A pioneira foi Pintadas com a desistência de um dos grupos
da politicagem, está no quinto mandato; depois, veio Baixa Grande, que está no
terceiro mandato, com a divisão e enfraquecimento das duas oligarquias; agora,
Ipirá por circunstâncias, é o primeiro mandato. Está formado o triângulo
governado pelo PT.
Em Ipirá, o prefeito petista Ademildo Almeida estabeleceu
como meta, no discurso, fazer de Ipirá um município pólo, uma cidade de referência
regional. Esse é o querer de todo ipiraense. Eis a questão, como fazê-lo e com
quem fazê-lo.
Penso eu, que ele tem um abacaxi para descascar. Não é fácil
pegar uma herança perversa de mais de cinqüenta anos de administrações de jacus
e macacos, que levou Ipirá a perder espaço, órgãos, força política, poder de
reivindicação, visibilidade com os poderes estaduais e, depois de tudo isso,
virar um abacaxi. Não adianta muito ficar arrebatado e em estado de exaltação
com o dinheirão deixado, de boca, pelo ex-prefeito Diomário que diz que deixou
um céu, porque o céu que o ex-prefeito deixou é do tamanho do inferno. Os
parâmetros sociais de Ipirá são vergonhosos.
O caminho para fazer do município de Ipirá uma referência
não é caminho reto, certinho e com tranqüilidade plena. Tem muitos embaraços
pela frente. A chapa vencedora foi Ana/Ademildo, foi 22/13, foi PR/PT. A
renúncia foi de Ana, do 22 e do PR; foi a renúncia da linha de frente da
administração. Resta Ademildo, o 13, o PT e nenhum dos três quer assumir o
poder. Quer manter o tempo de união. Quer manter a composição política liderada
pela macacada. Quer manter o compromisso com o líder Antônio Colonnezi. São
esses compromissos, seja quais forem, que serão obstáculos para que Ipirá vire
o município que o prefeito quer no sonho.
Não se trata de dar um pontapé na macacada, não é nada
disso. Qual é a linha administrativa que será executada? A do PT não
envergonha, muito pelo contrário, tem dado certo em muitas localidades. A
administração dos macacos não é paradigma para se ir muito longe, está no
patamar da governabilidade das oligarquias. É necessário que se folguem essas
amarras, que se saia desse nó cego, se realmente é um desejo fazer com que
Ipirá dê passos adiante. A administração pública tem que ouvir e dar voz à
sociedade organizada e ao povo para se contrapor ao governo voltado para os
interesses oligárquicos.
Governar para todos os ipiraenses e não só para os que
votaram na chapa vencedora é ir além dos enquadramentos e do que foi
configurado na campanha. Governo popular nunca foi um princípio de
administrações de jacu e macaco e o prefeito petista sabe muito bem disso. A
macacada é um aliado que deve continuar na administração, mas não como entrave,
não como impedimento para o que o PT objetiva para Ipirá. Para fazer Ipirá crescer
é preciso ter vontade política de diferenciar-se da política oligárquica.
É importante que a carta principal do baralho seja a
Educação Pública de Qualidade, mais importante é que isso não se torne apenas
uma máxima que seja de utilidade e utilizada mais adiante no jogo político.
Porque nesta questão um dos poucos atos da prefeita Ana foi sancionar o projeto
aprovado pela Câmara de Vereadores que vetava a democracia nas escolas
municipais, com o impedimento da escolha da direção pelos estudantes, pais e
professores. A prefeita vetou, não o projeto, mas a gestão democrática. É assim
que esse balaio funciona. O interesse do vereador é indicar uma direção que
trabalhe como cabo-eleitoral do indicador. Educação Pública de Qualidade passa
pela gestão democrática no âmbito das unidades escolares. O prefeito tem que
perguntar aos vereadores se eles concordam com essa proposta. Não, não é assim
não? Educação de qualidade tira o povo do cabresto eleitoral.
O prefeito petista Ademildo Almeida tem experiência como
vereador e como Secretário de Saúde. Deve ter um programa de governo. Sem
dúvida, ele tem noção do buraco em que está metido Ipirá. A relação com o
Legislativo está no limite, oito a sete. O prefeito é conhecedor da casa e dos
seus vícios, poderá muito bem saber equacionar essas demandas dentro dos
limites éticos.
Como desenvolver esta terra? Eis o problema. O caminho para
desenvolver Ipirá não é largo. Quais são os caminhos necessários? Chegou a vez
do Estado perceber que Ipirá existe de verdade. A administração petista em
Ipirá depende necessariamente do apoio irrestrito, determinado e comprometido
do governo petista do Estado. Isso é imprescindível para fomentar o
desenvolvimento de Ipirá e estabelecer o impulso que o município deseja e
precisa. A administração municipal não pode ficar órfã da administração
estadual. A administração municipal petista não pode ser um burrego enjeitado
pelo governo estadual. Ficar no “reme-reme”, “vamo vê”, “sei lá o que”, não
adianta nada. A coisa tem que ser concreta e imediata. E não é ficar
exclusivamente montada só nesses projetos sociais de assistência e amparo da
subsistência, isso é só manutenção sem salto para o futuro.
Outro caminho é ver todas as possibilidades do município
andar com as próprias pernas. O que é possível fazer com recursos próprios? O
que é necessário ser feito para Ipirá dar passos adiante, com suas próprias
possibilidades e sem ficar esperando só pelo governo estadual? É nisso e para
isso que a população tem que participar da administração de Ipirá. O Renova
Ipirá tem uma visualização clara neste aspecto do desenvolvimento econômico de
Ipirá, com dois projetos simples, possíveis, não é coisa de outro mundo, e
executáveis com custos irrisórios: o Parque de Venda de Animais no Parque de
Exposição e a transformação do Mercado do Álcool num Pólo Têxtil. Coisa simples
e promissora. Ipirá tem que se livrar desse ódio barato, mesquinho e ridículo,
criado, fomentado e mantido pelas oligarquias do jacu e do macaco, que
transforma o povo de Ipirá em escravos dos interesses dessas oligarquias do
jacu e do macaco. Ou não é isso prefeito?
Ipirá não pode conviver com o tempo dos engodos. O prefeito
Diomário propagou que deixou quase nove milhões nas contas (90% convênios).
Livre, novecentos mil, só para dizer que deixou dinheiro nos cofres. Não falou
dos débitos. Vou citar dois: o da Clínica de Fisioterapia que não recebe desde
outubro/12 e o do Escritório de Contabilidade, 6 mil reais e ele deixou
pendurado. Deve ter muito mais. É assim que o sujeito tira uma de porreta, mas
que deixou de pagar em dia, deixou!
O governo de Diomário foi sustentado por convênios com a
união. Ganhou fama pelo pagamento em dia e especializou-se em servir às
“empreiteiras mui amigas” que saíram fazendo porcaria pelo município com obras
precárias e utilizando material de segunda. Concentrou tudo em sua pessoa para
o bem e para o mal. O escândalo da Assistência Social é o resultado da
incompetência gerenciando o que não tem condições de tocar. Apelou para
promessas vãs (UTI no hospital – SAMU só ambulância) para embromar as pessoas.
Deixou Ipirá atravancado no lugar que encontrou. Foi a mesmice. Um desastre.
Agora tem início uma nova administração. Que não seja do PT,
que não seja de Ademildo, mas tem a sua assinatura e o seu carimbo. Ele deve
estar ciente de que será o administrador mais cobrado, acompanhado e
bisbilhotado que já houve nesta terra por causa de sua ação na Câmara de
Vereadores e por ter sido implacável na fiscalização das administrações de Luiz
Carlos e de Antônio Colonnezi, quando colaborou para sujar a ficha dos dois. Essa
administração não pode falhar na questão da ética. Essa administração não pode
e não deve ser complacente com nenhum tipo de corrupção. As oligarquias querem
o troco. Essa prefeitura vai virar a casa do Big Brother, a casa mais vigiada
de Ipirá, por isso é importante que se quebre paradigmas. Ipirá precisa
desenvolver.
O prefeito petista governará para quem? Se for governar para
o grupo da macacada estará governando para a mesmice. Se for governar para o
povo de Ipirá estará descortinando horizontes e alimentando esperanças. Não tem
confusão: é só ampliar a capacidade de participação do povo.