domingo, 10 de agosto de 2014

É DE ROSCA. (3)


Estilo: ficção
Modelo: mexicano
Natureza: novelinha
Fase: Não sei se vale a pena ver de novo
Capítulo: 03 (mês de agosto 2014) (um por mês)

Trabalho na prefeitura começa cedo, o ex-prefeito Dió madrugou para os seus afazeres e já estava no batente quando o prefeito Déo parou o carro no pátio da municipalidade. “Esse homem já está aqui!” pensou o prefeito Déo que chamou o ex-prefeito Dió:

- Vamos para o meu gabinete bater uma prosa sadia, de bons e leais amigos.

- É verdade! Muito bem dita por sinal, não pode ser de outra forma, o seu governo é um segmento do meu ótimo governo, porque o que eu não fiz deixei bem encaminhado e, assim sendo, depois do seu governo eu volto novamente – argumentou o ex-prefeito Dió.

- Mas se eu ficasse sentado na poltrona de prefeito, não vinha o Banco do Nordeste, nem o Ponto Cidadão, nem o INSS; tudo isso veio porque o prefeito sou eu e batalhei para que isso acontecesse, então tá na hora de deixar essa conversinha de que eu não estou fazendo nada. Se eu tivesse de contar as minhas quatrocentas obras essa novelinha tinha que levar mais oito anos, então, é bom parar com essa conversinha que eu já não estou gostando disso. Nenhum prefeito fez mais obras do que eu, fique logo sabendo disso – argumentou com firmeza o prefeito Déo.

- Mas, Luiz do Demo fez quinhentas obras no tempo do ‘Brasil Quinhentos Anos’ é mais do que as quatrocentas de V. Exa. – complementou o ex-prefeito.

O prefeito Déo tomou aquele impacto, parou e pensou: “eu nem tinha pensado nisso, mas hoje à noite, quando eu estiver dormindo, eu penso em cento e uma obras e acabo esse lengalenga.” Ao mesmo tempo, observou que o ex-prefeito Dió estava com uma trouxa e indagou-lhe:

- Essa trouxa é de dinheiro? Você está numa boa! Com uma grana dessa o rapaz da rádio não vai dar nem prá melar.

- Bem que eu queria que fosse dinheiro, mas não é! Isso aqui é um cuscuz – disse o ex-prefeito Dió.

- Fique sabendo de mais uma coisa; eu não ia dizer, mas vou falar: eu não quero ninguém comendo cuscuz na minha prefeitura!

- Mas, prefeito Déo! Eu trouxe o cuscuz de casa, daqui do seu gabinete eu só quero um cafezinho para tomar com meu cuscuz – disse o ex-prefeito.

- Com meu café não! Tome com água.

Não é que o ex-prefeito Dió foi comer cuscuz acompanhado de água! Deu um custipiu na barriga e o sujeito se contorceu todo, dos pés à cabeça, e o prefeito Déo pensou rápido: “Tai um defunto bom para inaugurar meu cemitério!” e foi logo tomando as devidas providências, chamando o SAMU 192 de Ipirá:

- Alô, SAMU de Ipirá, aqui é o prefeito Déo! Daqui a uma hora e meia venha aqui na prefeitura que é caso de urgência.

Nem tinha desligado o telefone, o SAMU de Ipirá, o mais rápido do Brasil, já estava na porta do gabinete. O prefeito Déo deu um esbregue:

- Já, é brincadeira! Será que vocês acham que o SAMU de Ipirá é de verdade? Volte pra garagem e venha de ré, Serra Preta não pagou ainda para Ipirá ter SAMU.

Três horas depois, chegou o SAMU 192 de Ipirá, a mais rápida do Brasil, prestando os primeiros socorros ao ex-prefeito Dió. Boca-a-boca; massagem no coração; botaram o homem na maca, colocaram-na na ambulância SAMU de Ipirá e a bicha partiu virada dos novecentos por hora.

A ambulância SAMU 192 de Ipirá, a mais rápida e eficiente do mundo, ia tão retada que não teve condições de parar no Hospital de Ipirá. O motorista pisou no freio e a sujeita só conseguiu parar no Matadouro de Ipirá. O ex-prefeito Dió acordou com o socolavanco da freagem, arregalou os olhos para observar o que estava acontecendo, deu um pinote e disse:

- Tem vinte e dois anos que eu vejo essa desgraça de matadouro e não tem prefeito que dê um jeito nessa geringonça, parece que só o bicho do pé redondo pode botar esse discunjurado prá funcionar.

O enfermeiro pegou o ex-prefeito pelo braço, mas não conseguiu segurá-lo e o ex-prefeito Dió saiu andando pelo asfalto e dizendo:

- Vou agora mesmo na casa do deputado dizer que pelo grupo da macacada eu faço mais um sacrifício, bem que eu não queria, mas se for necessário eu farei mais esse enorme sacrifício em 2016.

Suspense: e agora, esse matadouro sai ou não sai? Será que esse é o pretendente que está faltando para botar nosso Matadouro em funcionamento? Vamos nessa, Matadouro!

O término dessa novelinha acontecerá no dia que acontecer a inauguração desse Matadouro de Ipirá. Inaugurou! Acabou, imediatamente.

Observação: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária, que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência. Eles brincam com o povo e o povo brinca com eles.

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