quinta-feira, 23 de outubro de 2008

É DE ROSCA.


Em sua residência, o prefeito Dió, sentado em um sofá, começou a receber as visitas dos correligionários, puxas e amigos; pois bastou correr a notícia que seu estado de saúde tinha melhorado após a grande vitória eleitoral, para a movimentação começar e uma longa fila foi formada na entrada de sua casa; sendo que, a tarefa de acalmar os enfileirados cabia à empregada Natalina, que atenciosamente, de pessoa a pessoa, ia dizendo, calmamente:
- O prefeito Dió tá com uma saúde de jatobá, também depois de uma cacetada dessa na cabeça da jacuzada, o que ele tá é com uma moleza de dá pena de tanto pular no pula pula. Eu até falei pra ele num pulá tanto, mas ele faz de conta que é surdo. Eu já disse prá ele num trabaiá tanto nesse novo mandato; basta ele trabaiá no dia da feira, mas ele é de uma teimosia que não tem quem aguente; aí só prá pirraçá, ele trabaia a quarta e a quinta-feira. Mas, vosmicês pode ficá assussegado qui eu vou prepará um caldo de carneiro, que vai botá o homem de Deus prá trabaiá o ano todo – explicou a empregada Natalina.

Uma voz bradou no meio da fila:
- Ô dona menina eu preciso falar urgentemente com o prefeito Dió.
- Em primeiro lugá se assunte, o prefeito Dió tem nome, pelo menos vosmicê tem que falá o nome dele e o do irmão dele, o Mário, mas dessa vez eu vou disconsiderá, só porque vosmicê me chamou de dona menina. O que é que vosmicê quer ? – indagou a empregada Natalina.

- Eu quero dizer ao prefeito Dió e ao seu irmão Mário que as puliça tomaram as carne de carneiro dos machante lá no Centro e os prijuízo é grande. Ô dona menina, apergunte prá ele se ele não vai indenizar como fez com as farinha ? – falou a voz da fila.

A empregada Natalina entrou e foi dizendo ao prefeito Dió:
- Seu prefeito Dió, vosmicê andou dano muito lutrimento a esse povo e esse povo só anda chamando vosmicê de prefeito Dió, cuma se tivesse intimidade cum vosmicê. Tem um marchante de carneiro aí que tá anunciando que a poliça tomou as fuçura de carneiro lá na feira. O que vosmicê tem a dizê ?

- Ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiiiiiiiii ! e eu tenho nada a ver com carneiro ? Matadouro de carneiro é problema do elemento do blog. Eu quero é comemorar minha vitória. Ui ! ui ! uiiiiiiiii ! vamos preparar a festança da magnífica vitória.

- A festança da vitória que vosmicê vai aprumá pode deixá com minha pessoa os prato da comilança que eu vou fazê no capricho – disse a empregada.

- Não é só do cardápio que você vai ser responsável, cuide também da lista de convidados.

- Pode deixá prefeito Dió, vou convidá os mangangão,as otoridade, os macaco, os militante do PT de Ipirá ... – parou Natalina, quando foi interrompida pelo prefeito Dió.

- Não tem esse negócio de militante não; eu não vi essa tal militância do PT de Ipirá na campanha, eu enxergo as coisas e no meu entender o que o PT de Ipirá tem de bom é a cúpula, convide só a extraordinária cúpula do PT de Ipirá, ignore os militantes.

- Tá nu meu entender que vosmicê é quem manda, então militante é nu olho da rua, deixe comigo. Vou convidá também os puxa-saco da campanha.

- Nãaaaao ! esses aí eu não quero ver nem o nariz, não tenho nem mais saco para eles puxarem – disse o prefeito Dió com contundência.

- Mas prefeito Dió, os puxa-saco vem não é para comê não, é só prá fazê ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiiiii ! – argumentou a empregada Natalina.

- Não empregada Natalina, eu já disse, de puxa-saco eu não quero sentir nem o cheiro e do ui ! ui ! uiiiiiiiiiiiiii ! você se vira.

- Vosmicê é quem manda, pur minha pessoa eu dava um prestígio meia-sola a meia dúzia de puxa, mas é vosmicê quem manda e eu vou deixá os puxa nu lugá de merecimento, nu zolho da rua, só sentindo o cheiro do banquete, ui ! ui ! uiiiiiiiiiiii ! prefeito Dió. Agora prefeito Dió, vosmicê goste ou não eu vou mandá um convite todo chique para o Lulinha.

- Pode mandá um convite especial em meu nome, se ele vier será muito bem recebido, porque na política a gente nunca sabe como vai ser o amanhã, e antes um jacú depenado na mão do que um macaco orelhudo pulando, mas eu duvido que ele compareça depois de levar uma xapuletada de 2 412 no lombo.

- Não, prefeito Dió ! não é o Lulinha do Demo, fantasiado de 15, é o Lulinha presidente do Brasil.

- E eu chegando a duvidar da capacidade de minha querida empregada Natalina. Você é minha melhor secretária.

- Êta prefeito Dió, quando vosmicê diz isso eu fico que nem foguete e subo nas núvem. Prá ajudá mió vosmicê, tive uma idéia supimpa e vou dizê prá vosmicê. Vou convidá o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro para a festa.

- Páaaaara Natalina. Desculpem acompanhantes da novelinha, mas eu tenho que dizer: NATALINA, VOCÊ QUANDO NÃO CAGA NA ENTRADA, CAGA NA SAÍDA. Desculpem, eu já estava engasgado. Por que você não disse que vai convidar o prefeito Pinheiro ? E vem lembrar logo de carneiro e matadouro. Eu vou lhe dizer aqui e agora, se esse carneiro vier eu apronto esse matadouro de carneiro em dois dias e ele é quem vai inaugurar.

- Mas prefeito Dió, cuma é que eu ia pensá em convidá o prefeito Pinheiro ? Vosmicê já pensou cuma ele ia adentrá nessa casa, vosmicê ia ter que botá abaixo o telhado da casa de vosmicê pra o prefeito Pinheiro chegá na sala. Então pelo tamanho, o prefeito Carneiro tava de bom tamanho.

- Olha Natalina ! vá cuidar da comida e deixe a lista de convidados comigo e você está rebaixada à função de assessora imediata da cozinha – disse o prefeito Dió.

SUSPENSE: o que será que vai acontecer ? Enquanto a polícia armada confisca a carne de carneiro no Centro será que vai rolar essa buchada de carneiro na casa do prefeito Dió ?
Leia o último capítulo : nas postagens anteriores,
OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

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