No
Mapa do Estio estão: Baixa Grande, Capela do Alto Alegre, Feira de Santana,
Itaberaba, Macajuba, Pé de Serra, Pintadas, Ruy Barbosa. A situação climática é
crítica nesses municípios nossos vizinhos e isso é um reconhecimento da
Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec). Ipirá está fora dessa
situação, ainda bem.
Esse
reconhecimento da Sudec serve para o município receber recursos públicos para
abastecimento de água com carro-pipa, seguro-safra e bolsa-estiagem. Cada município
tem que fazer o próprio decreto que precisa ser homologado pelo Estado. Que
pena, Ipirá está fora!
A prefeitura
deve identificar as necessidades, elaborar projetos e encaminhar para a Sudec,
que fará a distribuição das demandas entre as secretarias e ministérios responsáveis.
Ipirá, perdeu essa boquinha!
Em
caso de emergência reconhecida, o município também fica dispensado da
obrigatoriedade de licitação para obras de perfuração de poços e outros
serviços deste tipo. Êta, que as empreiteiras de Ipirá vão ficar fula da vida! Já
pensou, quanto empresário-macaco ia surgir para cavar buraco?
O
problema que vem se agravando nesses últimos cinco anos no município de Ipirá não
é só a estiagem, é que as chuvas são irregulares e não estão acontecendo numa
sequência apropriada, por isso não suprem a terra da umidade necessária.
O
mês de agosto marca o início da seca, sempre foi assim. Este ano foi diferente,
tivemos um paliativo. Mas a tendência natural é que a situação se agrave daqui
a alguns dias. A comida dos animais é pouca e para poucos dias. Se não houver
os cambueiros de setembro e as trovoadas até o final do ano, teremos aperto. É
assim que o nosso município gira, no aperto do parafuso sem fim.
A
baixa produção e a falta de produtividade esgota o município. A falta de renda
empobrece as pessoas. Existe a dificuldade para um produtor rural fazer uma
cisterna com recurso próprio. O Estado tem que suprir esta falta de condição,
que continua sem solução porque existe a precariedade da renda. A lógica capitalista neoliberal
não investe onde não tem retorno.
O
risco maior que provoca esses anos de seca constante é o favorecimento de um
fluxo migratório de moradores do campo para as cidades provocando um inchaço
urbano. O governo investe na moradia popular e outros problemas vão surgindo,
como um esgoto ao céu aberto no fundo da fábrica Paquetá provocado por um
conjunto habitacional. E emprego para essa gente? É problema!
As
políticas voltadas para dar assistência e melhorar a convivência com o clima
semiárido são minguadas: ‘Um carneiro e quatro ovelhas’; ‘uma cisterna’; ‘um caminhonete
de palma’. Como se isso fosse resolver o problemão, são paliativas. Não tem
para onde correr e apelar: essas políticas terão que ser bancadas com dinheiro
a fundo perdido e muito dinheiro, porque
é difícil tirar tutano desse osso. Se o pequeno produtor tiver que fazer dívida, não
tem como pagar. A produção é atrofiada e dinheiro não nasce em pé de pau. Ou o
Estado banca esse investimento ou vai ficar bancando esmola o tempo todo. Já
chegou a um ponto que a situação é de calamidade, com ou sem chuva. O produtor sem recursos,
não tem como bancar esse esforço.
A
escassez hídrica atinge as comunidades, atinge os animais e não dá suporte para
o plantio, nem manutenção das pastagens. Fazer o quê? O que se cobra são obras estruturantes para
favorecer a convivência com a estiagem, de modo que o trabalhador rural tenha
condições de manter a família com dignidade com o seu próprio trabalho, sem
pedir esmola ao Estado. Seria um digno modo de vida para qualquer trabalhador.
Quem
é que não sabe que o plantio de palma para alimentar os animais é um grande
recurso para o suporte animal? Todo sertanejo sabe muito bem disso. O problema
é o custo para o produtor fazer algumas tarefas de palma, tem que esperar três
anos e parar de criar nesse período, caso contrário, nunca fará essa palma,
porque todo ano tem seca.
Todo
mundo sabe as ações que melhoram a vida das pessoas que moram em locais com
baixo e irregular índice de chuvas. Todo mundo sabe quais são as medidas que evitam que as
populações rurais deixem o campo e mudem para as periferias dos centros
urbanos. Todo mundo sabe! A coisa não é fácil, precisa de dinheiro.
Fácil
é brincar com a situação. O prefeito Ademildo afirmou que conseguiu recursos
para fazer barragens nos rios Paulistas e do Peixe. Cadê? Já busquei no Google
e nada! Já procurei no Cadê e nada! Com brincadeira é que essa situação não vai
deixar de ser o que é.
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