quinta-feira, 27 de dezembro de 2007


É DE ROSCA.
Estilo: ficção.
Natureza: novelinha.
Capítulo: 04. (mês de Janeiro 08)
Observação: Leia os capítulos 01,02 e 03 abaixo ou nas postagens anteriores.

A empregada Natalina não foi dispensada, porque o matadouro não está pronto e, também, devido à mão caprichosa que possui, o que a destaca como um dos melhores temperos de Ipirá, mas o fato de ser torcedora do Vitória e só saber cozinhar carne de carneiro, fez com que o prefeito Dió, anunciasse que dentro de sua casa não se falava mais em futebol. Com um problema a menos e com o campo de futebol inaugurado, o prefeito Dió andava muito sorridente, fato que chamou à atenção da empregada Natalina que falou, com a cara meio retorcida:
- Ô prefeito Dió ! eu tô cá com meus desconfiamento; vosmicê só tá de dente aberto, não é mais aquele homem carrancudo que só andava pelos canto, resmungando a farta de dinheiro. O que tá se assucedendo ?

- Não é nada fora do esperado, minha querida empregada Natalina, é que o Bahia ganhou na inauguração do campo e a vida é bela.

- Vosmicê num quer dizer, mas eu já tomei meus conhecimento pelo www. ipiranegócios que vosmicê tá montado na bufunfa e o que me deixa contrariada é que vosmicê primeiro contou para o mundo e não teve a consideração de mim dizer nem os centavos. Que farta de consideração é essa, como se trai assim a quem sempre lhe deu a mão ?

- Não entendi ainda o que a minha adorável empregada Natalina está referindo-se. Não lhe contei o que ?

- Já é do meu conhecimento que vosmicê recebeu do banco: dois milhões, vinte e um mil e duzentos e vinte e um real, e não me disse nem tantinho assim. Será que vosmicê pensou que eu ia querer esse um real ?

- Minha empregada Natalina ! quem tem que ficar aborrecido aqui sou eu. Não fique bisbilhotando Internet para ver as coisas. Lá tem coisa que não deve ser vista, como uma tal novelinha, que não vale nada. Assista só as novelas da Globo. Eu não falei com você, porque reservei a parte mais importante para o seu pronunciamento. O que eu devo fazer com esse dinheiro ?

- Vosmicê agora mim acarmou. Eu com uma dinheirama dessa deixava Ipirá nos trinco. Mandava pintar todo meio-fio da cidade, não podia ficar um parmo de meio-fio sem cal, e de lambuja exportava essa beleza para Baixa Grande e Macajuba, e bancava as conta; ia deixar tudo, uma belezoca de encher os zoim d’água. O povo ia ficar com os zoim anuviado de tanta belezura.

- Minha empregada Natalina ! fale sem querer dá lição de administração. É bom que você saiba que de todos os prefeitos que já teve essa terra, o que melhor e mais pintou meio-fio está aqui na sua frente e o povo na hora do vamos ver e digitar o seu número de confiabilidade, de que terá mais meio-fio pintado, não esquecerá dessa grande obra.

- Ô prefeito Dió ! deixe eu escutar de sua boca. O número de vosmicê é dois patinho na lagoa ou é aquele que as pessoa diz que dá azar ?

O tempo tinha passado e o prefeito Dió ficou sem condições de ir andar na Praça da Bandeira, resolveu dar outro rumo à conversa, e dirigindo-se à sua empregada doméstica e falou:
- Dona empregada Natalina coloque uma comida bem saborosa para este almoço, porque hoje eu estou com uma fome de leão do fazendão, enquanto isso eu vou tomar um banho rápido.

- Pode deixar prefeito Dió, a comida hoje tá uma delícia – disse a empregada.

O prefeito Dió foi rápido no banho, depois sentou-se à mesa e começou a fazer o seu prato, que estava posto sobre a mesa, logo surgiu uma montanha de arroz e de macarrão, e o prefeito Dió ordenou à empregada:
- Dona empregada Natalina ! traga a carne, por favor.

A empregada chegou com um prato cheiroso e fumegante e foi anunciando:
- Prefeito Dió ! adivinha o que eu fiz hoje, com molho de tomate e cebola ? vosmicê vai comer e recomer, até dizer chega: um fresco de carneiro.

O prefeito Dió deu um tremeleco, ficou sem sangue, botou a mão no estômago e desmaiou, caindo numa suadeira, que encheu a sala de água. A empregada pediu por socorro:
- Corre aqui gente, que o prefeito Dió tá entupizinado. Chama logo a ambulância.

SUSPENSE: Para onde o prefeito Dió será levado: para Salvador ou para o Hospital de Ipirá ? Será que o Hospital de Ipirá vai salvar o prefeito Dió, que corre risco de vida ? O que vai acontecer ?
Leia o quinto capítulo no mês de fevereiro 2008.

OBSERVAÇÃO: essa novelinha é apenas uma brincadeira literária que envolve o administrador e o matadouro e, sendo assim, qualquer semelhança é mera coincidência.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007


OS CÃES LADRAM.

Interessante. O dia em que meu pensamento pensou, mas não falou, quando deveria falar mais do que pensar. Fui abordado por um conhecido, que me disse:
- Você seu Agildo, que fala de tudo, por que nunca falou do cartel do gás de cozinha em Ipirá ?

Naquele instante fiquei três p: parado, perplexo e pensativo; buscando uma resposta que não aparecia de nenhum jeito. Meu pensamento viajou para dentro de si, numa reflexão intensa e intempestiva: "será que estou sendo agraciado com a responsabilidade de trazer à tona todo e qualquer problema existente no município de Ipirá ?" Isso é impossível, não deve e não pode ser assim. Gritar é um pressuposto da cidadania e não é um pertence de uma só pessoa, mas de todos ou de qualquer munícipe, sem nenhuma exclusividade.

Enquanto eu pensava para responder, meu interlocutor conhecido encurralava-me no meu pensamento, que girava buscando, a todo custo, desembaraçar-se, mas a metralhadora verbal interlocutora desferia uma rebombada atrás da outra:
- Eu estou por dentro do que está acontecendo. O gás em Ipirá custa 35 reais, enquanto ali no Bravo é 27 reais. Em Irecê é 28 reais. Por que aqui tem esse preço ? é por causa do cartel.

Meu pensamento estava estancado numa encruzilhada impiedosa e não sabia se respondia que não sabia de nada, como fazem os governantes desse país, ou se recriminava-me pelo fato de nunca ter ido saber o preço do gás no Bravo. A resposta não se apresentava à minha língua e o conhecido interlocutor lascava o verbo da maneira que achava mais apropriada:
- Você não fala da máfia do gás de cozinha em Ipirá, porque você é conivente, tem o rabo-preso com essa gente graúda e tem medo.

No meu pensamento, fiquei até agraciado de certa forma, pelo fato de fazer postagem num blog, e este ser reconhecido, de certa forma, como um porta-voz e levantador dos problemas da comunidade, mas virar a lama e desinfetar uma sociedade corrompida como a nossa, sem a menor dúvida, é tarefa de muita gente e de muita ação cidadã.

Meu pensamento continuava em busca da resposta adequada e própria, que insistia em não sair, mas conseguiu visualizar a caravana dos mafiosos do gás de cozinha passando, enquanto dois cães, eu e meu conhecido interlocutor, ladravam desesperadamente; repentinamente, meu interlocutor pulou para o cortejo de príncipes, princesas e pequenos-burgueses formadores do cartel do gás de cozinha em Ipirá e, sorrindo alvissareiro, deixou-me latindo... latind...latin... e assim vamos chafurdando nessa imundície e engasgando com essa podridão que impera na sociedade capitalista. Eu espero continuar com meu latido, agora, eu juro por tudo, se estivesse a par desse abuso econômico não me negaria de fazer um artigo de repúdio e indignação. Fora isso e a tempo, resta dizer, que de gás eu sou apenas um simples consumidor.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007


TRAIÇÃO EM IPIRÁ.

Quero dirigir-me ao povo de Ipirá e, principalmente, a você que diz que ama Ipirá e está sempre preocupado com seus problemas.

Em entrevista ao programa Conexão Chapada, da rádio Ipirá FM, no dia 28/11/07, o presidente da ADAB foi categórico, preciso e direto; não deixando nenhuma dúvida. Neste instante faço um resumo de cinco pontos que foram mais ou menos expostos da seguinte maneira:

1. ... não sei porque o pessoal de Ipirá não quer abater o carneiro em Feira de Santana, que fica a 100 Km ou em Pintadas, que fica a 70 km de Ipirá...

2. ...o poder público não tem a obrigação de fazer matadouro, isso tem que ser ação da iniciativa privada...

3. ...Ipirá tem 60 mil habitantes e temos que olhar para o interesse de toda essa população consumidora e não para 100 ou 200 pessoas...

4. ...matadouro é uma espécie de indústria e não pode funcionar abaixo da capacidade produtiva, porque representa prejuízo...

5. ...o governo não vai fazer gastos desnecessários com um matadouro em cada cidade; apenas é necessário que tenha um no território...

Podemos concluir, baseado na clarividência dessas colocações, que o Matadouro de Ipirá não vai sair do projeto e que Ipirá não vai ter matadouro para ovinos, caprinos e suínos. PONTO FINAL (é o que eles querem).

Vou colocar meu ponto de vista sem rodeios. Existe um complô contra Ipirá, por diversas razões, que envolve poderes públicos, comerciantes, políticos, partidos, sindicatos e até fervorosos ipiraenses, para beneficiar diretamente Feira de Santana ou Pintadas, que tem matadouro de ovinos. Isso não é fantasia nem invenção de minha parte.

O problema é que falta vontade política. No esquema administrativo e político montado com base no território, algumas demandas localizadas, que são essenciais e prioritárias para o município, perdem força e substância em razão do regional. Ipirá tem necessidade urgente, vital e logística de uma matadouro para sua produção de ovinos, para o sustento direto e a manutenção do seu mercado consumidor, mas como no território já existe um matadouro para ovinos, em Pintadas, o governo do Estado não vai gastar dinheiro à toa e não vai inviabilizar o matadouro de Pintadas, que para funcionar dando lucro depende da produção e do mercado de Ipirá, que não se indispõe a contribuir, mas não desse jeito avassalador.

Eis a questão fundamental. Tem muita gente e políticos na defesa dos interesses de lá e desse jeito o maior prejudicado será Ipirá.

Por que nem a reforma do matadouro de bovinos em Ipirá sai do papel ? Observe bem. Um grande matadouro tem um custo de 10 milhões de reais; um pequeno de 2 milhões de reais. Ipirá só recebeu 740 mil reais do Ministério do Desenvolvimento Agrário/CEF/SAF, para adequação e ampliação físicas para operação do matadouro de Ipirá. De onde sairá o restante ? Por que não mandaram o total de recursos necessários ? Porque uma pessoa do CRA até hoje, não veio vistoriar a obra e liberar o local ? Será que tudo isso não é uma farsa ? Se não for, no mínimo, é muita falta de seriedade e respeito para com a população de Ipirá.

Resta ver quem está a favor de Pintadas e contra Ipirá. Eles querem ganhar na opressão e perseguição aos marchantes de carneiros; na demora e delonga da obra; pelo cansaço da população; e pelo tempo, na esperança que as pessoas esqueçam a luta e acomodem-se. Trata-se de um grande jogo de interesse. Está na hora do prefeito Diomário mobilizar a população e enfrentar o problema de frente com o apoio e a ajuda popular, porque o esquema do governo e da justiça é forte e tem todos os trunfos nas mãos.

Cumpro a minha obrigação de enfrentar a discussão e alertar a população de Ipirá para todos esses fatos, porque até mesmo essa conversa de beneficiar 60 mil pessoas é puro engodo e um simples disfarce para atender aos interesses de três pessoas: dois atravessadores e um empresário. Ipirá necessita de um relacionamento econômico com Pintadas em mão-dupla e não nessas condições. O que é que você acha de tudo isso ?