domingo, 24 de agosto de 2014

EMERGENCIALÍSSIMA.

O aperto é grande: 30% das cidades baianas estão em situação de emergência, ou seja, a relação publicada no Diário Oficial do Estado consta 110 municípios baianos atingidos pela estiagem. Ipirá está fora, graças às chuvas que caíram no município este mês de agosto 2014. Nunca, um mês de agosto choveu tanto em Ipirá.

No Mapa do Estio estão: Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Feira de Santana, Itaberaba, Macajuba, Pé de Serra, Pintadas, Ruy Barbosa. A situação climática é crítica nesses municípios nossos vizinhos e isso é um reconhecimento da Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec). Ipirá está fora dessa situação, ainda bem.

Esse reconhecimento da Sudec serve para o município receber recursos públicos para abastecimento de água com carro-pipa, seguro-safra e bolsa-estiagem. Cada município tem que fazer o próprio decreto que precisa ser homologado pelo Estado. Que pena, Ipirá está fora!

A prefeitura deve identificar as necessidades, elaborar projetos e encaminhar para a Sudec, que fará a distribuição das demandas entre as secretarias e ministérios responsáveis. Ipirá, perdeu essa boquinha!

Em caso de emergência reconhecida, o município também fica dispensado da obrigatoriedade de licitação para obras de perfuração de poços e outros serviços deste tipo. Êta, que as empreiteiras de Ipirá vão ficar fula da vida! Já pensou, quanto empresário-macaco ia surgir para cavar buraco?

O problema que vem se agravando nesses últimos cinco anos no município de Ipirá não é só a estiagem, é que as chuvas são irregulares e não estão acontecendo numa sequência apropriada, por isso não suprem a terra da umidade necessária.

O mês de agosto marca o início da seca, sempre foi assim. Este ano foi diferente, tivemos um paliativo. Mas a tendência natural é que a situação se agrave daqui a alguns dias. A comida dos animais é pouca e para poucos dias. Se não houver os cambueiros de setembro e as trovoadas até o final do ano, teremos aperto. É assim que o nosso município gira, no aperto do parafuso sem fim.

A baixa produção e a falta de produtividade esgota o município. A falta de renda empobrece as pessoas. Existe a dificuldade para um produtor rural fazer uma cisterna com recurso próprio. O Estado tem que suprir esta falta de condição, que continua sem solução porque existe a precariedade da renda. A lógica capitalista neoliberal não investe onde não tem retorno.

O risco maior que provoca esses anos de seca constante é o favorecimento de um fluxo migratório de moradores do campo para as cidades provocando um inchaço urbano. O governo investe na moradia popular e outros problemas vão surgindo, como um esgoto ao céu aberto no fundo da fábrica Paquetá provocado por um conjunto habitacional. E emprego para essa gente? É problema!

As políticas voltadas para dar assistência e melhorar a convivência com o clima semiárido são minguadas: ‘Um carneiro e quatro ovelhas’; ‘uma cisterna’; ‘um caminhonete de palma’. Como se isso fosse resolver o problemão, são paliativas. Não tem para onde correr e apelar: essas políticas terão que ser bancadas com dinheiro a fundo perdido e muito dinheiro,  porque é difícil tirar tutano desse osso. Se o pequeno produtor tiver que fazer dívida, não tem como pagar. A produção é atrofiada e dinheiro não nasce em pé de pau. Ou o Estado banca esse investimento ou vai ficar bancando esmola o tempo todo. Já chegou a um ponto que a situação é de calamidade, com ou sem chuva. O produtor sem recursos, não tem como bancar esse esforço.

A escassez hídrica atinge as comunidades, atinge os animais e não dá suporte para o plantio, nem manutenção das pastagens. Fazer o quê?  O que se cobra são obras estruturantes para favorecer a convivência com a estiagem, de modo que o trabalhador rural tenha condições de manter a família com dignidade com o seu próprio trabalho, sem pedir esmola ao Estado. Seria um digno modo de vida para qualquer trabalhador.

Quem é que não sabe que o plantio de palma para alimentar os animais é um grande recurso para o suporte animal? Todo sertanejo sabe muito bem disso. O problema é o custo para o produtor fazer algumas tarefas de palma, tem que esperar três anos e parar de criar nesse período, caso contrário, nunca fará essa palma, porque todo ano tem seca.

Todo mundo sabe as ações que melhoram a vida das pessoas que moram em locais com baixo e irregular índice de chuvas. Todo mundo sabe  quais são as medidas que evitam que as populações rurais deixem o campo e mudem para as periferias dos centros urbanos. Todo mundo sabe! A coisa não é fácil, precisa de dinheiro.

Fácil é brincar com a situação. O prefeito Ademildo afirmou que conseguiu recursos para fazer barragens nos rios Paulistas e do Peixe. Cadê? Já busquei no Google e nada! Já procurei no Cadê e nada! Com brincadeira é que essa situação não vai deixar de ser o que é.

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