segundo sinal foi dado por Itamar o “Homem de Alagoinhas”, que na fazenda de Geraldo, perto do povoado Umburanas, deu o seu parecer. Estávamos sentados à sombra do curral, sob o sol escaldante das 14 h; a terra tórrida tremulava diante dos raios solares que atingiam o solo; o gado bovino pastava numa terra ressecada sem achar nem um babuje. A seca era inclemente.



O “Homem de Alagoinhas” não pestanejou e comentou: “Não sei quem botou na cabeça desse povo que Ipirá é lugar de bacia leiteira.” Naquele instante, tomei minha decisão: sem estrutura, deixei de criar vaca. Foi a melhor coisa que fiz. Estávamos em 2008.



O “Homem de Alagoinhas” continuou sua peregrinação, era o anjo-bom, expurgando e livrando Ipirá do sofrimento. Era a personagem mais procurada em Ipirá. Para encontrá-lo era necessário agendamento e aguardar. Comprou carretas e mais carretas de gado bovino. A arroba custava cem reais e ele pagou a cinqüenta reais. Selecionou as melhores e lucrou mais de um milhão de reais. Era a riqueza do município esvaindo-se de mão beijada.



A estiagem é uma constante de todo ano. A realidade inclemente, dura e difícil torna-se crucial para o homem do campo. Neste instante, Ipirá mostra as suas entranhas e a zona rural do município está à beira da calamidade pública e entrará em falência se não chover em março/2012. Falta água para o gado e para o catingueiro; falta comida para o gado.



A estiagem prolongada atinge o coração da economia do município, ou seja, desmonta e desmantela a produção. Sem produção o município entra em crise. A economia depaupera-se. A manutenção do rebanho em condições adversas é extenuante. O setor produtivo fica em dificuldades, em precariedade e a pobreza estende-se por toda zona rural, desta forma, o comércio urbano perde a base de apoio.



O município de Ipirá possue 6.813 propriedades rurais, em sua grande maioria são de pequenos proprietários, de característica familiar, com baixa produtividade, com custos operacionais sobressalentes elevados, devido à seca; descapitalizado para investimento em infra-estrutura, com rendimento precário, sacramenta o nível de subsistência de nosso município. O nosso quadro é de carência.



A seca absorve parcela da produção e eleva o custo da mesma. Com a produção rural atrofiada o município fica estrangulado e subdesenvolvido. Longe da transposição do rio São Francisco, a solução apresentada é a velha, tradicional e irremediável utilização do carro-pipa, indicando que Ipirá continua no mesmo patamar da década de 50 do século passado, além do mais, esse tipo de solução representa um paliativo e não a eliminação de um problema, também, determina a posição de Ipirá na escala de investimento do governo estadual, a última escala, a de subsistência pura e simples.



Insisto neste ponto essencial, Ipirá não está no foco de investimento do Estado como pólo produtivo e de desenvolvimento. O grande problema é que Ipirá está demarcado e ferrado dentro dos parâmetros do assistencialismo elementar para garantir a fixação da população na localidade, em altos níveis de carência com suporte das políticas públicas assistencialistas, sai mais barato para os órgãos públicos e rende votos.



Estamos na dependência do carro-pipa. Existe uma verdadeira indústria de carros-pipas alimentada pela seca. O governo da Bahia gasta 17 milhões somente em carros-pipas, é uma dinheirama em água. O valor cobrado pelos pipeiros é feito com base na quilometragem rodada pela área rural dos municípios, mais a especulação. Uma viagem particular da sede para o Rio do Peixe custa R$ 200,00.



São feitos convênios do estado como o Ministério da Integração e são contratados particulares para prestarem o serviço. O repasse feito pelo Ministério da Integração para a Bahia e gerenciado pelo exército perfazem um total R$ 16.966 milhões. O Exército controla 671 caminhões-pipas com um gasto médio de R$ 25,2 mil por veículo. O Ministério da Defesa já destinou R$ 240 milhões só para carro-pipa. Enquanto R$ 30 milhões foram prometidos à Bahia para aguadas e sistema de abastecimento simples. A seca consome um rio de dinheiro.


Ipirá tem dois grandes esgotos, ao ar livre, cortando a cidade. Nas proximidades da sede, em direção à Itaberaba, fizeram um represamento com sacos de areia e acumula-se água do esgoto. O carro-pipa vem e leva essa água para os tanques das fazendas para o gado beber. Se solicitado, o proprietário do mesmo carro-pipa carrega água da Embasa para a população beber, como se não houvesse resto da água do esgoto, ou não tivesse contaminação de coliformes fecais no tanque do carro-pipa. Ipirá não quer fazer parte da indústria da seca; Ipirá necessita de uma infraestrutura que dê condições de conviver com a seca. Esse é o caminho, o resto é balela.